2007/09/14

Segurança?!...


O açude das Cortes. Logo a seguir o rio Lis vira à esquerda e entra na zona da Nora. Um sítio de excelência, muito aproveitado pela rapaziada para umas boas banhocas e para a prática de desportos náuticos, nomeadamente canoagem.
Há uns meses atrás, uma árvore (penso que um choupo) partiu-se e caiu sobre o Rio Lis no açude das Cortes. Era, de facto, de grande porte e a sua queda podia ter provocado maiores estragos. De qualquer modo não comungo da mesma opinião que o "Jornal das Cortes" na sua edição de 8 do corrente. Na minha opinião, dado que se trata duma zona ribeirinha, clássica e de grande interesse ambiental, em vez de se ter procedido ao abate a eito de "faias"(*) (segundo o jornal, aliás um dos de maior renome e já com 20 anos de vida influente na comunidade local), conforme se pode ver nas 1ª e 3ª fotos, bem se podia ter apelado ao bom senso e conciliado a segurança com a necessidade premente de se preservar o ambiente e o ecossistema da área, com podas bem orientadas. Além do mais, depois de podadas com critério, as raízes daquelas árvores poderiam ajudar à fixação de terras, protegendo assim, a margem do rio.Mais umas quantas árvores de referência e de nítido interesse ambiental e paisagístico que se abatem, quanto a mim desnecessariamente!...
Justificação do abate, segundo o jornal em referência: "Devido ao seu porte de respeito, mas sobretudo à erosão da margem direita do rio naquele local, há ali mais faias cuja queda se adivinha, com os perigos inerentes em tal circunstância."... Agora aí estão, transformadas em belíssimos troncos de madeira de bom valor comercial. Assim seja!
(*) A caracterização de grupos de árvores como sendo faias nem sempre significa que elas sejam efectivamente faias, na sua classificação científica. Aliás, nesta zona, é frequente denominar-se faias a pequenos bosques de choupos, de freixos e até pinhais. O caso mais típico é o da Cova das Faias. Neste local, no IC2 entre Boa vista e Marrazes, existem/iam somente pinhais e eucaliptos. Perto, observável a partir da variante entre o IC2 e a A1 (entrada nos Pousos), ao longo e no resto do vale da Ribeira do Sirol, existem vários bosques, mas de choupos e de alguns freixos, que não de faias, como é comum ouvir referir.
Para quem tiver algum empenho em informações mais completas sobre as faias (fagus) aconselho uma consulta aqui.
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9 comentários:

Al Cardoso disse...

Ja nao bastavam os incendios, agora e cortar arvores a torto e a direito, sera que estes senhores decisores gostam mais de viver num deserto? Se sim porque nao vao para o Saara!

Um abraco amigo f-algodrense.

greentea disse...

é ao que tenho assistido aqqui na zona com o alargamento do IC19 - é só derrubarárvores e cortar arbustos ... e depois ? Saará à vista, sem sombra de dúvida!!

Por acaso (ou por obra e graça) sobraram-me umas castanhas do ano passado e deitei-as num vaso. Rebentaram e estão lindas e viçosas!!

Talvez seja a solução. Tb podes fazer o mesmo com um ramo de salgueiro/choupo , pois ele volta a rebentar facilmente

Anónimo disse...

Antonio,

Tenho muita dó das arvores quando são cortadas.

Aqui em meu condominio meu familiares já chamaram a policia em uma poda de arvores nativas.

Abraços, Guilherme

a d´almeida nunes disse...

Recebi o e-mail, subscripto por um amigo, que muito considero e admiro (espero que aceite esta minha gabarolice)e que considero muito elucidativo acerca do tema em questão.
Transcrevo-o integralmente sem ideitificar o seu autor, ainda que eu saiba que, ao longo da sua vida, sempre tem assumido duma forma vertical e publicamente comprovada, todas as suas opiniões, na medida em que não colocou directamente o seu comentário nesta zona do blogue.
Só pelo facto de se constituir como um inestimável contributo para a verdade dos factos, aqui fica aquele texto.
"14-9-2007
Amigo e senhor António Nunes,
com todo o respeito que me merecem as opiniões alheias, gostaria de adiantar
alguns esclarecimentos que justificarão as minhas considerações no jornal,
sem com isso me querer constituir advogado de defesa dos proprietários.
Antes de mais, aquelas "faias" não são espécies indígenas - vi-as eu
plantar por outro amigo, o sr. Luís Barreiro (carteiro), a quem pertence
aquela "ilha". Podia ter plantado outras, mas era ele que mandava naquilo
que era seu. Há uns 30 anos, aquele terreno era uma horta simples sem qualquer
árvore de monta.
O bom solo e a água abundante permitiram que as "faias" se desenvolvessem e
atingissem aquele porte, claramente perigoso. O exemplar que caiu,
espontaneamente, partindo-se a um metro do solo, mostrou que o tronco estava a
ficar seco. O mesmo problema se estava a verificar em praticamente todas as
outras, como se pode ver pelos troncos cortados (ver anexo). Isto significa que
um vento mais forte poderia provocar ali uma tragédia. Algumas das árvores, se
caíssem para sul, atingiriam a vivenda vizinha. Ou seja, o seu corte era
absolutamente necessário.
Tanto quanto sei, dado o estado da madeira, pouco se poderá aproveitar. E os
proprietários, pelo que eles mesmos me disseram, ainda vão ter que pagar ao
madeireiro que cortou as árvores. Não haverá ali, pois, «belíssimos
troncos de madeira de bom valor comercial».
Também posso adiantar-lhe que eu próprio sinto o espaço vazio, sem as
árvores, o mesmo acontecendo com os proprietários. Já conversámos sobre
isso, e o passo seguinte será proceder ali à plantação de árvores que,
potencialmente, atinjam menor porte. Eu sugeri o freixo ou o salgueiro que -
essas, sim - são espécies indígenas, embora também cresçam bem em boas
condições, mas nunca se tornarão tão esguias, e por conseguinte serão
potencialmente menos "perigosas". Serão, além disso, boas espécies para
nidificação, o que não acontece com as "faias" que eu considero quase
como que um "eucalipto".
De forma que a situação estará menos "normal" durante uns tempos, mas,
à beira de água, creio que rapidamente se terá novo coberto vegetal.

Melhores cumprimentos
.."
-
Um grande abraço de muita estima
António Nunes

Santa disse...

Depois de um lonnnngo período em repouso devido a cirurgia no braço, volto a visitar e ler meus blogs preferidos. Entre eles, é claro, o Dispersamente!

Beijos, aqui do Brasil.

Pedro Nuno Teixeira Santos disse...

Em Portugal cortam-se árvores por tudo e por nada; muitas vezes por supostamente estarem doentes mas nunca aparecem os relatórios técnicos que o comprovam...muitas vezes a doença aparece depois, ou seja, depois da poda (em 99,9% dos casos mal feita!).

Muitas vezes também se abatem árvores em nome de supostas requalificações...em Albufeira (na Avenida das Descobertas) chegou-se ao ponto de abater árvores, em nome destas "requalificações", em pleno dia da árvore!

E às tantas, quando existem reais motivos para abater uma árvore, é natural que já não se acredite na "bondade" do acto. Eu por mim, só acredito vendo relatórios feitos por técnicos de arboricultura; tal como só aceitaria ser operado por um cirurgião...deveria ser tão simples e tão claro como isto mas infelizmente não é!

Apenas um reparo: o teor do e-mail, que não contesto, peca apenas pelo seguinte...acaba por transmitir a ideia que as árvores são perigosas porque crescem muito...passo a citar: "...o passo seguinte será proceder ali à plantação de árvores que,
potencialmente, atinjam menor porte. Eu sugeri o freixo ou o salgueiro que -
essas, sim - são espécies indígenas, embora também cresçam bem em boas
condições, mas nunca se tornarão tão esguias, e por conseguinte serão
potencialmente menos "perigosas"".

É esta ideia que "justifica" as podas que ocorrem nas cidades; as árvores caem por adquirirem doenças que as debilitam, nomeadamente ao nível da sustentação; e isto pode ocorrer em qualquer árvore, sobretudo se for mal podada!

Se a altura tornasse as árvores assim tão perigosas com certeza que as sequóias da Califórnia não estariam cá há muitas centenas de anos...ou não será assim?!

Tozé Franco disse...

Como as árvores não protestam....
Um abraço.

Citadino Kane disse...

As podas são necessárias para evitar os acidentes e o restante que colocaste são procedimentos importantes...
Abraços,
Pedro

António Melenas disse...

´Claro que as podas têm de ser feitas, como diz um comentador acima, mas devem ser feitas em condições de segurança e de forma consciente. Compete aos cidadão estar atentos e denunciar situações em que essas condiçõesnão se verifiqyem
Um abraço e obrigado pelas tuas visitas ao meu blogue.
AH; e cuidado coma as melgas!!!!