2007/11/23

O rio Lena

Na quinta da Mourã. O rio Lena a caminho do casamento com o Lis, um pouco mais abaixo, de mansinho...
Não estamos em Abril, de calendário. Ou será que já não podemos acreditar no calendário? O trinado das aves ribeirinhas ainda se ouve das bandas do choupal distante. As noras já não!...

AS NORAS

Sigo a margem do Lena, pensativo,
E ouço das bandas do choupal distante
Um gemido monótono e constante
Cortando o riso deste Abril festivo.

É a nora num choro convulsivo,
Que mal a beija o insaciado amante,
O rio, pois lhe foge a cada instante,
Por seu triste condão do mar cativo.

E dela correm lágrimas sem fio
Que a terra acolhe e são constantemente
Depois, na festa mística do estilo.

O trigo de coiro e luz ondeando ao vento
Vive porque ela chorou junto ao rio,
Porque a vida provém do sofrimento.

Acácio de Paiva

Insigne Poeta Leiriense
Nasceu em Leiria, no Largo da Sé, nº 7, em 14/4/1863.
Faleceu em 29/11/1944 nos Olivais, Ourém.

Posted by Picasa

7 comentários:

Tozé Franco disse...

O tempo anda de pernas para o ar. As cegonhas já não saem dos campos de Mondego durante todo o ano. E pelo vistoa há mais Choupais na terra.
Um abraço e bom fim-de-semana.

Anónimo disse...

Pois é António estas mudanças dão cabo da nossa cabeça, temos que pensar para sabermos em que estação estamos. Acho o rio lis lindo e tb gosto quando o Lena se junta, pena é que por vezes acontecem coisas menos boas ao nosso rio Lis. Sim tb é nosso não acha? Já temos um bocadinho que nos pertence por já estarmos á muitos anos por aqui.
Não sei de que forma escreve os seus comentarios e textos, gosto muito da sua forma de escrever, uma escrita directa. Será?
Votos de um bom fim de semana e volte sempre ao meu cantinho.
Penso que hoje nos cruzamos, mas... como não tinha a certeza não disse nada. Abraço

zé lérias (?) disse...

Precisamos urgentemente de mudanças, mas do tempo Senhor!?...

Um bom fim de semana em companhia dos seus.

Anónimo disse...

Boa tarde, caríssimos amigos. A minha forma de escrever, quer nos posts quer nos comentários, é a mais directa e simples que eu consiga imaginar.
Só isso, querida Tibéu. Diga olá, se me reconhecer. Ando sempre com a aparência de andar carregado de papeis, malas, computadores e muita pressa. É só para disfarçar, eheeheh
Um abraço,
António

ManuelNeves disse...

Viva!

Bonita imagem, lindo poema.

Também fazemos parte da natureza, mas ela trata-nos melhor a nós que nós a tratamos a ela...

Um Abraço

Anónimo disse...

Do poeta Acácio de Paiva lembro-me do poema seguinte:

Em cada pedra tua, em cada ervinha,
Quantas vezes comigo tu sorriste
E, só porque eu chorava, tu choraste!

Foi um prazer visitar esta página, até pela qualidade e bom-gosto. Boa semana.

a d´almeida nunes disse...

Jofre Alves
Já andou a ler Acácio de Paiva por outras paragens?
Um abraço
António