2008/10/26

Crise para 25.000 horas?


A presente capa da celebérrima, durante décadas, revista do "Reader´s Digest - Selecções" corresponde ao número de Outubro de 1998, portanto já lá vai uma dezena de anos. Possuo quase todos os exemplares das "Selecções" desde os anos 40 do século passado (muitos que já foram pertença de outra geração). O manancial de informação contido nestas revistas é muito e variado, se bem que se saiba que no que respeita à visão político/social e até económica, a orientação editorial era e continua a ser (apesar de praticamente ter desaparecido de circulação nos últimos tempos) nitidamente pro-americana, pro-ocidental e visceralmente anti-comunista.
O título do artigo principal é sugestivo e indicia uma leitura emocionante, tanto mais que, naquela época, estava em voga a prática de actos de terrorismo usando os aviões civis e respectivos passageiros. Nas circunstâncias descritas, 54 horas de terror, imagino que terão sido muito difíceis de suportar. O Mundo esteve em suspenso até ao fim daquela cobarde iniciativa dum grupo terrorista, nem interessa publicar o seu nome ou pretensos objectivos.

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Dez anos passados, eis que toda a Terra está suspensa duma crise global, que pode vir a afectar a própria maneira de viver a que o Homem está habituado e que julgava uma certeza absoluta e inabalável. Quando o preço do petróleo estava a subir, vertiginosa e implacavelmente, de repente fica a descoberto a grande mentira que tem sido o mercado da Alta Finança, a começar pelos próprios Estados Unidos. Bancos e outras instituições financeiras, que se compraziam em apregoar aos sete ventos, os milhões e milhões de Dólares e Euros dos seus lucros, dum momento para o outro entram em colapso, a começar pela falência dum dos maiores Bancos Americanos.

Começa-se a falar dos nefastos resultados da ganância e do objectivo supremo do Lucro, a qualquer preço, do sistema Capitalista (eu acrescentaria, Selvagem). Os "fenomenais" gestores, astronomicamente remunerados e a receberem colossais prémios de "produtividade" e "indeminizações" fantasmagoricamente desproporcionadas, sempre que, entre os senhores do capital, faziam as suas combinações para simularem despedimentos, afinal, na sua grande maioria, também tinham pés de barro. Têm andado a fingir que são capazes de gerar altos rendimentos de capital. E como? Usando e abusando do sofisma de se servirem de activos virtuais, que não existiam, pura e simplesmente, ou que pertenciam aritificialmente a várias pessoas/entidades ao mesmo tempo. Sabemos que o Risco é um factor determinante na rentabilidade do capital investido. Mas que tem de ser gerido com competência e sentido das responsabilidades. É que esses senhores não estão a gerir o seu capital próprio. Estão a lidar com a vida de milhões de pessoas/instituições que neles confiavam. E aqui é que está o cerne da gravíssima crise financeira, também, como era de esperar, já económica, que estamos a atravessar. As pessoas perderam a confiança nesses gestores e estão a concluir que têm andado a ser aldrabadas pela sua incompetência e ganância desmesurada.
Como nunca se viu, os Estados (capitalistas, socialistas e outros) unem-se o mais que podem e estão a tentar apaziguar os ânimos, com acções concertadas a nível global. Aliás, se não o conseguirem, funcionará inexoravelmente o instinto do pânico geral, que, como a própria natureza já nos ensinou à saciedade, não nos levará senão ao Caos.

Fala-se em que, se as coisas correrem bem, teremos pela nossa frente, dois a três anos para reposicionar o sistema de organização em que assenta a vida do Homem. Entretanto, que fazer? Se, no caso do sequestro acima referido, o tempo que durou o terror vivido pelas pessoas envolvidas, se fixou em 54 horas, agora teremos que nos mentalizar que esse tempo poderá alcançar as 25.000 horas!
Será que não nos deixámos ficar reféns de grupos de fanáticos milionários à conta do petróleo, infiltrados como eles hão-de estar nas grandes Multinacionais, Financeiras e Económicas, espalhadas por todo o Mundo? Será que os Altos estrategas políticos e militares Americanos e não só, não se distraíram com a Guerra armada e deixaram o flanco da gestão financeira estratégica a descoberto? Não andará por aqui a mãozinha de Osama Bin Laden, o milionário saudita e a sua tentacular organização terrorista Al-Qaeda?

Que o Homem consiga ser suficientemente humilde para tentar aprender com os seus erros! A actual crise financeira teria sido evitada caso os decisores políticos conhecessem o que determina a História da Contabilidade (Jorge Tua Pereda, catedrático da Universidade Autónoma de Madrid em declarações à Revista TOC da Câmara dos Técnicos Oficiais de Contas - Outubro 2008 - Nº 103).

7 comentários:

tulipa disse...

OLÁ AMIGO ANTÓNIO

Espero que o teu fim de semana esteja a ser calmo e relaxante.

A vida continua. Estou numa fase de decisões, espero daqui a algum tempo poder dizer: VENCI.

Entretanto vou indo ao cinema, desta vez um filme francês, na história alguém também com um problema grave de saúde, será que venceu?
Pelo menos tentamos, haja determinação e por vezes consegue-se.

Convido-te a vires comigo até ao Porto, visitar um dos ex-libris da cidade Invicta.

Recebe pétalas de tulipa impregnadas de abraços.

tulipa disse...

ADMIRO ter lido isto:

..."revista do "Reader´s digest - Selecções" corresponde ao número de Outubro de 1998, portanto já lá vai uma dezena de anos. Possuo quase todos os exemplares das "Selecções" desde os anos 40 do século passado."

BOA.
Eu também guardo algumas e o m/marido passa-se e diz que só guardo «porcaria» diz que é o tesouro da velha, está sempre a ameaçar-me que assim que eu feche os olhos (cruzes...canhoto) faz logo uma fogueira com todo o lixo que eu armazeno!!!
Explica-me:
onde guardas tu tantos exemplares?
Tens um sótão só para as revistas?

Tou a brincar, não tens nada que me explicar, apenas gostava que «alguém» me compreendesse...

a d´almeida nunes disse...

Boa noite Tulipa. Depois de conseguir convencer os netos a irem para a cama, adormeceram quase instantâneamente, vim aqui dar uma espreitadela, rápida. Também me apetece ir ouvir um bocadinho de rádio até adormecer. A melhor hora é entre a meia-noite e a uma. Como o transistor está equipado com um temporizador, ele desliga-se automaticamente. Quando assim acontece, lá estão os fios dos auriculares ou debaixo do meu corpo ou enrolados ao pescoço.
As revistas, os livros. Tenho tudo guardado cá por casa, revistas na cave, livros pela casa toda, menos nos quartos e na casa de banho.
Pena tenho eu de não ter mais, nem que fosse só para ler e reler algumas passagens.
Até amamnhã

Justine disse...

Interessante análise, mas concluiria que tem de ser o homem a proteger-se daqueles que cometem crimes contra os seus semelhantes.
Eu cá não deixaria a luta por mãos alheias...

Anónimo disse...

É mais uma crise da ganância e a falta de valores que se implantou na sociedade. A ganância e o lucro de ter sempre mais mesmo à custa dos mais desfavorecidos, deu no que deu.O modelo de sociedade que todos preconizavam ruiu...agora veremos no que vai dar, mas que não haja expectativas elevadas porque quem vai pagar esta crise são os mesmos de sempre.Esta também é uma forma de terrorismo emcapotado mas de forma legal.Gr. Abraço

Adriana Roos disse...

..."revista do "Reader´s digest - Selecções" corresponde ao número de Outubro de 1998, portanto já lá vai uma dezena de anos. Possuo quase todos os exemplares das "Selecções" desde os anos 40 do século passado."
Também eu!!
Mais uma coisa em comum... Tenho algumas das quais nao consigo desfazer-me, mesmo com meu marido (como o teu Tulipa) a implicar com excesso de livros, revistas e papelada...
Se pudese tambem eu teria bem mais, não tenho espaço, e vou tomando conta dos que aparecem, como o Antonio.

Abraços

Serões da Inês disse...

Olá António,
lembro-me muito bem da sua visita, e espero que continue a visitar-me, com ou sem instinto.
Gostei muito deste post. Subscrevo tudo o que diz.
Quanto à revista, o meu marido também tem uma boa dose delas em casa da mãe. Pena tenho, que tenham desaparecido quase completamente e nunca mais apanhei nenhuma actual.
Desejo-lhe um óptimo fim-de-semana
Inês