2008/11/25

Dispersamente...com Fernando Pessoa.

(pintura de Norberto Nunes)

Sonho. Não sei quem sou.
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Sonho. Não sei quem sou neste momento.

Durmo sentindo-me. Na hora calma

Meu pensamento esquece o pensamento,

Minha alma não tem alma.

Se existo é um erro eu o saber. Se acordo

Parece que erro. Sinto que não sei.

Nada quero nem tenho nem recordo.

Não tenho ser nem lei.


Lapso da consciência entre ilusões,

Fantasmas me limitam e me contêm.

Dorme insciente de alheios corações,

Coração de ninguém.


Fernando Pessoa

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SÓ a Natureza é Divina

Só a Natureza é divina, e ela não é divina...
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Se falo dela como de um ente
É que para falar dela preciso usar da linguagem dos homens
Que dá personalidade às cousas,
E impõe nome às cousas.
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Mas as cousas não têm nome nem personalidade:
Existem, e o céu é grande a terra larga,
E o nosso coração do tamanho de um punho fechado...
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Bendito seja eu por tudo quanto sei.
Gozo tudo isso como quem sabe que há o sol.

Fernando Pessoa/Alberto Caeiro
(É considerado um dos maiores poetas de língua portuguesa, e o seu valor é comparado ao de Camões. Nasceu em 13 de Junho de 1888 e morreu em 30 de Novembro de 1935 em Lisboa.
Está-se a comemrorar o 120º aniversário do seu nascimento com uma conferência na Associação de Turismo de Lisboa).

7 comentários:

Anónimo disse...

Uma excelente pintura e uns excelentes poemas, mas vindo de quem vem não admira. o autor do blogue também tem muito bom gosto e sensibilidade para estas causas. Gr. abraço António.

vieira calado disse...

Incontornável, seja sob que heterónimo for!

Um abraço, amigo!

Elvira Carvalho disse...

Eu não conhecia este blog. Vim agradecer a visita ao Sexta e fui surpreendida por um excelente espaço. Gostei bastante do que li e li bastante. Desde os poemas iniciais que como diz o meu amigo Vieira, Pessoa e seus heterónimos, são incontornáveis, a excelente recuperação da casa dos pintores, o soneto de Ruy Correia Leite, e até a feira de velharias de Leiria. E sabe, nas Termas de S. Pedro do Sul, todas as quartas-feiras, se realiza uma feira de velharias. Em Julho de 2006 eu comprei lá aguns livros, e entre eles o "Este livro que vos deixo" edição de António Aleixo exactamente a mesma edição, e "O vestido cor de fogo" de José Régio.
Achei curiosa a coincidência.
Um abraço e vou voltar sempre que possa.

Anónimo disse...

Ainda ontem por aqui andei a dar a minha voltinha quando estava solinho 2 km
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....._.;_“.-._ COM CARINHO

a d´almeida nunes disse...

Ora vivam queridos amigos/as
Sou daquelas pessoas que têm muita dificuldade em gerir o seu próprio tempo. De modo que nem sempre respondo aos comentários que me deixam aqui neste sítio que aqui vou construindo, pedra a pedra, à medida que as vou encontrando pelos caminhos por onde ando na vida.
Agradeço-lhes do fundo coração a amabilidade das vossas visitas.
Esta é uma forma excelente de comunicar, mesmo quando o não podemos fazer face a face.
Com carinho e consideração
António

Anónimo disse...

Não conhecia este blog,vim espreitar 1º para lhe agradecer a sua visita,e 2º para dizer que fiquei deveras surpreendido com o seu blog,e outros claro, mas o seu chama - me mais á atenção porque consegue colocar assuntos que toca atodos,bem aja e que continue por muito mais tempo entre nós para nos lembrar coisas passadas mas que estão actuais. Obrigado

JOSÉ RIBEIRO MARTO disse...

Com um enorme prazer ouço , Lisboa, leio o velho Pessoa , e fico por aqui, por minutos ....
cordialmente___________ JRMarto