2010/02/26

O velho problema da Zona Histórica de Leiria


O velho problema das zonas históricas, os núcleos de muitas das nossas cidades, Leiria íncluída.

Esta fotografia retrata a lastimável situação a que estão a chegar alguns dos edifícios do Centro Histórico de Leiria. Podem notar-se duas situações, qual delas a mais flagrante.
O edifício que se vê já  parcialmente demolido e com pré-licenciamento aprovado, mantém-se no estado revelado na foto, há vários anos. As obras já começaram e foram interrompidas algumas vezes. Os motivos de tal dislate, que constam publicamente,  prendem-se com burocracias e consequente desmotivação dos investidores para prosseguir com os trabalhos de reconstrução do prédio. E fica-se com a sensação de que não se está a actuar com a convicção necessária para levar por diante esta obra tão importante para o restauro da Zona Histórica de Leiria.
No plano imediatamente a seguir, de permeio a Rua Direita, existe outro prédio que consta está ambém para reconstruir. O entrave que está a levantar-se, neste caso, tem a ver com o desentendimento com um inquilino quanto ao montante da indemnização a pagar. Entretanto, repare-se no calamitoso estado do telhado do prédio, uma boa parte do qual está protegido por plástico em vez de telhas. Na extremidade encostada ao prédio ao lado, veja-se o autêntico relvado que se está a formar. Já imaginaram o que isso significa em termos de iminência de desabamentos e infiltrações de humidade?
Ou seja, ou as obras de recuperação deste prédio vão avante com a rapidez necessária, ou um dia destes, estamos a lamentar que naquele sítio haverá mais um "buraco negro" na Zona Histórica de Leiria.
É que estamos no Largo da Sé de Leiria. Um local a preservar a todo o custo, um dos locais da cidade que já foi dos mais frequentados pelos turistas de todo o Mundo.

Há dias desmoronaram duas casas no Centro Histórico de Viseu. Não houve desastres pessoais, para além dos bens que se perderam, mas podia ter acontecido uma desgraça, com mortes e feridos. E, quando assim é, fica toda a gente de consciência tranquila. 
Em muitos casos, entaipam-se os escombros e aguarda-se que saia o euromilhões para se fazerem obras. O problema é que acontece com muita frequência, que os proprietários dessas casas não têm capacidade financeira para restaurar esses prédios ou, quando o têm, deparam-se com a inevitabilidade de ter de indeminizar os inquilinos (Há décadas e décadas nessa qualidade) para poderem de seguida proceder às obras de manutenção indispensáveis.

Que fazer?
A solução ideal seria a promoção de financiamentos a longo prazo e a juros bonificados que permitissem a manutenção ou restauro dos prédios previamente sinalizados e em zonas devidamente demarcadas. 
Ao fim e ao cabo o que é que caracteriza e distingue as cidades actuais umas das outras, senão os seus Centros Históricos, com os seus edifícios representativos das várias épocas passadas e que simbolizam a evolução social, política e económica ao longo dos séculos? Sem esquecer a preservação de todo o ambiente paisagístico e de desenho da urbe que está na sua origem?

Claro que é preciso haver orçamento onde haja cabimento das verbas necessárias.
Por isso é cada vez mais premente que os Governantes e Autarcas tenham vontade política para que não se desperdicem sucessivamente as várias oportunidades que vão surgindo e não se desviem fundos para obras eleitoralistas em detrimento do que é útil, necessário e catalisador do sentimento de comunidade que deve reger a vida do Homem!
  
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12 comentários:

Unknown disse...

Boa Tarde
Estive a ler o teu artigo e digo-te que faz doer a alma sempre que passamos e vemos o estado calamitoso de alguns prédios da cidade de Leiria.
Infelizmente não é só por cá.
Outras cidades enfermam do mesmo problema. Penso que aqui a burocracia pesa demais e quando se tem coragem de lançar mãos à obra os entraves são mais que muitos.
Todos concordamos que tem de haver regras mas devem ser rápidas sem atrasarem "sine die" um licenciamento que vem embelezar a nossa cidade.
Votos de um bom fim de semana

a d´almeida nunes disse...

Olá "direitinho"

Tenho que ver se te consigo refernciar. Ou seu eu que ando muito fistraído, coisa que não me admirava mesmo nada, ou então terei que tentar aí chegar.

Leiria, cidade tão romântica, mas ao mesmo tempo tão maltratada por quem tem obrigação de a alcandorar ao lugar que ela bem merece.

Que raio de sina a desta terra!?...

Um bom fim-se-semana, caro amigo.

António Nunes

Unknown disse...

É normal que nos conheçamos de vista. Leiria é uma cidade pequena onde todos se conhecem.De Janeiro a Agosto de 1975 estive na Escola Domingos Sequeira.
Em Setembro saí e fui para a Segurança Social onde estive até Setembro passado.
Desde Outubro de 2009 que estou aposentado e agora tenho tempo para fazer as coisas que gosto.
Vivo em Ortigosa. Certamente conheces.

Anónimo disse...
Este comentário foi removido por um gestor do blogue.
a d´almeida nunes disse...
Este comentário foi removido pelo autor.
ManuelNeves disse...

Viva!

Caro amigo, obrigado pelo seu comentário. Foi como diz, de pantufas, tal a vergonha que tenho de ainda manter um blog que maltrato. Na verdade, penso que ao não tratar do Populus, estou a faltar ao respeito aqueles que desde o primeiro minuto se dão ao trabalho de ler os meus pobres pensamentos sobre a vida que passa, como é o caso do amigo as-nunes.
Obrigado pela sua visita e queira desculpar o meu "desleixo".
Quanto ao tema que aborda, pois... é um mal que se alastra, por este País à beira-mar plantado, outras prioridades se lavantam. Pois Claro!

Um Abraço

tibeu disse...

António meu amigo, não sei se reparaste que acabei por fazer um pequeno livro de poemas, que saiu este mês, fiz pela Autores. Foste tu o primeira pessoa que me colocou o bichinho ddizendo porque não fazia algo. Obrigada António.
Mete pena sair e passar pela rua direita, na verdade eu estou em Leiria á 35 anos e as coisas estavam diferentes.
Ainda bem que colocas no blog, para que toda a gente saiba que existe dinheiro para tanta coisa e para outras não. Um beijo amigo

eddy disse...

antónio,

é, deveras, um dos problemas estruturais de muitas e muitas cidades. contudo, atrevo-me a perguntar: porquê que tantas cidades distribuidas por este país, com universos culturais proprios, querem ser todas iguais? parece-me que tudo é pensado pelos mesmos, por uma lógica onde predomina a unicidade de uma única via, a do homogeneo. dou-lhe o exemplos dos centros comerciais fechados em deterimento do aproveitamento e reconversão dos centros históricos em centro comerciais e culturais ao ar livre. tudo seria mais interessante, até mesmo os espaços edificados.

um abraço

a d´almeida nunes disse...

Caros navegantes e amigos

A partir desta data, sempre que o entender, apagarei os comentários que aqui forem colocados sob a capa do anonimato, sem qualquer tipo de identificação.

É certo que disponho do sistema de detecção dos IP de quem me visita neste sítio, o que, aliás, até nem é novidade para quem estiver minimamente interessado por estas coisas da navegação na internet. Não nos podemos esquecer que só conseguimos entrar e participar deste mundo a partir do momento em que nos seja atribuído um endereço virtual com o qual somos imediatamente identificados em termos de local de onde estamos a ligar-nos à internet.
...

a d´almeida nunes disse...

Caro Nelson

Concordo plenamente consigo.
A verdade é que os grandes centros comerciais, acabaram por uniformizar de tal maneira os seus espaços, que acontece com frequência, a qualquer um de nós, termos momentos em que até temos dúvidas do local onde estamos: Lisboa, Porto, Coimbra, Faro, Madrid?

É por isso mesmo que temos que nos bater pela manutenção e incremento dos Centros Históricos das cidades, como forma de lhes manter a sua própria personalidade, como o seu Bilhete de Identidade com impressões temporais típicas de cada uma.

Insubstituíveis e inimitáveis!

Bruno Nunes disse...

Desculpa fugir ao tema, mas sempre que se fala em anonimato passo-me dos carretos... Ainda andava eu a estudar na universidade, quando se tentou fazer uma espécie de blog (que foi apelidada de "blackbox"), onde os interessados podiam colocar sugestões ou comentários... Rapidamente se percebeu que as pessoas simplesmente NÃO sabem ou pior, não querem saber, como usar essa "ferramenta". A tal blackbox foi inundade de parvoíces, provocações e insultos. Curioso que as (poucas) pessoas que a utilizavam como esperado, mesmo assim se identificavam, mesmo sem ser obrigatório.... Moral da estória: blackbox abandonada... Anonimato abre a porta a idiotas... Desculpem-me a frontalidade...

a d´almeida nunes disse...

Olá Bruno

Uma das questões básicas que se deviam colocar aos utilizadores das chamadas TIC era a de que elas estão a ser desenvolvidas para servirem o Homem. Seja para tornar mais rápidas e eficientes as comunicações seja para lhe proporcionar novas ferramentas para desenvolver a Economia e o Conhecimento.

Mas, pelo que se vê, há pessoas que insistem em julgar que só elas é que existem à face da Terra. Que têm o direito de atropelarem os Direitos e Liberdades dos outros sem se sujeitarem a assumir as responsabilidades inerentes.

Julgam elas, coitadas, que não sabem o que fazem. Mas deviam saber!...