2011/11/18

IC36 prestes a entrar em serviço, após uma razia de floresta, nivelamento de montes e vales, poluição visual

Vale de Lobos e Telheiro; floresta e monte esventrados, habitações em equilíbrio instável
O IC36, obras imponentes, em pleno predomínio sobre a paisagem, ali era uma floresta de carvalhos, sobreiros e pinhal. Paciência? Alcatrão e betão antes de tudo? A qualquer preço? Em nome do desenvolvimento, do futuro? Futuro sem floresta?  Ali podia ter-se feito um túnel, evitava-se a destruição do meio ambiente à superfície,  respirava-se outro ar.
Não é só casmurrice da minha parte, ou será? Já nem sei que dizer, os jovens é que deviam ser chamados a dar a sua opinião acerca do que querem para o futuro do planeta.
Vale do Lis visto do Vidigal, via externa, as folhas outonais dos plátanos da quinta de S. Venâncio a acenarem-nos, de longe, como que a dizerem-nos adeus.
Inicio a subida da rua dos Lourais. Olá, anima-te, mostram-se-me estas rosas de todos os anos, dum meu vizinho.
O IC36 aqui mesmo ao pé, vai passar a ser um instante para se ir para a A1, A8, A17, A19. Viva, viva, tantas vias para andarmos de automóvel por aí fora, que importam as árvores, o Vale do Lis, o vale do Lena, os Pousos cortado ao meio?
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18nov - 10h30 - últimas notícias do IC36:
Já se circula no IC36. Uma obra monumental, esperemos que não venha a ser mais uma obra faraónica. O impacte ambiental é tremendo. Ver-se o vale do Lis e as encostas dos dois lados - Nascente com o Vidigal, S. Romão , Pousos e Poente, Vale de Lobos e Telheiro -, de cima daquele viaduto de quase um quilómetro, como que a sobrevoar  com os pés assentes nas suas sapatas gigantescas, toda aquela zona mítica, parece que muitas e românticas referências de Leiria, se esfumaram em menos de um fósforo.
O Castelo de Leiria e o Santuário de N. Sra. da Encarnação a recortarem-se no horizonte, uma nova silhueta que ficou ao nosso alcance...

Que venha a ser para o bem das novas gerações... 

8 comentários:

Unknown disse...

Ao ler este teu trabalho com belas fotos senti um aperto ainda maior dentro de mim.
Os nossos jovens parecem alheados de tudo e parece-me que deixaram de pensar. Provera a Deus que eu esteja enganado...!

Parece que caminhamos a construir estradas para ficarem ao abandono...
Sem emprego, sem reformas, sem agricultura nem pecuária...vai ser bonito..ai vai ..vai...

a d´almeida nunes disse...

Bom dia, Luís.

Concordo contigo plenamente.
Não sei se reparaste no post abaixo, dum jovem, a falar sobre a nossa geração.

Fiquei emocionado... a verdade é que os jovens e adolescentes da actualidade não estão a ser preparados para as eventuais/prováveis agruras por que vão passar. E não querem/recusam-se a pensar com vontade de intervir.

Esperemos que isto mude.

Alda M. Maia disse...

Para o bem das novas gerações, António?! Tenho muitas dúvidas. Penso que as novas gerações terão de lidar com muitas "catedrais no deserto".

Quanto a impactos ambientais, infelizmente há bem poucas pessoas, como o António, que se indignam e reagem.

Um abraço
Alda

Joanna disse...

Como jovem fico muito triste. Cortaram as árvores e os sobreiros protegidos. A minha paisagem agora é a nova autoestrada.. e a nacional ao fundo, em segundo plano :(
Sinceramente nunca pensei. É algo que custa a processar.
É um progresso árido e feio. Já era tempo de encontrar o meio termo e compensar o mal que se faz à Natureza.

a d´almeida nunes disse...

Alda
É sempre com muita simpatia que leio aqui os seus comentários preciosos.

Na verdade, eu já acompanho este processo desde os tempos em que integrava o executivo da Junta de Freguesia da Barreira (O Telheiro e parte de Vale de Lobos pertenciam à freguesia). Na altura, (2003/4) ainda não se sabia dos pormenores da concretização daquele projecto.
Mal imaginávamos que viesse a assumir estas proporções. Pode-se dizer que esta obra deve ter ficado caríssima. Ainda não tive acesso ao preço da execução desta obra. É, sem dúvida, um grande projecto de Engenharia. Terá valido a pena? Ou seja, as penas que nos vão marcar para sempre, em termos ambientais e de opções de investimento público, algum dia as viremos a balancear em termos de qualidade da vida das pessoas que vivem naquela área?
(Alto do Vieiro - ligação da A19-ex-IC2/A8/A17; Rio Lena e respectivo vale, fértil em termos agrícolas e uma zona a preservar a todo o custo em termos ambientais; Quinta da Mourã, Telheiro; zona florestal e agrícola de vale de Lobos; Quinta e terrenos agrícolas de S. Venãncio; rio e vale do Lis; montes e florestas da zona do Vidigal/Pousos; Pousos decapitado duma vasta área florestal e agrícola; mais um entroncamento/teia de viadutos, rotundas, acessos rodoviários para a A1 a cruzarem-se com a via de circulação entre a Cova das Faias/IC2 rotunda aérea, vale da Ribeira do Sirol e Pousos para aceder também à A1...

São infraestruturas rodoviárias que implicaram despesas públicas desmesuradas e desproporcionadas. A não ser que se esteja a pensar em transformar esta área de Leiria, num pólo dinamizador da Economia do Centro Oeste de Portugal com ramificações para o resto do país e Europa!

São muitos milhares de metros quadrados de alcatrão e betão, o que junto a outros milhares das várias linhas de alta tensão da REN que aqui foram recentemente instaladas, correspondem a uma incrível área florestal que foi abatida impiedosamente.

Um abraço, com amizade
António

a d´almeida nunes disse...

Olá Joana

Muito me apraz ter lido o seu comentário.
Imagino que viva nessa zona que vai ficar a ver o viaduto sobre o rio Lis em vez de poder apreciar a paisagem verdejante e luxuriosa do vale do rio Lis.

Os objectivos justificam todos os meios e gastos?
O meio termo, é isso, haveria que olhar com muito mais atenção para as alterações ambientais de monta que se vão provocar antes de avançar com determinados projectos (vistosos, sem dúvida; muito dinheiro envolvido logicamente).

A Natureza, mais uma vez, relegada para segundo plano!

MLeiria disse...

Uma vergonha!
É absolutamente claro que esta é mais uma das obras que apenas foi levada a cabo para benefício de meia dúzia, mas prejudicou a maior parte dos portugueses que têm que a pagar e dela pouco ou nada beneficiarão; pelo contrário, já fomos penalizados com a alteração da paisagem e a devastação de flora e fauna da região.
Não se poderá mesmo exterminá-los?!... Embora tema que já seja tarde...

BlueShell disse...

É triste. Em nome do progresso, do futuro arruina-se o planeta! Que futuro? Sem árvores com poluição de toda a espécie...que futuro?
Que futuro...quando não há equilíbrio entre desenvolvimento e meio ambiente???
Um dia...provavelmente tarde demais alguém irá perceber isso....

Estava em falta para contigo...demorei, mas vim.
Um bom dia para ti, bom amigo.
BShell