2012/01/31

Voando sobre o vale do Lis

                                     (Foi o que se pôde fazer... nas circunstâncias do imprevisto.)

De vez em quando dá-me para isto.

Talvez tenha passado ao lado duma carreira que eu havia de ter adorado: repórter profissional, fotojornalista, talvez!

Afinal acabei por ser professor, profissional de contabilidade e gestão de empresas, toc, autarca,  para além de  militante político, dirigente associativo,  pescador desportivo (de rio e de mar), caçador desportivo, futebolista, radioamador, amante da informática, internet, webmaster (desde os anos 90), bloguista (desde 2005), escritor de ocasião (jornais, revistas, dois livros, muitas experiências e ideias na gaveta e nos papéis espalhados por tudo quanto é sítio, garagem incluída), dezenas de milhares de fotografias e muitos filmes desde o 8 mm, instalador e manutenção de antenas de rádio comunicação (chegaram mesmo a confundir-me com o zé do telhado), jardineiro, hortelão, etc. etc.

Sempre superiormente enquadrado por uma família do melhor que há no mundo...pais, mulher (comunhão geral), filhos, netos, irmãos, sobrinhos...


É assim a vida!...

@as-nunes 

2012/01/29

A poesia é a vida e meio de intervenção cívica


"Tentei, porém nada fiz...
Muito, da vida, eu já quis.
Já quis... mas não quero mais..."
Cecília Meireles




 Zabeleta, poeta e fadista e Óscar Martins (Dr.), Diretor da Biblioteca no decorrer do 1º encontro de Poetas de 2012.
A Biblioteca tem vindo a disponibilizar aos participantes uma brochura alusiva a cada autor estudado, de grande utilidade pedagógica.
Ao regressarmos a casa a poesia continuava à nossa espera...
A ema e o ivo


nota:
- Também pode ter interesse em apreciar as entradas (3) anteriores
- Pode-se ver um vídeo com um poema de intervenção cívica de Rafael de Castro, um dos poetas do Grupo de Alcanena,  (gravação feita pelo autor do blogue fora das instalações da Biblioteca)

2012/01/28

À espera de transporte...para a outra margem?!

 Quem serás tu, amigo?

Na quinta da rampa, canas de milho por cortar, ao fundo renques de árvores a bordejar o rio Lis, quase sem água...

Na Rotunda Rotária (a do McDonalds) e à volta - Leiria
Estacionei o pópó, ia meter gasoil (gasóleo), puxei da máquina fotográfica...


EMIGRANTES


Esperemos o embarque, irmão.


Chegamos sem esperança,
só com relíquias de séculos
na palma da mão.


Pela terra endurecida,
não há campo que aproveite.
Mesmo os rios vão morrendo
pela solidão.


Não sofras por ter vindo.
Alguém nos mandou de longe
para ver como ficava
um rosto humano banhado
de desilusão.


Olhemos esses desertos
onde é impossível deixar-se
mesmo o coração.


Ah, guardemos nossos olhos
duráveis como as estrelas
e seguramente secos
como as pedras do chão.


Iremos a outros lugares,
onde talvez haja tempo,
misericórdia, viventes,
amor, ocasião.

Cecília Meireles


(Tenho andado a ler poesia de Cecília Meireles... até logo, companheiros de Alcanena!)
@as-nunes 

2012/01/26

Leiria à noite, a "minha" Leiria

 Vim à rua (não me vou embora definitivamente tão depressa, ai não, não), era já noite cerrada, o relógio da Torre Sineira até parece que me quer contradizer...
 Aqui começa a Rua Direita (Barão de Viamonte)...então, mas aquele "Centro Cívico" não vai ficar com uma arquitetura assim a modos que um pouco fora do contexto da urbe histórica de Leiria?
 O banco do Largo da Sé... parece que na noite anterior andaram por ali uns vândalos a partirem placas de sinalização. Não sei se sabem que isto é um crime grave.
 Aqui já é a Rua da Vitória
 O Tomé a cortar o último cabelo do dia, fiquei eu a pensar...
 BP - Banco de Portugal Leiria (desativado)
 Na fachada do BP - quem, o Banco?!...
 Gosto do número 7. Este é da Rua da Vitória
 Vitória difícil, a da II Guerra Mundial

Aqui também é um nº 7
Na porta ao lado funciona um dos bares emblemáticos de Leiria: "Pharmácia Bar".
-

CANÇÃO DE ALTA NOITE

Alta noite, luz quieta,
muros finos, praia rasa.

Andar, andar, que um poeta
Não necessita de casa.

Acaba-se a última porta.
O resto é o chão do abandono.

Um poeta, na noite morta,
Não necessita de sono.

Andar…Perder o seu passo
Na noite, também perdida.

Um poeta, à mercê do espaço,
Nem necessita de vida.

Andar… - enquanto consente
Deus que seja a noite andada.
Porque o poeta, indiferente,
Anda por andar – somente.
Não necessita de nada.

Cecília Meireles


(Porque amanhã (28) é Sábado, dia de Encontro de Poetas em Alcanena)




(Acabei por deixar aqui mais uma rosa, desta vez, branca como a neve, lindíssima, fotografada há dias no meu jardim. Já que estamos a falar de poesia, seja da Leiria à noite, seja das rosas do meu jardim.
Aproveito o ensejo para, com ela, homenagear também a grande poeta Cecília Meireles.)
@as-nunes 

2012/01/25

Uma rosa no inverno e a poesia de Cecília Meireles

Esta rosa pouco durou no meu jardim. O frio desfê-la rapidamente...
É mais uma das flores que nascem todos os anos no mesmo sítio, com a mesma disposição, meio desconfiada, escondida junto a um socalco em pedra...

SE EU FOSSE APENAS...

Se eu fosse apenas uma rosa,
com que prazer me desfolhava,
já que a vida é tão dolorosa
e não te sei dizer mais nada!

Se eu fosse apenas água ou vento,
com que prazer me desfaria,
como em teu próprio pensamento
vais desfazendo a minha vida!

Perdoa-me causar-te a mágoa
desta humana, amarga demora!
- de ser menos breve do que a água,
mais durável que o vento e a rosa...

Cecília Meireles




Nascida no Rio de Janeiro, em 1901, Cecília Meireles passou grande parte da sua vida em Portugal.
Em 1938 recebeu com Viagem , o prémio da Academia Brasileira de Letras, pela primeira vez concedida a uma mulher.
Em Agosto de 1949, Vitorino Nemésio dizia que os livros que publicara  até aí, faziam dela «um dos maiores líricos da língua portuguesa». E concluía: «grande poeta, em verdade, esta mulher brasileira, da linhagem de Camões, de Fr. Agostinho e António Nobre».
Faleceu em 1964. (mais)
-
Cecília Meireles será a próxima poeta a ser evocada no I Encontro de Poetas 2012 (próximo sábado), na Biblioteca Municipal de Alcanena, nos quais tenho vindo a participar, particularmente pela mão de minha mulher, Zaida Paiva Nunes (ela, sim, autêntica poetisa) e do grande poeta e declamador Soares Duarte. Temos ido, todos os meses, há já uns quantos anos, religiosamente, partindo de Leiria.
@as-nunes 

2012/01/24

Um jarro ou o tempo em espírito?


Inesperadamente
Um jarro no jardim
Singelamente
Uma alvura sem fim


Mais uma flor que faz o diário do meu jardim...o tempo a passar, todos os anos este jarro evolui no mesmo local.

Será sempre o mesmo?
Será o espírito do tempo?
.
O contraste da brancura do jarro com o fundo preto...
Não sei o que aconteceu a esta fotografia...
Declaro solenemente que não usei de nenhum truque.
Será mesmo o espírito do tempo? 
A preto e branco, 
com uma interrogação amarela?


@as-nunes 

2012/01/22

A laranja vs. certas laranjas...


A vitamina C das laranjas 
faz muito bem à saúde
na dose certa.
Em demasia e em tempo desajustado
são muito indigestas, as laranjas.


E se, para cúmulo do azar, são azedas, pior ainda!...


@as-nunes 

2012/01/21

Tudo isto é vida, Leiria de ontem, de hoje, de sempre...




Passámos a tarde
com a Carolina
a fazer horas
a distraí-la
os pais no trabalho
havia que dar tempo
para as horas passarem
e passeámos o tempo
pelas ruas
da Graça
Vasco da Gama
Cândido dos Reis
Gomes Freire
jardim do Rossio
de Luís de Camões
e do Pastor Peregrino
e das tílias
e do meu Ulmeiro
e da árvore do gelo
e da serradilha
praças
e calçadas
do centro de Leiria
5 de Outubro de 1910
Rodrigues Lobo
Miguel Torga
Afonso Lopes Vieira
azulejos nas fachadas
pormenores
varandas
lampiões


chegou a hora
da ecografia
correu tudo bem...


@asnunes 

2012/01/20

Portugal, em dias de apreensão...de nostalgia...de luta...


Dias consecutivos -   Sérgio Godinho (álbum "Mútuo Consentimento")
Usar Écran inteiro para melhor apreciar
-
É urgente o amor.
É urgente um barco no mar.


É urgente destruir certas palavras,
ódio, solidão e crueldade,
alguns lamentos,
muitas espadas.


É urgente inventar alegria,
multiplicar os beijos, as searas,
é urgente descobrir rosas e rios
e manhãs claras.


Cai o silêncio nos ombros e a luz
impura, até doer.
É urgente o amor, é urgente
permanecer.


Eugénio de Andrade


@asnunes
Andradendrade

2012/01/15

Mário Soares em Leiria, ponto alto da sua biografia.


Dia 14 de Janeiro de 2012, Leiria, auditório da livraria Arquivo.
Às 18 horas começaria uma sessão de apresentação do livro de Mário Soares, “… um político assume-se”. Fiz questão em estar presente,  só que devia ter ocupado um lugar com mais antecedência, talvez meia hora antes. Quando cheguei,  todo o auditório estava tomado, as escadas de acesso constituiam o único sítio possível para tentar seguir a sessão.

Fui (talvez ainda seja) militante ativo do PS desde os primeiros tempos da sua ação pós 25 de Abril de 1974. Participei na organização dos trabalhadores através das comissões de trabalhadores e dos sindicatos,  nas grandes batalhas políticas e ideológicas de então, integrando órgãos institucionais da Concelhia e da Federação de Leiria,  listas de candidatura do PS às Legislativas, Câmara Municipal de Leiria, Juntas de Freguesia, militando nas Presidenciais (as de Ramalho Eanes e de Mário Soares), até uma derradeira tentativa como Independente fiz, acabei por me cansar de tanto remar contra ventos e marés, já nos anos 90…
Quantas horas despendi de microfone na mão (cheguei a guiar uma carrinha com uma mão e com a outra a empunhar um microfone), reuniões e mais reuniões, folhetos, auto-colantes, cartazes, escritos, na convicção de que estava a defender um ideal de sociedade em que acreditava e ainda sonho!
O tempo passa, a vida traz-nos muitas desilusões…

De qualquer modo, Mário Soares foi e será para a História, um pilar muito forte na defesa da Democracia e da Liberdade.
Quanto a Socialismos, acabei por constatar que esta utopia é linda mas inatingível. Que socialismo? Que organização política duma Nação como Portugal, integrada numa Europa inexoravelmente retalhada, resistirá à implementação de princípios ideológicos fundamentados no Socialismo, ainda que encarados nas suas linhas mestras mais básicas?
Está à vista que bem podemos pregar aos sete ventos que a “luta continua”, o Homem jamais se conseguirá organizar numa sociedade Socialista, seja qual for a capa com que se vista.
O próprio Mário Soares é desta constatação uma prova irrefutável. Não foi ele que “meteu o Socialismo na gaveta”? E o que é que ele poderia ter feito, em alternativa, nas circunstâncias em que a sociedade global tem vindo a evoluir, a não ser apregoar os princípios em que se fundamenta uma sociedade mais justa, mais igualitária, a tender para o Socialismo?

O problema crucial, na atualidade, é que o Homem continua a viver como um ser iminentemente egoísta.
Como lutar contra o egoísmo inerente à própria genes do Homem?...
Não sei… nem consegui aprender ao longo de todos estes anos a tentar.
Alguém sabe?!… 
-
nota:
Dada a sua atualidade, apesar de editado em 1977, penso ser esclarecedor e perfeitamente adaptável ao presente, se se relerem os textos de Mário Soares no livro:
Crise e Clarificação
Ed. Artes Gráficas . Lisboa
@asnunes

2012/01/13

Leiria, num dia 13, Sexta-Feira

 Altas horas da madrugada. Dia aziago, por acaso 13 de Janeiro de 2012, Sexta-Feira. Não estava nada bem, não conseguia dormir. Fui à varanda, meio às escuras, programei a máquina para uns dois segundos de exposição, sem tripé. O resultado foi este, agora até lhe acho alguma piada. Ao menos eu!...
Será que alguém, dos meus amigos que por aqui passam com mais frequência, pelo menos, descortina qual o alvo desta fotografia?


Apesar de não ter dormido quase nada neste famigerado dia 13, mesmo assim fui ao centro da cidade de Leiria. Num momento de possível descontração disparei a objectiva da minha canon SX 30S, estava eu no Largo Cónego Maia. Se ampliarem a foto pode ler-se um poste com referência a uma hipotética ilha ecológica. Nunca percebi muito bem qual a razão deste nome para designar uma zona de recolha de lixos em reservatórios subterrâneos. Uma ilha 
subterrânea?!... 
Para já não falar da confusão que por ali vai, na perspectiva desta foto, claro!

O carro que aqui vêem estacionado é o meu 
(espero que não se tope a matrícula). 
Se ampliarem a foto verificarão que tinha acabado de passar um Polícia (de trânsito). Sorte a minha que ele já devia ir a pensar no almoço. Aquele sítio não é para estacionar, ainda que tenha lá uma escapatória, muito discutível e que tem dado azo a n multas. 
Afinal este dia 13, Sexta-feira, acabou por não me correr assim tão mal como isso!

Bem, boa noite, caros leitores e amigos.
Vou dormir, que o meu mal é sono!...

2012/01/12

LEIRIA da Bela vista



Em jeito de registo do que foi o meu dia, hoje.
Sou toc, o que significa técnico oficial de contas. Por este facto, para além de lidar com o tratamento da informação contabilística e consultoria de gestão de empresas, também posso ser nomeado pelos Tribunais para participar em peritagens que requeiram conhecimentos específicos tendo em vista o completo esclarecimento de factos em julgamento, nas áreas da fiscalidade, da economia e de outras matérias no âmbito da administração das unidades económicas.


Precisamente nestes últimos 50 dias tenho andado envolvido numa dessas peritagens, o que me tem obrigado a uma grande concentração e acréscimo de trabalho, motivos que talvez justifiquem que me tenha abstido de grandes sortidas pela blogosfera, para além dos limites mínimos de modo a não perder o contacto com esta faceta da minha actividade intelectual, lúdica e cultural, que considero absolutamente imprescindível ao bom equilíbrio da minha psique e da minha capacidade de intervenção cívica a que me obriguei desde que me conheço.


Por isso mesmo, hoje, por sinal o dia 12-1-2012, deixo-vos aqui estas duas fotos, tirei-as vinha eu em viagem entre os Pousos e os Lourais/Carvalhinha, em regresso duma missão de trabalho.


O Castelo de Leiria e a zona envolvente ao morro onde o alcandoraram - os Mouros e D. Afonso Henriques e os seus sucessores, muitas peripécias à mistura -, foi fotografado ao cimo da Rua da Belavista, quem desce em S. Romão em direcção ao rio Lis. A verdade é que a vista que se observa daquele local é duma grandiosidade a toda a prova, mítica mesmo, arriscaria. 


Pena é que não se tenha tido a preocupação de naquele preciso local ter sido reservado um miradouro, que o ângulo de visão bem o justificaria!...
@asnunes

2012/01/10

Miguel Torga, as Elites, o Povo e a Electricidade...e o Luar


Uma queimada nas Cortes... do lado de cá  esta minha objetiva não deixa escapar nada.
A REN e as suas linhas colossais de alta tensão de transporte de energia elétrica e a EDP, mais ao lado, com as torres eólicas a poluírem todas as linhas de horizonte montanhoso.


Miguel Torga, no seu Diário:


Coimbra, 10 de Janeiro de 1947 – A moda agora é carregar nos intelectuais. São eles os causadores de todas as nossas desgraças. São eles que traem, que esquecem as realidades, que se fecham na sua torre de marfim. Torre de marfim intelectual na terra de Gil Vicente, de Camões, de Garrett, de Herculano, de Antero, de Oliveira Martins, de Junqueiro, de Basílio Teles!
Torre de marfim intelectual na pátria onde os três grandes acontecimentos da sua história, os descobrimentos, a revolução liberal e a República, foram feitos na perfeita comunhão do povo e das elites!
-

E agora, Torga?...

Muito gostaria eu de ler o teu Diário de hoje, 10 de Janeiro de 2012…

As voltas que o mundo dá.

As elites a decidirem do destino do povo, completamente ao contrário daquilo que lhe prometem quando assumem as rédeas do poder com os seus votos baseados em discursos enganosos, melosos, beijinhos e abraços nas arruadas de bandeirinhas, bombos e gaitadas, sorrisos, falinhas mansas, cheios de sofismas…

-
A Lua cheia a iniciar o seu caminho pela noite fora, ainda ao alcance dos fios condutores de eletricidade, agora cada vez mais cara, uma verba a ficar pesadona, e de que maneira, nos orçamentos das empresas em geral e das famílias, em particular.

Hoje começou a ser lançada uma campanha de parceria entre o Continente e a EDP

Já toparam o esquema?

A EDP (28 conselheiros de gestão, entre os quais o nosso afamado repórter fotográfico de telemóvel, Dr. Catroga, os Chineses Chi... etc(*)) precisam de correr com os Espanhóis ,que já estão a fazer sombra de mais, o Continente angaria mais clientela dando uns pontos extra em cartão (em função do  nosso consumo de eletricidade)  e lá vamos nós, que até estamos necessitados de aproveitar todas as migalhas, a engrossar o carreiro para o Shopping.

Assim se matam dois coelhos com uma cajadada!
-
 (*) Celeste Cardona/CDS, também...
(foto retirada do blogue reflexosnexos)

ps.:

Continuo em testes a ver se vou ou não usar o Novo Acordo Ortográfico. Parece que as opiniões são mais de 80% no sentido de que não se use.
@asnunes

2012/01/09

Uma bergenia num jardim dos Lourais - Barreira


Estamos no tempo das bergenias.
Está bonita esta bergenia.
É uma flor da época, a bergenia.
Que encanto, estas bergenias!


Gosto muito das bergenias!


Nota:
Esta é uma bergenia cardifolia


@asnunes

2012/01/07

Largo da Sé de Leiria - Adeus II

Aqui era a Tinturaria/Lavandaria Americana (Anos 70, deixou o Largo, recentemente)
Figuração alusiva a Sócrates. A questão é que esta figura não é a de Sócrates (filósofo da Antiga Grécia)
O chão actual do Largo da Sé, com um empedrado desadequado à história do local. Quanto a esta questão teríamos pano para mangas, parece-me...
Bancos do Largo da Sé, com alguns anos, poucos, quantas vezes é que eu já fotografei este recanto?
Uma perspectiva em que se pode ver a casa da família Paiva, ao lado uma outra em ruínas, ao alto o Castelo de Leiria. Também se pode ver, do lado direito, as obras inacabadas das antigas instalações da Associação de Futebol de Leiria.
A Rua D. Sancho I, vista do Largo da Sé, ao fundo, o Largo Cónego Maia.



Aqui nasceu 
ACÁCIO de PAIVA
Altíssimo Lírico 
e o maior humorista da
Poesia Portuguesa
n. em 14-4-1863
m 29-11-1944
Vista através duma janela do princípio do séc. XX, interior da casa da família Paiva, para a Rua Acácio de Paiva, paralela ao Largo da Sé, poente.
Uma perspectiva inconfundível da Sé de Leiria, lá estão os Jacarandás que substituíam os Padreiros (ácers pseudo.plátanos)
A ordem destas fotos é a da sequência  tal como saíram da câmara da minha máquina fotográfica, um dia destes, em jeito de despedida, até sempre, vou deixar de te ver todos os dias, acompanhar-te nas tuas amarguras, algumas alegrias também, personagens do romance de Eça de Queirós, a Amélia, o Padre Amaro, a passearem-se, esquivamente, outras em cavaqueira sobre a actualidade local, na botica do Carlos, o próprio Eça a dar despacho ao serviço de Administrador do Concelho, no primeiro andar na esquina da Rua da Vitória com o Largo da Sé,  Procissões concorridas, venda de tremoços, pevides, regueifas, colchas nas janelas das casas dos Paivas, dos Hingá, a sede da Associação de Futebol de Leiria, o Faria a vender toda a espécie de miudezas, a Tipografia Carlos Silva, centenária, as queimas das fitas de Maio, as intermináveis obras dos últimos 20 e tal anos, o estaleiro com que foste atrozmente ultrajada, as árvores (padreiros) que te retiraram dos teus braços para os substituírem por jacarandás, nunca percebi porquê, o teu Adro que nos anos 70 nem sequer as crianças podiam usar para jogar à bola, agora transformado num parque de estacionamento de automóveis, o assalto em 1975 à sede do MDP/CDE por causa do Dr. Vareda - advogado, com ideias revolucionárias, talvez um perigoso comunista, eu bem vi o comando, quatro ou cinco homens em passo de corrida, nitidamente com treino militar, vindo da Rua D. Sancho I, que abriu as hostilidades com cocktails molotov 
(por acaso não rebentaram quando os lançaram para a varanda por cima da "Tinturaria Americana", teria sido uma desgraça para o centro histórico de Leiria, ardia tudo naquele verão quente de 1975)
, acabaram por recorrer ao assalto em pessoa, na primeira investida foram corridos por um enxame de abelhas que os "revolucionários esquerdistas, "perigosíssimos", deixaram nas instalações quando as abandonaram à pressa, o Povo na rua a repor a ordem revolucionária que estaria a virar demasiado à esquerda? tropas a mando do MFA a substituir a Polícia, coitado do Alferes miliciano que comandava o pelotão de "barbudos", via-se bem que não tinha mão naquela tropa fandanga, o ribombar de petardos sobre o rio Lis no assalto à sede do PC, tiros de G3, cujo som se repercutia sinistramente por entre as ruas estreitas do centro da cidade,  ainda se notam os buracos de balas disparadas para o ar (?!) com pessoas à janela, não foram atingidas por mera sorte do destino (hoje estaria viúvo), um auto de fé dos livros do Dr. Vareda, as labaredas cresciam do meio do Largo da Sé até à altura dos prédios envolventes... os bombeiros só altas horas da madrugada é que foram autorizados pela populaça a apagar o fogo, 
tantas recordações, tantas...)

A propósito da figuração (alusiva a Sócrates, o filósofo da Antiga Grécia) um dia destes irão ler num dos jornais de Leiria, ou num livro ou mesmo só aqui, a versão - creio que definitiva mas ainda não divulgada, só do meu conhecimento por via de investigações minhas e um acaso feliz - que permite classificar, sem margem para dúvidas, os azulejos da fachada da "Pharmácia de Leonardo da Guarda e Paiva", aqui no Largo da Sé, como bem saberão, como sendo "Viúva Lamego".

Desculpem lá, por hoje vou ficar por aqui, estou cansado, tenho andado em trabalhos quase forçados, depois poderei deixar nota dessa ocorrência  neste meu blogue (será só meu?!). 

@asnunes