2013/08/30

interlúdio musical ...



Cavalo à solta
Mafalda Arnaulth
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Aproveitando este cavalo à solta vou, temporariamente (espero...), voltar aos primeiros lustros do século XX...
Daqui a oito dias talvez esteja de volta...
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2013/08/25

Elogios a S. Pedro de Moel por Acácio de Paiva

Farol e Penedo da Saudade em S. Pedro de Moel.

Sábado próximo passado 
(ou simplesmente, ontem), 
desde o terraço do hotel SoleMar, 
em S. Pedro de Moel
a partilhar 
as emoções 
de um casamento muito particular...
-
Acácio de Paiva não se cansou de cantar, nos seus poemas, esta bela zona do litoral leiriense...
Lá ia todos os anos visitar o seu grande amigo Afonso Lopes Vieira;

(...)
E mais vereis ainda;
Por sobre o mar, numa vivenda linda,
      Mora o Lopes Vieira,
o poeta mais poeta do país,
(...)

Quem passar por Leiria,

A amada de Dinis e de Isabel,
Não deixe de fazer a romaria
À praia de S. Pedro de Moel
       E ali, de visitar
(Por isso romaria a denomino)
Lopes Vieira, o poeta peregrino
       Do pinhal e do mar.
(...)
Um poeta? Que digo?! Toda a gente,
Todos os noivos, todo o Portugal
Pois tudo em Portugal palpita e sente
Como os pobres poetas afinal.
(...)
Ora em fúria e rugidos de ameaça,
Esmagando quem nele confiar,
Pela inveja, de raça contra raça,
Que sempre dividiu a terra e o mar,
E então S. Pedro de Moel abraça
O mar e a terra, ajunta, concilia
Põe lágrimas das ondas na caruma
Do pinhal de Leiria
E este as ondas, benéfico, perfuma,
De modo que das Águas de Madeiros
Até junto do Penedo da Saudade
Antes, como excelentes companheiros,
Assinaram contrato de amizade.
(...)

Acácio de Paiva
1863-1944
- pp 83-86, Acácio de Paiva, Insigne Poeta Leiriense, CML 1988

@as-nunes 

2013/08/23

Falando de ACÁCIO de PAIVA: uma pedrada na memória silenciosa?


Acácio de Paiva, nasceu em Leiria, no dia 14 de Abril de 1863. Foi um brilhante poeta (Altíssimo Lírico e o maior Humorista da Poesia Portuguesa), jornalista (chegou a ser Diretor de «O Século Ilustrado» e de «O Século Cómico» no decorrer das duas primeiras décadas do séc. XX) e, como Dramaturgo, escreveu várias peças para o Teatro de Revista dessa época áurea das letras e das artes portuguesas.

O livro, cuja capa se mostra acima, vai ser apresentado no dia 6 de Setembro pelas 21:00h, na sala "Celeiro" da Fundação da Caixa Agrícola de Leiria, pelo Dr. Orlando Cardoso, brilhante escritor, Diretor que foi do Jornal de Leiria, jornalista conceituado, emérito investigador da história Leiriense (particularmente a ligada às letras), poeta inspirado e de méritos reconhecidos, professor, etc. 
Entretanto, o meu ilustre e muito estimado amigo, Dr. Arménio de Vasconcelos (*), autor do Prefácio, fará também uma dissertação sobre Acácio de Paiva e o historial da aventura (da qual ele próprio é uma das personagens de relevo) do autor, ao se ter abalançado a esta temeridade, que é «falar de Acácio de Paiva», das suas múltiplas facetas literárias e das muitas personalidades do mundo das artes, das letras e da política que foram seus companheiros de tertúlia...
O Dr. Paulo Costa, psicólogo do hospital de Leiria, brilhante poeta, amigo e companheiro de Tertúlia dos Serões Literários das Cortes, também se prontificou a colaborar com um arranjo musical sob temas poéticos ao estilo de Acácio de Paiva.



Numa das badanas deste livro o autor considerou ser muito relevante e útil transcrever a apologia de Acácio de Paiva que outro conceituado representante das letras e da cultura nacionais, a quem Leiria muito deve, lhe escreveu, nos idos anos de 1968. Trata-se do Dr. Américo Cortez Pinto.

É, também, da maior justiça, relevar que esta publicação só foi possível, graças ao apoio editorial da Junta de Freguesia de Leiria, cujo estímulo foi determinante para o autor se impor a si próprio como que um dever e uma obrigação moral de coligir toda a informação esparsa sobre a vida e obra de Acácio de Paiva, de modo a que este trabalho pudesse ser tornado público ainda no decorrer deste ano de 2013, precisamente o ano em que se comemoram os 150 anos do seu nascimento. Pode dizer-se, muito sinceramente, que os inevitáveis caprichos do Tempo e «de espaço», também poderão ter aqui o seu quinhão de responsabilidade por algumas lacunas que possam vir a ser encontradas. De qualquer modo, o autor, assume-se, desde já, em qualquer circunstância, o principal responsável pela escolha  do método de abordagem da estrutura do presente livro e do seu conteúdo, por muito incompleto que ele se possa apresentar. 

Pelos aludidos caprichos do Tempo, este é um ano de eleições autárquicas em que, administrativamente, a Freguesia de Leiria vai passar a integrar (em pé de igualdade com Pousos, Barreira e Cortes, assim terá de ser) uma «União de freguesias». Mas esse facto jamais poderá ser evocado para justificar qualquer alegada hierarquização de valores nem sequer de preferência pessoal.
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(*) Pode ler-se do seu vastíssimo currículo consultando este endereço: http://armenio-vasconcelos.blogspot.pt/

@as-nunes 

Onde está a capela das Chãs?!

 Em 23 de Maio de 2013 tirei estas fotografias...  para memória futura. 
Imediatamente a seguir ao alcatrão, à frente desta capela/salão paroquial, existia uma igreja centenária que foi demolida, pura e simplesmente, não importando a preservação do património religioso e cultural. 
Além do mais, aprecie-se o ambiente místico e sereno que rodeava a antiga Igreja das Chãs - Regueira de Pontes - Leiria. (ver os registos aqui publicados a este propósito).


2013/08/21

The cat and the Moon



Esta Lua é portuguesa mas o gato do poema viveu no princípio do século passado e, muito provavelmente, era Irlandês.

THE CAT AND THE MOON                            O Gato e a Lua


HE cat went here and there
And the moon spun round like a top,
And the nearest kin of the moon,
The creeping cat, looked up.

Black Minnaloushe stared at the moon,
For, wander and wail as he would,
The pure cold light in the sky
Troubled his animal blood.
Minnaloushe runs in the grass
Lifting his delicate feet.
Do you dance, Minnaloushe, do you dance?
When two close kindred meet,
What better than call a dance?
Maybe the moon may learn,
Tired of that courtly fashion,
A new dance turn.
Minnaloushe creeps through the grass
From moonlit place to place,
The sacred moon overhead
Has taken a new phase.
Does Minnaloushe know that his pupils
Will pass from change to change,
And that from round to crescent,
From crescent to round they range?
Minnaloushe creeps through the grass
Alone, important and wise,
And lifts to the changing moon
His changing eyes.


W. B. Yeats (1865-1939)

O gato passeava aqui, ali,
E a lua girava qual pião,
E, parente próximo da lua,
Furtivamente, o gato olhava o céu.

O negro Minnaloushe olhava, fixo, a lua
Pois, embora miasse vagueando,
O seu sangue animal e agitado
Pela luz pura e fria lá no céu.
Minnaloushe corre pela erva,
Erguendo as patas muito delicadas.
Danças, acaso, Minnaloushe, danças?
Quando parentes próximos se encontram
Há lá coisa melhor do que dançar.
Talvez a lua consiga aprender,
Enfastiada desse tom cortês,
Novo passo de dança.
Minnaloushe desliza pela erva
De um outro lugar enluarado,
E a lua sagrada e elevada
Entrou agora numa nova fase.
Saberá ele que as suas pupilas
Passarão de mudança em mudança,
E que de fases cheias a crescentes,
De crescentes a cheias mudarão?
Minnaloushe desliza pela erva,
Importante, sábio e solitário,
E levanta para a lua mutante
Os olhos em mudança.

W. B. Yeats
(Prémio Nobel da Literatura)

Espalhei meus sonhos aos seus pés. Caminhe devagar, pois você estará pisando neles. (William Butler Yeats)

@as-nunes 

2013/08/19

Quase lua cheia

em dia mundial da fotografia

Ontem  
Centro Oeste de Portugal

Nikon 18-105mm D3200
Distância focal: 105 mm
exposição: 1/60
f/5.6
ISO 3200
captura sem suporte fixo

@as-nunes

2013/08/16

VOTAR em PANTOMINEIROS? NÃO, NÃO, NÃO! ...




Neste dia, estive a observar a tática da aranha a caçar: constrói meitulosamente, a teia, estratégica e dissimuladamente, num local que já sabe vai ser passagem obrigatória do maior número possível de insetos;
uma abelha ficou presa na teia invisível;
implacavelmente, a aranha envolveu a abelha, ainda viva, nos seus fios e amarrou-a completamente, até a boca lhe tapou, bem vi. Foi o preciso momento em que a abelha deixou de zumbir...

Ou seja, o toque final é o tapar a boca da abelha. A partir daí, a aranha tirou uns momentos de "férias" e voltou com toda a gana para sugar todo o invólucro em que a abelha ficou transformada...

E ainda estamos em Agosto!...

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Guerra Junqueiro escrevia, no séc. XIX

(...)


Uma burguesia, cívica e politicamente corrupta até à medula, não descriminando já o bem do mal, sem palavras, sem vergonha, sem carácter, havendo homens que, honrados na vida íntima, descambam na vida pública em pantomineiros e sevandijas, capazes de toda a veniaga e toda a infâmia, da mentira a falsificação, da violência ao roubo, donde provem que na política portuguesa sucedam, entre a indiferença geral, escândalos monstruosos, absolutamente inverosímeis no Limoeiro. Um poder legislativo, esfregão de cozinha do executivo; este criado de quarto do moderador; e este, finalmente, tornado absoluto pela abdicação unânime do País. 

(...)

Votar nestes pantomineiros?
NÃO.

@as-nunes

2013/08/11

Ao povo

(mesmo aqui em frente, um vizinho, profissional de construção civil, teve de emigrar para a América Central. Já lá vai mais de um ano... 
Férias?
Quais férias?!...)

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Ao Povo

Tem-se a impressão que os portugueses
precisam de emigrar para desenvolverem
todos os recursos da sua nativa e la-
tente capacidade. Porquê? Porque na sua 
terra a casta de políticos, «a mais vil
de todas as castas», como diz Paul 
Adam, predomina; absorve as energias
nacionais, na mísera ambição e na re-
les intriga de partidos; revoluciona; re-
volve até os seus mais profundos alicer-
ces, o equilíbrio social; perturba e enxo-
valha a serenidade da aplicação e do 
trabalho...
... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... 

RAMALHO ORTIGÃO

2013/08/07

É ASSIM

Um dia destes, no aeroporto de S. Miguel - Açores


É ASSIM

É assim:
a gente despede-se, vai-se
embora amaldiçoando a terra,
carrega amargura que nem o diabo
aguenta; com o tempo vai
esquecendo injustiças, mágoas,
injúrias, morrendo por regressar
ao cheiro da palha seca, ao calor
animal do estábulo,
ao sonho do quintalório
com três alqueires de milho ao sol
e dois pinheiros bravos -
porque não há no mundo
outro lugar onde
enfim dê tanto gosto chafurdar.

Eugénio de Andrade
p. 613
Poesia
Ed. e livreiros - Modo de ler, 2010?

@as-nunes

2013/08/01

Vénus: «estrela da manhã» mas também «estrela da tarde»

Pôr-do-sol observado desde as traseiras da Igreja de S. Tiago dos Marrazes - Leiria. Tecnicamente já estávamos numa fase pós pôr-do-sol... Mas o momento é extremamente poético, deixem-me falar em pôr-do-sol...
(Clic para ampliar e melhor ver o planeta Vénus.)


Vénus ao pôr-do-sol; o planeta é mais brilhante que qualquer estrela vista no céu. Naquele momento só se via esta "estrela".

Vénus "ultrapassa" a Terra a cada 584 dias enquanto orbita o Sol. Nessas ocasiões, ele muda de "Estrela Vespertina", visível após o pôr-do-sol, para "Estrela Matutina", visível antes do nascer do Sol. 

@as-nunes

Ilha de S. Miguel: olhos pretos



Que os "Olhos Pretos" se cantam por tradição em todas as Ilhas dos Açores é um facto.
Mas este grupo de S. Miguel tem esta interpretação fabulosa.
«««»»»

Ilha de S. Miguel:  Hortênsias lindas, duma beleza sem par!...