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2019/11/23

ACÁCIO de PAIVA (Insigne poeta Leiriense) 1863-1944 e a homenagem que a Biblioteca Municipal de Ourém lhe prestou por alturas do 75º Aniversário da sua morte


Alguns dos familiares descendentes de Acácio de Paiva, presentes na sessão de homenagem na Biblioteca Municipal de Ourém

Esta sessão foi transmitida em directo pela Soutaria TV

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Eis o que, entretanto, o seu Bisneto mais velho, Afonso de Melo, escreveu e tem dito acerca do seu avô, Acácio de Paiva:


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Já antes, 
Um muito obrigado, amigo Alfredo Ribeiro, por este trecho da participação de Zaida Paiva Nunes, aquando da apresentação da III Colectânea de Poesia Lusófona de Paris - na Sala do Capítulo no Museu de Leiria, 23 de Novembro de 2019.
ps.: A Zaida, quebrando o protocolo, disse um pequeno poema de sua autoria, não integrado na Colectânea, aproveitando para referir a passagem dos 75 anos da morte do Poeta Acácio de Paiva que dizia não ter o poeta necessariamente de ser triste: pode e deve também manifestar-se duma maneira alegre, humorística.


(se não se oonseguir ver o vídeo aqui pode
seguir-se o link no FB)

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(Um fragmento do vídeo acima, reportado aos primeiros 10 minutos da sessão na Biblioteca Municipal de Ourém)



Os primeiros 10 minutos do vídeo gravado e transmitido em directo pela Soutaria.TV: podem ver-se: David Teles Ferreira (à esquerda); a directora da Biblioteca; Constança Paiva de Melo (neta mais velha); Afonso de Melo (bisneto mais velho); Luísa Marques da Cruz (trineta).
Também se podem ver, logo no início, de perfil e de costas, os bisnetos Luís Camilo Alves e António Camilo Alves e a neta Margarida Paiva Camilo Alves.
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(In Diário de Leiria - 27 de Novembro de 2018)
Acácio de Paiva 
Leiria, 14 de Abril de 1863
Ourém, 29 de Novembro de 1944
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(Em edição -  28.11.2019)

2017/05/02

Ruy de Carvalho em Leiria a apoiar o livro "Felicidade 100Idade" e a APpeas


Em modo DISPERSO… (XXXVI)    (in Diário de Leiria de 1 maio 2017 - p. 8)

Ruy de Carvalho em Leiria a apoiar
o livro “Felicidade 100Idade”

Jorge Gameiro é licenciado em Gestão de Recursos Humanos pelo ISLA com Pós graduação pela Universidade Complutense de Madrid, entre outras qualificações e experiências. Integra, desde a sua fundação, o núcleo dinamizador da APpeas-Associação Portuguesa para a Promoção do Envelhecimento Ativo e Saudável,  com sede em Leiria. No intuito de melhor se dar a conhecer as suas finalidades, escreveu o livro “Felicidade 100Idade”, que foi recentemente lançado em Leiria (19ABR2017), no Teatro Miguel Franco, e que teve o apoio incondicional do Dr. Gentil Martins e do reconhecido e homenageado Homem da Cultura, o grande Ator Ruy de Carvalho, que escreveu o Prefácio.
(Jorge Gameiro, Ruy de Carvalho, Gonçalo Lopes, Zaida Paiva Nunes)

A Câmara Municipal de Leiria também se associou a este evento com a participação ativa de Gonçalo Lopes (Vereador da Cultura e Vice-Presidente) e das vereadoras Anabela Graça e Ana Valentim, responsáveis pelos pelouros do Ensino e do Desenvolvimento Social, respetivamente.
No seu cap. 4 – “Se o tempo envelhecer o seu corpo mas não envelhecer as suas emoções, você será sempre feliz.”- Augusto Cury, (1958- ) são apresentados vários depoimentos sobre o tema, nomeadamente o de Zaida Paiva Nunes (72 anos), pp 140-3, com o qual esta abriu a sessão do Teatro Miguel Franco, cheio, apesar de ser um dia de semana.
No ensejo desta crónica é de se destacar a necessidade premente de se promover a APpeas e de se congregar à sua volta todos os meios e vontades que lhe permitam prosseguir com a requerida eficácia, os seus objetivos.
De facto, dada a sua juventude em termos de existência formal e o desafio geracional do século XXI a que se propõe fazer frente (segundo as palavras do seu Presidente, Baptista Cabarrão), todos os contributos que se possam reunir nunca serão demais.
O intuito primordial deste livro e da Appeas é o de sensibilizar a opinião pública em geral e os idosos, instituições de Segurança e Solidariedade Social  e as autarquias locais, Câmaras e Juntas, em particular, para a necessidade premente de se dotar a sociedade de mecanismos que permitam contribuir para o Bem Estar Social e o Envelhecimento Ativo e Saudável dos Idosos. É inquestionável que o apoio ao envelhecimento ativo e saudável das populações tem de ser encarado como uma área fundamental na boa organização da Sociedade atual. 
“A Organização Mundial da Saúde (OMS) define envelhecimento ativo como sendo o processo de otimização de condições de saúde, participação e segurança, de modo a melhorar a qualidade de vida à medida que as pessoas ficam mais velhas.”
A verdade é que a promoção do envelhecimento ativo está a assumir-se como um dos grandes desafios do presente e do futuro. Foi nesta perspetiva que surgiu a ideia da constituição duma associação como a APpeas com uma visão perfeitamente definida do que deve ser e como promover o envelhecimento ativo e saudável, consubstanciada na própria letra dos seus Estatutos. Baptita Cabarrão e Rita Andrade (vice-Presidente da Appeas), no seu depoimento no livro de Jorge Gameiro escreveram: “A Appeas-Associação Portuguesa para a Promoção do Envelhecimento Ativo e Saudável, é uma instituição particular sem fins lucrativos e de âmbito nacional constituída em 2014, que não professa qualquer ideologia política ou religiosa e propõe-se defender a pessoa humana e os seus direitos individuais e sociais, qualquer que seja a sua condição, etnia, cultura ou nacionalidade.”  E prosseguem dizendo: “Deve desmistificar-se a visão triste, penosa e decadente da velhice, encarando-a como uma oportunidade de reconhecer os valores do ser humano de modo holístico.”.
Do Prefácio de Ruy de Carvalho, corroborado com as suas palavras de estímulo e apoio à ideia da Appeas, que proferiu no decorrer da sessão no Teatro Miguel Franco (ver/ouvir vídeo no youtube: https://youtu.be/XujjRWORrTs), deve dar-se a devida ênfase à forma com o termina: “Dia a dia, passo a passo, embora um pouco mais lentamente que antigamente, sigo o meu caminho, tentando mostrar à minha geração a importância de fazer tudo com amor, com dignidade, com a força que me advém de estar vivo, evitando rastejar, mentir a mim próprio, e sobretudo mostrando a firme convicção de que parar… é morrer! É morrer, inutilmente.”
Pela minha parte, tendo participado em todas as atividades ligadas a este evento formidável, que foi a apresentação dum trabalho que o próprio Ruy de Carvalho considera que deve ser um dos livros de mesinha de cabeceira de cada um de nós, jovem ou idoso, não posso dar por encerrada esta crónica sem antes agradecer todo o empenhamento e entusiasmo demonstrado por todos os intervenientes para que este evento pudesse ter o brilhantismo e repercussão mediática que teve, em prol da nobre causa da Appeas.

Vão seguir-se sessões nos mesmos moldes na maior parte dos concelhos do país, se possível em todos.

2017/02/07

Uma nova (des)ORDEM Mundial ?! Não é confundindo os muçulmanos em geral com o fundamentalismo islamita que se conseguirá algum dia erradicar tanto ódio no relacionamento entre os povos.


Em modo DISPERSO…  (XXX)

Uma nova (des)ORDEM MUNDIAL?!

Nos últimos dias, imediatamente após a tomada de posse de Donald Trump, como presidente dos Estados Unidos, estamos a ser surpreendidos – porque nunca imaginámos que este sr. levasse a sua extravagante retórica eleitoral à prática – com notícias chocantes e altamente comprometedoras para todo o Planeta.
No momento em que estou a escrever esta crónica tenho à minha frente o seguinte título de jornal: “Sírios devolvidos a Damasco depois de 13 anos à espera para ir viver nos EUA”. A reportagem informa que estes seis Sírios são cristãos. Ou seja, está em causa ser-se de nacionalidade de um dos sete países de maioria muçulmana, Iraque, Síria, Irão, Sudão, Líbia, Somália e Iémen, independentemente da religião que professem.
Quem conhecer a História das religiões monoteístas do mundo, originárias do Médio Oriente, e a forma como o fundamentalismo Islâmico tem sido motivo de sangrentos atentados e assassínios  a sangue frio perpetrados em nome de Alá, poderá tentar perceber o alcance desta medida drástica e, da mesma forma, radical. Mas não é confundindo os muçulmanos  em geral com o fundamentalismo islamita que se conseguirá algum dia erradicar tanto ódio no relacionamento entre os povos.
É natural que as pessoas se perguntem das razões que levam Trump a reagir tão brutalmente na sua investida anti muçulmana. Do estudo da História das religiões que têm estado no cerne dos confrontos religiosos e xenófogos que têm vindo a assolar todo o mundo pode-se inferir que há memórias que afetam doentiamente muitas mentes:
1-    Jerusalém é sagrada para os judeus desde que o Rei David a proclamou como sua capital no século X ac e para os Cristãos desde as referências que lhe são feitas no Antigo Testamento mas também pelo seu significado na vida de Jesus (Cristo foi crucificado no monte Gógota e é em Jerusalém que se encontra o Santo Sepulcro);
2-    Quando Maomé fundou uma nova religião nos anos 600 que ficou conhecida como o Islão já o Judaísmo e o Cristianismo tinham muitos seguidores, particularmente nas zonas do Médio Oriente;
3-    Maomé acabou por entrar em confronto violento com os Judeus e os Cristãos, do que resultou muita mortandade. O Islão entrou numa fase expansionista e os Cristãos e os Judeus passaram a ser perseguidos. É destes tempos que vem a invenção da estrela amarela cosida nas vestes dos Judeus para os identificar ao caminharem pelas ruas das cidades dominadas pelos islamitas. Estava-se no séc. 9 DC e quem teve essa ideia “brilhante” foi o Califa do Iraque “Al-Mutawakkil Al-Iraq” (ao contrário da ideia que ficou da II Guerra Mundial e do holocausto nazi sobre os judeus);
4-    Os Judeus e os Cristãos eram considerados cidadãos de segunda classe, os “Dhimmi” e só podiam adquirir o direito à vida  se pagassem a “jizya” (taxa de proteção) ou se se convertessem ao Islão;
5-    Os homens cristãos recebiam um “zunnar” (cinto). Será dessa época que ficou o hábito de usar o cinto?;
6-    O Islão conquistou Jerusalém e a esta cidade também o Islamismo ficou ligado pelo facto de lá ter sido o local (monte do Templo) em que Maomé ascendeu ao Paraíso para se encontrar com os Profetas anteriores ao Islão. Esta crença dos muçulmanos ficou conhecida pela “Noite da Ascenção” e ficou registada como tendo acontecido em 620 d.C.;
7-    O expansionismo islâmico só foi travado em 11 de setembro de 1683, às portas de Viena, sendo que este dia acabou por se transformar num símbolo de vingança dos islamitas radicais. Não terá sido por mero acaso que Bin Laden organizou o famigerado ataque às Torres gémeas de Nova Yorque para ocorrer precisamente num 11 de setembro (2011);
8-    Em 3 de março de 1924, a dissolução do califado e a expulsão dos representantes da última dinastia pela Assembleia da Turquia, determinaram o fim dum ciclo de 600 anos de poder do Império Otomano. Assim se encerrou um período da história mundial que tanto influenciou a geografia política, religiosa e social no Oriente e  na Europa.
Entre as principais reformas que garantiram a ocidentalização da Turquia há que ressaltar: a concessão de direitos às mulheres, a adoção da escrita romana, do calendário gregoriano e do costume ocidental do sobrenome. Em 1926, aboliu-se também a poligamia.
Quer dizer, o Califado Islâmico existiu durante 1.400 anos tendo sido extinto há menos de 100 anos, portanto. Daí a tensão reinante em resultado de todas as convulsões que têm sido originadas pela pretensão extremista de radicais ultra-ortodoxos islamitas ao se lançarem na aventura da recriação dum Estado Islâmico (EI/IS).
É necessário e urgente educar as populações sobre a história do mundo. Infelizmente, o que se constata é que as novas gerações estão muito mal preparadas para enfrentar/compreender determinados fenómenos, como este das guerras e assassínios bárbaros praticados pelo autoproclamado  Estado Eslâmico. E não se descure também o conhecimento de todos os outros holocaustos que tiveram lugar à sombra das várias religiões e nacionalismos exacerbados. Em última análise o que está em causa é a tentativa do domínio dos pontos estratégicos do globo do ponto de vista da Economia usando a ignorância e apatia das populações.

(Não resisti e escrevi esta crónica)
António Almeida Santos Nunes



2016/10/29

Dentro de ti, ó Leiria ou Balada do Encantamento


Este vídeo foi inspirado e complementa a minha crónica que irá ser publicada no Diário de Leiria, na próxima segunda feira, dia 31 de Outubro de 2016.

Fica aqui, desde já, o espaço para a sua reprodução... 
Ei-la:

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Em modo DISPERSO… (XXIII)

Dentro de ti, ó Leiria.
Balada do Encantamento
Letra e música de D. José Paes de Almeida e Silva

Falemos, agora, de duas das canções/baladas que mais simbolizam a cidade de Leiria, a sua mística histórica, poética e artística em geral, e as suas gentes. Na minha opinião, claro está, aquelas que mais contribuem para o badalar de Leiria pela via da música, entretanto já muito divulgadas através de vídeos, serenatas de estudantes e pelo Orfeão de Leiria, são:
A “Canção do Porvir” e “Dentro de ti, ó Leiria”.
Vou deixar para uma nova crónica, a história de “A Canção do Porvir”. Não é porque para com ela tenha menos deferência, muito pelo contrário, mas porque hoje me apetece ´ouvir` a “Balada do Encantamento”.  Com certeza  que me acompanharão neste gosto.
Quem não conhece a sua letra? Pelo sim pelo não aqui fica:

Dentro de ti, ó Leiria
Vive uma moira encantada,
Não sabes, é minha amada
E tem por nome Maria.

Leiria foste um ladrão
Leiria do rio Lis.
Roubaste-me o coração
E, vê lá tu, sou feliz.

É sempre com incontida emoção que ouço esta belíssima canção, que me habituei a saborear, encantado, desde que cheguei a Leiria em 1966. Esta balada cantada ao modo do fado de Coimbra acabou por se transformar num meio de consagração da histórica - sempre bela e romântica - cidade de Leiria, que aprendi a amar como se a minha terra natal fosse.
Conheço duas interpretações vocais desta balada, as duas excelentes: Uma, de Janita Salomé e outra  do mesmo nível, de Manuel Branquinho, esta gravada há 41 anos. Uma e outra versão podem ser ouvidas com facilidade por consulta direta na internet através do motor de busca da Google.

“Dentro de ti, ó Leiria” é uma das canções/baladas mais belas, significativas e simbolicamente ligadas a Leiria. A sua letra e música enraizaram-se rapidamente nas emoções de ser Leiriense e, mais tarde, adotada como balada indicativo das serenatas da Sé de Leiria vividas pelos estudantes Universitários da cidade do Lis… e do seu Castelo… e de Rodrigues Lobo… e do Eça, que por aí anda no Largo da Sé… e pelo lídimo poeta Leiriense Acácio de Paiva, que nasceu na casa de azulejos azuis “viúva lamego” em 1863… e onde se iniciou a família dos Teles e Paiva, … etc. Foram muitas estas serenatas, no mês de Maio de cada ano, que eu ouvi enquanto trabalhava no meu escritório no primeiro andar da casa de família, a “Pharmácia Paiva”, naquele Largo. Foram muitos anos. Até que, por volta do ano 2008, nos mudámos para a Barreira. Aquela balada, porém, ficou-me nos ouvidos. Talvez para sempre…

O seu autor, 1899-1968, D. José Paes de Almeida e Silva, nasceu em Vagos, mas a sua ligação a Leiria ficou indelevelmente gravada no som da letra e da música desta extraordinária balada/fado.  Foi eleito pela Academia de Coimbra como o seu filho dileto na música através de Baladas, Canções, Operetas, Música Coral, Música Instrumental, que acabou por ser tocada na sua Tuna, da qual chegou a ser Regente entre 1929 e 1931.  Em simultâneo, sempre que necessário, foi o Maestro do Orfeão Académico de Coimbra, o que lhe proporcionou excelentes relações de amizade com os nomes mais sonantes do fado e da guitarra Coimbrã. O período de 1920-1930 passou para a história como a “Década de oiro da academia de Coimbra” (Dr. Afonso de Sousa, que chegou a tocar a música de D. José à guitarra com Artur Paredes, enquanto estudante nesta cidade).
Em 1929 a Tuna Académica de Coimbra deslocou-se a Leiria onde foi acolhida em apoteose. Nesta altura, D. José Paes de Almeida e Silva, com a ajuda preciosa do Dr. Américo Cortez Pinto (outro vulto Leiriense a não deixar que se perca nas brumas da memória) conheceu D. Maria Isabel Sousa Charters de Azevedo, daqui natural, e com ela acabou por casar.
Foi esta ligação sentimental que o inspirou a escrever e musicar “Dentro de ti, ó Leiria”, que ficaria celebrizada para todo o sempre como a “Balada do Encantamento” de Leiria.
Esta balada foi tornada pública no dia seguinte ao da sua chegada a Leiria pela voz de encantar do célebre Edmundo Bettencourt, um dos seus amigos de boémia e tertúlia Coimbrã. Logo a seguir voltou a ser cantada nos Paços do Concelho de Leiria por um cantor conhecido de nome  Vicente. E assim Leiria do rio Lis se rendeu aos encantos da moura encantada que dentro dela vivia... e continuará a viver. Ad eternun
D. José acabou, mais tarde, por alturas de 1943, por se mudar para Leiria, onde a família Charters de Azevedo tinha casa e propriedades nas Cortes.
A sua paixão pela Música manteve-se inalterada e chegou a ser Maestro do Orfeão de Leiria, que regeu, pela primeira vez em 7 de dezembro de 1948, no Teatro da cidade, o magnífico e infamemente já demolido, Teatro D. Maria Pia.
Ler mais no livro “D. José Paes de Almeida e Silva – Vida e Obra Musical” de Adélio Amaro, ed. Folheto, 2015, com o apoio de Teatro Nacional de São Carlos e Fundação Caixa Agrícola de Leiria.

Até à próxima.

2016/06/13

Ensino Público vs Escolas Privadas e/ou Cooperativas




( Ler Diário de Leiria – 13jun2016 – p 8)

Em modo DISPERSO… (XIII)

Ensino Público vs Escolas Privadas e/ou Cooperativas

Já deu para perceber que o lobby dos professores do Ensino Público (em Escolas do Estado) com a malha da FENPROF é muito forte e, talvez, intransponível. Veja-se que são raros os Ministros da Educação dos Governos Constitucionais pós 25 de Abril que tenham permanecido no seu posto até ao final do mandato e todos ficaram "marcados" para sempre com o ferrete de "incompetentes". É materialmente impossível que todos os licenciados, só por esse facto, possam ser professores do quadro permanente. As candidaturas a professor  do Básico e Secundário, apesar da regressão demográfica que se vem acentuando de ano para ano continuam a superar largamente as necessidades das Escolas, do setor Privado e Cooperativo, incluídas.
Claro que o Ensino Estadual é de se acarinhar, até porque é a contar com ele (mas também com o Ensino nas Escolas Cooperativas e Privadas) que temos a nossa sociedade organizada. A este propósito anda por aí muito radicalismo no que concerne à interpretação a dar aos artigos da Constituição da República Portuguesa que a esta secção da vida da nossa sociedade dizem respeito:
Vejamos:
Artigo 43.º
Liberdade de aprender e ensinar
1. É garantida a liberdade de aprender e ensinar.
2. O Estado não pode programar a educação e a cultura segundo quaisquer diretrizes filosóficas, estéticas, políticas, ideológicas ou religiosas.
3. O ensino público não será confessional.
-
Artigo 73.º
Educação, cultura e ciência
 1. Todos têm direito à educação e à cultura.
2. O Estado promove a democratização da educação e as demais condições para que a educação, realizada através da escola e de outros meios formativos, contribua para a igualdade de oportunidades, a superação das desigualdades económicas, sociais e culturais, o desenvolvimento da personalidade e do espírito de tolerância, de compreensão mútua, de solidariedade e de responsabilidade, para o progresso social e para a participação democrática na vida colectiva.
É mais que sabido que há locais onde as Escolas Privadas e/ou Cooperativas se conseguem substituir ao Público sem acréscimos da Despesa Pública. Talvez até com vantagens do ponto de vista do Orçamento do Estado. Tenha-se em conta que o OE não gastou dinheiro para construir essas escolas e só paga as despesas de funcionamento das turmas; por esse facto os estudantes não pagam propinas ou mensalidades, estudem numa Escola Pública ou Privada.  Ninguém, de bom senso, pode dizer que o Ensino Público, isto é, proporcionado pelo Estado, não tem qualidade e que nos Colégios é que se consegue preparar os alunos para terem êxito na vida. Mas que grande burrice fazer-se tal afirmação, como já se tem lido e ouvido por aí, nas televisões e nas redes sociais, pelo menos. Mas também não é a única via que a Constituição prevê para se atingir o nível Cultural que o nosso país necessita e nós almejamos.
A questão fulcral que eu coloco é esta: não é de boa gestão pública manter as turmas de Ensino Público obrigatório nas Escolas Privadas em locais onde já existam as infraestruturas adequadas em vez de estar a obrigar as crianças a fazerem deslocações incomportáveis com os tempos modernos e desfazendo os laços das comunidades em que estão inseridos?
É que, bem vistas as coisas, as infraestruturas que, em muitos casos, eram inexistentes, foram construídas pela iniciativa privada e estão em pleno funcionamento há já bastantes anos com provas dadas quanto à qualidade do Ensino a que os portugueses têm direito segundo a Constituição. Nestes casos, não seria muito mais sensato, dadas as dificudades orçamentais do Estado Português, manter os contratos de parceria com as Escolas Cooperativas e Privadas que já deram provas que reunem todas as condições para, paralelamente com a sua caraterística de propriedade privada (mas fiscalizada pelo Estado), proporcionarem em condições dignas e eficientes, o Ensino Público a que o Estado se obriga constitucionalmente?
E mesmo no que respeita aos professores porque não estabelecer um regulamento único que defina as mesmas condições sócio-profissionais para todos os Professores, legalmente habilitados para a função primordial que detêm na formação dos homens de amanhã?
Esta guerrilha permanente que chega a atingir laivos de corporativismo primário tem de acabar.
A Escola que vise o cumprimento do nº 1 do artº 43º da Constituição deve estar acima de tudo. Não importa que seja Privada, Cooperativa ou do Estado.
A Constituição da República Portuguesa não é, não pode ser, um mero instrumento de regulamentação das condições de funcionamento do Estado. Portugal não é uma República Corporativista.

Leiria, 13 de Junho de 2016

António Almeida Santos Nunes

2016/05/22

Dia de Leiria: 22 de Maio, sim ou não?

in Diário de Leiria de 16 de Maio pp:
...
Aproxima-se o dia em que se comemora o Dia do Município de Leiria, que ficou estabelecido que seria a 22 de Maio. A justificação desta data tem emperrado com a data em que D. João III elevou Leiria à categoria de cidade, que foi no dia 13 de Junho de 1545, conforme sua carta dessa data expedida de Évora. Estas duas datas acabaram por ficar intimamente ligadas.
Na verdade:
1- A Diocese de Leiria-Fátima, que tem por padroeiros Nossa Senhora de Fátima e Santo Agostinho, foi criada, a pedido do rei D. João III, pelo Papa Paulo III, com a bula "Pro excellenti", de 22 de Maio de 1545, então como Diocese de Leiria.
Extinta por motivos políticos em 4 de Setembro de 1882, foi restaurada pelo Papa Bento XV com a Bula "Quo vehementius", de 17 de Janeiro de 1918.
Por decreto da Congregação dos Bispos, de 13 de Maio de 1984, confirmado pela bula pontifícia "Que pietate", com a mesma data, foi dado à Diocese o título de Leiria-Fátima.
2- Leia-se o seguinte excerto do parecer efetuado pelo Professor Doutor Saul António Gomes, emitido em 20 de Agosto de 2002, a pedido do Executivo da Junta de Freguesia de Leiria:
"...
Permanece em aberto, efectivamente, o facto histórico de grande relevância que é a elevação oficial de Leiria ao estatudo de cidade, pelo rei D. João III, como se referiu, em 13 de Junho de 1545. Curiosamente, um dia festivo na vida religiosa, cultural e histórica portuguesa por ser, muito justamente, o dia de Santo António de Lisboa. Santo que tinha na Leiria dos nossos avós grande apreço e era popularmente comemorado na cidade e arredores.
..."

Ou seja, o Dia de Leiria, bem podia ser o 13 de Junho e não 22 de Maio, como acabou por ficar."
...
António Nunes

Na II parte da crónica:




Em qualquer caso, o 22 de Maio pode ser uma boa oportunidade para dar realce a personalidades cuja vida e obra contribuíram decisivamente para o seu bom nome e visibilidade.
Acácio de Paiva é, incontestavelmente, uma dessas personagens cuja memória urge manter viva.
A casa onde Acácio de Paiva  nasceu em 14.4.1863 é um ex-libris inquestionável desta cidade, talvez, a par com o Castelo de Leiria, um dos sítios mais fotografados pelos turistas de todo o mundo que demandam estas terras extremenhas.
Passando pelo Largo da Sé repare-se na placa alusiva, que foi descerrada no dia 14 de Dezembro de 1963, conforme consta dum “Auto do Descerramento das Lápides Comemorativas da Homenagem ao Poeta ACÁCIO DE PAIVA”, cujo original se  encontra  no Arquivo Distrital de Leiria.
Detalhes pormenorizados sobre as origens deste prédio podem ser obtidos pela leitura do livro “Falando de Acácio de Paiva”, ed. Da Junta de Freguesia de Leiria, 2013. É de realçar o aspecto singular do prédio em si e da sua frontaria em azulejos “Viúva Lamego” presumivelmente pintados pelo pintor Pereira Cão, que viveu entre 1841 e 1921.
As figurações alusivas a Galeno (para sempre e popularmente ligadas a Sócrates) e a Hipócrates, que ladeiam a entrada da antiga farmácia, transmitiram ao prédio uma visibilidade ímpar na cidade de Leiria. É de relevar a sua notórea ligação ao enredo do grande romance de Eça de Queiroz, «O Crime do Padre Amaro», pois que era no seu rés-do-chão que estava instalada a «botica do Carlos», um centro de reunião e cavaqueira da sociedade Leiriense.
O “Carlos boticário” referido neste romance é comumente aceite que se inspirou na figura de José de Paiva Cardoso, pai de Acácio de Paiva.
Rematando esta crónica com uma particular saudação a Leiria nada mais apropriado que transcrever um soneto de Acácio de Paiva, um dos seus mais diletos filhos:

LEIRIA
I
A minha terra... Basta ser a tua
Para que mais nenhuma assim me agrade,
Na parte velha, a nossa mocidade
(A cegueira dos anos...) continua.

Ora me demorei vendo uma rua;
Talvez a mais antiga da cidade...
Conserva-te menina: ingenuidade,
Comedimento, a não ver Sol nem Lua.

Há bairros novos, casas de cimento,
Reparos brancos em ruínas, feira
mudada, restaurantes, movimento,

Outras línguas - política, suponho.
Recolhamos, afável companheira,
À capelinha rósea do meu sonho!

Até à próxima,

António Almeida Santos Nunes


2016/04/20

CARLOS EUGÉNIO - Uma Vida dedicada aos livros e à Cultura em Leiria


Crónica IX - "Em modo DISPERSO..."   (IX)
Na sequência dum verbete publicado neste blogue, dias antes.
Em homenagem ao homem e ao meu primo Álvaro Lucas Pereira, agora com 81/2 anos e que vive na Lourinhã, de quem Carlos Eugénio era tio.
-
Tem sido um privilégio para mim escrever crónicas quinzenais para o "Diário de Leiria". Privilégio acrescido porque na mesma página escreve o meu amigo e companheiro da ACLAL, escritor de reconhecidos créditos e advogado de mérito inexcedível, Dr. Prates Miguel. 
-
Nesse verbete anterior pode ver-se um vídeo em que Zaida Paiva Nunes diz um poema de Carlos Eugénio.

2016/04/12

CARLOS EUGÉNIO - poema dito por Zaida Paiva Nunes


CARLOS EUGÉNIO: 
poema dito por Zaida Paiva Nunes

Somos Dois Rios 

Somos dois rios: um macho outro fêmea.
Podemos ter nome: Lis e Lena.
Seguimos sorrindo alegres sonhando
Porém, mais aonde, indo adiante,
As águas se encontram em bosque de canas
Unidos partimos, cristal aventura
Clara manhã, paixão delirante.

Vimos dos montes, laranjos calcáreos
De mão atrevida trazendo uma rosa
Grandeza e instante são em nós vida
Em redor dos campos de selva formosa,
Amor te desejo em fonte - beleza
Sou eu, sou eu, que te espero
Seja tarde ou cedo, em flecha doirada,
Panorama solar, em chama te quero
Brotados desejos de goivos turqueza.

O mar aparece e desata a chorar 
De crista sangrenta rompendo a sorte;
Desenha-se a rosa em alga de estrelas
Que vinha nos dedos, singrando na morte.

Somos nós que ficámos de mão levantada
Na fúria das ondas, no verde do mar
Somos nós que ficámos, na sombra encantada,
Da boca que beija e morre a cantar.

===
Ver também crónica completa sobre Carlos Eugénio na próxima segunda feira, 18 de Abril de 2016, no Diário de Leiria.


2016/04/05

DIÁRIO DE LEIRIA - O Cronista e a História - António Almeida Santos Nunes

Deu-me para me comprometer com o Diário de Leiria a escrever umas Crónicas de quinze em quinze dias. A verdade é que esta tarefa, que faço com muito gosto, aliada a uma crónica mensal para o «Notícias de Colmeias", acabam por me ocupar muito tempo. Eu gosto de ter o tempo ocupado a fazer coisas. Mas também tenho netos com os quais gosto de ocupar o tempo do resto da minha vida. E outras coisas... fazer sorna por exemplo. Só que não está no meu feitio fazer sorna. É que, afinal, fazer sorna - entendo eu - é nem sequer pensar que há coisas para fazer e deixar que o tempo passe sem as fazer. de modo que entro neste circuito vicioso e acabo por não fazer a sorna a que acho que teria direito nesta fase da minha vida. 
Enfim...

Assim sendo, aqui fica a minha crónica nº VIII no «Diário de Leiria». Fiquei na dúvida. Será que disse bem ou mal dos Historiadores? Será que a idade e algumas circunstâncias nos levam a este estado calamitoso?!
---





2016/02/08

As minhas crónicas na imprensa de Leiria


Meti-me numa empreitada nova. Convidaram-me para escrever umas crónicas na imprensa cá do município e eu aceitei. É com um prazer muito grande que escrevo. Vamos lá a ver como é que os leitores me vão aturar...https://www.facebook.com/diarioleiria ( quinzenalmente, às segundas feiras); "Notícias de Colmeias" todos os meses, sai no princípio de cada mês.






Como o eu amigo e companheiro da ACLAL - Academia de Letras e Artes Lusófonas, Dr. Prates Miguel escreve uma crónica que sai todas as segundas feiras no "Diário de Leiria", cá nos encontramos de 15 em 15 dias. É uma honra para mim.





2015/12/28

DIÁRIO de LEIRIA: Crónicas "em modo DISPERSO..." 28-12-2015

(Para ler o texto na íntegra e confortavelmente clic em cima da imagem)
in "Diário de Leiria" - 28-12-2015

(clic para ver o texto todo em tamanho mais confortável para a leitura)

2013/11/04

A Igreja da Misericórdia em Leiria e a Rede de Judiarias de Portugal

 Esperemos bem que seja possível dar um aproveitamento condigno, como poderá ser este o caso, à Igreja da Misericórdia, em Leiria.
Registo 1479
AZ-Biblioteca
Ed. 2010


Índice do livro de Saul António Gomes

"Neste livro apresenta-se, ao leitor interessado, uma história daquela que foi uma das mais prósperas comunidades judaicas do Portugal medieval. O autor, depois de proceder à avaliação da tradição historio-gráfica acerca da memória judaica e cristã-nova leiriense, passa à contextualização da fixação dos primeiros judeus nesta antiga vila extremenha, por finais do século XII e princípios de Duzentos, e avalia pormenorizadamente as particularidades económicas, sociais e culturais da comuna israelita local, na década de 1490, funcionou a tipografia da família Ortas, oficina impressora do célebre Almanaque Perpétuo de Abraão Zacuto. Estabelece-se, de seguida, um amplo corpo documental que elucida, para os séculos XIII a XVI, a presença e a sobrevivência do povo hebraico em Leiria e em toda a sua região."
in contracapa do livro supra-citado.
« consultar também:  www.catedra-alberto-benveniste.org
« ver em Facebook
@as-nunes

2011/12/29

Eça em Leiria, um grafite a evocar "O Crime do Padre Amaro"

Cheguei ao Largo da Sé, em Leiria, descendo a Rua Cónego Sebastião da Costa Brites, aquela calçada que vem do Largo Manuel de Arriaga, ali ao Governo Civil (ex-Governo civil, que agora já não há governadores civis, sei lá), quem vem da zona do Castelo.
Reparo na azáfama dum fotógrafo, às voltas com o melhor ângulo para fotografar a gravura estampada na parede, como se mostra na foto. Arte Grafite, diz-se.
Se se ampliar, pode ler-se a seguinte legenda: "O seu nome era Amaro Vieira". Ficámos por ali um bocado à conversa sobre quem é o autor daquele mural, parece que já o "Correio da Manhã" andou a investigar quem será o artista mistério (actualização: ver vídeo TVI24), que já fez apresentações deste género, mas sempre originais e propositadas, em vários pontos da zona de Leiria. 
Será Leiriense?
Acabámos por chegar à conclusão que até já tínhamos trabalhado na mesma empresa, há muitos anos atrás, falámos imenso sobre máquinas fotográficas, objectivas, lentes, aberturas, velocidades, sensibilidade, tempos passados em que a fotografia era com rolos, etc. etc., trata-se do Filipe, repórter fotográfico profissional, pareceu-me pessoa já muito experiente e activa, falámos do "Diário de Leiria", de Agências de Informação, etc., a primeira página do DL vai trazer hoje, 29 de Dezembro, uma reportagem sobre esta história do artista mistério, acabei por lhe tirar esta foto, os fotógrafos raramente ficam nos "bonecos" está bom de ver, entretanto eu também acabei por tirar uma data de fotografias.
Fiquei com a ideia de que o Eça também estava metido nesta história e lá fui dar mais uma espreitadela no "O Crime do Padre Amaro". E lá está, na pág. 11 da edição da "Lello & Irmão - Editores", não tem a indicação do ano em que foi impresso, mas deve ser dos anos 50/60 do século passado:
"..., o pároco José Miguéis foi definitivamente esquecido.
Dois meses depois soube-se em Leiria que estava nomeado outro pároco. Dizia-se que era um homem muito novo, saído apenas do seminário. O seu nome era Amaro Vieira. ..."
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@asnunes