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2010/04/26

Alcanena - Poetas à descoberta de Fernando Pinto do Amaral

Mais um encontro de poetas em Alcanena. Tal como o aqui anunciado num post próximo passado. Leu-se poesia de Fernando Pinto do Amaral e tentou-se a sua descodificação, pelo menos ensaiaram-se algumas interpretações. Claro, na maior parte dos casos, essas divagações levaram-nos a novas perplexidades. Valeu-nos, na circuntância, o facto de Óscar Martins ter sido seu aluno na Faculdade de Letras da Universidade de Lisboa.
Um poeta com 96 anos de idade. Acabou por se socorrer do seu caderno de notas com os seus poemas. Ainda tem uma memória de invejar, mas, às vezes, lá tem que pôr os óculos e fazer uso do seu auxiliar. Um caderno que, de certo, passará a ajudá-lo cada vez mais, à medida que os anos se vão encaminhando para o seu centenário.
... ... ...
Excerto da introdução da edição especial de "A Phala" de 1988. Este trabalho já aqui foi referenciado e constitui uma incursão muito oportuna e pedagógica na vida e obra dos grandes poetas que percorreram a época áurea do século que vai dos fins do séc. XIX até aos anos 80 do século passado. 
Uma autêntica lição de sapiência e de promoção do conhecimento das várias correntes literárias/poéticas que marcaram duma forma indelével o nosso passado próximo. Por mim sinto que estou a conseguir retirar excelentes informações que muito me poderão vir a incentivar a um maior aprofundamento do estudo das teorias e correntes literárias.
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2010/04/21

Fernando Pinto do Amaral - Breve resenha biográfica

(Foto de Rui Gaudêncio - jornal Público)
Tive, recentemente, o privilégio de ser introduzido num grupo de pessoas que se dedicam à poesia e à literatura em geral e que irradia a sua actividade a partir da Biblioteca Municipal de Alcanena.
A minha formação académica de base teve como objectivo primeiro preparar-me para trabalhar nas áreas da contabilidade e da gestão de empresas. Ainda que naquele tempo - anos 60 - o plano curricular de cursos mais virados para as ciências disponibilizasse uma razoável dose de conhecimentos de cultura geral, designadamente na esfera dos temas sobre a Literatura Portuguesa. Não admirará, portanto, que não poucas vezes, me possa sentir demasiado exposto à crítica dos leitores deste blogue, ao me permitir tornar públicas as minhas deambulações pelas mais variadas áreas da Literatura e das Artes em geral e dos seus actores, como sejam os escritores consagrados e os que, de alguma forma, me possam cativar com os seus trabalhos e pela sua sensibilidade. Decerto que me entenderão e me perdoarão as mais que possíveis insuficiências que irei manifestando, inevitavelmente. Afinal, venho para este meu blogue, escrever para aprender. E partilhar o que vou constatando...

Por consenso, mas a sugestão do Dr. Óscar Martins, coordenador do grupo em questão e Director da Biblioteca Muncipal de Alcanena, ficou assente que proximamente se iria analisar a vida e obra literária de Fernando Pinto do Amaral, actualmente comissário do Plano Nacional de Leitura (desde Dezembro de 2009).
Fernando Pinto do Amaral nasceu em Lisboa a 12 de Maio de 1960 e é poeta, crítico literário e professor da Faculdade de Letras da Universidade de Lisboa (desde 1987).
É doutor em Literatura Românica.

A sua obra literária na área da tradução já lhe valeu o Prémio do Pen Club e o Prémio da Associação Portuguesa de Tradutores, com o trabalho “As Flores do Mal”, de Baudelaire.

De entre as publicações que constam do seu curriculum poderei referir (por as ter consultado ainda que muito superficialmente, tenho que o admitir):
Um Século de Poesia, edição especial da revista “A Phala”, Dezembro de 1988 (Como membro do grupo organizador);
- Acédia (1990, Poesia);
- O Mosaico Fluido – Modernidade e Pós-Modernidade na Poesia Portuguesa Mais Recente (1991, Prémio de Ensaio Pen Club);
- Na Órbita de Saturno (1992, Ensaio);
- A Luz da Madrugada (2007, Poesia).

Em Fevereiro de 2008 recebeu, em Madrid, o Prémio Goya, na categoria de Melhor Canção Original pelo seu Fado da Saudade, interpretado por Carlos do Carmo no filme Fados, de Carlos Saura.

Do que li de Fernando Pinto do Amaral apreciei sobremaneira o texto da sua introdução do Ensaio “Na Órbita de Saturno”.

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Porque terá sido que a minha atenção se fixou neste poema escrito na pág. 41 de Acédia?:

SOLDADOS

Sentiu a mão de um amigo tocar-lhe
no ombro. Sob o peso
do sol
cintilavam as águas do rio.

Não fora ainda o último silêncio
a agonia de termos escutado
as aves de África. Porquê
olhar o azul? Entre duas palmeiras
passou uma nuvem, dizemos
adeus.


-
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2009/10/25

Alcanena - José Gomes Ferreira e os poetas locais



A Biblioteca Municipal de Alcanena e o Elos Clube de Alcanena levaram a efeito, no passado Sábado, mais um Encontro de Poetas. Desta feita dedicado a José Gomes Ferreira.
Mais uma vez fomos convidados, Soares Duarte e Luísa, eu e a Zaida.
Temos que convir que José Gomes Ferreira não é propriamente um autor literário fácil. No entanto, estas sessões em Alcanena têm-se vindo a revelar extremamente interessantes e de muita utilidade para rever a vida e obra dos mais variados autores representativos de épocas e correntes artísticas de todos os estilos e de todas as épocas.
-
José Gomes Ferreira foi um representante do artista social e politicamente empenhado, nas suas reacções e revoltas face aos problemas e injustiças do mundo. Mas a sua poética acusa influências tão variadas quanto a do empenhamento neo-realista(1), o visionarismo surrealista(2) ou o saudosismo(3), numa dialéctica constante entre a irrealidade e a realidade, entre as suas tendências individualistas e a necessidade de partilhar o sofrimento dos outros. a)
-
Já na parte final da sessão, a tarde ia já longa, a Zaida e a Luísa disseram os poemas XLI, XLII, XLIII, e XLIV (Café, in Poesia, III), que constam da Antologia de Natália Correia, "O Surrealismo na Poesia Portuguesa", Ed. frenesi, 2002.


Trancreve-se parcialmente:


XLI
(Olho para o espelho em frente)


A invenção dos espelhos
coincidiu com o nascimento dos corais
e a queda do perfil dum jasmim no rio
que as mulheres se apressaram a gelar
- para o romance dos olhos verdicais.


-1), 2) e 3) - para quem interessar: consultar wikipédia.org/wiki/surrealismo (ou neorrealismo ou saudosismo) para melhor se perceber as marcas distintivas de cada um destes movimentos artísticos;
a) Conforme brochura de 16 páginas, organizada e oferecida pela Biblioteca Municipal e o Elos Clube de Alcanena.
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2009/10/03

Outono da Vida - Leiria

Algures na zona da Ramalheira. Perspectiva do Outono, que vai seco até de mais, mas irrestível, nas suas cores e contrastes...
De cima do viaduto IC2-nó para a A1. Vale da Ribeira do Sirol, um enternecedor princípio duma tarde deste Outubro do ano de 2009...
(clic nas fotos para melhor ver)
-

Como já tive oportunidade de aqui relatar, estive em Alcanena recentemente, num Encontro de Poetas...
Às minhas mãos veio parar um livro de poemas, oferta da Câmara Municipal. "Sonetos e Outras Rimas" de Rafael de Castro.

A páginas tantas...

Duas faces da fantasia

O Outono da vida já me alcança
Da Primavera resta-me a vontade
Um sempre grande amor à liberdade
Com a mesma dose de esperança

E se perdi algures a confiança
Achei sempre o caminho da verdade
Perseguem-me os sonhos da mocidade
E as loucuras do bem, pela lembrança

Agora não me vendo como um santo
E não ando ao sabor das fantasias
No íntimo sei criar algum encanto

Amenizo com visões meus tristes dias
Pois assim, de sensações o mal espanto
Extraindo das mágoas alegrias


(Deixo aqui estes versos, pela substância do tema, em primeiro lugar, talvez.
Mas também porque é de enaltecer e divulgar os poetas que, por motivos vários, só muito aleatoriamente, chegarão à luz do conhecimento geral, reconhecido, badalado com ecos a ressoar por todo o lado.
O Outono da vida já me alcança, diz o poeta. Mas também se declara reconhecido pelas visões que, nesta altura da vida, lhe amenizam os dias e lhe relançarão a esperança de próximas Primaveras... e dum sempre possível remoçar da confiança que, algures, se possa ter perdido neste caminho sinuoso da vida e, porventura, coberto por algum nevoeiro, que, naquele momento, lhe toldava o espírito... )
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2009/09/27

José Craveirinha - Encontro de Poetas em Alcanena


A presidir a este encontro de Poetas, os Drs. Daniel Café e Óscar Baptista, na Biblioteca Municpal de Alcanena.

A brochura sobre José Craveirinha, 24 páginas A5, que foi distribuída aos presentes, entre os quais se encontrava a Delegação de Leiria, constituída por mim, Zaida Paiva Nunes, Soares Duarte e Luísa Soares Duarte. Uma das facetas interessantes, destes encontros mensais de Poetas, é o escalão etário de muitos dos participantes. Tenho pena de não me poder alongar muito em pormenores sobre este encontro mas aqui ficam os documentos fotográficos, que já muito poderão dizer, por ora.

O snr. Manuel da Gertrudes, poeta, 95 anos, a ler o manuscrito de um seu poema recente.


O mote principal para este encontro foi o maior Poeta Moçambicano, José Craveirinha. Mas também houve ensejo de se falar do Movimento Elista Internacional, que , nos próximos dias 1, 2, 3 e 4 de Outubro, no Palácio da Independência ao Largo de São Domingso, em Lisboa, levará a efeito a XXVI Convenção Internacional da Comunidade Lusíada".
-
A propósito de José João Craveirinha ( Lourenço Marques, 28 de Maio de 1922 - Maputo, 6 de Fevereiro de 2003) falou-se da sua Biografia ( de destacar a sua própria "Auto-Biografia", uma obra de inestimável valor literário e sentimental) e de muitos dos seus poemas, tendo-se dado especial ênfase:
- Um homem nunca chora
- Reza, Maria
- Sementeira
- Ao meu belo pai ex-imigrante
- O meu luto


Pela minha parte, gostaria de aqui vos deixar:

Imprecação

... Mas põe nas mãos de África o pão que te sobeja
e da fome de Moçambique dar-te-ei os restos da tua gula
e verás como também te enche o nada que te restituo
dos meus banquetes de sobras.


Que para mim
todo o pão que me dás é tudo
o que tu rejeitas, Europa!

Nota à margem - enquanto componho esta nota, lá dentro, na sala onde está a Televisão, ouve-se José Sócrates, a fazer o seu discurso de Vitória, nas Eleições Legislativas Portuguesas, que tiveram lugar hoje.
A ver vamos como é que se vai Governar Portugal a partir de agora com o Parlamento muito mais fragmentado que até aqui. PS sozinho como no tempo de Mário Soares? Durante quanto tempo? Com que apoios parlamentares? 


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2008/02/02

Alcanena - Homenagem a Torga



Conforme já se referiu em post anterior, foi levado a efeito, com a participação activa do ELOS CLUBE de LEIRIA, uma exposição temática e cerimónia invocativa do grande Torga.
Estes dois quadros são de dois pintores de mérito comprovado e que conviveram com Miguel Torga. Ampliando-se (clic) a foto podem observar-se pormenores técnicos e temáticos de particular interesse.
No quadro do lado esquerdo, de Manuel Filipe(*), natural de Condeixa e cujo Centenário vai ser comemorado este ano, pode ver-se o que era o curso do rio Lis ao passar na zona do antigo Rossio em pleno centro de Leiria. Uma cena histórica e duma beleza ímpar.
O quadro ao lado é do reputado aguarelista Leiriense, Lino António e retrata a sua própria mulher duma forma encantadora e demonstrativa da reconhecida capacidade técnica, inspiradora e capaz de mostrar as pessoas (
ver também) envolvidas nas tarefas do dia a dia das suas vidas. Nasceu em 1898 no dia 26 de Novembro.




Outro quadro de Manuel Filipe, contendo uma dedicatória a Raul Brandão, também contemporâneo de Torga.
Ampliando-se, pode-se verificar que este quadro é obra de Alfredo Baptista (o célebre Dr. Olívio, a que se refere Torga num dos seus Diários, como um dos seus grandes amigos do tempo em que viveu em Leiria).
Estes e muitos outros quadros de autores que conviveram com Miguel Torga em Leiria, estão em exposição na Biblioteca de Alcanena. Pertencem ao Dr. Arménio de Vasconcelos e à Casa-Museu Maria da Fontinha, em Castro Daire.


Zaida Paiva Nunes a dizer um poema de Miguel Torga. Estávamos no Auditório da Biblioteca Dr. Carlos Nunes Rodrigues, em Alcanena.
Disse "Romance":
-
Ora pois: foi tal qual como vos digo:
Minha Mãe, certo dia, pôs a questão assim:
- Ou Ela, ou eu!
E ficou resolvido que no dia doze
Minha mãe parisse,
E pariu!


Pariu e ninguém se opôs! Ninguém!
Como se fosse um feito glorioso
Parir assim alguém, tão nu, tão desgraçado!
Por mim,
Ainda disse que não.
Mas o seu Anjo da Guarda
Era forte e tenebroso...
E aquele frágil cordão
Deixou de ser o meu Pão,
O meu Vinho
E a paz eterna do meu coração
Mesquinho.
...
Deixou de ser um mundo e foi outro.
Foi a inocência perdida
E a minha voz acordada...
Foi a fome, a peste e a guerra.
Foi a terra
Sem mais nada.

Depois,
Sem dó nem piedade a vida começou...
Minha Mãe, a tremer, analisou-me o sexo
E, ao ver que eu era homem,
Corou...

-
(*) Ler mais sobre Manuel Filipe


Nota de rodapé: Foi anunciado nesta sessão que já estava decidida a constituição do ELOS CLUBE DA REGIÂO DE ALCANENA. Pessoalmente e em nome do ELOS de Leiria, congratulo-me pela entrada em exercício de mais um Elo no MOVIMENTO ELISTA INTERNACIONAL.


Pela Cultura e Língua Lusófonas!


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2008/01/31

Exposição e invocação de Torga em Alcanena

Uma comitiva do ELOS CLUBE de LEIRIA vai estar presente em Alcanena, no próximo Sábado, dia 2 de Fevereiro, e participar activamente na sessão, através de projecção de slides, de memórias vivas na primeira pessoa, do tempo em que Torga viveu e trabalhou como médico em Leiria, da dissertação de poemas e duma actuação musical. Conta-se, desta forma, contribuir de forma à maior dignidade do fecho das Comemorações do 100º Aniversário do Nascimento de Miguel Torga.
(clicar para ver melhor)
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