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2013/10/31

As Armas nos Lusíadas


Vivo na Barreira - Leiria há mais de 20 anos. Escrevi um ensaio monográfico sobre esta freguesia em 2005 e nela referenciei uma das suas grandes figuras históricas, o General Oliveira Simões. Pois fiquem sabendo que Oliveira Simões se me está a revelar como um grande poeta, humanista, cultor exímio das letras, político brilhante e um militar de envergadura. Nasceu em 1857 e morreu em 1944. Descobri recentemente, num alfarrabista, o livro cuja capa reproduzo abaixo. Uma maravilha. As suas descrições ilustradas com pinturas alusivas, acerca das armas que Camões refere frequentemente no seu cantar poético dos feitos heróicos dos portugueses são dignas de ser apreciadas.  Conto escrever e deixar publicado no meu blogue mais pormenores sobre este tema... (quem me abriu as portas ao conhecimento desta figura excecional foi o meu amigo Pedro Moniz através do seu livro "General Oliveira Simões - Poesia e Prosa (Antologia)" - Ed. Junta Freguesia da Barreira, ed. 1997).
(ver aqui).


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 Este livro saiu a lume em 1986.
p. 5


p. 5



O autor, General Oliveira Simões, ocupa-se, neste livro, sucessivamente, em considerações  técnicas e literárias sobre as armas utilizadas pelos Portugueses e os seus adversários com referência aos passos do poema "Os Lusíadas" onde Camões as menciona.  Essas menções referem-se a:
armas em sentido genérico,
armas brancas,
armas de haste,
armas de arremesso,
armas defensivas,
artilharia neurobalística,
armas de fogo,
munições e engenhos de fogo,
apetrechos de guerra,
instrumentos e insígnias bélicas.

José de Oliveira Simões prossegue, escrevendo sobre "Armas-ferro" anotando diversas passagens dos Lusíadas

1º verso da 1ª instância, I canto:

As armas e os Barões assinalados
Aqui a palavra armas tem o significado genérico de feitos guerreiros, façanhas militares, combates, campanhas, trabalhos na guerra.

Armas mitológicas:
IX 37. Tu, que as armas Tifeias tens em nada,
Metáfora a indicar os raios de Júpiter contra o gigante Tifeu.

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Camões emprega a palavra espada no sentido restrito, a designar a arma geralmente conhecida, ou no sentido metafórico.

No canto VIII, estância 19, o poeta pinta-se, em auto-retrato, numa bela imagem erudita mas fiel, afirmando que era escritor e soldado.
Aqui se refere ao prior de Santa Cruz, D. Teotónio, senhor de Leiria, vila que depois D. Afonso Henriques retomou.

 Canto VIII  est. 19

Um Sacerdote vê, brandindo a espada
Contra Arronches, que toma, por vingança
De Leiria, que de antes foi tomada
Por quem por Mafamede enresta a lança:
É Teotónio Prior. Mas vê cercada
Santarém, e verás a segurança
Da figura nos muros que, primeira
Subindo, ergueu das Quinas a bandeira.

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I   47

Neste passo dos Lusíadas há referência aos terçados, quando descreve os costumes e o armamento do gentio de Moçambique:

De panos de algodão vinham vestidos,
De várias cores, brancos e listrados:
Uns trazem derredor de si cingidos,
Outros em modo airoso sobraçados:
Da cinta para cima vêm despidos;
Por armas têm adagas e terçados;
Com toucas na cabeça; e navegando,
Anafis sonoros vão tocando.

O terçado é uma arma muito parecida com a espada, mas mais curta.

I   54

Esta ilha pequena, que habitamos,
em toda esta terra certa escala
De todos os que as ondas navegamos
De Quíloa, de Mombaça e de Sofala;
E, por ser necessária, procuramos,
Como próprios da terra, de habitá-la;
E por que tudo enfim vos notifique,
Chama-se a pequena ilha Moçambique.



(...) Muito mais há para ler e admirar, incluindo imensas e belas reproduções fotográficas e pinturas a cores ... (ver registo 1974 az-biblioteca)

2012/07/20

Camões, Garrett, Pedro Nunes... etc etc etc

Um dia destes, em Lisboa...


As armas e os barões assinalados
Que da Ocidental praia Lusitana,
Por mares nunca dantes navegados
Passaram ainda além da Taprobana,
Em perigos e guerras esforçados
Mais do que prometia a força humana
E entre gente remota edificaram
Novo Reino, que tanto sublimaram;


E também as memórias gloriosas
Daqueles Reis que foram dilatando
A Fé, o Império, e as terras viciosas
De África e de Ásia andaram devastando,
E aqueles que por obras valerosas
Se vão da lei da Morte libertando
Cantando espalharei por toda a parte
Se a tanto me ajudar o engenho e arte.


-- Luís de Camões,
Os Lusíadas (1572)
Canto I, 1--2
...
@as-nunes

2010/08/06

NESTA NOSSA DOCE LÍNGUA DE CAMÕES E DE AQUILINO




Prof. Dr. José Augusto Cardoso Bernardes
Prof. Dr. Fernando Paulo do Carmo Baptista (Autor)

Teve lugar, ontem, dia 5 de Agosto, no Casino da Figueira da Foz, uma sessão de apresentação do extraordinário livro "Nesta nossa doce língua de Camões e de Aquilino". Na mesa perfilaram-se o autor e diversas outras personalidades ligadas ao mundo das Artes e das Letras e, particularmente, ao mundo Académico na área da Língua Portuguesa.
Libânia Madureira coordenou a sessão.


Do texto de apresentação (da autoria de Libânia Madureira) da obra e do seu autor, Dr. Fernando Paulo Baptista, permito-me retirar o seguinte excerto:


A apresentação mais «académica» e mais «protocolar» do livro — «Nesta Nossa Doce Língua de Camões e de Aquilino» —, será feita pelo Senhor Professor Doutor José Augusto Cardoso Bernardes, Catedrático da Faculdade de Letras da Universidade de Coimbra, que fez os seus estudos básicos e secundários nas escolas da Figueira da Foz e é natural da vizinha e simpática freguesia da Brenha. Trata-se de um Académico dos mais brilhantes da Universidade Portuguesa, detentor de um vasto e invulgar curriculum como investigador e como docente da área dos Estudos Literários.

Para nos falar ainda do Autor, teremos os testemunhos da Professora e Escritora, Dra. Maria Isabel Loureiro, com inúmeras publicações didácticas e histórias infanto-juvenis, do Senhor Presidente da CM de Sernancelhe, Dr. José Mário de Almeida Cardoso, e do Dr. Arménio Vasconcelos, Advogado, Presidente da ACLAL (Academia de Letras e Artes Lusófonas), Museólogo e incansável Promotor do Espírito Lusíada e Universalista e da Causa da «Lusofonia», com uma vasta obra poético-literária e cultural já publicada.
  
“Um livro é um mudo que fala,
um surdo que responde,
um cego que guia,
um morto que vive”

Padre António Vieira

Breve apontamento sobre o Livro «Nesta Nossa Doce Língua de Camões e de Aquilino»

“Para falar ao vento bastam palavras.
Para falar ao coração, é preciso obras”

Padre António Vieira

«Trata-se de uma obra dedicada à causa maior da nossa Língua Materna, da Língua que é partilhada pela Comunidade de Países e de Povos que se exprimem em Português — a CPLP — e por todas as comunidades migrantes da «diáspora» lusíada, multicultural e multiétnica, espalhadas pelas sete partidas do mundo.
E é a esta língua (que aprendemos desde o berço, ao colo de nossa Mãe) que, segundo o autor (ver o seu prefácio, pág. 18), «devemos a mediação das aprendizagens de efectivo potencial (in)formativo, cognitivo, significante e expressional que estruturam e modelam, a nível cultural, sapiencial, hermenêutico e comunicacional, o nosso modo de ser e estar, de pensar e agir, de sonhar e realizar, de par com a construção da nossa «visão do mundo», dos nossos «mapas mentais» (mind maps), das nossas «matrizes» gnosiológicas e metodológicas, dos nossos «arquivos memoriais», da nossa «enciclopédia» interior e do nosso «capital simbólico» e, de um modo muito especial, dos «campos» gerativos e alimentadores das nossas práticas de oralidade e de escrita, em todas as suas configurações modais».

Pela minha parte não posso perder esta ocasião para declarar a minha mais profunda admiração pelo extraordinário brilhantismo com que o Prof. Dr. Fernando Paulo tem presenteado as audiências em que me integrei já por duas vezes, ao expor com o entusiasmo que se pode observar na foto cimeira, ao centro, os mais variados e complexos aspectos relacionados com o culto científico da Língua Lusíada. 

Mais não vou, aqui e por esta via, acrescentar, o que, de qualquer modo, só o poderia ser a título de nota de reportagem, que a mais não me atreveria.
A não ser referir, por ser de justiça, que o pintor dos quadros expostos em fundo, na Mesa desta sessão, é Viseense e chama-se Alcídio Marques.
Finalmente:
Porque o actual Presidente da Câmara Municipal de Sernancelhe, Dr. José Mário Cardoso defende o princípio, aparentemente tão basilar, mas que o actual contexto sócio-político essencialmente alicerçado nas doutrinas mercantilistas e neo-liberais tem vindo a secundarizar, de que "a Ignorância fica mais cara que a Cultura", assim a Câmara daquele concelho de Coimbra, acabou por inscrever no seu Orçamento uma verba destinada ao patrocínio da edição duma obra literária do gabarito desta que acabámos de presenciar.


Muitos parabéns, ao Autor, pela sua pertinácia na defesa dos princípios fundamentais e divulgação da Língua Lusíada, e à Câmara Municipal de Sernancelhe por ter editado esta obra de excelência e que tão bem promove Aquilino Ribeiro e a sua superior participação na edificação deste mundo ímpar que é o Mundo Lusófono. 
Posted by Picasa

2006/06/10

DIA de PORTUGAL, de CAMÕES e das COMUNIDADES PORTUGUESAS

Dia 10 de Junho.
Comemora-se hoje o Dia de Portugal, de Camões e das Comunidades Portuguesas.
Foi num dia 10 de Junho, mais propriamente no dia 10 de Junho de 1580, que morreu o maior poeta português de sempre - Camões.
O seu nascimento terá ocorrido provavelmente em 1524 ou 1525 e foi o primeiro filho de Simão Vaz de Camões. Provavelmente terá estudado em Coimbra, não se pondo, no entanto, de parte, a hipótese de os seus estudos terem sido orientados pelo seu tio D. Bento de Camões, prior do Convento de Santa Cruz. Mais tarde Camões iria viver para Lisboa, para a corte de D. João III. Tendo-se envolvido em intrigas várias foi desterrado para o Alentejo. Mais tarde foi transferido para Ceuta. Foi aí que numa luta perdeu o olho direito. Regressado a Lisboa, pobre e sem amigos, ter-se-á envolvido numa luta com Gonçalo Borges, moço da casa real, tendo-o ferido gravemente. Isto deu-se num dia da procissão do Corpo de Deus, em 16 de Junho de 1552. Camões foi preso e só nove meses depois libertado pois Gonçalo Borges decidira perdoar-lhe. Camões embarca então para Goa na armada de Fernão Alvares Cabral. É durante esta viagem que Camões recolhe, provavelmente, as informações marítimas que lhe irão permitir escrever certas cenas de "Os Lusíadas". A maior parte desta obra foi escrita durante os 17 anos que Camões viveu na Ásia.
Conta a história que, tendo sofrido um naufrágio, Camões terá salvo o manuscrito de "Os Lusíadas" nadando só com um braço e mantendo a sua obra fora de água com o outro braço erguido. Terá sido neste naufrágio que morreu um dos seus grandes amores - Dinamene. Foi em sua homenagem que Camões escreveu um dos mais belos sonetos que no mundo existem:
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Alma minha gentil, que te partiste
Tão cedo desta vida descontente,
Repousa lá no Céu eternamente,
E viva eu cá na Terra, sempre triste.
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Se lá no assento Etéreo onde subiste
Memória desta vida se consente,
Não te esqueças daquele amor ardente
Que já nos olhos meus tão puro viste.
.
E se vires que pode merecer-te
Alguma coisa a dor que me ficou
Da mágoa, sem remédio, de perder-te,
.
Roga a Deus, que teus anos encurtou,
Que tão cedo de cá me leve a ver-te
Quão cedo de meus olhos te levou.
.
Em 1567 Camões volta a Portugal começando, então, a envidar todos os esforços para publicar "Os Lusíadas". Finalmente, em 1571, é-lhe concedida licença régia, por D. Sebastião (a quem Camões dedica a obra), para a sua impressão e em 1572 é publicado. Foi, também, concedida a Camões uma pensão de 15.000 réis anuais, valor muito exíguo, mesmo para a época.
Camões morre pobremente, apenas acompanhado pela dedicação de um seu serviçal.
A obra de Camões foi bem mais feliz que o autor; venceu os séculos e é conhecida muito além fronteiras.
"Os Lusíadas levam a todos uma mensagem de esperança, na exaltação do que há de mais glorioso na história de um povo - a universalidade da sua cultura." (Domingos Mascarenhas in "Grandes Vidas Grandes Obras - biografias famosas", Selecções do Reader´s Digest, 1974.
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zamala

2006/04/18

SATÉLITE CAMÕES


(Conforme informa a Associação de Amadores de Satélite - AMSAT)*

O estudo de desenvolvimento do mock-up para o satélite Camões, está inspirado na tecnologia alemã para satélites do tipo Phase 3 A e E. Continuam a evoluir os trabalhos ainda na fase de projecto, tendo em vista acriação do housing do satélite. A aposta estrutural, é obter estabilidade, minimizando o peso e custos de maquinação. A opção foi prosseguir mediante uma construção modular, em que, com apenas 5 peças diferentes, uma vez repetidas, se faz a construção integral da estrutura do satélite, utilizandoa mesma tecnologia que há longos anos é empregue na construção aeronáutica,empregando chapa de alumínio quinada ou moldada, e depois rebitada ou aparafusado. Ao invés de outras opções de maquinação, correntemente empregues, inclusive em Portugal, na construção modular de sistemas de radiocomunicações tácticas, de choque, aceleração, vibração aleatória e ressonância mecânica. Considerando que a proposta do projecto, está centrado no estudo e desenvolvimento de sucessivas tecnologias de aproximação, incluindo o método da «tentativa e erro», partilhado entre técnicos e alunos que irão participar ao longo de 8 a 10 anos, nas progressivas construções e ensaiosde diversos modelos de satélites empregando tecnologias e aplicaçõesdiversas, testadas em balões estratosféricos (SimSAT). Mais, a AMRAD espera poder concluir o desenvolvimento e construção de umtransponder linear que empregue a tecnologia SDX, o software defined radioou software defined transponder.
O SDT ou SDX é já uma perspectiva sustentada, ela surge da criação do Centro Espacial Português – CS5CEP, que resultou de uma parceria estabelecida entre a AMRAD (AMSAT-CT) e o Instituto Superior Técnico, IST – Tagus, instalado noParque de Ciência e Tecnologia de Oeiras, e que envolverá seguramente alguns peritos internacionais, dispostos a cooperar e a apoiar este programa de formação e transferência de tecnologias (sem fins lucrativos).
Gustavo Pais e Palma Brito são dois especialistas de projecto, que estão a dar forma aos conceitos, propostos pela AMRAD (AMSAT-CT), esperando-se para breve a conclusão de um protótipo, a ser construído com o apoio da empresa CMVB, especializada na construção de protótipos industriais. De referir o voluntariado e a gratuitidade de todo este trabalho. O maior problema é a limitada superfície do satélite, tendo em consideração a necessidade de produzir energia eléctrica, a partir de células ou painéis solares.
O Satélite Camões vai assim dando os primeiros passos e perde timidez.
http://www.amrad.pt/amsatct.php

* Informações de âmbito radioamadorístico e de telecomunicações
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asn
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