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2008/10/19

Antigos combatentes discriminados



DN 18Out2008

Põe-se em causa o pagamento dum complemento de reforma resumido a 120 €uros/ano aos pensionistas, ex-combatentes das guerras coloniais, quando o Parlamento está a preparar-se para aprovar o Orçamento do Estado para 2009 em que se prevêm aumentos substanciais de regalias para os políticos, deputados incluídos, claro está. Uma Vergonha...

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2007/04/29

22:45 tmg - Associação Portuguesa dos Veteranos de Guerra
Recentemente morreu um colega de trabalho e amigo, com 58 anos de idade. A este caso já me referi em duas entradas anteriores. Nos últimos anos, tivémos ocasião de falar várias vezes sobre a questão dos ex-combatentes das Guerras Coloniais e da luta que estes, através das suas associações espalhadas pelo país, têm vindo a travar com vista ao reconhecimento da sua condição de ex-combatentes, hoje com 60 e mais anos, na sua maioria. Essas reivindicações são várias e justas, na medida em que é urgente que o Estado Português reconheça as dificuldades físicas e psíquicas em que esses ex-combatentes vivem na actualidade, numa grande parte em consequência das terríveis experiências que foram obrigados a viver pelo facto de terem sido mobilizados para o ex-Ultramar, em plena juventude, e terem sido submetidos a situações de extrema tensão emocional, a sofrerem de difíceis situações de stress pós-traumático que os têm afectado para o resto das suas vidas. Não nos devemos esquecer que a maior parte destes jovens da altura, perderam em média 3 a 4 anos da sua vida a sofrer, lutar e morrer em vez de estarem a preparar-se para o início das suas carreiras profissionais, quantas irremediavelmente adiadas e/ou dramaticamente transtornadas.
Enviei para a APVG por e-mail o post em que me referia ao falecimento de José Manuel Solipa, ex-Alferes miliciano, atirador de Infantaria, em Moçambique na zona do Zambeze, perto da fronteira. A Direcção desta Associação manifestou-se muito sensibilizada por mais uma situação dum Veterano das Guerras Coloniais, que morre sem ter visto resultados minimamente palpáveis da longa luta que os sobreviventes têm vindo a travar contra o esquecimento e ostracismo a que foram votados todos estes anos (33 anos pelo menos; quantos, entretanto, já não ficaram pelo caminho?).
Aqui deixo o link para a APVG a fim de que os leitores deste blogue possam ter oportunidade de se informar sobre os objectivos perseguidos por este movimento cívico.
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18:00 tmg - Ainda a questão dos placards


Será só embirração minha?!
Eu queria era ver à vontade, o Jardim Luís de Camões, em Leiria!

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2007/04/14

Antigos Combatentes Portugueses

Mais um ciclo infernal da minha vida profissonal como TOC. Hoje é Sábado. O dia está bonito, cheio de Sol. Apetece andar na rua. Passear. Viver sem pressas. Sem prazos. Sem papéis e contas. Sem relatórios. Sem estatísticas. Ja é 1 e meia da tarde. Estou no escritório a pensar abalar daqui para fora, para já. Estou saturado.
Pus no leitor do computador, o CD de hoje, que vem com o "Público". Música Portuguesa. Daquela que ficou no ouvido das gerações de 60 e 70? Está a arrastar-me para a melancolia.
Antes de ir para a rua dei uma vista de olhos no jornal. No "EspaçoPúblico" ressaltou à minha vista um artigo assinado por João Mira Gomes, Secretário de Estado da Defesa Nacional e dos Assuntos do Mar. Escreve a lembrar a Memória dos portugueses sobre o significado de mais um Aniversário da batalha de La Lys, celebrada no passado dia 9 do corrente mês, Dia do Combatente Português.
E veio-me ao espírito questionar-me e às consciências em geral, do significado e da revolta emocional por tanta morte e sofrimentos inenarráveis dos combatentes de todas as guerras, em todos os tempos. E de todos os Zé Manéis Solipas que, não morrendo em combate, sofreram e desperdiçaram a sua juventude? E ficaram afectados na sua saúde psíquica e física para o resto dos seus dias! E, muitos, nessa sequência, acabam por morrer sem que isso pareça afectar a sensiblidade de quem tem a obrigação de zelar pelo equilibrado uso do poder legislativo sem o qual nada se pode fazer neste país. Como é da Constituição, aliás.
Por isso registei, com alguma expectativa, uma passagem da crónica do Snr. Secretário de Estado: "Também se está a trabalhar no regime mais geral dos Antigos Combatentes, através da revisão e regulamentação da Lei 9/2002.".
É que esta Lei já vem do tempo em que Paulo Portas detinha o mesmo cargo deste snr. secretário do actual Governo de Sócrates!
Não será tempo mais que suficiente para, duma vez por todas, se regulamentar com a justiça devida, esta Lei?
Que Deus nos oiça e inspire os homens que detêm o poder temporal de resolver esta questão candente dos Antigos Combatentes nas suas várias vertentes: rede nacional de apoio às vítimas de stress pós-traumático militar, correcção de injustiças na actualização de algumas pensões, contagem para efeitos de reforma da bonificação do tempo de serviço militar em zonas de intervenção operacional de 100%.
Não nos devemos esquecer que os últimos portugueses combatentes no ex-Ultramar já estão com 60 e mais anos! E que muitos, a maior parte deles, já nem sequer fazem parte do mundo dos vivos!
Haja moral! Faça-se justiça!

2007/04/13

É assim a Vida!

Morreu o Zé Manel

Vamos hoje, nós os familiares, amigos e colegas de trabalho, acompanhar o Zé Manel à sua última morada.
O Zé Manel tinha 57 anos de idade e trabalhava comigo há 16 anos. Um amigo que dificilmente se vai esquecer. Já se estava à espera deste desfecho...há uns meses. Acompanhámos o definhar inexorável da sua vida, sempre na secreta esperança (que nós sabíamos que também era a dele...) de que pudesse ocorrer um milagre, durante 6 meses... contados quase ao minuto...principalmente pela família.

Como em tantos e tantos casos, segundo MANDA a Natureza, Deus!
Nestas alturas a nossa memória como que se aviva. E recordamos! Recordamos muitas passagens das nossas vidas entrelaçadas pelas circunstâncias de cada momento.
Como andámos os dois na tropa, no tempo da Guerra Colonial em Moçambique, fins dos anos 60, tínhamos frequentes conversas sobre o que então passámos, especialmente ele. Parece que o estou a ver a calcorrear com o seu pelotão(**), debaixo de qualquer tempo, sob o olhar felino do adversário (aqueles que nos diziam na recruta e na especialidade, que era o IN(*) ), aqueles trilhos e picadas ao longo do caminho de ferro do Zambeze, a fazer a segurança daquela linha de comunicação e comércio, vital para os objectivos militares dos altos comandos, que ligava a cidade da Beira à Barragem de Cabora Bassa. A sede que, no decorrer das operações militares, lançados à sua sorte durante semanas, no mato, os obrigava a beber água nas piores circunstâncias imaginárias. Bem que levavam uns comprimidos para "tratar" a água mas nós bem sabemos a protecção que essa precaução lhes proporcionava. Os ataques de paludismo que teve de suportar, as mazelas que essa espécie de malária nos deixou no sitema hepático. Digo-o com experiência própria. Não integrei grupos operacionais de combate , mas sofri na pele os efeitos do clima, particularmente o paludismo. E não só eu, também a Zaida(3).

O Zé Manel morreu em consequência duma grave e irreversível doença do seu sistema hepático!
O José Manuel Solipa era um dos que faziam parte de Associações de ex-Combatentes, que têm continuado a luta pela defesa de alguns reconhecimentos do Estado pelas condições difíceis que vivemos em defesa da Pátria Portuguesa, aquela que Camões e Fernando Pessoa tão magistralmente cantaram e louvaram. Mas que também, como nós, os vivos (ainda!...), recriminamos pela falta de solidariedade para com aqueles que deram os anos áureos da sua juventude, quantas vezes a própria vida, em sua defesa!
Que, no mínimo, em honra dessas vidas sacrificadas, se olhe pelas condições de vida dos sobreviventes, uma grande percentagem a sentir problemas de saúde. E que cada vez somos menos, como podemos constatar todos os dias. Nem quero acreditar que seja esse o objectivo ao se adiar, sine-dia, várias questões reivindicadas pelas Associações de Ex-Combatentes.

Já agora, uma reivindicação básica: que se conte, para efeitos de aposentação e reforma (o Zé foi dos milhares e milhares que contribuiram financeiramente para o sistema de segurança social, sem qualquer retorno...) a bonificação do tempo de serviço militar prestado em zonas de intervenção a 100%. Aquelas em que morríamos em combate. E ficávamos feridos e estropiados! E não foram tão poucos como isso!
Muito mais(2) haveria para dizer da vida e do meu relacionamento com o Zé Manel!...

O resto ficará para outra altura...

Descansa em Paz, Zé Manel!...

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(**) Foi Alferes miliciano
(*) IN - inimigo
(2) O Solipa foi jogador de alto gabarito no Sport Clube Leiria e Marrazes (1965 a 1969?)

(3) Pois é. Também esteve em Nampula, enquanto prestei parte do meu serviço militar. Apesar de tudo, fui um privilegiado, que era da Administração Militar.