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2010/06/06

LEIRIA: O Couseiro, quem o escreveu?

Manuscrito de O Couseiro, oferecido à Câmara Municipal de Leiria, em 1975. Era Presidente da sua Comissão Constitutiva o então Coronel Carvalho dos Santos.
Frontispício da 1ª Edição do mesmo livro, também pertença da Biblioteca Afonso Lopes Vieira, Leiria.

Leiria. Biblioteca Municipal Afonso Lopes Vieira. Apresentação do livro de Ricardo Charters D´Azevedo, "Quem escreveu O Couseiro?".
Na mesa, da esquerda para a direita: Carlos Fernandes, Director da Editora Textiverso - Leiria, Engº Ricardo Charters, Prof. Dr. Saul António Gomes, historiador da Universidade de Coimbra e Dr.Gonçalo Lopes, vereador do Pelouro da Cultura da Câmara Municipal de Leiria.

Sessão muito animada abordando um tema extraordinariamente interessante do ponto de vista da investigação histórica e literária. Trata-se de apresentar o primeiro ensaio credível para se tentar perceber e ficar a conhecer as origens autorais do mais antigo e melhor informado documento histórico do séc. XVII sobre a região correspondente aproximadamente à actual zona geográfica da Diocese de Leiria. Esse documento, no original, sabe-se que há-de ser um manuscrito escrito há cerca de quatrocentos anos, durante os reinados de Filipe III (Filipe IV de Espanha) e de D. João IV, o incontornável O Couseiro ou Memórias do Bispado de Leiria, "o livro mais notável da bibliografia leiriense".

O autor do presente trabalho, arrojado e provocador, promove na defesa das suas teorias cinco ideias fundamentais:

1) O autor do manuscrito de O Couseiro ou Memórias do Bispado de Leiria é desconhecido;
2) As cópias que hoje existem tiveram como base outras cópias e inevitavelmente terão erros de transcrição;
3) Os estudos levados a cabo indicam que esse manuscrito terá duas partes distintas, que se poderão atribuir a primeira a António Couceiro, Provedor da Comarca de Leiria e a segunda ao Deão da Sé de Leiria, que terá nele feito os seus registos entre 1651 e 1660;
4) Existem três edições impressas até hoje que contêm muitos erros e imprecisões;
5) Justifica-se plenamente uma 4ª edição anotada e com base num trabalho aprofundado e com apoio de Académicos de reputado perfil na matéria de investigação histórica.

A dado passo do seu livro, Charters d´Azevedo escreve: "Vemos assim que as três edições acima mencionadas são diferentes, pois cada uma tem acrescentos e adendas diferentes, mas todas dizem reproduzir, o mais fielmente possível, um manuscrito, que não é o original, pois não o encontraram."

Para se poder aquilatar do extraordinário interesse deste manuscrito basta dizer do facto de a consulta do seu conteúdo, seja através das cópias manuscritas seja das versões impressas (esgotadas, claro está), ser absolutamente imprescindível para quem pretender investigar sobre a história de Leiria do séc. XVII.(*)

Partindo destas premissas, Ricardo Charters remata, desafiando a Câmara Municipal de Leiria e os estudiosos da bibliografia leiriense a prosseguirem este seu ensaio com as hipóteses por si aventadas e agora apresentadas à discussão pública neste seu notável livro.
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(*) Livros de consulta obrigatória nas investigações sobre Leiria (e o seu distrito): Anais do Município de Leiria, de João Cabral; Monografia de Leiria, a Cidade e o Concelho ou LEIRIA - Subsídios para a história da sua Diocese, ambos de Afonso Zúquete; Introdução à História do Castelo de Leiria, de Saul Gomes, Villa Portela, os Charters d´Azevedo em Leiria e as suas relações familiares (séc. XIX), de Ana Margarida Portela, Francisco Queiroz e Ricardo Charters, entre outros igualmente merecedores de relevo.
* Na Bibliografia deste último, "Villa Portela" pode ler-se a referência ao livro do autor deste blogue, "Caminhos Entrelaçados - na freguesia da Barreira-Leiria", ed. da Junta de Freguesia - 2005.

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2009/03/10

Necrópole tardo-medieval de S. Martinho - Leiria

28 Fevereiro 16h30
Conversas sobre Arqueologia... em Leiria
Conferência“A cidade em mudança: da Igreja de São Martinho à Praça Rodrigues Lobo”
Doutora Susana Garcia (Antropóloga, Instituto Superior de Ciências Sociais e Políticas
Temas“A necrópole tardo-medieval de São Martinho. Contributo para a história de Leiria”
Dr.ª Iola Filipe (Arqueóloga, Era-Arqueologia, S.A.
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Esta apresentação cultural, da iniciativa da Câmara Municipal de Leiria, realizou-se no Auditório da Biblioteca Municpal "Afonso Lopes Vieira" e teve uma assistência interessada e participativa. Como nem podia deixar de ser, dado que estavam presentes pessoas de reconhecido nível cultural e académico.
Já tinha ouvido e lido sobre a existência da Igreja de S. Martinho, em Leiria. Segundo se julga, ainda existem vestígios dos claustros dessa igreja em parte de uma das arcadas da actual Praça Rodrigues Lobo. Também não será descabido realçar que nessa Igreja existia um formosíssimo Sacrário Monolítico de mármore amarelo (*).
Estes temas acabaram por vir mais à ribalta do conhecimento público, após se terem descoberto esqueletos humanos e sepulturas numa pequena área daquela Praça, que, em 2000, ficou a descoberto, após a abertura de uma vala para requalificação do saneamento da cidade.
Foram apresentados slides das fotografias então tiradas e de composições fotográficas que nos permitiram observar o quão importante foi aquele reconhecimento e posterior estudo arqueológico e antropológico.

Nesta sessão, para além de se abordar a questão da existência da Igreja de S. Martinho (séc XII/III) na zona próxima da actual Praça Rodrigues Lobo, posteriormente derrubada, por uma questão de troca de terrenos, a fim de a Igreja tomar posse “do edifício das “Casas da Câmara” que estava no sítio onde depois se construiu o Paço Episcopal, já fora do Castelo Velho”(2)(3) também se apresentou o resultado das escavações arqueológicas ali havidas por alturas da abertura de valas para a modernização do saneamento da cidade, ano 2000. Como se previa e constava de documentos escritos, nessa zona, que é hoje a Praça Rodrigues Lobo, havia uma necrópole, conforme imensos vestígios encontrados somente na zona da vala de saneamento. Pode observar-se nas imagens agora apresentadas (resultado do trabalho e investigação dos técnicos da empresa ERA) um esqueleto em muito bom estado de conservação. Os estudos antropológicos entretanto levados a cabo permitiram concluir com grande probabilidade de aproximação, que pertenciam a habitantes de Leiria da Idade Média Alta.
D. Frei Brás de Barros terá sido o Bispo que negociou a demolição da Igreja de S. Martinho.
Outro pormenor referido foi o de que por volta desta área restrita terá existido também uma Capela, a da Graça, que terá originado o nome da Rua da Graça, que liga a actual Praça Rodrigues Lobo ao Largo Marechal Gomes da Costa, onde foi colocada a estátua de Afonso Lopes Vieira precisamente no local onde terá nascido este ilustre poeta Leiriense.

(2) Realçado a azul; Anais do Município de Leiria - vol III – João Cabral, pág. 37
(3) Este edifício será no sítio onde hoje está instalado o Comando da PSP de Leiria. Anteriormente tinha também servido para lá instalar o RAL4.
(*) Mais informação (talvez obtida por transmissão oral de geração em geração) pode ser obtida neste endereço aqui.

(Reeditado por haver probabilidade de se perder na internet no original)

Igreja de São Martinho

Depois de povoar o sítio desta cidade se fez a Igreja de São Martinho no lugar onde está presente a Praça com seus alpendres. A arcaria que do lado ocidental borda a actual Praça Rodrigues Lobo e que esde tempos remotos se chama Balcões. Este nome deve provir de ali se ter feito mercado, estabelecendo os vendedores os seus balcões sobre as arcarias.

Ignora-se o ano da fundação desta igreja contemporânea do povoamento, quando a vila abandonou a cerca muralhada e desceu para as margens do Rio Lis. No século XIV já temos notícias da sua existência.

A importância de seu povoamento fez com que fosse a freguesia que abrangia na sua paróquia uma parte da vila e vasta área rural, definida pelos lugares do Reguengo do Fétal, Cortes, Arrabal e Santa Catarina da Serra com as suas vizinhanças. O lugar do Reguengo do Fétal foi eleito em freguesia no ano de 1512.

A paróquia de São Martinho deve ter terminado pouco antes da demolição da Igreja e assim os outros lugares passaram para a freguesia de São Pedro.

Poucas são as notícias qe nos restam do templo. Consta que tinha uma torre com dois sinos, no Altar-Mor tinha um retábulo com São Martinho, ladeado por São Pedro e São Paulo e em baixo outros apóstolos. No corpo da Igreja, do lado do evengelho, os altares de Nossa Senhora da Piedade, Santa Luzia e Santo António.

Da Igreja de São Martinho saiu para a da Misericórdia, segundo uma tradição local, o formossíssimo Sacrário Monolítico de mármore amarelo que ainda existe. A transferência foi feita a título provisório, enquanto não se concluia a Sé e assim se tornou defenitiva.

O nome de São Martinho perdeu-se na toponímia local. Na planta de Leiria de 1809 a Praça é designada sem nome, mas dava-se o nome de São Martinho à Ponte que estava junto da residência dos Condes de Valadares.

O antigo estabelecimento hospitalar tinha a invocação de Nossa Senhora de Todos os Santos instítuida em 1222. Recolhia peregrinos, tinha três leitos para homens e dois para mulheres. Entre outras obrigações, tinha de contar 10 missas rezadas e uma cantada por cada confrade falecido, dar de comer a pobres e confrades no primeiro domingo depois da oitava do Natal. O agasalho de peregrinos que se fazia nesta albergaria veio a passar para o Hospital de Ferreiros e depois para a Misericórdia.

Num passado recente foi levantada a calçada em volta da Praça Rodrigues Lobo para colocação de manilhas que recebem águas pluviais daquela zona. Nas escavações foram encontradas ossadas e esqueletos. Consta que ali existiu um cemitério. Aquele local deu lugar a trabalhos de recuperação. Além das ossadas, também foram recuperadas moedas e peças de cerâmica. Um grupo de jovens arqueólogos recuperaram todo aquele achado de tempos muito recuados. Está na posse da Câmara, naturalmente em local reservado.
Basílio Artur Pereira
Igrejas de Leiria
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2008/07/05

200 anos depois...


Homenagem aos Leirienses mortos pelas tropas francesas em 5 de Junho de 1808. Uma coroa de flores e o respectivo toque da banda militar de honra. 200 anos são passados. Há que recordar o passado de modo a que não se repitam os erros então cometidos.
Postada entre dois oficiais superiores do Exército, encontra-se a Presidente da Câmara Municipal de Leiria, Dra. Isabel Damasceno. Ao fundo o perfil do Castelo de Leiria.

A mesa de apresentação do livro evocativo desta triste efeméride. Estamos no Salão Nobre da Câmara Municipal de Leiria. Por coincidência ou não encontram-se gravadas em relevo numa das paredes, as palavras "LIBERDADE" e "IGUALDADE"...
Da esquerda para a direita: Vitorino Guerra, historiador; Carlos Fernandes, coordenador; Vitor Lourenço, vererador; Editor e apresentador
Vencido o passo da Portela, deixaram aí os franceses o parque de artlharia junto à igreja de S. Bartolomeu, com um corpo unido, que seria de 700 homens: o mais espalhou-se pela cidade e seus arrabaldes, matando e roubando quanto se encontrava, e, perpretando os mais agravantes atentados. Mulheres, crianças, velhos, enfermos e aleijados, era tudo sacrificado com igual impiedade. Os templos, as casas, as ruas e os campos ofereciam as mesmas cenas de mortandade, saque, sacrilégios e libertagem: nada escapou ao furor destes bárbaros. - José Acúrsio das Nevesin "O Massacre da Portela - 200 anos" - Carlos Fernandes - ed. textiverso
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2007/10/27

Capela de S. Venâncio - Leiria

Do lado esquerdo, o muro e vedação em ferro forjado do jardim fronteiro ao topo poente do edifício principal da Qta de S. Venâncio, no seguimento do qual se encontra, a noroeste, a fachada da capela. Não se vislumbra o brasão da família Oriol Pena/Figueiredo e Mello, aquele que se pode observar na fachada do edifício do actual Montepio Geral, Rua Vasco da Gama, em Leiria, que foi o palacete oficial desta família.
Numa entrada recente permiti-me apresentar a Quinta de S. Venâncio, Leiria e Cortes. Na altura, fiquei de voltar ao assunto abordando o tema da capela privativa que existe no seu interior. Posso garantir-vos que a existência desta capela passa completamente despercebida do transeunte vulgar, mesmo dos turistas que não venham previamente documentados. Apesar de me considerar uma pessoa interessada nas coisas destas terras de Leiria, também desconhecia a sua existência até ao momento em que li na internet informações sobre a árvore genealógica da família Charters d´Azevedo. Tendo tomado conhecimento que nessa capela se tinham celebrado casamentos de pessoas da família, veio-me a curiosidade de indagar de que capela se tratava. Ainda não possuo a informação que consideraria necessária para uma correcta abordagem deste tema. Mas, para já, aqui vos deixo algumas fotos tiradas em Maio deste ano. O cão que vêm na última, não me deixou muito à vontade para levar avante uma reportagem mais primorosa. Pode ser que um dia destes aqui volte novamente a dizer algo mais a rigor.
Tentei indagar se este monumento estava classificado no IPPAR. Fiquei com a informação que do PDM de Leiria consta do Património a classificar. Para quando essa classificação?
Na listagem a que tive acesso constam outros edifícios e instalações, que se justifica plenamente que sejam classificados como património de interesse histórico e cultural. Mas também sei que esses edifícios, ao serem classificados como património de interesse cultural e público, passam a usufruir de benefícios fiscais. "Hoc opus hic labor est". E a receita para as Finanças Públicas?!
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in
http://freepages.genealogy.rootsweb.com/~charters/p26.htm#i1464

Maria do Carmo d'Oriol Pena Cordes Cabedo
n. 12 Junho 1913
Maria do Carmo d'Oriol Pena Cordes Cabedon. 12 Jun 1913p26.htm#i1464Maximiliano de Cordes Cabedop26.htm#i1905Maria Teresa de Figueiredo Melo Oriol Penap56.htm#i1906
· Pai: Maximiliano de Cordes Cabedo
· Mãe: Maria Teresa de Figueiredo Melo Oriol Pena
· Birth: 12 Junho 1913, Monte Olivete 39,, S Mamede, Lisboa, Lisboa
· Marriage: 14 Junho 1942, Capela de S Venancio, Leiria, Leiria, Casado(a) com=Alm. Manuel Carlos Sanches
Familia: Alm. Manuel Carlos Sanches
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2007/10/25

Teatro D. Maria Pia - Leiria

Há uns meses atrás escrevi um artigo no semanário "Correio de Leiria" sobre um dos momentos mais conturbados da história sócio/cultural desta cidade de Leiria. Que já vem de tempos idos, a história começou nos finais do séc. XIX. As gerações mais recentes, provavelmente, nem ideia fazem do seu enredo e das consequências futuras para a a cidade e região limítrofe, tendo em conta que ficámos sem Teatro durante muito tempo e que uma referência incontornável da nossa história despareceu, completa e definitivamente, da paisagem do centro da cidade.
Estou a falar do que foi um Teatro, que existiu em Leiria, e que poderia e deveria ter sido preservado. O que, desgraçadamente, não aconteceu. Por obra e graça da estupidez e ganância dos homens.
Antes de continuar. Reparem nas fotos, uma da actualidade, outra de 1956 (espólio pessoal). O local é sensivelmente o mesmo. O aspecto exterior do Teatro não era nenhuma obra de arte. Mas o interior era deslumbrante. Ainda hoje, se tivesse sido preservado, seria um dos espaços teatrais mais emocionantes que teríamos em Leiria. É a sua história que me proponho contar-vos.
Vou desenvolver este tema durante alguns posts, que irão sendo publicados à medida das minhas possibilidades temporais.
- Índice de entradas de minha autoria sobre este tema na internet :
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2006/04/09

A Cidade de LEIRIA, hoje (Domingo)

O Largo da República(1) com os seus pinheiros mansos. Em segundo plano, o Castelo de Leiria a disputar visibilidade com os prédios novos que, um pouco pela cidade, de vários ângulos, o escondem, como se esta cidade pudesse chamar-se Leiria sem o seu símbolo máximo.

Ainda na mesma praça, em Leiria, 10 e meia. Um grupo de motards preparava-se para partir não peguntei para onde. O arvoredo que se mostra pertence à Quinta da Portela, uma relíquia da cidade, autêntico bosque exótico dentro da cidade, que também é do Rio Lis (apesar de o próprio Eça o ter classificado como ribeira, no seu livro "O Crime do Padre Amaro"). É privado e não se sabe bem qual será o futuro daquele local. Agora, que é uma referência incontornável desta cidade de Leiria, não tenhamos dúvidas.

Continuamos no Largo da República. Vê-se uma estátua do Rei D. Afonso III, os inevitáveis pinheiros mansos e o edifício dos Paços do Concelho, onde funcionam os serviços da Câmara Municipal. Descortina-se com facilidade um pormenor interessante. Finalmente as portas da entrada da Câmara, creio que também as janelas, estão a ser pintadas. É que já estavam necessitadas dessa mautenção há que tempos!...
A propósito, sabem qual a ligação de D. Afonso III a Leiria? Claro que sabem, só que sem consultarem os compêndios não conseguem recordar-se:
(Conforme informação livre colocada no endereço http://pt.wikipedia.org :)
D. Afonso III (Coimbra, 5 de Maio de 1210 – id., 16 de Fevereiro de 1279), cognominado O Bolonhês por haver sido casado com a Condessa de Bolonha, foi o quinto Rei de Portugal. Afonso III era o segundo filho do rei Afonso II e de sua mulher Urraca de Castela, e sucedeu a seu irmão Sancho II em 1247.
Como segundo filho, Afonso não era suposto herdar o trono destinado a Sancho e por isso fez a vida em França, onde casou com a herdeira Matilde de Bolonha em 1238, tornando-se assim conde de Bolonha. Todavia, em 1246, os conflitos entre Sancho II e a Igreja tornaram-se insustentáveis e o Papa Inocêncio IV ordenou a substituição do rei pelo conde de Bolonha.
Afonso não ignorou a ordem papal e dirigiu-se a Portugal, onde se fez coroar rei em 1247 após o exílio de Sancho II em Toledo. Para aceder ao trono, Afonso abdicou de Bolonha e divorciou-se de Matilda para casar com Beatriz de Castela. Decidido a não cometer os mesmos erros do irmão, o novo rei prestou especial atenção à classe média de mercadores e pequenos propretários, ouvindo suas queixas. Em 1254, na cidade de Leiria convocou a primeira reunião das Cortes, a assembleia geral do reino, com representantes de todos os espectros da sociedade. Afonso preparou legislação que restringia a possibilidade das classes altas cometerem abusos sobre a população menos favorecida e concedeu inúmeros previlégios à Igreja. Recordado como excelente admnistrador, Afonso III organizou a admnistração pública, fundou várias vilas e concedeu o privilégio de cidade através do edicto de várias cartas de foral.
Com o trono seguro e a situação interna pacificada, Afonso virou a sua atenção para os propósitos da Reconquista do Sul da Península Ibérica às comunidades muçulmanas. Durante o seu reinado, Faro foi conquistada com sucesso em 1257 e o Algarve incorporado no reino de Portugal. Após esta campanha de sucesso, Afonso teve de enfrentar um conflito diplomático com Castela, que considerava que o Algarve lhe pertencia. Seguiu-se um período de guerra entre os dois países, até que, em 1267, foi assinado um tratado em Badajoz que determina a fronteira no Guadiana.
No final da sua vida, viu-se envolvido em conflitos com a Igreja (tendo morrido excomungado à semelhança dos reis que o precederam), bem como com o herdeiro D. Dinis. Está sepultado no Mosteiro de Alcobaça.
--- Notas complementares sobre Leiria coligidas pelo editor:
A actual cidade de Leiria foi fundada em fins de 1135, pelo primeiro rei de Portugal, D. Afonso Henriques, ao pretender estabelecer uma guarda avançada para a conquista de Santarém, Lisboa e Sintra.
Leiria foi elevada a cidade em 1545, por influência de D. Frei Brás de Barros, reformador do Mosteiro de Santa Cruz, de Coimbra, e primeiro bispo da diocese. Recebeu forais do seu fundador, D. Afonso Henriques em 1142(2) e de D. Sancho l em 1195 (3), e, foi doada por D. Dinis, com a alcaidaria castelã, a sua mulher D. Isabel de Aragão, mais tarde Rainha Santa Isabel. Foi cenário de diversas vicissitudes da história portuguesa, preservando uma série de monumentos artísticos, nomeadamente igrejas, conventos e casas senhoriais, que atestam um passado esplendoroso. Infelizmente, as invasões napoleónicas de 1808 e 1810 afectaram sobremaneira esta região, com a violência e devastações dos soldados franceses. Saquearam e mataram em Leiria... A "Rua dos Mártires" é para nos lembrar desses horrendos tempos em que homens de Leiria e arredores, armados de alfaias agrícolas, enfrentaram tropas napoleónicas, fortemente armadas e com soldados treinados e experientes. As mulheres e as crianças também não foram poupadas.
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(1) - Por deliberação camarária de 10-10-1910 foi determinado "que ao largo fronteiro aos Paços do Concelho se dê o nome de Largo da República". Foi-lhe dado este nome por, da varanda do edifício dos Paços do Concelho ali situado, ter sido anunciado o derrube da Monarquia e a implantação da República.
(2) - Esta data é contestada por alguns historiadores do Castelo de Leiria(4) , admitindo a possibilidade de esse documento ter sido forjado nos meados do séc. XVI, em defesa de interesses eclesiásticos do mosteiro da Santa Cruz.
(3) - VER Post 11/04/2006.
* 1195 ABRIL - foral outorgado pelo rei D. Sancho I a Leiria.
Assim começa a tanscrição deste foral inserta no livro referido em (4), a páginas 223 a 225.
(4) - Leia-se a obra, notável, "Introdução à História do Castelo de Leiria", do Professor Doutor Saul António Gomes, catedrático de História Medieval da Universidade de Coimbra. Este livro, 2ª Edição - Revista e ampliada, da Câmara Municipal de Leiria, é dum extraordinário interesse histórico e de bom recorte literário, tendo como objectivo principal o estudo e divulgação do Castelo sob o ponto de vista histórico e arquitectónico. Um hino judicioso à beleza, dignidade e magia do Castelo de Leiria.
asn