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2012/01/07

Largo da Sé de Leiria - Adeus II

Aqui era a Tinturaria/Lavandaria Americana (Anos 70, deixou o Largo, recentemente)
Figuração alusiva a Sócrates. A questão é que esta figura não é a de Sócrates (filósofo da Antiga Grécia)
O chão actual do Largo da Sé, com um empedrado desadequado à história do local. Quanto a esta questão teríamos pano para mangas, parece-me...
Bancos do Largo da Sé, com alguns anos, poucos, quantas vezes é que eu já fotografei este recanto?
Uma perspectiva em que se pode ver a casa da família Paiva, ao lado uma outra em ruínas, ao alto o Castelo de Leiria. Também se pode ver, do lado direito, as obras inacabadas das antigas instalações da Associação de Futebol de Leiria.
A Rua D. Sancho I, vista do Largo da Sé, ao fundo, o Largo Cónego Maia.



Aqui nasceu 
ACÁCIO de PAIVA
Altíssimo Lírico 
e o maior humorista da
Poesia Portuguesa
n. em 14-4-1863
m 29-11-1944
Vista através duma janela do princípio do séc. XX, interior da casa da família Paiva, para a Rua Acácio de Paiva, paralela ao Largo da Sé, poente.
Uma perspectiva inconfundível da Sé de Leiria, lá estão os Jacarandás que substituíam os Padreiros (ácers pseudo.plátanos)
A ordem destas fotos é a da sequência  tal como saíram da câmara da minha máquina fotográfica, um dia destes, em jeito de despedida, até sempre, vou deixar de te ver todos os dias, acompanhar-te nas tuas amarguras, algumas alegrias também, personagens do romance de Eça de Queirós, a Amélia, o Padre Amaro, a passearem-se, esquivamente, outras em cavaqueira sobre a actualidade local, na botica do Carlos, o próprio Eça a dar despacho ao serviço de Administrador do Concelho, no primeiro andar na esquina da Rua da Vitória com o Largo da Sé,  Procissões concorridas, venda de tremoços, pevides, regueifas, colchas nas janelas das casas dos Paivas, dos Hingá, a sede da Associação de Futebol de Leiria, o Faria a vender toda a espécie de miudezas, a Tipografia Carlos Silva, centenária, as queimas das fitas de Maio, as intermináveis obras dos últimos 20 e tal anos, o estaleiro com que foste atrozmente ultrajada, as árvores (padreiros) que te retiraram dos teus braços para os substituírem por jacarandás, nunca percebi porquê, o teu Adro que nos anos 70 nem sequer as crianças podiam usar para jogar à bola, agora transformado num parque de estacionamento de automóveis, o assalto em 1975 à sede do MDP/CDE por causa do Dr. Vareda - advogado, com ideias revolucionárias, talvez um perigoso comunista, eu bem vi o comando, quatro ou cinco homens em passo de corrida, nitidamente com treino militar, vindo da Rua D. Sancho I, que abriu as hostilidades com cocktails molotov 
(por acaso não rebentaram quando os lançaram para a varanda por cima da "Tinturaria Americana", teria sido uma desgraça para o centro histórico de Leiria, ardia tudo naquele verão quente de 1975)
, acabaram por recorrer ao assalto em pessoa, na primeira investida foram corridos por um enxame de abelhas que os "revolucionários esquerdistas, "perigosíssimos", deixaram nas instalações quando as abandonaram à pressa, o Povo na rua a repor a ordem revolucionária que estaria a virar demasiado à esquerda? tropas a mando do MFA a substituir a Polícia, coitado do Alferes miliciano que comandava o pelotão de "barbudos", via-se bem que não tinha mão naquela tropa fandanga, o ribombar de petardos sobre o rio Lis no assalto à sede do PC, tiros de G3, cujo som se repercutia sinistramente por entre as ruas estreitas do centro da cidade,  ainda se notam os buracos de balas disparadas para o ar (?!) com pessoas à janela, não foram atingidas por mera sorte do destino (hoje estaria viúvo), um auto de fé dos livros do Dr. Vareda, as labaredas cresciam do meio do Largo da Sé até à altura dos prédios envolventes... os bombeiros só altas horas da madrugada é que foram autorizados pela populaça a apagar o fogo, 
tantas recordações, tantas...)

A propósito da figuração (alusiva a Sócrates, o filósofo da Antiga Grécia) um dia destes irão ler num dos jornais de Leiria, ou num livro ou mesmo só aqui, a versão - creio que definitiva mas ainda não divulgada, só do meu conhecimento por via de investigações minhas e um acaso feliz - que permite classificar, sem margem para dúvidas, os azulejos da fachada da "Pharmácia de Leonardo da Guarda e Paiva", aqui no Largo da Sé, como bem saberão, como sendo "Viúva Lamego".

Desculpem lá, por hoje vou ficar por aqui, estou cansado, tenho andado em trabalhos quase forçados, depois poderei deixar nota dessa ocorrência  neste meu blogue (será só meu?!). 

@asnunes 


2011/12/29

Eça em Leiria, um grafite a evocar "O Crime do Padre Amaro"

Cheguei ao Largo da Sé, em Leiria, descendo a Rua Cónego Sebastião da Costa Brites, aquela calçada que vem do Largo Manuel de Arriaga, ali ao Governo Civil (ex-Governo civil, que agora já não há governadores civis, sei lá), quem vem da zona do Castelo.
Reparo na azáfama dum fotógrafo, às voltas com o melhor ângulo para fotografar a gravura estampada na parede, como se mostra na foto. Arte Grafite, diz-se.
Se se ampliar, pode ler-se a seguinte legenda: "O seu nome era Amaro Vieira". Ficámos por ali um bocado à conversa sobre quem é o autor daquele mural, parece que já o "Correio da Manhã" andou a investigar quem será o artista mistério (actualização: ver vídeo TVI24), que já fez apresentações deste género, mas sempre originais e propositadas, em vários pontos da zona de Leiria. 
Será Leiriense?
Acabámos por chegar à conclusão que até já tínhamos trabalhado na mesma empresa, há muitos anos atrás, falámos imenso sobre máquinas fotográficas, objectivas, lentes, aberturas, velocidades, sensibilidade, tempos passados em que a fotografia era com rolos, etc. etc., trata-se do Filipe, repórter fotográfico profissional, pareceu-me pessoa já muito experiente e activa, falámos do "Diário de Leiria", de Agências de Informação, etc., a primeira página do DL vai trazer hoje, 29 de Dezembro, uma reportagem sobre esta história do artista mistério, acabei por lhe tirar esta foto, os fotógrafos raramente ficam nos "bonecos" está bom de ver, entretanto eu também acabei por tirar uma data de fotografias.
Fiquei com a ideia de que o Eça também estava metido nesta história e lá fui dar mais uma espreitadela no "O Crime do Padre Amaro". E lá está, na pág. 11 da edição da "Lello & Irmão - Editores", não tem a indicação do ano em que foi impresso, mas deve ser dos anos 50/60 do século passado:
"..., o pároco José Miguéis foi definitivamente esquecido.
Dois meses depois soube-se em Leiria que estava nomeado outro pároco. Dizia-se que era um homem muito novo, saído apenas do seminário. O seu nome era Amaro Vieira. ..."
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@asnunes 

2011/04/26

Cortes - Leiria: Quinta do Cónego

foto 1

foto 2


foto 3

foto 4
foto 5


foto 6
foto 7


foto 8

foto 9
De há uns anos a esta parte que, sempre que consigo obter elementos identificativos sobre as muitas - históricas e românticas quintas, de várias localizações, claro, particularmente de Leiria -  os partilho com os leitores deste blogue.
Desta feita, divulgo alguns pormenores que reputo interessantes, acerca duma quinta que há muitos anos conheço, de ver por fora, ao passar na Estrada Principal das Cortes, a que liga a Ponte Cavaleiro à povoação das Cortes propriamente dita.
Trata-se da Quinta do Cónego, sobre a qual não encontrei referências mais precisas (talvez pela leitura apressada que fiz dos dois volumes "ReCortes do jornal daí"(*) ed. do "Jornal das Cortes", 1997(vol 1) e 2007(vol. 29) e do tempo escasso que possa ter dedicado a esta matéria. 


(*)Aditamento, 29-04-2011-14h gmt:
Podem-se ler, nestes livros, vários textos, que me escaparam na tal leitura rápida, nos quais se aborda a possibilidade (quase certeza) de esta "Quinta do Cónego" , na sua versão anterior à actual,  com todas as suas envolvências, ser uma referência importante do enredo do romance de Eça de Queiroz, "O Crime do Padre Amaro". Eça identifica esta quinta, no seu romance, como a Quinta da Ricoça, que pertencia ao  Cónego Dias e que ficava nos Poiais. 
Ora, a Quinta do Cónego, da altura, pertencia efectivamente ao Cónego Lemos. A sua localização tem muito a ver com o micro-topónimo Pousias, ali mesmo na extrema Norte das Cortes.
Como se pode inferir do que se escreve no  I vol. das obras referidas, a pp 249 a 259, (J.C. de Janeiro a Junho de 1991, Carlos Fernandes, de Julho de 1990 e de Dezembro de 1995, Manuel Paulo Maça).  


Penitencio-me, desde já, pela minha ingratidão face a tão meritório trabalho, se a minha busca se vier a revelar insuficiente, o que é quase certo acontecerá. Se assim for, muito agradeço a indispensável achega, para que esta minha contribuição possa ser de mais utilidade para os navegantes/investigadores que estejam a vogar nesta onda da web.
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O projecto de arquitectura do edifício principal da Quinta é da autoria do célebre Arquitecto intimamente ligado a Leiria, que foi Ernesto Korrodi. Aliás, basta observar com um mínimo de atenção, o estilo desta obra para  que se lhe pudesse ser facilmente atribuído, ainda que referência a esse facto se possa ler no painel de azulejos que se pode ler na foto 4. Cabe, nesta oportunidade, fazer alusão à discrepância de datas que se observam numa lápide que encima a porta principal de entrada do edifício (foto 7, em que se diz que a   construção foi feita em 1919 e a foto 4, em que essa mesma data é reportada a 1922. Provavelmente, isso significará que a traseira da casa terá levado mais 3 anos a concluir-se).
As características típicas da arquitectura de Ernesto Korrodi - de que existem vários exemplos em Leiria - referem-na como arquitectura civil revivalista, Arte Nova, traço romântico. 
A planta é rectangular, bastante irregular e com cobertura em vários telhados, de 3 e 4 águas.
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Muito próximo desta Quinta, cerca de 200 metros a Sw, está referenciada uma importante Estação Paleolítica - a da Quinta do Cónego, Cortes, lugar de Pousias, estrada da Ribeira.
Esta estação, actualmente praticamente desactivada, foi investigada por diversas vezes, no âmbito do estudo de ocupações paleolíticas da bacia hidrográfica do rio Lis.
Há materiais lá recolhidos, depositados no Museu Nacional de Arqueologia e Etnologia.
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Seguindo este link pode aprofundar-se a matéria relativa às escavações arqueológicas atrás referidas.
Leia-se "Intervenção Arqueológica na Estação Acheulense da Quinta do Cónego, Pousias - Cortes - Leiria" da autoria de João Pedro Cunha Ribeiro, Assistente da faculdade de Letras da Universidade do Porto.
As conclusões deste estudo são muito interessantes tendo em conta que nele se evidencia a presença do Homem Paleolítico nesta zona do rio e do vale do Lis.

Posted by Picasa

2007/01/24

Os tempos heróico/românticos da Tipografia

- actualizado em 31/1/2007)


(Uma das faces (repare-se no pormenor dos versos humorístico/publicitários) de um calendário de 1931 que a tipografia "Imprensa Comercial" oferecia aos seus clientes e público em geral)


Pretenderam as gentes de Leiria, em tempos, a honra de nesta cidade ter sido instalada a primeira tipografia, o que não corresponde à realidade como já está documentado . Essa glória cabe a Faro.
Caberá, de facto?
(parte de um painel de azulejos afixado na actual Rua da Tipografia, numa parede exterior da Igreja da Misericórdia, em Leiria)

De qualquer modo, em Leiria, apenas cinco anos passados, estávamos então em 1492, foi instalada a tipografia de Samuel d´Ortas e Filhos na, hoje, Travessa da Tipografia, bem perto do Largo da Sé. Aí se imprimiu o livro "Provérbios de Salomão". Mais tarde, "Os Profetas Primeiros" encomendado pela comunidade judaica. Seguiu-se a publicação de as "Tavulas Astronómicas" de Abraão Zacuto, em 1496, que foram utilizadas por Pedro Álvares Cabral na sua viagem de descoberta do Brasil.

(Evoluída, sítio da criação do primeiro moínho de papel e de uma das primeiras tipografias da península, é em Leiria que vem à luz do dia a primeira obra impressa em português, o Almanach Perpetuum de Abraão Zacuto, corria o ano de 1496. Uma vez mais importante e sem o saber, dava à luz as tábuas de navegação com que o Gama leu o caminho para a Índia.) (in) (actualização em 26/1/2007).

Saltando agora no tempo, vamos para 1903. Largo da Sé. Edifício onde funcionou, no primeiro andar, a Administração do Concelho, cujo primeiro Administrador foi Eça de Queirós.

(A casa dos Paivas, "Pharmácia Paiva", fica situada mesmo defronte desta esquina, no Largo da Sé. Quer uma quer outra, foram locais fundamentais onde se desenrolou uma boa parte da trama do célebre romance de Eça de Queirós, "O Crime do Padre Amaro").



No rés-do-chão surgia a "Imprensa Comercial", hoje "Tipografia Carlos Silva".

...




A Tipografia foi fundada em 1903 pelo snr. Carlos Silva, a que se seguiu seu filho, Carlos Silva e, mais tarde o seu neto, Carlos Silva, actual proprietário.



Atente-se na forma e no estilo da publicidade da época, com a figura do ardina em grande evidência. Não nos podemos esquecer que os jornais e revistas da região de Leiria eram impressos nestas tipografias e, em muitos casos, a distribuição era feita por seu intermédio.


Espero que tenham apreciado esta pequena resenha.