2006/11/04

II Congresso Nacional dos TOC - 10 anos

Numa das intervenções do Prof. Dr. António Lopes de **, este lembrou os congressistas da necessidade de se atribuir aos contabilistas o seu devido e merecido relevo.
E lembrou-nos do que se conta acerca das teorias da "divina proporcionalidade" e das contas da matemática, da geometria e da pintura:

Leonardo da Vinci pintava a sua "Mona Lisa" quando recebeu a visita de Luca Pacioli, seu grande amigo (considerado por todos como o primeiro grande mestre das ciências contábeis, o “pai da contabilidade”).
Pacioli, entretanto, tinha escrito um célebre tratado sobre Contabilidade que se intitula "Suma de Arithmetic Geometria et Proportionalitá " que apareceu em público em 1494. Pacioli tornou-se famoso devido a um capítulo deste livro que tratava sobre contabilidade : “Particulario de computies et Scripturis”. Nesta secção do livro Paccioli foi o primeiro a descrever a contabilidade de dupla entrada, conhecido como método Veneziano ("el modo de Vinegia") ou ainda "método das partidas dobradas", que veio revolucionar a concepção e técnicas de relevação dos factos patrimoniais que afectavam a vida económica das empresas (dos negócios).
Observando o trabalho que estava a ser desenvolvido por da Vinci recomendou-lhe que tivesse na devida conta as proporções da sua pintura, sem o que a obra, depois de acabada, não teria os resultados artísticos desejados.
A verdade é que Leonardo da Vinci seguiu os conselhos do seu amigo Pacioli* e aquela sua pintura ficou célebre para todo o sempre.
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Moral da história:
Os empresários, particularmente os portugueses, só terão a lucrar se derem a devida atenção ao resultado do trabalho dos seus Contabilistas (os actuais TOC) o que, desgraçadamente, nem sempre acontece, nas devidas proporções...
E os resultados têm estado à vista, para mal da nossa Economia e da Nação em que vivemos.

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Luca Pacioli nasceu em Borgo San Sepulcro no ano de 1445 e morreu em 1517. Era conhecido como Lucas de Burgo. Foi frade franciscano e tornou-se, no seu tempo, um famoso Matemático. A família tinha-lhe preparada uma carreira no mundo dos negócios, mas ele preferiu seguir outros caminhos estudando arte, história, literatura e matemática
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(Retrato de Luca Pacioli, conservado na Pinacoteca do Museu de Capodimonte de Nápoles)

Começou a leccionar matemática muito cedo e aos 27 anos tornou-se monge franciscano. Ensinou Matemática, em Roma, Nápoles, Pisa, Veneza até que, em 1496, se fixou em Milão.
Leonardo da Vinci (1452-1519) aperfeiçoou as suas noções de geometria com o seu grande amigo e mestre, Luca Pacioli, conhecimentos estes que lhe vieram a ser muito úteis na pintura da celebérrima La Gioconda, “Mona Lisa”.
Foi precisamente, como já está cientificamente demonstrado, com suporte nas teorias da “divina proporcionalidade”, de Pacioli, que Leonardo da Vinci concebeu aquela imortal pintura. Nela utilizou o conceito geométrico da harmonia do coeficiente médio 1,414, que resulta da noção de proporção no sentido de uma “divina” identidade de razões.
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É da máxima justiça detacar, nesta oportunidade, uma referência biográfica, ao Professor Doutor António Lopes de Sá, sem esquecer, contudo, o igualmente Professor Doutor Rogério Fernandes Ferreira, "verdadeiros ícones da Contabilidade, não só nos países que elegeram para viver, Brasil e Portugal, mas também para além das fronteiras naturais destas nações, construíram com árduo trabalho, estudo e invesigação a credibilidade que hoje merecidamente lhes é reconhecida, não só por aqueles que fizeram da Contabilidade, Gestão e Fiscalidade o seu modo de vida, mas também da sociedade em geral.", conforme escreve no Prefácio do livro "Separados pelo Atlântico - Unidos pela Contabilidade", o Presidente da Câmara dos Técnicos Oficiais de Contas, Dr. António Domingues de Azevedo.

Este livro, de co-autoria destes dois Professores, foi oferecido aos participantes no Congresso. A capa do livro e as duas biografias podem ser consultadas nos links imediatamente atrás referenciados.


2006/11/03

Um livro sobre ARTUR AGOSTINHO

http://folhetoedicoesdesign.blogspot.com/
Livro a ser lançado em Leiria, no próximo dia 16 de Novembro.
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ARTUR AGOSTINHO
O grande comunicador português
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Quem não se lembra da voz inconfundível de Artur Agostinho? Da maneira genial como relatava um desafio de futebol, transportando o ouvinte para o meio do relvado? O seu goooooooooolo fez história e ainda hoje e amanhã será infinitamente copiado. E a Volta a Portugal em bicicleta onde Artur Agostinho fazia vibrar todo o país acompanhando a caravana dos ciclistas na célebre corrida?... Ou apresentando Amália Rodrigues nos serões da Emissora Nacional com o seu estilo bem disposto, mas distinto, que marcou uma época. Ouço ainda a sua voz, os seus comentários e as anedotas que ficaram na memória de gerações de portugueses.
O Actor de cinema de “Capas Negras” ou o namorado motorista de Laura Alves em “O Leão da Estrela” imortalizarão a imagem do jovem, que com determinação e talento, conquistou o afecto e a admiração e muito portuguesmente também inveja e ingratidão.

Extracto do prefácio de
Filipe La Féria
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Nota:
Sempre fui um admirador incondicional deste grande comunicador. Até parece que o estou a ouvir, em onda curta, em directo, dos mais variados e longínquos lugares, a transmitir com o seu estilo muito pessoal e impressionante, os relatos de futebol, dos gloriosos tempos do Benfica dos anos 60. Qual televisão qual quê? Ou se ia ver a bola ao vivo ou se ouviam os relatos dos jogos através da rádio, em emissões em directo. Quantas vezes o som não chegava com altos e baixos resultantes das alterações das condições de propagação das ondas hertzianas através do éter.
Quão empolgante nos chegava a voz de Artur Agostinho sempe que o Benfica marcava um golo, algures por esse mundo fora. Era ouvi-lo: Golo! Goooooooooooooooooooooooolo do Benfica... Goooooooooooolo de Eusébio! Espectacular remate de Eusébio após uma série mirambolante de dribles do "Pantera Negra". Quanto desconsolo nos era comunicado pelo seu tom de voz, alguns segundos após o Benfica sofrer qualquer golo!...Golo!...golo de ...
Claro, também relatava os jogos do Sporting, do Porto e de outros...
Quando chegou a Televisão também tivémos ocasião de apreciar os seus excepcionais dotes de comunicador.
Muito mais poderia descrever do que está no álbum das minhas recordações acerca de Artur Agostinho...mas melhor do que eu será, com toda a certeza, a leitura deste livro. Pela ideia do estilo perguntas-respostas, pelo autor, pela Editora e pelas pessoas envolvidas no projecto.
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NOTA 2ª (a desenvolver proximamente...talvez mesmo neste blog):
Decorre, hoje e amanhã, no Pavilhão Atlântico, no Parque das Nações, em Lisboa, o II Congresso dos TOC-Técnicos Oficiais de Contas.
Para já, deixo aqui duas reflexões:
1) Congratulo-me pelo 10º Aniversário da constituição formal desta Câmara/Ordem profissional, a associação profissional com maior número de associados inscritos, perto de 70.000. Ainda que só 33.000 exerçam, de facto, a profissão. Nem será de admirar, de tão ingrata que ela é, e com tanta indefinição/quase incompatibilidade em que os seus membros são obrigados a actuar.
2) Na prática, e sob o ponto de vista jurídico/legal, têm que obedecer a orientações de dois patrões: as empresas, a quem prestam serviços e lhes pagam os honorários e ao Estado, que legisla no sentido de colocar, com demasiada frequência, os TOC em conflito com as empresas, quantas vezes em questões que são da exclusiva competência da Administração Fiscal.

2006/11/01

A tradição já não é o que era...

Dia 1 de Novembro, dia de Todos os Santos.
Recordam-se hoje todos os Santos que não têm dia próprio. Por isso o ser dia Santificado e feriado em todo o mundo católico.
Manda a tradição que também hoje seja o "dia do bolinho" ou "dia do Pão-por-Deus". Mandava a tradição também que grupos de crianças, munidas de sacas feitas de retalhos, se deslocassem de casa em casa a pedir o "bolinho". Com ditos bem engraçados para o pedir, para o agradecer. E outros bem mais "picantes" para quem não dava nada...
Mas a tradição já não é o que era! As crianças andam de saco de plástico, o "bolinho" de preferência deve ser substituído por dinheiro...E como a educação também já não é o que era até a tradicional frase "Oh tia, dá bolinho?" foi substituída só por "Dá bolinho?" (O "tia" fica no saco de plástico...)
E como a tradição já não é o que era, muitos se esquecem que hoje é dia de Todos os Santos e que só amanhã, dia 2 de Novembro, é que será dia de finados. Dia em que, por tradição, se recordam os entes queridos já falecidos.
E a tradição passou a ser o dia 1 de Novembro de "peregrinação" aos cemitérios.
Detesto os nossos cemitérios. São deprimentes! Já que o Homem insiste no culto aos mortos, porquê não transformar aqueles lugares em lindos jardins? Os mortos já nada sentem e os vivos sentir-se-iam muito melhor, física e espiritualmente, para recordar os seus queridos. Afinal a tradição já não é o que era. Ou será?
E porque é tradição, lá me calhou a mim ir ao cemitério, carregada de flores para oferecer a "ninguém" e das minhas recordações que nunca morrerão, seja a tradição o que fôr
Sonho
Sonhei que era uma borboleta
Uma suave e airosa borboleta
E que esvoaçava feliz
Por entre as flores do meu jardim.
E no meu voo
Deixei-me ir mais longe
Juntei o azul das minhas asas
Ao azul do céu sem fim.
Cruzei-me com as andorinhas
Passei as fofas nuvens de algodão
E quando reparei
Eu era eu e não a borboleta.
Então, num halo de luz
Avistei-vos.
Eras tu, Paizinho
Eras tu, querida Avó
Eras tu, Zézinho.
Juntei-me a vós
E juntos, rimos, dançámos
Abraçámo-nos.
Mas, de repente, foi o vazio
Achei-me sozinha…
Já nem borboleta era!
Acordara.
Afinal, tinha sido só um sonho!
E agora acordada, sonho.
Sonho que um dia, na realidade,
Serei borboleta de verdade
E voarei convosco
Para toda a Eternidade.

Zaida

(In "Pedaços de Mim" - Ed Folheto 2005 - col. 25 Poemas-XIII)

(Post produzido na íntegra por Zaida)

2006/10/30

300 Notas dispersas...

Iniciei este blog (blogue) no início do corrente ano de 2006.
A finalizar o mês 10 do actual calendário moderno, eis que atingi o 300º post, ao qual quero dar o devido relevo. E aproveitar este ensejo para tecer umas quantas considerações acerca do uso ( e, muitas vezes, abuso) desta formidável ferramenta da internet.
Este post está a ser escrito como que ao sabor da inspiração do momento. Se alguma coisa consegui, até à data, com esta minha participação no mundo partilhado da blogosfera, tal só foi possível graças a várias circunstâncias:
1) Antes de mais, à minha mulher, a Zaida* pela muita paciência que tem demonstrado face às horas e horas que tenho vindo a despender neste hobby**; e pela sua disponibilidade para colaborar activamente, incluindo alguns casos em que ela própria se dispõe a construir a totalidade do post;
2) Logo em seguida tenho que relevar todos os leitores anónimos que me têm dado o grato prazer de me transmitir a sensação maravilhosa de que ainda há quem gaste parte do seu tempo a tomar conhecimento do que por aqui se vai passando;
3) Inevitavelmente, vêm em pé de igualdade com os antecedentes, todos os/as colegas bloguistas, a maior parte grandes amigos/as, que, muitas vezes sem os/as conhecer pessoalmente, já os/as tenho como tal. E sabe muito bem sentir que há reciprocidade da parte deles/as. Quem sabe um dia destes não nos juntamos numa Tertúlia Bloguística formalmente constituída, com registo e tudo.
Um bem-haja do fundo do coração a todos!
António S Nunes (asn)
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* Tem um blog sobre gatos e toda a ligação deste misterioso animal a todas as Artes, em suma a sua íntima ligação com o Homem. Eu sei que ela não gosta que faça publicidade do seu blogue. Mas a verdade é que tem no gatimanhos um trabalho de muita garra, vida e amor pela Natureza. Aliás, até já o deu por encerrado, apesar das minhas insistências para continuar. Sem resultado.
** É claro que podemos falar em hobby quando nos declaramos amantes da intervenção pública num blogue, só pelo puro prazer de comunicar com o nosso semelhante, abordando temas que são do nosso gosto pessoal.
De qualquer modo não considero que esteja a escrever um mero "Diário", ainda que muitas facetas desta modalidade literária estejam subjacentes ao dia a dia da maior parte dos blogues.
É assim no meu caso...declaro-o!
Partilhar conhecimento e informação em todas as áreas - às quais a minha capacidade de compreensão e espírito crítico e de análise consiga alcançar - é a minha bandeira!

2006/10/28

OUTUBRO


Outubro, 8º mês do antigo calendário romano e o 10º mês do nosso ano civil.
Outubro do ano de 2006 está a acabar.
Outubro”, filme realizado em 1928 por Sergei Eisenstein, um estudo sobre a Revolução Russa de 1917.
(Cena do filme "Outubro")

Eisenstein nasceu em 1898 em Riga, Letónia, e morreu em 1948 em Moscovo.
Realizador cinematográfico, Eisenstein pelo seu vanguardismo técnico, é tido como um dos expoentes máximos da história da 7ª arte.
Além de “Outubro” produziu, entre outros, os filmes “Greve” (1923), “Linha Geral” (1929) e “O Couraçado Potemkin”, em 1925, considerado por muitos, o melhor filme de todos os tempos. Uma das suas sequências tem sido entendida como “os seis minutos de maior influência na história do cinema”.

2006/10/27

O LIVRO e os BITS

Os actuais processos de armazenamento e transmissão do pensamento serão realmente fiáveis?
Quanta da informação que circula hoje na Internet perdurará? Por quanto tempo?
Não será de continuar a preservar a sabedoria humana transmitida de geração em geração, através do livro, muito especialmente quando estivermos na presença de trabalhos acabados (relativamente, que nunca será a mesma coisa que dizermos definitivamente, como bem o sabemos)? Não será o processo tipográfico e/ou os seus sucessores, em papel, a forma mais segura, mais fiável, de reproduzir e gravar a informação disponível num dado momento e que pretendemos torná-la perene?
Estas interrogações poderão parecer muito retrógradas face à evolução impressionante das novas tecnologias da informação, mas serão de facto? Quantas vezes já não fomos confrontados com a perda de fotografias gravadas digitalmente e de que, inesperadamente, apagamos ou perdemos, pura e simplesmente, os correspondentes ficheiros? E outros dados importantes, que estavam armazenados num computador, mesmo com cópia de segurança, quando esta (quantas vezes) também falha? Algum dia iremos conseguir substituir o livro?
Tem sido muito lento o processo evolutivo do livro, começando por constituir não mais que um compêndio de textos escritos (religiosos, leis) e que competiu penosamente durante séculos com as tradições orais, muito mais acessíveis a um maior número de indivíduos.
O livro foi e continua a ser o maior instrumento de progresso humano e provavelmente continuará a ser o mais humano processo de transmitir o pensamento.
O homem está a dar decisivos passos da sua história.
Nesta perspectiva, o livro será irremediavelmente abandonado e substituído pela tecnologia dos bits?
O Futuro quem o pode prever, com rigor?
Eu continuo a ver esse futuro com livros impressos com textos e imagens, que irão proporcionar o processo natural de transmissão do pensamento humano.

2006/10/21

ENCARNAÇÃO

A lembrar-me da minha mãe Encarnação, agora com 82 anos de idade, lá para o Casal de Ribafeita, nas terras graníticas de Viseu
E do casamento da milha filha Inês com o Carlos
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Há dias fui rever o Santuário de N. Sra. da Encarnação, em Leiria.


Diz a lenda que, em 11 de Julho de 1588, uma inválida de nome Susana Dias, foi levada àquela capela, onde iam à missa os Marqueses de Vila Real e muito povo, no altar de N.S. da Encarnação. No momento da Elevação a jovem sentiu-se pressionada por algo indefinível, levantou-se e começou a andar.

Este acontecimento veio renovar a fé em N.ª Sr.ª da Encarnação, o que levaria à construção de uma nova igreja.

É um santuário pequeno, com um corpo revestido a azulejos policromos de padrão seiscentista e pinturas votivas à Virgem e a S. Gabriel, feitos em pedra e colocados sobre a porta principal. No exterior a igreja foi dotada de um alpendre simples.

O bispo D.Fr. Miguel de Bulhões e Sousa mandou construir uma monumental escadaria, de 162 degraus, que lhe dá um aspecto imponente.


A beleza deste santuário é completada pelo diverso arvoredo que existe à sua volta e a vista sobre a cidade que se pode apreciar a partir daqui é uma experiência única.


(texto da lenda conforme site da “Região de Turismo Leiria-Fátima”)

Notas:

1)O Orago de Leiria é precisamente Nª Snra. Da Encarnação, cuja festa anual se celebra a 15 de Agosto.

2) Fotos de asn

2006/10/19

HOMENAGEM AO MÉRITO FOTOGRÁFICO

Isabel Pires de Lima, a actual Ministra da Cultura, visitou o distrito de Leiria, no início da semana passada, tendo encerrado as comemorações do 90º aniversário do Arquivo Distrital e homenageado o fotógrafo José Fabião.
José da Silva Fabião a receber das mãos da Ministra da Cultura, Isabel Pires de Lima, a Medalha de Mérito Cultural.
(Foto digtalizada a partir do semanário "A Região de Leiria" de 13 de Outbro de 2006)
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Nota, a propósito, da Zaida:
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Foi com comoção que li a notícia da homenagem feita pela ministra da Cultura ao Sr. Fabião.
O Sr. José Fabião, de 85 anos de idade, tem sido, ao longo da sua vida, o fotógrafo, por excelência, de Leiria e das suas gentes.
Orgulho-me da amizade que ele sempre me dedicou. Uma forte e sã amizade o ligou também ao meu pai, José Paiva*. Nos seus tempos de juventude, ambos jogaram basket-ball no "Leiria Ginásio Club". E, claro por aquilo que me é dado saber, o sr. Fabião, ao mesmo tempo que prestava o seu contributo à equipa, como jogador, ia tirando as fotos que tão bem ilustram uma época da cidade de Leiria.
Era ele então, na altura, o proprietário da "Fotogafia Liz" ** junto ao Parque na margem direita do rio que atravessa esta cidade.
Esta Medalha de Mérito Cultural não podia ter sido mais bem atribuída!
Parabéns, Sr. Fabião!
Permita-me que lhe dê um forte abraço de muito carinho.
Zaida
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* O Snr. Fabião fez parte da mesa de apresentação do livro sobre o seu amigo Zé (o meu sogro, falecido em 1994). É o último à direita, na primeira fotografia.
** Temos, eu e a Zaida, no nosso espólio, variadíssimas fotografias dos anos 40, com o respectivo carimbo no verso, como era da praxe e do estilo da época. Algumas dessas fotografias bastante utilidade tiveram para nos ajudar a escrever o livro a que faço referência acima. Nele se focam aspectos relevantes duma época, dum homem(José Paiva, grande amigo do Sr. Fabião e a quem se faz a devida e merecida referência) e duma cidade (Leiria).
asn

2006/10/17

Beber um copito faz bem à saúde!

De quando em quando, ouve-se na rádio (o meu meio de comunicação preferido para ouvir e ter companhia, ou não fosse eu radioamador...que se passa comigo?!...agora só escrevo sobre temas com ligações ao radioamadorismo?...) das virtualidades de se beber um copito de vinho (tinto de preferência) à refeição.
Que faz bem à saúde, que é um óptimo anti-oxidante, ajuda à circulação sanguínea e contém na sua composição algumas vitaminas e outros ingredientes necessários ao bom funcionamento do organismo humano.
Os médicos, obviamente, alertam de imediato, para se ter atenção à quantidade desse precioso (para quem o sabe apreciar, claro está) néctar dos deuses! Nada de entusiasmos, acrescenta-se logo, por via dos abusos!
Vem todo este intróito a propósito de livros antigos e de um ilustre médico Viseense (Ribafeita, além de que também é da minha freguesia natal), chamado Samuel Maia, que escreveu, dissertou e trabalhou em vinho, nos princípios do séc. passado. E também do facto de que já ando acometido duma doença, acho que incurável, que é bisbilhotar à procura de livros de edições antigas, repescados em alfarrabistas ou através de contactos fortuitos sobre esta matéria dos livros.
Ofereceram-me, nestes últimos dias, um livro deste meu conterrâneo e aqui estou a apresentar esta faceta do Dr. Samuel Maia.
O livro de capa acima reproduzida, “O Vinho (Propriedades e Aplicações)”, com trinta mil exemplares vendidos na década de trinta, é duplamente interessante: primeiro, porque, para qualquer efeito, é criação de um viseense; e, por último, porque se trata de um trabalho saído da pena de um médico que resume comunicações e pareceres aprovados nos últimos congressos médicos dessa época, não sendo uma artística ode ao vinho proveniente da ressaca de um qualquer paraíso artificial - e que me perdoem os poetas, de que tanto gosto, mas, não obstante o Pro Archia de Cícero, cedo aprendi que os poetas não precisam de ser defendidos!
Samuel Maia, médico-escritor nascido em Viseu, que, tendo conhecido outra visibilidade e uma incontestada representatividade, nomeadamente na década de vinte do século passado, agora é obscuro domínio para o público avulso e até mesmo para os "profissionais da literatura". Contudo, nem sempre assim foi, sinal de que os modismos vão causando fluxos e refluxos do núcleo para as margens e destas para o centro. Em 1929, um artigo no parisiense <Monde> sobre os escritores mais importantes de Portugal prescreve o primado de Eugénio de Castro e de Augusto Gil, seguindo-se-lhes de imediato António Nobre, Aquilino, Samuel Maia Lopes de Mendonça e Ferreira de Castro (FRANÇA: 129). Ou seja, o autor viseense goza então de uma incontestável centralidade.
Samuel Maia, um vulto das nossas letras, nasceu em Ribafeita, Viseu, em 1873 ou 1874?
Samuel Maia, depois de se formar em Medicina pela Escola Médico-Cirúrgica de Lisboa, vê inscrita a sua obra de ficcionista nos antecedentes do neo-realismo, consagrando-se mesmo, ao tempo, com o romance regionalista de sabor aquiliniano Sexo Forte (1917 ou 1919) e com a novela Língua de Prata (1929), obras que, no dizer de António José Saraiva e Óscar Lopes, sobrepujam as restantes.
(Martim Sousa – in “Millenium on line” – Nº 16 de Outubro de 1999 :: texto a azul:: com algumas adaptações)