2006/11/15

ANACOM, a PT, a SONAE e o GOVERNO

Afinal, o que se passa? ...
Muito se tem falado ultimamente sobre a influência da chamada ANACOM (Autoridade Nacional das Comunicações) sobre o andamento do presente processo da célebre OPA da Sonae sobre a PT.
A última polémica que se está a levantar tem a ver com as divergências entre a Adc (Autoridade das comunicações)e a ANACOM sobre a necessidade de se dispor de mais tempo do que o que estava previsto inicialmente para se pronunciar em definitivo sobre as condições em que o mercado das comunicações passará a funcionar em termos de competitividade e concorrência, após a efectivação da compra da PT pela SONAE.
O Presidente da Adc e o Ministro das Obras Públicas e Transportes pelo que já se está a ver na comunicação social andam de candeias às avessas: a ANACOM mantém a sua posição de intransigência quanto à necessidade de se ponderar esta questão de relevância fulcral para o futuro das comunicações em Portugal. A Sonae e o Governo invocam os graves transtornos que estão a ser causados a várias partes com esta dilação do prazo inicial.
A verdade é que:
A ANACOM é, pois, a autoridade reguladora das comunicações postais e das comunicações electrónicas, conforme resulta da própria lei de bases dos serviços postais (artigo 18º da Lei n.º 102/99, de 26 de Julho) e da lei das comunicações electrónicas (artigos 4º e 5º da Lei n.º 5/2004, de 10 de Fevereiro).
...
A ANACOM tem por objecto a regulação, supervisão e representação do sector das comunicações.
Para o efeito, são atribuições da ANACOM:
1 - No âmbito da regulação do mercado: garantir o acesso dos operadores de comunicações às redes, em condições de transparência e igualdade; promover a competitividade e o desenvolvimento nos mercados das comunicações, nomeadamente no contexto da convergência das telecomunicações, dos meios de comunicação social e das tecnologias da informação; atribuir os títulos de exercício da actividade postal e de telecomunicações; assegurar a gestão do espectro radioeléctrico, garantindo a coordenação entre as comunicações civis, militares e paramilitares, e a gestão da numeração no sector das comunicações
.”
...
Portanto, o que se passa?!…
--- continuação ----
... A saga continua>>>>>>> 16/11/2006 (conforme Diário Económico acima)

2006/11/14

Um destaque digno de registo...

Está-se a falar de Acácio de Paiva, Insigne Poeta Leiriense. A casa onde nasceu, em Leiria, no Largo da Sé.



Uma placa de homenagem a Acácio de Paiva na fachada da casa onde nasceu.

Um fragmento duma criação em letra gótica com alguns excertos de poemas seus. É visível o bucolismo destes seus versos, associados aos rios Lis e Lena, que se juntam, à saída de Leiria, e lá seguem unidos, pelos campos fora em direcção ao mar da Vieira.
Viveu os últimos anos da sua vida em Olivais - Ourém:
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"Neste lugar pitoresco, encontra-se uma artística residência rural onde viveu a família do poeta Acácio de Paiva. No pátio abarrocado chama a atenção a fonte de pedra setecentista."

2006/11/13

OLÁ!




.

.Hoje apetece-me apresentar esta aguarela, tão simples e tão cândida como um MENINO.

Digamos que podemos imaginar um menino, o mês de Novembro a acenar para o Inverno, a que se seguirá a renovação da vida...

2006/11/12

LEIRIA - História de uma estátua



O Rossio (será esta a toponímia que vai ser adoptada para se designar a zona entre a fonte luminosa e o ex-Paço do Bispo) em Leiria tem andado num grande reboliço já há quase um ano (quer dizer, a presente fase, Jardim Luís de Camões e toda a área envolvente. Há vários anos que o centro de Leiria anda em obras de requalificação, com os comercientes do Centro Histórico à beira de um ataque de nervos, dada a quebra brutal do movimento dos seus estabelecimentos).
A estátua ao Papa Paulo VI foi apeada e vai ser recolocada no pedestal que se vê no lado esquerdo da foto. Naqele preciso momento, na Sexta-Feira passada, procedia-se a retoques de restauro e conservação. Vêm-se em plena produção duas técnicas especialistas do Departamento de Conservação e Restauro da Fauldade de Ciências e Tecnologia da Universidade Nova de Lisboa.
Muito sumariamente passo a narrar a história daquela estátua:

O Papa Paulo VI estava a entrar no centro da cidade de Leiria, vindo da Base Aérea de Monte Real, em 13 de Maio de 1967, a caminho do Santuário de Fátima, para participar nas cerimónias religiosas que solenizaram o cinquentenário das Aparições da Virgem Maria. Era a primeira vez que uma Nação Europeia recebia a visita do Chefe temporal da Igreja Católica.

(Foto de Março de 1969: o próprio asn em frente à estátua...)
A Câmara Municipal de Leiria resolveu erigir um monumento a PAULO VI, para que os vindouros pudessem recordar a sua passagem por Leiria, em peregrinação a Fátima.
O Escultor encarregado desta obra foi o leiriense João Charters de Almeida e Silva, professor da então Escola Superior de Belas Artes do Porto.
Foi inaugurada em 8 de Dezembro de 1968.
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As fotos a preto e branco foram tiradas com uma Kodak - Retina S1

2006/11/10

No dia de S. Martinho vai à adega e prova o vinho

Dioniso
Pintura de Caravaggio, final do séc. XVI
Galeria Uffizi - Florença - Itália

O ditado é português e a tradição bem portuguesa também. Aliás, tradição que não se estende só ao S. Martinho, mas a todo o ano. Faz parte da arte de bem receber do nosso povo o convite para entrar na adega e provar o bom vinho de cada um. Normalmente acompanhado por um bom chouriço ou presunto caseiros. Tradição agradável, simpática e, porque não dizê-lo, bem saborosa também. Mas cuidado com as provas…
A propósito lembrei-me da lenda do vinho, uma mistura remota da mitologia grega com muito imaginário popular.
Dioniso, deus grego do vinho (correspondente a Baco, o deus romano) numa das suas muitas viagens reparou numa planta que não havia na sua terra – a videira. Então resolveu levar algumas sementes quando pensou em regressar a casa. Como não tivesse onde as transportar, lembrou-se de o fazer dentro de um osso de galo. E começou a sua caminhada de volta a casa. Mas as sementes germinaram e não cabiam no osso de galo. Então Dioniso passou as plantinhas para um osso de leão. Prosseguiu viagem. Mas as plantas continuaram a desenvolver-se e não cabendo dentro do osso de leão foram passadas para um osso de burro.
E aí está a explicação: se se bebe um pouco de vinho, fica-se alegre e canta-se como o galo; se se bebe um pouco mais, mas dentro dos limites, fica-se forte como o leão; mas se se abusa, oh, então fica-se estúpido como o burro!
(Composição integral de Zaida Nunes)

2006/11/09

O Funcionário Público

Então não saiu assomadiço,
terrível, assanhado como um gato,
esse manga d´alpaca timorato,
por tradição tão manso, tão submisso?

- Ah! Vocês não me pagam? Ele é isso?
Vocês supõem que não quebro um prato?!
(Exclamou). Pois vão ver como eu os trato!
E pronto! Nunca mais foi ao serviço.

O triste resultado viu-se em breve;
o abalo em toda a parte foi profundo;
o mal que produziu não se descreve.

Imaginem agora que os secundo.
Se os sonetos suspendo e faço greve
não há que duvidar! Acabou o mundo!

Acácio de Paiva
Insigne poeta Leiriense

(1ª metade do séc. passado...)
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Há dias estivémos na sede do "Rancho Folclórico Rosas do Lena" num Sarau de Poesia e Música e a Zaida, muito naturalmente (Acácio de Paiva era seu tio-avó e os seus poemas foram objecto duma recolha exaustiva em 1988 e publicados em livro pela Câmara Municipal de Leiria) disse este poema, ressalvando que os funcionários públicos lhe desculpassem a ousadia mas, bem vistas as coisas, até se pode concluir que sem funcionários públicos como é que as Instituições do Estado haveriam de funcionar?
É assim que a sociedade está organizada. É assim que teremos de viver!
E mais: quer a Zaida quer eu já fomos funcionários públicos e deixamos de o ser de livre iniciativa.
Não nos esqueçamos, contudo, que o Estado somos TODOS nós!...

2006/11/07

TEMPO DE CASTANHAS ASSADAS


7 e tal da noite. Sim, já é noite. Leiria. Um velho (habitual, de há longos anos) vendedor de castanhas assadas. Em frente ao Centro Comercial "Maringá", no cruzamento da Rua S. Francisco com a Avenida Heróis de Angola. Até ao início das obras de requalificação (no âmbito do Programa Polis "VIVER LEIRIA") do Rossio, frequentava preferencialmente a zona do Jardim Luís de Camões, ali ao pé da "camionagem". Encostei o carro, comprei uma dúzia de castanhas em troca de 1 euro e meio. Acho que fiz um bom negócio. As castanhas eram uma delícia, comi-as em menos de um fósforo, e ainda tive permissão para tirar esta foto, que vos mostro acima.
Que tal o aspecto das castanhas, embrulhadas a preceito, como manda a tradição, num embrulho de papel de jornal ou de revista, tanto faz?

2006/11/04

II Congresso Nacional dos TOC - 10 anos

Numa das intervenções do Prof. Dr. António Lopes de **, este lembrou os congressistas da necessidade de se atribuir aos contabilistas o seu devido e merecido relevo.
E lembrou-nos do que se conta acerca das teorias da "divina proporcionalidade" e das contas da matemática, da geometria e da pintura:

Leonardo da Vinci pintava a sua "Mona Lisa" quando recebeu a visita de Luca Pacioli, seu grande amigo (considerado por todos como o primeiro grande mestre das ciências contábeis, o “pai da contabilidade”).
Pacioli, entretanto, tinha escrito um célebre tratado sobre Contabilidade que se intitula "Suma de Arithmetic Geometria et Proportionalitá " que apareceu em público em 1494. Pacioli tornou-se famoso devido a um capítulo deste livro que tratava sobre contabilidade : “Particulario de computies et Scripturis”. Nesta secção do livro Paccioli foi o primeiro a descrever a contabilidade de dupla entrada, conhecido como método Veneziano ("el modo de Vinegia") ou ainda "método das partidas dobradas", que veio revolucionar a concepção e técnicas de relevação dos factos patrimoniais que afectavam a vida económica das empresas (dos negócios).
Observando o trabalho que estava a ser desenvolvido por da Vinci recomendou-lhe que tivesse na devida conta as proporções da sua pintura, sem o que a obra, depois de acabada, não teria os resultados artísticos desejados.
A verdade é que Leonardo da Vinci seguiu os conselhos do seu amigo Pacioli* e aquela sua pintura ficou célebre para todo o sempre.
.
Moral da história:
Os empresários, particularmente os portugueses, só terão a lucrar se derem a devida atenção ao resultado do trabalho dos seus Contabilistas (os actuais TOC) o que, desgraçadamente, nem sempre acontece, nas devidas proporções...
E os resultados têm estado à vista, para mal da nossa Economia e da Nação em que vivemos.

*
Luca Pacioli nasceu em Borgo San Sepulcro no ano de 1445 e morreu em 1517. Era conhecido como Lucas de Burgo. Foi frade franciscano e tornou-se, no seu tempo, um famoso Matemático. A família tinha-lhe preparada uma carreira no mundo dos negócios, mas ele preferiu seguir outros caminhos estudando arte, história, literatura e matemática
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(Retrato de Luca Pacioli, conservado na Pinacoteca do Museu de Capodimonte de Nápoles)

Começou a leccionar matemática muito cedo e aos 27 anos tornou-se monge franciscano. Ensinou Matemática, em Roma, Nápoles, Pisa, Veneza até que, em 1496, se fixou em Milão.
Leonardo da Vinci (1452-1519) aperfeiçoou as suas noções de geometria com o seu grande amigo e mestre, Luca Pacioli, conhecimentos estes que lhe vieram a ser muito úteis na pintura da celebérrima La Gioconda, “Mona Lisa”.
Foi precisamente, como já está cientificamente demonstrado, com suporte nas teorias da “divina proporcionalidade”, de Pacioli, que Leonardo da Vinci concebeu aquela imortal pintura. Nela utilizou o conceito geométrico da harmonia do coeficiente médio 1,414, que resulta da noção de proporção no sentido de uma “divina” identidade de razões.
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**

É da máxima justiça detacar, nesta oportunidade, uma referência biográfica, ao Professor Doutor António Lopes de Sá, sem esquecer, contudo, o igualmente Professor Doutor Rogério Fernandes Ferreira, "verdadeiros ícones da Contabilidade, não só nos países que elegeram para viver, Brasil e Portugal, mas também para além das fronteiras naturais destas nações, construíram com árduo trabalho, estudo e invesigação a credibilidade que hoje merecidamente lhes é reconhecida, não só por aqueles que fizeram da Contabilidade, Gestão e Fiscalidade o seu modo de vida, mas também da sociedade em geral.", conforme escreve no Prefácio do livro "Separados pelo Atlântico - Unidos pela Contabilidade", o Presidente da Câmara dos Técnicos Oficiais de Contas, Dr. António Domingues de Azevedo.

Este livro, de co-autoria destes dois Professores, foi oferecido aos participantes no Congresso. A capa do livro e as duas biografias podem ser consultadas nos links imediatamente atrás referenciados.


2006/11/03

Um livro sobre ARTUR AGOSTINHO

http://folhetoedicoesdesign.blogspot.com/
Livro a ser lançado em Leiria, no próximo dia 16 de Novembro.
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ARTUR AGOSTINHO
O grande comunicador português
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Quem não se lembra da voz inconfundível de Artur Agostinho? Da maneira genial como relatava um desafio de futebol, transportando o ouvinte para o meio do relvado? O seu goooooooooolo fez história e ainda hoje e amanhã será infinitamente copiado. E a Volta a Portugal em bicicleta onde Artur Agostinho fazia vibrar todo o país acompanhando a caravana dos ciclistas na célebre corrida?... Ou apresentando Amália Rodrigues nos serões da Emissora Nacional com o seu estilo bem disposto, mas distinto, que marcou uma época. Ouço ainda a sua voz, os seus comentários e as anedotas que ficaram na memória de gerações de portugueses.
O Actor de cinema de “Capas Negras” ou o namorado motorista de Laura Alves em “O Leão da Estrela” imortalizarão a imagem do jovem, que com determinação e talento, conquistou o afecto e a admiração e muito portuguesmente também inveja e ingratidão.

Extracto do prefácio de
Filipe La Féria
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Nota:
Sempre fui um admirador incondicional deste grande comunicador. Até parece que o estou a ouvir, em onda curta, em directo, dos mais variados e longínquos lugares, a transmitir com o seu estilo muito pessoal e impressionante, os relatos de futebol, dos gloriosos tempos do Benfica dos anos 60. Qual televisão qual quê? Ou se ia ver a bola ao vivo ou se ouviam os relatos dos jogos através da rádio, em emissões em directo. Quantas vezes o som não chegava com altos e baixos resultantes das alterações das condições de propagação das ondas hertzianas através do éter.
Quão empolgante nos chegava a voz de Artur Agostinho sempe que o Benfica marcava um golo, algures por esse mundo fora. Era ouvi-lo: Golo! Goooooooooooooooooooooooolo do Benfica... Goooooooooooolo de Eusébio! Espectacular remate de Eusébio após uma série mirambolante de dribles do "Pantera Negra". Quanto desconsolo nos era comunicado pelo seu tom de voz, alguns segundos após o Benfica sofrer qualquer golo!...Golo!...golo de ...
Claro, também relatava os jogos do Sporting, do Porto e de outros...
Quando chegou a Televisão também tivémos ocasião de apreciar os seus excepcionais dotes de comunicador.
Muito mais poderia descrever do que está no álbum das minhas recordações acerca de Artur Agostinho...mas melhor do que eu será, com toda a certeza, a leitura deste livro. Pela ideia do estilo perguntas-respostas, pelo autor, pela Editora e pelas pessoas envolvidas no projecto.
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NOTA 2ª (a desenvolver proximamente...talvez mesmo neste blog):
Decorre, hoje e amanhã, no Pavilhão Atlântico, no Parque das Nações, em Lisboa, o II Congresso dos TOC-Técnicos Oficiais de Contas.
Para já, deixo aqui duas reflexões:
1) Congratulo-me pelo 10º Aniversário da constituição formal desta Câmara/Ordem profissional, a associação profissional com maior número de associados inscritos, perto de 70.000. Ainda que só 33.000 exerçam, de facto, a profissão. Nem será de admirar, de tão ingrata que ela é, e com tanta indefinição/quase incompatibilidade em que os seus membros são obrigados a actuar.
2) Na prática, e sob o ponto de vista jurídico/legal, têm que obedecer a orientações de dois patrões: as empresas, a quem prestam serviços e lhes pagam os honorários e ao Estado, que legisla no sentido de colocar, com demasiada frequência, os TOC em conflito com as empresas, quantas vezes em questões que são da exclusiva competência da Administração Fiscal.

2006/11/01

A tradição já não é o que era...

Dia 1 de Novembro, dia de Todos os Santos.
Recordam-se hoje todos os Santos que não têm dia próprio. Por isso o ser dia Santificado e feriado em todo o mundo católico.
Manda a tradição que também hoje seja o "dia do bolinho" ou "dia do Pão-por-Deus". Mandava a tradição também que grupos de crianças, munidas de sacas feitas de retalhos, se deslocassem de casa em casa a pedir o "bolinho". Com ditos bem engraçados para o pedir, para o agradecer. E outros bem mais "picantes" para quem não dava nada...
Mas a tradição já não é o que era! As crianças andam de saco de plástico, o "bolinho" de preferência deve ser substituído por dinheiro...E como a educação também já não é o que era até a tradicional frase "Oh tia, dá bolinho?" foi substituída só por "Dá bolinho?" (O "tia" fica no saco de plástico...)
E como a tradição já não é o que era, muitos se esquecem que hoje é dia de Todos os Santos e que só amanhã, dia 2 de Novembro, é que será dia de finados. Dia em que, por tradição, se recordam os entes queridos já falecidos.
E a tradição passou a ser o dia 1 de Novembro de "peregrinação" aos cemitérios.
Detesto os nossos cemitérios. São deprimentes! Já que o Homem insiste no culto aos mortos, porquê não transformar aqueles lugares em lindos jardins? Os mortos já nada sentem e os vivos sentir-se-iam muito melhor, física e espiritualmente, para recordar os seus queridos. Afinal a tradição já não é o que era. Ou será?
E porque é tradição, lá me calhou a mim ir ao cemitério, carregada de flores para oferecer a "ninguém" e das minhas recordações que nunca morrerão, seja a tradição o que fôr
Sonho
Sonhei que era uma borboleta
Uma suave e airosa borboleta
E que esvoaçava feliz
Por entre as flores do meu jardim.
E no meu voo
Deixei-me ir mais longe
Juntei o azul das minhas asas
Ao azul do céu sem fim.
Cruzei-me com as andorinhas
Passei as fofas nuvens de algodão
E quando reparei
Eu era eu e não a borboleta.
Então, num halo de luz
Avistei-vos.
Eras tu, Paizinho
Eras tu, querida Avó
Eras tu, Zézinho.
Juntei-me a vós
E juntos, rimos, dançámos
Abraçámo-nos.
Mas, de repente, foi o vazio
Achei-me sozinha…
Já nem borboleta era!
Acordara.
Afinal, tinha sido só um sonho!
E agora acordada, sonho.
Sonho que um dia, na realidade,
Serei borboleta de verdade
E voarei convosco
Para toda a Eternidade.

Zaida

(In "Pedaços de Mim" - Ed Folheto 2005 - col. 25 Poemas-XIII)

(Post produzido na íntegra por Zaida)