2009/04/16

Árvores de Leiria - As suas rainhas



Tenho que o admitir. As tílias e as faias púrpuras, pelo menos as que eu conheço mais intimamente, aqui em Leiria, são, incontestavelmente, as Rainhas das Árvores da cidade. As fotos acima são destes dias mais próximos.
Curvo-me à magnificência destas árvores e à alegria que me transmitem, todos os anos, neste reviver cíclico da Primavera.
Poesia da mais pura e diáfana. Pressente-se que somos acompanhados por multidões de silfos volúveis que se comunicam através da História desta terra e da Natureza bucólica e estonteante dos tempos de Rodrigues Lobo, Afonso Vieira, Marques da Cruz, Acácio de Paiva e tantos outros poetas, prosadores e artistas.
Ou não estivéssemos no
Jardim Luís de Camões e no Marachão (Alameda José Lopes Vieira) tangente, ao próprio jardim e ao Rio Lis!...
Diz o Povo e com razão
Não há Bela sem senão

Porquê não plantar mais faias? Ou ainda não se sensibilizaram com a sua beleza ímpar? Ainda só reparei em mais uma faia ao início da Rua Lino António, na Cruz da Areia!
Considerando que a companheira da que se vê na segunda e terceira fotos, morreu há mais de um ano, não seria de plantar urgentemente uma nova no mesmo local? Ou já reservaram aquele bocadinho de terreno para outra coisa, que não para uma árvore?...
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ACTUALIZAÇÂO: Acácio de Paiva in "dentro de ti ó Leiria"
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2009/04/14

ACÁCIO de PAIVA nasceu há 145 anos, em Leiria.

. Como já se devem ter apercebido, sou um fã incondicional de Acácio de Paiva, lídimo representante das letras portuguesas, humorista de refinado quilate, prosador e poeta de reconhecido mérito, que muito honra a cidade que o viu nascer em 14 de Abril de 1863, no Largo da Sé, 7 , em Leiria, na célebre casa "Pharmácia de Leonardo da Guarda e Paiva", a "botica do Carlos", a que se refere Eça de Queirós, no seu imortal "O Crime do Padre Amaro".
Hoje à tarde, ia eu a sair do meu escritório, sito precisamente no 1º andar dessa casa, que pertence à família Paiva (por parte de José Teles de Almeida Paiva) e à qual estou ligado por casamento, quando o meu amigo e vizinho da Rua da Vitória, o Fragoso, me chamou e questionou-me sobre se tinha lido o Diário de Leiria de hoje, dia 14 de Abril de 2009. Que vinha lá um artigo sobre uma pessoa da família, Acácio de Paiva! Que não, respondi eu, mas que não podia deixar de lhe dar uma vista de olhos (melhor dizendo, ia lê-lo e guardá-lo, claro está).
Ainda ontem à noite tínhamos estado a falar sobre Acácio de Paiva numa reunião/tertúlia no "Caffé Gato Preto", a que, por sinal, dei bastante relevo na entrada anterior deste meu blogue.
Sem mais delongas, façam favor de ler esse artigo, que o reproduzo ao lado, mesmo sem pedir licença ao autor e ao Jornal. Não ma negavam, que bem me apercebi nas conversas entretanto havidas a este propósito.
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(clic em cima da imagem para melhor ler)
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Um amigo, mesmo agora, recordou-me uma quadra, que ficou na sua mente, tantas vezes eu falo, publicamente, de Acácio de Paiva e em particular da sua poesia:
...
Anda o moinho de vento
a moer, sempre a moer
mais mói o meu pensamento
Saudades por não te ver
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Nota: Outras entradas anteriores sobre Acácio de Paiva.(clic)
------- Veja também apontamento "Região de Leiria" de 17-04-2009 em "dentro de ti ó Leiria"
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2009/04/12

LARGO do GATO PRETO e Eça de Queirós em Leiria



Largo do Gato Preto - Leiria
e
Caffé Gato Preto

A fachada da pensão/actual Café Restaurante "Gato Preto"

Largo do Gato Preto: Uma Lenda ?!

Este é o nome popular por que é conhecido o Largo Paio Guterres, em Leiria.

A primeira designação que se lhe conhece é Rua dos Banhos, que já vem na planta da cidade do séc, XV, a mais antiga que se conhece. No séc. XIX passou sucessivamente a ser conhecido por Largo Paio Guterres (18-12-1877) e Largo de S.João (30-04-1885), a pedido dos moradores daquele local. Ainda hoje existe uma imagem de S. João num nicho colocado e preservado religiosamente na parede da casa comercial que faz esquina com o Largo das Forças Armadas.

A Câmara Municipal, em 29-12-1921 alterou-lhe novamente o topónimo para Largo Paio Guterres, que foi o primeiro Alcaide de Leiria, ainda no reinado de D. Afonso Henriques. E assim se tem mantido este topónimo até aos dias de hoje. Oficialmente. Continuamos, instintivamente, a denominá-lo, no nosso dia a dia, como o “Largo do Gato Preto”.

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Qual, então o motivo porque este Largo continua a ser conhecido por “Largo do Gato Preto”?

Neste Largo existe uma referência incontornável e extremamente usada como símbolo identificativo do local, que é um painel de azulejos com um gato preto na parede do prédio onde está instalado desde há muitas décadas, um estabelecimento ligado à restauração, tendo sido pensão e residencial afamada durante muito tempo. Há cerca de seis anos, aquando das obras de renovação das infra-estruturas de saneamento e do pavimento, ficaram representados no pavimento, em pedra de cantaria, vários gatos, ao longo da casa do “gato preto”, o que vem reforçar a tese da preservação do simbolismo do gato naquele Largo.

É caso para perguntar:

Porque razão é que a Câmara Municipal de Leiria não repõe a toponímia daquele Largo para “Largo do Gato Preto” já que essa é que é a verdadeira tradição da cidade? Fale-se do Largo Paio Guterres e ninguém conhece; refira-se o “Largo do Gato Preto” e toda a gente sabe onde se localiza.


Recentemente, um casal de jovens, com ligações familiares íntimas aos primitivos utilizadores daquela pensão, empreendeu uma bela e romântica aventura empresarial, instalando neste estabelecimento o “Caffé Gato Preto” que, paulatinamente, se está a impor no tecido empresarial do Centro Histórico. Estes jovens estão decididos a lançarem-se numa iniciativa, que se antevê bastante laboriosa mas profícua, usando a história e a tradição poética da cidade. Àquela zona específica estão fisicamente ligados poetas célebres, como Francisco Rodrigues Lobo, Afonso Lopes Vieira, Acácio de Paiva, José Marques da Cruz. O próprio Eça de Queirós inspirou-se na vida da cidade de Leiria de fins do séc. XIX para escrever o seu mais conhecido trabalho literário e um dos mais divulgados pelo Mundo fora: “O Crime do Padre Amaro”. Todo o enredo deste celebérrimo romance ronda as imediações daquele Largo ou não tenhamos nós que referir, nessa circunstância, a Rua da Tipografia, a pensão da Isabel Jordão, a Igreja da Misericórdia, a Rua Direita, o Largo da Sé, a “Pharmácia Paiva”, a Praça Rodrigues Lobo, a Rua Almeida Garret, etc.


Aqui chegados, talvez tenhamos alcançado a possível, diria mesmo, mais que provável, razão para que este Largo se tenha mantido vulgarmente a ser conhecido por “Largo do Gato Preto”.


José Marques da Cruz, Nasceu em Famalicão – Cortes - Leiria em 1888 e formou-se em Direito, em Coimbra, onde ainda escreveu três obras. Em 1912 emigrou para o Brasil e por lá ficou definitivamente, continuando a escrever, sobretudo poesia, mas dedicando-se essencialmente ao ensino em vários colégios e na Universidade de São Paulo. Ele próprio fundador de alguns colégios, foi também director da revista "Castália" e colaborador na revista "Filologia Portuguesa". O soneto "Lenda do Lis e Lena" é o seu trabalho mais famoso. Morreu em 1958.

(Síntese biográfica adaptada de http://jornaldascortes.no.sapo.pt/ilustres.htm)


Marques da Cruz, escreveu o livro “Eça de Queirós - a sua Psique”, ed. Melhoramentos, esgotada, mas que se pode consultar no Arquivo Distrital de Leiria. Neste trabalho, Marques da Cruz entrega-se a uma refinada análise da personalidade do grande Eça, acompanhando-o no seu percurso pelas várias localidades que percorreu, em viagem ou estadias nas suas lides profissionais e/ou trabalhos literários. Dedica um capítulo à conhecida permanência de Eça na cidade de Leiria, em 1870. De facto, como Eça de Queirós queria ser cônsul e, como nesse tempo, essas funções só podiam ser exercidas por quem já tivesse sido funcionário público há, pelo menos, seis meses, este conseguiu ser nomeado, em 21 de Julho de 1870, administrador do Concelho de Leiria.

Eça nunca morreu de amores por Leiria, bem pelo contrário, aproveitava todas as oportunidades para se referir a esta cidade, de cinco mil almas, com sarcasmo e ironia.

Valia-lhe, na oportunidade, ter vários amigos em Lisboa, cultos, alguns escritores que fizeram Escola, nomeadamente Ramalho Ortigão, com quem se escrevia regularmente e se encontrava com bastante frequência, muito particularmente porque os dois fizeram uma parceria para escrever “O Mistério da Estrada de Sintra” e as “Farpas”. Numa dessas cartas a Ramalho Ortigão falava “do seu exílio administrativo” e dizia: “ Eu morava numa rua estreita. De um lado, tinha as velhas paredes da Misericórdia, onde as corujas piavam; do outro, as torres da Sé, onde os sinos faziam rolar pelo ar os seus prantos sonoros”.

Eça foi sempre supersticioso. Diziam sempre os velhos leirienses, que, se Eça visse na rua um gato preto, voltava logo para trás, procurando ir por outra rua” – escreve Marques da Cruz.

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Pelas referências deixadas pelo próprio Eça, essas ruas por onde, ao passar, estava sempre a olhar pelo canto do olho à busca de algum gato preto eram as que iam desembocar ao actual Largo do Gato Preto, nomeadamente a Rua Almeida Garrett, a Rua Direita, que seria a mais directa para percorrer o caminho da casa onde estava hospedado na Rua da Tipografia e o seu escritório de Administrador do Concelho, no Largo da Sé, no primeiro andar da esquina com a Rua da Vitória e outras que tais. Todas, ruas estreitas e de temer, principalmente à noite, para quem, como ele, era extremamente supersticioso.

Não me foi possível comprovar em absoluto que a fachada que contém o painel de azulejos com o “gato preto” estará na origem do nome do Largo onde se encontra. Ou será que o Largo já era conhecido com a actual designação antes da construção do painel? Pode afiançar-se serem estes episódios em que intervém Eça o efectivo motivo desta designação do Largo do Gato Preto?

Por mim acharia muito interessante que esta teoria pudesse ter vencimento!...


nota: vivo desde 1966 em Leiria. Tenho intentado em variadíssimas oportunidades certificar-me da origem concreta do nome por que o Povo se habituou a designar este Largo independentemente das deliberações e contra-deliberações da Câmara; Largo do Gato Preto.
Foi assim que decidi publicar este ensaio acerca da justificação do nome do Largo do Gato Preto, em Leiria.
Quem terá informações para me contraditar?

Contacto: nunes.geral@gmail.com

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2009/04/11

Plátanos e o Mosteiro da Batalha

(clic para ampliar)

Capelas Imperfeitas no Mosteiro da Batalha.
Há que acrescentar que as podas dos Platanus também não são nenhuma perfeição. Pelo contrário, são ambiental e tecnicamente imperfeitas. Incorrectas, inadmissíveis. Só se pode tolerar parcialmente um argumento de peso. O facto destes Platanus terem sido plantados num local e de forma a que, em poucos anos, ficariam, irremediavelmente, a tapar a vista sobre um dos mais espectaculares monumentos do Mundo. Mas, assim como não se estropia um ser humano só porque é demasiado alto e gordo e está a tapar a vista das pessoas que estão à sua frente para ver um espectáculo raro e Belo, também se devia ter tido a devida atenção quando os Platanus foram plantados naquele local. O Mosteiro da Batalha já lá estava há muito tempo, de certeza absoluta!...

De qualquer modo:

HÁ ALGUM MONUMENTO MAIS IMPORTANTE QUE A NATUREZA?
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2009/04/09

Páscoa Feliz!...

Já alguém se encarregou de a retirar do meu jardim, junto ao muro que dá para a via pública!
Mas de tão bela que ela ficou na foto, certamente que esta rosa encarnada Pascal agradará a todos os meus amigos que por aqui vão passando, mesmo que à bolina!...
Com um grande abraço!
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2009/04/07

Ilha de Bazaruto - Moçambique - poema na II Antologia de poetas lusófonos

Que me desculpem todos os poetas que participaram da II Antologia de poetas lusófonos, edição da Folheto - Edições & Design, 2009, oriundos de variadíssimos países, alguns que nem são propriamente os históricos países de língua oficial portuguesa. Sabendo que o Editor e o autor me concedem tacitamente este privilégio.
Transcrevo o poema de Isaías Gomes dos Santos. E permito-me subscrever o sentimento por Moçambique, que dele emana com tanta nostalgia! A fazer-me recordar Nampula, Ilha de Moçambique, Tacanha, Maputo (nos anos 60!)...o nascimento da minha filha Inês (Nampula, 1969), hoje mãe de dois outros amores da minha vida: a Mafalda e o Guilherme.

NO BAZARUTO, MOÇAMBIQUE

No Bazaruto
sopra forte o vento
e o que escuto
não é um lamento
mas uma saudação.
.
Ribomba forte o trovão
em toada frenética e repetida
grinalda rica e bem tecida
imposta no peito de nossas gentes;
manifestações claras e eloquentes
do que ficou na alma e no coração.
.
Lugar único de cumpleaños
assim entendeu a manuela
o Carlos Dias e também ela;
deste paraíso terreal
ficámos todos, afinal,
cativos para sempre e todos os anos.
.
No Bazaruto
sopra forte o vento
e o que escuto
não é um lamento
mas uma saudação.
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nota: A pequena ilha de Bazaruto fica na parte Sul da Costa de Moçambique, perto do Maputo.

2009/04/06

Mosteiro da Batalha - Apresentação da II Antologia de Poetas Lusófonos

A Orquestra Filarmónica das Beiras em plena actuação nas Capelas Imperfeitas do Mosteiro da Batalha, a anteceder a sessão de apresentação da II Antologia de Poetas Lusófonos
Já no Auditório do Mosteiro da Batalha.
A Mesa que presidiu à sessão, podendo destacar-se o Director Editorial e autor do Preâmbulo, Adélio Amaro (2º da esquerda para a direita), o Engº Carlos Henriques, Vereador da Cultura da Câmara Municipal da Batalha, o Director do Mosteiro, Dr. Júlio Órfão e o Dr. Arménio de Vasconcelos, autor do Proémio e que dissertou sobre a História da Poesia e a sua influência na Cultura dos Povos em geral e da Lusofonia em paticular. O último da direita é Nuno Brito, Açoreano de S. Miguel, que participou na sessão cantando e tocando à viola várias canções conhecidas, nomeadamente "Amar-te perdidamente" duma telenovela recente da TVI.
Graça Magalhães, natural de Moçambique, residente actualmente em Viseu. A declamar o poema "Mãe".
Carmindo Carvalho de Moimenta da Beira dizendo "Sorriso sarcástico".

(CONTINUA)
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2009/04/05

Preparativos para as Europeias 2009


(clic para ampliar)
Podem crer que só pretendia reclamar contra a colocação de tantos cartazes de propaganda nas rotundas. E se algumas até são bem bonitas, bem ajardinadas e airosas, como é este o caso! A rotunda do Hospital de Sto. André, em Leiria.
Mas...será que a seta significa tão só que aquele é o sentido obrigatório para quem vai entrar na rotunda ou poderá sugerir algo mais?...
Já agora:
- Tem a certeza de que tem andado a circular correctamente nas rotundas com o seu automóvel?
- Sabe que os Euro-Deputados passaram a auferir uma remuneração base mensal de 7.500 €uros? Nada mau!...fora as ajudas de...isto e aquilo, etc.
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2009/04/03

Lusofonia em poemas

No meio de muitos e belos poemas, poder-se-á encontrar um, muito simples, intuição empírica, deste vosso amigo interlocutor.
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2009/04/02

Livro infantil - Dia internacional


Livro Infantil 2009: mensagem dia internacional


(desenho retirado daqui)

Hoje, lembrei-me de escrever algo relacionado com o dia do livro infantil. A rádio matinal chamou-me a atenção para esse facto. Tenho três netos, 13, 10 e 2 anos. Tudo temos feito, eu e a Zaida, para os motivar - nalgumas ocasiões, com a sensação frustrante de se remar contra a maré da actualidade - o mais do que somos capazes, para a leitura de livros. Tendo feito uma passagem por um blogue que me habituei a considerar como uma referência importante no mundo do Ensino em Portugal, aqui me atrevo a sugerir que se leia o post lá transcrito alusivo ao tema.
Entretanto, no livrinho de poesia, "Talvez", ed. de 2008, Folheto Ed.- Leiria, a Zaida deixou escrito este poema, que acho muito sugestivo e apropriado para o momento:

Magia
.
Quando eu nasci, nada sabia.
Quando eu nasci, nada podia.
.
Tu, Mãe,
Ensinaste-me a a sorrir
A falar, a amar.
.
Tu, Mãe,
Ensinaste-me a andar
A correr, a saltar.
.
Tu, Mãe,
Ensinaste-me a ler
A escrever, a cantar.
.
Então, um dia, eu li um livro
E descobri que também podia voar...


Zaida Paiva Nunes