2010/11/18

Almada Negreiros e a actualidade

Sempre desejou que a produção artística se orientasse pela linha de renovação dos países já animados do espírito europeu - o que pode explicar a tendência provocatória de alguns dos seus manifestos (com destaque para o conhecido Manifesto Anti-Dantas) e o ter participado e fomentado muitas das manifestações culturais realizadas no seu tempo em Portugal.(*)
(Ouvir aqui na voz do grande Mário Viegas)

Sou um ouvinte compulsivo da Antena Um. Vinha eu de regresso de Monte Redondo para Leiria, via A17, claro, a ouvir aquela estação de Rádio.
Eis senão quando começo a ouvir uma gravação do célebre "Manifesto Anti-Dantas". Ampliado pela voz excelente do diseur, relembrei aquele extraordinário texto, a veemência dum Manifesto autêntico, escrito por uma das figuras mais importantes da cultura portuguesa do século XX. Tinha, Almada, 23 anos. 
No Verão passado comprei em Monte Gordo, numa feira das Velharias, um livro antigo em que se faz a apologia da vida e da obra de Júlio Dantas. Ou seja, sem dúvida, que Júlio Dantas foi um escritor controverso e alvo de muitas críticas dos seus contemporâneos.

Precisamente hoje comprei o livro nº 11 da colecção "Pintores Portugueses", edição da Quidnovi em colaboração com o HH - Instituto de História da Arte e o jornal "Público" que está a promover a sua distribuição semanal, à Terça-Feira. Decidido a rever e actualizar informação sobre a Pintura Portuguesa ao longo dos tempos, assinei em tempo toda esta colecção. Esta semana deu à estampa o livro, cuja capa se reproduz acima. O seu autor é André Silveira, doutorando em teoria da Arte pela faculdade de Ciências Sociais e Humanas da Universidade Nova de Lisboa.

Almada Negreiros viveu entre 1893 e 1970.

O percurso da sua carreira multi-facetada multiplicou-se entre a caricatura, o desenho, a poesia, a prosa, a dança, a cenografia, a coreografia e a pintura.

Muito se devia saber sobre a vida e obra de Almada Negreiros, até pela necessidade que todos nós, portugueses, temos de tentar perceber como nos posicionarmos, nos tempos que correm, quer em termos nacionais quer até em relação à própria Europa, como um caminho para o nosso Futuro. Simplesmente, Almada Negreiros como Fernando Pessoa (os dois participaram em conjunto no muito estudado fenómeno da pubicação das revistas Orpheu e Portugal Futurista) como tantos outros vultos da nossa história literária, artística, criativa enfim, requerem que os estudemos na devida profundidade para que daí possamos retirar as sínteses necessárias.
Como dizia Fernando Pessoa: "Creio na Síntese, sempre"

Almada Negreiros escreveu, em dada altura da sua vida:

"A História da Humanidade

começa exactamente por um fracasso,
o fracasso da primeira colaboração
entre pessoas"


Fica-se a cismar!...
-
(*) Texto retirado daqui
Posted by Picasa

2010/11/17

Hoje, em Leiria, ao meio-dia


(Clic para ampliar)
Leiria, da Alameda sobranceira ao Largo 5 de Outubro de 1910, este nome ele próprio para lembrar da Implantação da República em Portugal (o que é feito dos ideais dessa I República?!), o rio Lis, à minha beira, a sussurrar baixinho, ao passar pelo centro da cidade.
Pouco passava do meio-dia, hoje mesmo.

Basta olhar
com devoção
para admirar
o coração

de uma cidade
como Leiria...
Posted by Picasa


2010/11/15

Miscelânea de emoções



Já tenho idade para ter juízo. 
Ando/amos muito inquietos, mas a verdade é que estamos nas mãos dos nossos mandatários, a quem delegámos, através do voto, a autoridade de governar os destinos de Portugal, a bem de todos.
Claro que, entretanto, acabamos por perceber que esta procuração que outorgamos, periodicamente, é uma assinatura numa folha em branco...assim tem sido. 
Bem sabemos que esta situação é revogável.
Temos políticos à altura das circunstâncias? Eis a questão!


Sinto-me em estado de alerta máximo!...
O que vem por aí?
-
O monte que vêm na foto chama-se o da Maúnça. Desde os tempos mais antigos da aviação que aquela relevância geológica serve de ponto de referência para os aviões que levantam voo da Base Aérea de Monte Real. Claro, hoje em dia, aquele monte já é praticamente irrelevante para orientar a navegação aérea, dadas as ultra-sofisticadas teconologias utilizadas pelas aoronaves, mesmo as civis e de uso particular (ainda há quem tenha posses para usufruir dessas prerrogativas!).
Esta foto é de um deste dias, ao cair da tarde.
-
Os meus gatos (quer dizer da Zaida, que é quem cuida deles com todo o esmero, eu limito-me a gostar e brincar com os bichanos, quando estou para aí virado), estão na janela virada para aquele monte, o da Maúnça, mas naquele preciso momento, estavam com a atenção muito concentrada noutra coisa, que não a paisagem.
-
E cá voltamos ao mesmo. A Democracia obriga-nos a andar quase todos os anos em campanhas eleitorais. Agora aí temos as Presidenciais. E os problemas reais do País? E as medidas anti-populares que estão a ser tomadas para tapar os buracos orçamentais que se deixaram aprofundar ao longo destas últimas décadas?

Bolas! Já começo a ficar desorientado com tanta informação e desinformação no que respeita às contas públicas portuguesas, entrelaçadas para o pior com as da Grécia, agora da Irlanda e já na calha as da Espanha!
Será que em Portugal tudo o que se passa connosco é mau? Está mal feito? Não há nenhuma medida que se possa justificar em nome dos supremos interesses da Nação?
Pois, que Nação? Que portugueses? A sociedade portuguesa está demasiado estratificada! Sempre esteve, diga-se, em abono da verdade!

Já se anda por aí a vociferar que o melhor é sairmos da zona Euro. Agora?!...

Precisamos é de um Governo de Salvação Nacional, já!
Posted by Picasa

2010/11/14

Leiria: mirar o Outono de 2010 no Jardim Luís de Camões




(penso que vale a pena ampliar, 
para melhor observar)
Diz-se que uma fotografia vale por mil palavras!
Tantas palavras que estas imagens nos podem transmitir!
Mais palavras para quê?


Pois se nem Camões com todos os cantos dos Lusíadas?
Nem o primeiro Rei de Portugal na conquista e reconstrução do Castelo de Leiria?
Nem a Rainha Santa Isabel com o seu Milagre das Rosas, a mediar a partir deste mesmo castelo?


Foram suficientemente convincentes de modo a contribuírem para a melhoria da nossa auto-estima?


Que Outono este, o do ano da graça de 2010!


Para ultrapassar rapidamente, mas com atitudes reflectidas, a actual situação política e económica de Portugal, temos que nos sentar a dialogar, pensar no que queremos para todos, com seriedade, serenidade, sem precipitações, e, acima de tudo, sem egoísmos exacerbados e corporativos.
Sejam políticos, sociais, económicos ou religiosos!


Afinal, os políticos de todo o Mundo não apregoam aos sete ventos que a sociedade actual deve rumar à Justiça e Fraternidade entre os Homens?


Tanto egoísmo!
Tanta ganância!
Tanta injustiça!


Já viram como este Outono parece uma Primavera?
Esperemos que seja de bom augúrio!
.
Posted by Picasa

2010/11/12

Esperançosos? Esperançados? Eis a questão!

.
OS ESPERANÇADOS


Porque é que esperais?
Que os surdos vos ouçam
E que os nunca-fartos
Vos dêem alguma coisa!
Que os lobos vos alimentem em vez de vos devorarem!
Que por gentileza
Os tigres vos convidarão
Pra lhes arrancardes os dentes!
É por isso que esperais!
-
Bertolt Brecht

Poemas
Versão portuguesa de Paulo Quintela
Ed. ASA 2007


in
colecção terra imóvel


"...e a esta terra imóvel
onde já a minha sombra
é um traço de alarme."


Luiza Neto Jorge

2010/11/10

Regresso às origens?

Nos arredores de Leiria


Ontem, 9 de Novembro de 2010,
uns dias antes da chegada do FMI?
que - há quem diga - não é nenhum papão...
Mas eu, não sei, não!...
Posted by Picasa

2010/11/07

Leiria - Um recanto de encanto em dias de desencanto!...

Não me canso de acompanhar este recanto do Jardim Luís de Camões - Leiria: acer falso plátano; faia púrpura; liquidâmbar; melia azedarach.
Pormenor das folhas do liquidâmbar no Outono. Esta é uma das árvores que mais me emocionam com as cambiantes com que nos brinda durante as várias estações do ano.
Pormenor da copa da faia que faz parte deste conjunto encantado. Muito perto, o Largo Alexandre Herculano (leia-se uma carta que escreveu do seu retiro na Quinta de Vale Lobos, em que se refere às suas três amadas faias, cuja sombra protectora dizia ser preferível a visitar museus e viajar. Já desiludido da vida mundana e da política)

Entretanto, as rádios, televisões, jornais, só nos mostram o símbolo do Euro (furado), falam-nos de Orçamento do Estado, Déficit, Dívida Pública (Talvez que a China nos ajude... com contrapartidas, claro está), Cavaco Silva a falar de mudanças de sistema económico (que mudanças? Porquê agora? precisamente nesta altura? porque não quando foi 1º Ministro?).

Apetece ficar pasmado a olhar para a beleza e sossego encantado deste recanto, junto ao rio Lis, murmurar versos dos poetas que o têm cantado ao longo dos tempos, que aqui encontraram as suas musas inspiradoras!...

E esquecer a vida atribulada que levamos. E o Futuro incerto, carregado com cores de drama, que aí se avizinha!?...
Posted by Picasa

2010/11/04

Somos um Povo que quer VIVER!...



Aqui é Portugal, Leiria.
E em Portugal vive um povo
que tem direito
a uma vida digna.
Um povo com muitos séculos.
Um povo com história, muita!


Vale a pena lutar
para que estas imagens
que nos alegram o olhar
continuem a ser nossas.
Não podemos defraudar
os nossos avós.
Foram eles que nos deixaram
este legado, de vida, de liberdade.
Que lutaram até à exaustão,
até à morte
para que estes olhares
fossem nossos.


Temos que ganhar coragem
para enfrentar esta crise
medonha, peçonhenta,
que num repente nos entrou
alma dentro, qual ferrete em brasa
como se estivéssemos a sair
duma anestesia total
a que temos estado sujeitos
ao longo de anos e anos
sem conta, sem medida.


Quem nos andou a enganar?
Sócrates?! E os outros Governos?!
Foram todos os Deputados
Ministros das Finanças
Presidentes da República
que durante todos estes anos
de deixa-andar, o Estado paga
não se assumiram com a coragem
que era necessária
para pôr ordem nas Contas Públicas!


Os senhores da UE também
nós próprios, em roda-livre,
que nos deixámos convencer
que o Futuro seria luminoso
um mar de Euros
para consumir até mais não!


Aí está à vista de todos nós!
Orçamento do Estado finalmente
a reflectir a desgraça em que este País
de nome Portugal está a cair,
a culpa é de todos nós,
também da conjuntura internacional,
da máquina implacável da agiotagem global,
sempre à espreita dos mais débeis,
quais abutres nos seus voos sinistramente circulares,
a lamberem as beiçolas
na antevisão de poderem degolar mais uma vítima
(que representa 10.000.000 de seres humanos).


Nós que somos parte integrante dum sistema monetário
que era suposto ser capaz de afastar os especuladores financeiros
que nos querem sugar
o sangue, suor e lágrimas
com que este País
foi edificado
ao longo de séculos!...


...
Pode ser que AMANHÃ seja OUTRO DIA!...
Posted by Picasa

2010/11/01

A úlima morada


Cemitério de Sto. António do Carrascal - Leiria, hoje
Ainda que só amanhã é que seja o Dia («oficial») dos Fiéis Defuntos
In extremis, ao findar do dia de hoje, 1 de Novembro de 2010

A última morada



Chamam-lhe a última morada...


Lugar mórbido,
Lugar sinistro...


Flores e velas, para quê?
Para quem?
Por uma recordação?
Por pó?
Por nada?


Porquê a última morada?


O que é eterno,
Subiu à Eternidade.


O que é da terra,
Morreu, já não existe.


De quem a última morada?
De quem?
Se aqui já não há nada!

1/11/2007
Zaida Paiva Nunes
in "Talvez" - ed. Folheto 2008

-
Mesmo assim, lá fomos, eu e a Zaida, cumprir o ritual de deixar flores na campa do meu sogro, que morreu e foi enterrado em 1994...
Em tempo, nós, também, fizémos questão de lhe prestar uma homenagem que julgamos merecida, escrevendo o livro "José Teles de Almeida Paiva - 1917-1994 - Uma Vida, Uma Época, Uma Cidade", Ed. Folheto - Leiria.
Posted by Picasa