2011/10/07

Mangualde - Terras de Azurara


Reprodução de duas páginas de um livro com descrições histórico/geográficas, edição já antiga mas muito elucidativa da história social e geográfica de Portugal, da responsabilidade da Fundação Calouste  Gulbenkian, que contém apontamentos de extraordinário interesse. Fiquei com vontade de adquirir esta obra, em dois ou três volumes, se bem percebi. Li este, que aborda a zona centro, nas instalações do Solar dos Condes Costa Cabral, uma insígnia muito simbólica destas terras de Azurara. 

Não fossem estes sinais inequívocos de Outono, quem diria que, nesta altura do ano, em plena zona centro/área da influência natural da Serra da Estrela, com 32 graus de temperatura ambiente, não estaríamos, pelo calendário, em plena estação das castanhas, bem bonitas que elas se apresentam neste jardim do solar dos Azurara, no centro da cidade de Mangualde? 
Uma pequena cidade do centro de Portugal, é certo, mas bem recheada de património (solares, igrejas, casas senhoriais, quintas muradas com vários ha em pleno centro, árvores centenárias... e aqueles pasteis de feijão(*) fabricados e vendidos na pastelaria do Centro Paroquial...são, de facto, uma delícia divinal).



No horizonte próximo, a silhueta da Serra da Estrela, num dia de Outono estival.
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(*) BlueShell, foi mesmo de passagem...
@as-nunes
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Viseu e Casal de Ribafeita

Estávamos a chegar à cidade de Viseu, na Beira Alta - Portugal. Preciso estas referências porque no Pará - Brasil, também existe uma cidade bem bonita chamada precisamente Viseu. Viva o Pará, não se deixem dividir!...
Quer dizer, entramos pela zona do Campo, entroncamento de vias como a A24, que vem do IC3, que liga também à A25 (ex-IC5), que liga Aveiro a Vilarformoso. Estávamos a descer a Av. da Europa...
Fomos almoçar e passar parte do dia com os meus pais, Daniel e Encarnação, 86 anos, na minha aldeia Natal, Casal, freguesia de Ribafeita, em Viseu. O aspecto que se observa na foto, retrata a rua principal, como ela é hoje. Ainda me lembro de esta rua ser de terra batida, só nela passarem carros de bois e não haver energia eléctrica. Andávamos com candeias a petróleo ou os chamados "petromax". Os serões eram passados na zona da lareira, que também era cozinha e, às vezes, sala de estar.
Gravações feitas na parede da casa ao lado da dos meus pais, junto à fonte (cuja água, no presente, é imprópria para consumo, mas que era a principal via abastecedora de água para cozinhar e beber, transportada em canecos de barro, normalmente pelas mulheres). Segundo me chegou a informar o habitante dessa casa (já me esqueci do nome...), pretendeu perpetuar a memória de dois acontecimentos históricos que se terão passado ali, naquele sítio: um é o local onde fez ricochete uma bala disparada pelas tropas francesas aquando das invasões peninsulares; o outro tinha a ver com um outro disparo relacionado com uma briga que metia um judeu e já não sei que mais (pode ser que alguém mais informado ainda aqui possa vir a explicar melhor os factos que aqui deixo aflorados).

Tive que regressar à aldeia, passadas umas horas, que me tinha esquecido da carteira dos documentos.
Na direcção da serra da Gardunha, o Sol estava a escapulir-se, não sem antes reclamar contra o facto de os fios  condutores de electricidade e telefones continuarem pendurados nos postes, como se não fosse mais que tempo de os passar através das tubagens que já há, mas que são mal aproveitadas.
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2011/10/05

República ou Federação de Estados?

Em 5 de Outubro de 2005.

Parece-me que estou a conhecer este republicano português!
Outros tempos!...
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6 anos decorridos, que expectativas para esta República?

Estaremos na III República? Ou já na IV?

Ou já não temos outra solução que não seja virmos a integrar uma Federação de Estados da Europa?

Começa a tornar-se cada dia mais claro que nós, portugueses, e restantes povos da Europa, cada um com a sua História própria, teremos que encarar seriamente a ideia de unirmos esforços com vista à criação de um espaço comum, que não seja só económico.
Será este o momento em que, finalmente, os Europeus, depois de tantas vicissitudes por que passámos, pelo menos desde a Idade Média, nos conseguiremos unir numa Federação em que a Solidariedade entre Estados seja realmente um facto?

Haverá outra saída para ultrapassar o risco iminente de a Europa perder o seu lugar no actual contexto mundial?
@as-nunes
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2011/10/03

Está tudo em Ordem?!...






Hoje ao anoitecer, no Vale do Sirol,
de facto parecia que tudo estava em ordem:
A Lua lá estava no seu Quarto Crescente da ordem;
o Sol estava a desaparecer no horizonte para Ocidente, como manda a ordem cósmica;
os choupos (ainda que carecas, como é da ordem, nesta altura do ano) estavam alinhados entre si e em ângulo recto da ordem com os fios eléctricos;
o muro de limite duma habitação estava alinhadinho e bem ordenado ao longo da rua da Ordem.


No entanto, a placa toponímica da rua da Ordem, 
obedecendo, talvez,
à ordem dos caracóis,
desfocava o campo, florido, no plano seguinte.


A Rua da Ordem estava, aparentemente, em Ordem...
Mas... e aquele prado em flor!?...
Oposição à Ordem?!...


Será que para haver Ordem
a Natureza terá de recorrer à Desordem?


Motivos para
interrogações e exclamações
não nos faltam.


Desgraçadamente!...


@as-nunes


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2011/09/29

Leiria: a história rocambolesca da Rua Ramalho Ortigão

Por aqui passava a histórica "Estrada das Cortes", a EM 256, agora interrompida com uma rotunda, logo a seguir a Quinta de S. Venâncio, do lado esquerdo e a Quinta de Vale de Lobos, do lado direito. O IC36, como que a voar por cima do Vale do Lis. Vamos lá a ver como é que os Engenheiros implantaram todos aqueles monstruosos pilares em pleno leito de cheias do Lis, uma zona agrícola por excelência, votada ao abandono em troca do "Desenvolvimento"?!


O IC36, em rápido progresso de construção, na zona da estrada das Cortes (melhor, a Estrada de Vale de Lobos), os plátanos vistosos da Quinta de S. Venâncio a emergirem deste monstro de betão e alcatrão, qual serpente ondeante em direcção à localidade de Pousos 
(uma comissão de moradores e proprietários a sentirem-se fortemente lesados em virtude de uma extensa área junto ao cemitério ter sido, pura e simplesmente, esventrada a céu aberto, em vez de se ter utilizado a técnica do túnel, o que levou ao desaproveitamento de muitas terras e à desertificação de mais uma significativa área florestal).  


Este carvalho terá, pelo menos, 300 anos, segundo me informaram moradores desta zona de Leiria. O chão está atapetado com as suas bolotas, que o Outono está a usar como meio para ilustrar a sua pintura na paisagem.
Aqui, neste chão em bruto, qual caminho rural, para os antigos carros de bois, começa/acaba uma rua a que a comissão de toponímia acabou por chamar pomposamente "Rua Ramalho Ortigão". Soube da história que estará na origem desta decisão. Este local, mesmo ao lado da rotunda da 1ª foto, agora  aberta ao tráfego, mas ainda em fase de implementação
(vai permitir que se suba para o tabuleiro do viaduto do IC36 que vem do Telheiro e segue ao lado da Quinta de S. Venâncio, atravessa o rio Lis, continuando pelo Vidigal  e Pousos, para finalmente chegar à extremidade nascente: a A1)
era uma zona habitacional constituída por três casas no interior duma zona florestal 
(à base de Carvalhos, que, entretanto estão a ser derrubados inclementemente
e que, por necessidade de acessos para automóveis, passou a ser servida por um caminho em terra batida. Levantou-se a questão do nome a dar a esse caminho. Pôs-se a hipótese de se lhe dar o nome dum antigo proprietário duma dessas casas, que se chamava Ramalho. Vai daí, não sei se para satisfazer parcialmente essa pretensão, acabaram por atribuir a este caminho o nome de Rua Ramalho Ortigão. Uma atitude bastante imprópria, diga-se, pelo manifesto menosprezo dado à figura do grande escritor, companheiro de tertúlia literária de Eça de Queirós.
Neste momento, dadas as obras em que toda aquela área está envolvida, nem sei bem como é que se está a pensar resolver o traçado dessa rua. 
O que espero é que, pelo menos, alguns carvalhos centenários que terão ainda resistido à força bruta das máquinas de movimentação de terras que tudo arrasam em horas, possam ser preservados. Em conversa com uma senhora já duma certa idade e que mora naquela zona, o "Casal de Vale de Lobos", ela própria se manifestou veementemente a favor do não abate desses carvalhos (Quercus robur, na maioria dos sobreviventes).
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Já aqui abordei o tema desta rua, em tempos em que nem sequer se falava no IC36.
(Pode seguir-se este link)
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Moral desta indigente história: o nome "Ramalho Ortigão" foi atribuído a esta rua (que já nem é nem deixa de ser rua) em "homenagem" a um dos pioneiros daquele "Casal" ou em sinal de deferência para com um grande vulto das nossas Letras?!... 
@as-nunes
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2011/09/28

Leiria numa encruzilhada...

Do Alto dos Capuchos podem fazer-se observações impressionantes. As transformações radicais que toda esta zona tem sofrido nos últimos anos! Uma boa parte deste monte e dos vales dos rios Lis e Lena deviam ter sido mais protegidos, do ponto de vista ambiental e paisagístico. O próprio património histórico desta área está em risco iminente. Inclusive, o antigo Convento dos Capuchos e a respectiva capela, que também já foi Hospital Militar, uma relíquia que devia ter sido preservada, tem os seus dias contados. Infelizmente, já não tenho qualquer dúvida.

O que se pode ver nesta foto: O IC2, que já não é IC2 visto que o transformaram numa Auto-estrada, a A19, num percurso limitado (com certeza para nos porem a pagar mais uma portagem, não tarda nada), uma ponte/rotunda aérea, ligações para a Marinha Grande, para a  A19 ou IC2 como se lhe queira chamar (por enquanto), mais acima (ao lado esquerdo, já fora da área da foto), mais rotundas aéreas, umas quantas, seguidas, para encarreirar as pessoas/automóveis para o Shopping, IC36, A8, A17, A1, mais acima ainda, tudo numa extensão de 1 km, outra rotunda aérea por causa do IC9 (Nazaré-Tomar, passando por Fátima, está claro, diz-se também que para ajudar a desviar o trânsito do IC2 que passa ao lado do Mosteiro da Batalha), enfim uma encruzilhada de vias rodoviárias, mais parecendo uma teia de aranha.
O que se passa? Havia necessidade de tantas vias rodoviárias? Com este índice de concentração? Impressionante! 
Existe algum plano revolucionário para o desenvolvimento rápido e sustentado de toda esta zona de Leiria? 
Tiveram-se na devida consideração todas as condicionantes ambientais imprescindíveis ao equilíbrio ecológico e à biodiversidade de toda esta zona? Desflorestações, movimentações impressionantes de terras, viadutos a ocuparem o Vale do rio Lis e do Lena (por aqui também anda o IC36, que vai ser a via de circulação externa de Leiria e que vai levar as pessoas/automóveis de e para a A1 e a A8 e a A19/IC2) é o que se vê por todo o lado!
Por este caminho, nós, os habitantes de Leiria, vamos passar a viver como se estivéssemos numa urbe betonizada e alcatroada por tudo quanto é sítio. 
Será que a nossa vida vai melhorar significativamente?!  
O conjunto arquitectónico, duas rotundas e uma ponte sobre o IC2/A19, que liga o centro de Leiria (ali na zona do célebre Estádio de Futebol que foi a leilão há dias, ainda não sei em que é que deu tal iniciativa) ao IC2/A19, que vai entroncar no IC36, que vai ligar a A8/A17 à A1 e que também vai passar por cima do IC9, que passa a 300 metros do IC36, do IC2 que vai passar a ser a A19 (é aquela que se vê na foto com um camion/camião de frente vermelha), que também vai direitinha ao Shopping, que desencaminha a população de Leiria, que deixa a cidade de Leiria às moscas, que também tem andado em muitas obras de requalificação para atrair as pessoas, que vão mas é para o Shopping, porque lá até têm onde estacionar o pópó de borla, o tempo que quiserem, de modo a poderem lá sentir-se como se estivessem na cidade, porque lá se vende de tudo e até se come e bebe e vai-se ao cinema e dá para marcar encontros que é mais prático e, às vezes, há lá espectáculos e muitas coisas mais, uff...
Uma maravilha!...


Ao descer do alto mais alto do Alto dos Capuchos (onde até houve em tempos não muito recuados, uma capelinha que deixaram destruir), ainda se consegue ver a silhueta do Castelo de Leiria.
Aleluia!...
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Se calhar sou eu, 
Produto da Natureza,
Que já não suporto 
Tanto betão 
E tanto alcatrão
E tanta desflorestação!...


Pois...
Como conciliar a crise económica, financeira e social que assola e amedronta os povos de Portugal, da Europa e do mundo (o terreno, uma partícula ínfima no Cosmos, apesar de tudo!...) com a necessidade imperiosa da preservação ambiental deste Planeta Azul, cada vez menos azul e mais negro?
@as-nunes
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2011/09/26

Enredados numa teia de jardim

clic para ampliar...a não ser que tenha medo de aranhas!?... eheh

A teia que nos enreda
É obra, apresenta-se bem
Na Madeira só se embebeda
Quem no Alberto se detém

Com um aranhuço assim
Os buracos são inevitáveis
Pra se viver no jardim
Com contas tão insondáveis

Já é tempo de rever
O mando praqueles lados
Certas contas há que fazer
Já farta sermos fintados

Nós aqui no contenente
Não somos nenhuns papalvos
Precisamos urgentemente
Desta teia sermos salvos
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Olhem só prò que me deu!
Instantâneo no meu jardim
A mosca lá a comeu
Esta aranha num frenesim


Olhem só para o que me havia de dar!...
Escrever para aprender...a escrever...poesia...(mesmo que livre da métrica e/ou da rima).
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nota informativa sobre esta aranha:

@as-nunes

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2011/09/24

A idade da Poesia



O Snr. Manuel . tem 97 anos. Faz parte do grupo de poetas de Alcanena, coordenação da Biblioteca Municipal desta vila Ribatejana.
Hoje, 24 de Setembro de 2011, um Sábado, durante praticamente toda a tarde, estivemos em tertúlia a tentar acompanhar a obra de Ana Luísa Amaral. Para autodidactas, na sua maioria, a tarefa não é fácil, mas constituiu um desafio emocionante.

No que me toca, foi mais uma experiência gratificante na minha caminhada - serôdia, talvez - para aprender a apreciar os variados estilos de poetas das mais díspares correntes literárias e artísticas. Acresce a todas estas dificuldades, uma outra - quiçá a mais complicada - que reside no facto de que Ana Luísa Amaral dedica uma boa parte da sua actividade a investigações Poéticas Comparadas.
Como sempre acontece, a coordenação destes encontros prepara uma brochura com a biografia e uma amostra da obra literária do autor, previamente seleccionado, a sugestão tomada por consenso dos participantes.

No final, como é hábito, os participantes lêem poemas de sua própria autoria, alguns escritos no momento e/ou expressamente para este efeito.

O poema cujo manuscrito se reproduz acima, do Snr. Manuel ., é assim:

Desce do céu meu amor
Vem abrandar a dor
Que me aflige e tortura
Que me há-de fazer sofrer
Enquanto eu viver
Até ir p´ra sepultura

Agora quando na tua rua eu vou a passar
Fito sempre o meu olhar
Na casa onde tu moravas
Mas não te vejo lá sorridente
Donde às escondidas da tua gente
Uns papelinhos me atiravas

Esses papelinhos eu ia apanhar
Mas só depois de espreitar
Se estava alguém na rua
Os lia com sofreguidão
Alegrava-se-me o coração
Com a forma como te assinavas - sou tua
-
Como ficar indiferente a tanta espontaneidade e singeleza de um poeta com quase 100 anos de vida, a evocar (talvez) a sua primeira, quem sabe, a única namorada da sua vida?!...
@as-nunes

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2011/09/22

Extrema ocidental da Europa: o Outono à porta...

Vale a pena ver o vídeo em écran panorâmico. As imagens podem parar-se segurando o cursor com o rato.
Informação por defeito.


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....................................................PAIXÃO


....................................Folhas caídas
....................................Caídas dos ramos
....................................Folhas caídas
....................................Caídas no chão
....................................Folhas que voam
....................................Folhas que bailam
....................................Num doce bailar
....................................E o vento d´outono
....................................É delas o par
...........................................
....................................E dançam  e dançam
....................................O vento e as folhas
...........................................
....................................Vermelhas  que lindas!
...........................................
....................................Será da estação?
...........................................
....................................Ou estarão coradinhas
....................................De pura paixão?
...........................................
...........................................      Zaida Paiva Nunes
Precisamente há um ano atrás coloquei neste meu blogue o seguinte post:
Outono com Fernando Pessoa
Até é uma vergonha. Este blogue com um cabeçalho a apelar à inspiração de Fernando Pessoa, tão pouco se lhe tem dedicado!... Falta imperdoável!...

@as-nunes