2007/11/02

Ao Finar do Dia de todos os Santos

Leiria, ao findar o dia, depois de duas horas de passeio de bicicleta ao longo de alguns dos percursos Polis na cidade do Lis.
Resumindo a crónica deste passeio, um tanto a contra-relógio, que os dias ficaram mais pequenos, desde que nos obrigaram a atrasar os ponteiros do relógio...
O grupo está formado e é constituído por 3 gerações. Três elementos, um da 1ª geração e dois da 3ª, vão de bicicleta. O 2º grupo vai dar apoio de carro, depois de ir fazer mais umas compras de última hora. Estamos a meio da tarde. Iniciamos o passeio desde o Largo da Sé. Atravessamos todo o Largo do Papa Paulo VI, subimos para o Marachão, viramos à esquerda e, logo a seguir, cortamos à direita pela ponte em ondas. Seguimos pelo Parque e retomamos o percurso ciclo/pedonal Polis ao longo do Lis, no jardim de Sto Agostinho. Esta zona é muito bonita. Atravessamos a 1ª ponte, junto ao antigo Convento, passamos entre o quartel dos Bombeiros Municipais e as quedas de água por trás do antigo Moinho do Papel ( a sua requalificação está a ficar com bom aspecto) e de milho também. Lá seguimos pela margem direita do Lis, atravessámos na passadeira junto à Ponte dos Caniços, atravessámos novamente o rio para a outra margem e lá seguimos reentrando junto à Quinta da Fábrica (ali perto está a Rua Miguel Torga, de quem vos vou voltar a falar em próximo post). Lá vamos nós, em direcção a Sul, pela margem esquerda do rio, começamos a trocar impressões sobre a necessidade de se lanchar, só mais um bocadinho, vamos lá a dar uma volta pelo skate parque. Lá chegados, constatou-se que a actividade era muita, que a rapaziada que lá andava, de bicicleta e skate, parecia ser pessoal já experimentado naquelas andanças. A minha sugestão, um bocado a contragosto do G. lá prosseguimos e aproveitámos para ir ao lanche. Com estas andanças todas, esqueci-me de levar o telemóvel, de modo que comecei a ficar preocupado que o grupo de apoio não nos encontrasse, o que acabou por acontecer.
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De regresso, fizémos o percurso inverso, só que, desta vez, parámos no "Parque dos Índios" para a M. e o G. brincarem um bocadinho. Que não podia ser muito tempo, o máximo 5 minutos, dizia eu. Lá me convenceram a ficar por lá mais de 10 minutos. É que o passeio começava a ser mais demorado do que o previsto e já estava a ficar preocupado como o grupo de apoio, que, por sua vez, não conseguiam dar connosco.
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Chegados à zona do Moinho de Papel(1) e das quedas de água dos Caniços, a M. e o G. lá me convenceram, mais uma vez, a parar para melhor observarmos aquela zona do rio. É realmente acolhedora, e a lembrar-nos, os vários poetas bucólicos e românticos que nos séculos XIX e XX incansavelmente cantavam as belezas do Lis, o sussurro das suas correntes, o ranger melancólico das suas noras, os fartos salgueirais, amieiros, choupos e outras espécies botânicas e até a rica fauna de bogas, barbos e enguias. E vêm logo à memória: Afonso Lopes Vieira(*), Acácio de Paiva(*) (que muito me toca em particular), José Marques da Cruz, António da Costa Pereira e outros... (*)
Tirámos fotografias (não há que admirar, que eu, como bem sabeis, ando sempre de máquina à mão, para o que der e vier).
Muito a custo lá convenci os meus jovens companheiros a prosseguir viagem. Atravessámos novamente o Lis para o lado do Jardim de Sto. Agostinho. Aqui démos uns giros e a M. e o G. aproveitaram para fazer o cavalinho com as bicicletas. Claro que o G. é que é o campeão nestas actividades desportivas, para que é um, digamos, super-dotado.
Acabámos o passeio no Parque da cidade, ali junto ao Bairro dos Anjos, onde aproveitaram ao máximo, em brincadeiras próprias para a idade, cujos equipamentos lá estão instalados e a funcionar em pleno. A luz do dia estava a ficar cada vez mais crepuscular e tive que me impor para nos irmos embora. Só nessa altura, o Grupo de Apoio conseguir dar connosco.
Bom, como é fácil de antever, lá levei um responso de todo o tamanho.
Então não se leva o telemóvel?!...
Acabámos cansados (falo por mim, claro, que a M. e o G. não mostravam sinais de fadiga). No entanto, parece que dormiram essa noite que nem uns passarinhos, depois de um dia a porfiar...

(*) Poetas já referidos neste blogue

(1) No séc. XV a moagem de cereais era uma das tradições de trabalho e de riqueza na região. Dos Caniços ao Arrabalde podiam contar-se sete moinhos, para além do pisão do papel, pertencendo uns aos Mosteiros de Alcobaça e de Santa Cruz de Coimbra e outros, ainda, a abastados proprietários que os podiam, ou não, alugar a rendeiros. Em 1411, D. João I permitiu, por Carta Régia, a Gonçalo Lourenço de Gomilde, homem da Corte, que"...em dois assentamentos velhos que em outro tempo foram moinhos que estão no termo e na ribeira da nossa vila de Leiria...junto à ponte dos caniços..."instalasse"...engenhos de fazer ferro, serrar madeira, pisar burel e fazer papel ou outras coisas que se façam com o artifício da água...contando que não sejam moinhos de pão...". (in "Roteiro Cultural de Leiria "Do Moinho do Papel à Tipografia Judaica" - ed. "Região de Turismo Leiria/Fátima").

Até há bem pouco tempo o edifício principal do moinho mantinha a traça arquitectónica original e teimava em laborar, precisamente, na arte de fazer farinha. Ainda é vivo e activo noutra profissão o último moleiro daquele moinho.

2007/10/30

Escrever para comunicar

Já atingi a idade que me outorga a qualidade de sexagenário. Parece-me impossível, mas deve ser verdade, a avaliar pela data de nascimento que consta do meu Bilhete de Identidade.
Talvez por me ter tornado radioamador em 1980 e porque sou um observador impenitente, desde que me conheço que me esforço, com entusiasmo, por acompanhar a evolução das novas tecnologias, sempre que possível, fazendo as minhas próprias experiências. É certo que começo a sentir que cada dia que passa vou perdendo o ritmo necessário para acompanhar a velocidade estonteante com que estas ditas TI´s evoluem, em acrobacias quase esotéricas.
Vem tudo isto a propósito dum artigo de opinião, ou talvez não só por isso, em que o “micro-empresário” Paulo Marques escreve no “Jornal de Leiria” de 2 de Agosto de 2007: “Se escrever é um acto íntimo de cada um, então por que é que as pessoas mostram aos outros?”. Li este artigo de fio a pavio e engracei com o estilo.
É que me sinto nitidamente enquadrado nesse papel, a escrever “só porque sim”… e pronto! Claro que se conseguir prestar o meu contributo para a sensibilização dos problemas sociais que nos poderão afligir, tanto melhor. Reconheço, no entanto, que para se poder chegar às pessoas pela escrita, é preciso imprimir o estilo literário mais apropriado, no meu caso talvez mais sofisticado, mais “trabalhado”. Paciência. É assim e pronto!
Já ando a escrever umas coisitas na Internet e na imprensa há muitos anos. Na Internet, pelo menos desde 1998. Duma forma intermitente, algumas publicadas, outras não, outras nem por isso. Nem por isso? Pois, aquelas coisas que vamos “postando” nos “blogs”. Postar? Bloggar? Cá por mim, já comecei a aportuguesar estas expressões: postando, blogue. Como devem estar a perceber ando por aí, pelos blogues. Mas não sou dos que pensam que a informação/notícia escrita em papel vai passar rapidamente à História. Haverá lá forma de substituir os jornais e livros em papel sem que isso não nos venha a afectar psicologicamente? Afinal, o Homem não é nenhuma máquina sem sentidos. Dos quais não poderemos nunca prescindir: gostar, olhar, cheirar, tocar, ouvir…Já alguém nos demonstrou que aquilo que vemos no computador se pode cheirar e tocar?
Isto mesmo antes de referir um aspecto que é do desconhecimento da maior parte das pessoas. Os radioamadores terão sido os primeiros utilizadores/experimentadores da troca de mensagens digitais duma forma mais ou menos organizada a nível mundial. Os sinais binários eram emitidos e recebidos via rádio, modelados/demodelados através de computadores (desde os tempos dos micro 48k com cassetes de bobine magnética, passando pelos 8088 e por aí fora), nas bandas de amador. A questão é que se começar aqui a falar de RTTY, SSTV, “Packet-radio”, SSB, Nodes, etc. muito poucas pessoas entenderão do que se estará a falar. Tudo isto aconteceu antes do advento da Internet de utilização popular.
E pronto, era só esta gatafunhada que vos queria aqui mostrar. Claro, aproveitei o ensejo para falar do hobby da minha vida e de mais alguns milhares a nível nacional, o radioamadorismo, de cujas performances me servi, durante mais de 25 anos a esta parte, para contactar em fonia e por escrito (em papel e por via digital) milhares de correspondentes em todo o Mundo. É que nós, os sexagenários – particularizando os que ainda por cima são radioamadores, internautas e com ganas de escritores - já não iremos durar muito mais tempo, como é natural!…E mais. Podemos gabar-nos de sermos a geração do pontapé de saída das novas Tecnologias. Para o bem e para o mal. Espero bem que os nossos continuadores acabem por conseguir que essa ferramenta e/ou arma vital possa vir a ser utilizada em defesa da qualidade de vida da Humanidade.

(António Nunes - Publicado no "Jornal de Leiria" em Agosto de 2007) - A foto não consta do texto publicado, mas como podia eu falar em formas de comunicar sem fazer referência à fotografia, uma das minhas formas preferidas? Estávamos em meados de Setembro de 2007, o rio Lis aí seguia, espelhando as margens enamoradas pelo seu correr de mansinho em direcção ao mar, a pouco mais de 20 km, a Oeste...

2007/10/27

Capela de S. Venâncio - Leiria

Do lado esquerdo, o muro e vedação em ferro forjado do jardim fronteiro ao topo poente do edifício principal da Qta de S. Venâncio, no seguimento do qual se encontra, a noroeste, a fachada da capela. Não se vislumbra o brasão da família Oriol Pena/Figueiredo e Mello, aquele que se pode observar na fachada do edifício do actual Montepio Geral, Rua Vasco da Gama, em Leiria, que foi o palacete oficial desta família.
Numa entrada recente permiti-me apresentar a Quinta de S. Venâncio, Leiria e Cortes. Na altura, fiquei de voltar ao assunto abordando o tema da capela privativa que existe no seu interior. Posso garantir-vos que a existência desta capela passa completamente despercebida do transeunte vulgar, mesmo dos turistas que não venham previamente documentados. Apesar de me considerar uma pessoa interessada nas coisas destas terras de Leiria, também desconhecia a sua existência até ao momento em que li na internet informações sobre a árvore genealógica da família Charters d´Azevedo. Tendo tomado conhecimento que nessa capela se tinham celebrado casamentos de pessoas da família, veio-me a curiosidade de indagar de que capela se tratava. Ainda não possuo a informação que consideraria necessária para uma correcta abordagem deste tema. Mas, para já, aqui vos deixo algumas fotos tiradas em Maio deste ano. O cão que vêm na última, não me deixou muito à vontade para levar avante uma reportagem mais primorosa. Pode ser que um dia destes aqui volte novamente a dizer algo mais a rigor.
Tentei indagar se este monumento estava classificado no IPPAR. Fiquei com a informação que do PDM de Leiria consta do Património a classificar. Para quando essa classificação?
Na listagem a que tive acesso constam outros edifícios e instalações, que se justifica plenamente que sejam classificados como património de interesse histórico e cultural. Mas também sei que esses edifícios, ao serem classificados como património de interesse cultural e público, passam a usufruir de benefícios fiscais. "Hoc opus hic labor est". E a receita para as Finanças Públicas?!
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in
http://freepages.genealogy.rootsweb.com/~charters/p26.htm#i1464

Maria do Carmo d'Oriol Pena Cordes Cabedo
n. 12 Junho 1913
Maria do Carmo d'Oriol Pena Cordes Cabedon. 12 Jun 1913p26.htm#i1464Maximiliano de Cordes Cabedop26.htm#i1905Maria Teresa de Figueiredo Melo Oriol Penap56.htm#i1906
· Pai: Maximiliano de Cordes Cabedo
· Mãe: Maria Teresa de Figueiredo Melo Oriol Pena
· Birth: 12 Junho 1913, Monte Olivete 39,, S Mamede, Lisboa, Lisboa
· Marriage: 14 Junho 1942, Capela de S Venancio, Leiria, Leiria, Casado(a) com=Alm. Manuel Carlos Sanches
Familia: Alm. Manuel Carlos Sanches
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2007/10/25

Teatro D. Maria Pia - Leiria

Há uns meses atrás escrevi um artigo no semanário "Correio de Leiria" sobre um dos momentos mais conturbados da história sócio/cultural desta cidade de Leiria. Que já vem de tempos idos, a história começou nos finais do séc. XIX. As gerações mais recentes, provavelmente, nem ideia fazem do seu enredo e das consequências futuras para a a cidade e região limítrofe, tendo em conta que ficámos sem Teatro durante muito tempo e que uma referência incontornável da nossa história despareceu, completa e definitivamente, da paisagem do centro da cidade.
Estou a falar do que foi um Teatro, que existiu em Leiria, e que poderia e deveria ter sido preservado. O que, desgraçadamente, não aconteceu. Por obra e graça da estupidez e ganância dos homens.
Antes de continuar. Reparem nas fotos, uma da actualidade, outra de 1956 (espólio pessoal). O local é sensivelmente o mesmo. O aspecto exterior do Teatro não era nenhuma obra de arte. Mas o interior era deslumbrante. Ainda hoje, se tivesse sido preservado, seria um dos espaços teatrais mais emocionantes que teríamos em Leiria. É a sua história que me proponho contar-vos.
Vou desenvolver este tema durante alguns posts, que irão sendo publicados à medida das minhas possibilidades temporais.
- Índice de entradas de minha autoria sobre este tema na internet :
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2007/10/23

Balada do encantamento...Leiria

..Junto à ponte do Arrabalde, o Outono 2007 a espreitar-se ao espelho, através do rio Lis.

Recantos encantados de Leiria. Ou não fosse a cidade do fado/canção:
Balada do encantamento...
Dentro de ti, ó Leiria
Vive uma moira encantada,
Não sabe ser minha amada,
E tem por nome Maria.

Leiria foste um ladrão
Leiria do rio Lis.
Roubaste-me o coração
E, vê lá tu, sou feliz.
(Letra e música de D. José Pais de Almeida e Silva)
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Não estaria assim tão seguro!

(clic para ampliar)
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2007/10/20

3 Oliveiras - 1 fábrica

Não podia ficar indiferente. Estas três oliveiras(*), centenárias com toda a certeza, foram preservadas, apesar de se situarem precisamente na entrada duma fábrica, em Alcaidaria - Milagres - Leiria. As instalações da fábrica são grandes, pode-se dizê-lo. Noutras circunstâncias - bem do nosso descontentamento - estas oliveiras já estariam transformadas em cinza há muito tempo.
Ainda há quem olhe e veja também a natureza, que não só o dinheiro! Terá sido imposição de alguma entidade pública?!...
Não percamos a esperança!
(*) Olea europaea L Oliveira
Árvore até 15 m, de grande longevidade, com copa larga e tronco grosso, frequentemente muito curto e nodoso, por vezes dividindo-se em vários troncos ou com rebentos, e por vezes com numerosas cavidades no tronco e ramos principais.
(Painel de azulejos na fachada da casa onde viveu Afonso Lopes Vieira(a)(**) no lugar de Cortes - Leiria. Neste lugar, histórico e centro de irradiação de cultura, podemos visitar, entre outros, a Casa da Nora, a Casa-Museu-Biblioteca João/Mário Soares, o sítio idílico do nascimento do rio Lis, Noras antigas, a sua Igreja dedicada a N. Sra. da Gaiola (com uma história cheia de fervor religioso e de encantamento, come-se e bebe-se muito bem, etc.)).(**) (a)link
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2007/10/19

Reflexões várias, do dia...

(clic para ampliar)

Leiria. Ainda não são oito e meia. Depois de uma noite mal dormida. Aliás, quem pode dormir em sossego no Largo da Sé? Será que esta rebaldaria tem que se suportar e de cara alegre?!

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Entretanto (não tenho fotografia porque deixei esgotar-se a bateria da máquina), no Largo do Papa Paulo VI (integrante do extenso "Largo 5 de Outubro de 1910", ali mesmo junto ao Jardim Luís de Camões) elementos do Exército Português andavam azafamados a montar tendas e diverso outro material, tendo em vista as comemorações do Dia do Exército).
Consegui reter, escrito num painel em letras garrafais, um apelo ao alistamento voluntário de mancebos no Exército.

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Deus e o Diabo é que guiam, mais ninguém.

Todos tiveram pai, todos tiveram mãe;

Mas eu, que nunca principio nem acabo,

Nasci do amor que há entre Deus e o Diabo.

(José Régio) - Afinal não é só de agora...que de poetas e loucos...(digo eu)


Não sei por onde vou,

Não sei para onde vou

- Sei que não vou por aí!

(José Régio) - Se não sabia por onde ia como podia saber que não ia por aí? (digo eu)

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ARTUR FRANCO - Exposição no Teatro José Lúcio da Silva - até 21 de Outubro (v. aqui)

"LIS - VIDA E COR"

2007/10/17

Cortes, ali mesmo em frente.

Vista panorâmica sobre a localidade de Cortes - Leiria. Desde os Lourais. Ao fundo, a recortar a linha do céu azul, a Sra. do Monte. Esta foto é deste mês de Outubro de 2007. O Snr. Rui (por sinal meu ex-aluno na Escola Domingos Sequeira nos anos 60), proprietário da Livraria Martins, deu-me a dica que havia um livro(1) sobre as Cortes (andava eu à procura de informação sobre a Qta. de S. Venâncio), edição em 1997 do Jornal das Cortes. Da sua leitura consegui perceber o quão interessante é o seu conteúdo, tendo em conta os inúmeros artigos e ensaios que têm sido publicados naquele jornal desde a sua fundação. Os autores desses artigos e ensaios são pessoas muito qualificadas e conhecedoras das realidades e da história da freguesia das Cortes, donde resultou inevitavelmente uma mais valia para a compreensão da vida das suas gentes e da história desta terra. Dada a ligação íntima desta freguesia das Cortes com a da Barreira, na qual tenho residência e de cuja Junta já fiz parte, penso que é pertinente, quanto mais não seja para meu próprio conhecimento e de quem comigo estiver interessado em partilhar, reflectir sobre os temas desta freguesia vizinha e amiga. De notar, que, parcialmente, a Quinta de S. Venâncio faz parte desta freguesia. E, muito francamente, não compreendo (ignorância minha certamente) porque é que não há mais referências, quer no jornal das Cortes, quer noutros suportes de informação, acerca de Quinta tão simbólica desta zona! Entretanto, obtive a informação abaixo, que talvez possa ter interesse para os estudiosos das questões relativas a Cortes - Leiria:
Departamento de Inventário, Estudos e Divulgação
IGESPAR, I.P.
De acordo com a informação existente na base de dados de património arqueológico do nosso Instituto, o único registo com a designação Leiria - Quinta de São Venâncio (CNS – 6906) refere-se a uma estação de ar livre de época paleolítica, descoberta em 1947/8, sob a orientação de Manuel Heleno e na qual se identificaram indústrias líticas (conforme pode pesquisar em
www.ipa.min-cultura.pt). Esta informação foi retirada do processo 85/1(096) - Levantamento arqueológico das Estações Paleolíticas da Bacia do Liz. (2)

(1) "ReCortes do jornal daí" - As Cortes da Pré-História à Actualidade - estudos de história, património, cultura, religião, toponímia e etnografia. Ed. Jornal das Cortes - 1997. Sem grande espanto confimei que à frente da equipa do "Jornal das Cortes" "estavam José Bento da Silva e Carlos Fernandes que, fazendo apelo a energias insuspeitas, deram corpo a um projecto que não mais parou."
(2) O livro que estou a seguir contém um artigo(3) muito rigoroso acerca da forma de se escrever o nome do Rio que atravessa Leiria. Esse artigo já tem uns bons 10 anos e parece-me ser bastante elucidativo. Apesar de a tendência que se está a revelar na escrita desta palavra se orientar no sentido de se usar a palavra LIS, ainda existem muitas placas de sinalização com a toponímia LIZ. Quanto a mim, que não me considero um versado em linguística, nem pouco mais ou menos, depois do que tenho lido e estudado, inclino-me para a utilização da palavra LIS em detrimento de LIZ.
(3) "O Lis...os analfabetos... e os filhos bastardos", ensaio de Manuel Marques da Cruz, pág. 296.

Nota: (Nem precisaria de acrescentar que este tema é para continuar a ser tratado em próximos posts)

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2007/10/16

Entardecer de S. Venâncio!?...

À entrada da Quinta de S. Venâncio, atrás referenciada... do lado de lá segue a estrada Leiria-Cortes, muito perto do preciso local onde se limita a zona da cidade com as Cortes.
Entardecer Outonal...com Cedros, Plátanos e...muita folha velha acastanhada ou amarelecida pelo tempo...apesar de ele próprio andar muito confuso!...

Fala-se em que esta Quinta virá brevemente a transformar-se numa zona de Turismo Rural. Não seria má ideia!...

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2007/10/13

Quinta de S. Venâncio - Leiria

Legenda: (fotos de Abril de 2007) (clic para ampliar)
1 - Portão de entrada do lado poente ("...acompanha a aludida estrada municipal até encontrar o portão da Quinta de S. Venâncio, junto ao quilómetro 0,980, e continua, depois, pelo caminho particular que atravessa aquela Quinta e se dirige para a sua estrada principal, situada na estrada nacional nº 856-2, junto ao quilómetro 10,130, nas proximidades da Quinta de Vale de Lobos, e, aí, desvia-se para sudoeste, por um caminho público..." conforme "Anais do Município de Leiria" - vol II -1993 - João Cabral ("limites da cidade de Leiria", de acordo com o Decreto nº 358/72 de 21.9,1972(*));
2 - Alameda de plátanos centenários desde o portão até ao edifício principal da Quinta, incluindo uma capela privativa (**);
3 - Fachada nascente do edifício principal da Quinta. Repare-se na imponência que se pressente terá sido a vida desta Quinta nos seus tempos áureos. (***)
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(*) O nº desta estrada está errado no "Anais..." pág. 62. Trata-se da Estrada Nacional 356-2. Daqueles erros de simpatia, que afinal são muito antipáticos.
Poder-se-á dizer que a entrada principal da Quinta de S. Venâncio ficará na parte mais a Sul da Rua de Vale de Lobos, que vai da Praça Rotária (Mc Donalds como é conhecida popularmente) atè à Quinta de Vale de Lobos, na Guimarota.
(**) Em próximo post voltarei para falar expressamente sobre esta capela; a capela de S. Venâncio. A sua história é muito interessante. Toda a Quinta também tem muito a ver com a história das invasões francesas. Como uma grande parte do concelho de Leiria, aliás.
(**a) - Ver Cedros centenários da quinta aqui
(***) No suplemento "Viver" - Jornal de Leiria - de 16 de Fevereiro de 2006, Damião Leonel, escreve mais uma das suas variadíssimas crónicas sobre Eventos históricos relacionados com Leiria, sempre muito bem documentadas e estruturadas. Desta feita, aborda a temática da "Quinta de S. Venâncio".Com base nesta crónica podem extrair-se algumas informações muito interessantes e de rigor, dados os contactos que este jornalista estabeleceu com elementos da própria família, como aliás me confirmou pessoalmente.Com a devida vénia do autor, comecemos, então, por uma fotografia que mostra a família Oriol Pena no palacete da Quinta, estávamos no séc. XIX, antes das invasões francesas (se se fizerem as devidas comparações com a foto 3, da actualidade, pode constatar-se que se trata duma cena junto à fachada nascente do palacete).
Esta quinta foi destinada inicialmente a Pavilhão de caça, até ao reinado de D. João VI. Entretanto, no decorrer das invasões francesas, é destruída, tendo os proprietários, os Oriol Pena, fugido para o Brasil. Só em 1886 ou 1889 é que a propriedade foi reconstruída e voltou a atingir os fulgores de outrora com Joaquim Xavier, que foi senador na Corte, homem culto e influente. Entre os visitantes ilustres desta Quinta contam-se o rei D. Carlos e a rainha D. Amélia e até José Relvas, proclamador da República em 1910, aqui esteve, talvez motivado pela sua paixão pela fotografia. Aqui foram instalados o telescópio, uma biblioteca e um estúdio de fotografia, tecnologia muito atraente e recente, que trouxe a esta Quinta vultos da ciência e das artes.
Este brasão, que passou a ser o brasão da família Oriol Pena está incrustado na fachada do actual Montepio Geral (Leiria - Rua Vasco da Gama) e é constituído pela simbologia das famílias Figuieiredo (à esquerda com 3 folhas verdes de figueira) e dos Mello (à direita). Neste edifício esteve instalado o Hotel Central, que ardeu num brutal incêndio em 1974 (antes da dita revolução dos cravos, esclareça-se). Constituiu o palacete dos Oriol Pena dos seus tempos áureos do séc. XIX. Também foi barbaramente saqueado pelos franceses aquando das invasões.
Todas estas famílias, Oriol Pena, Figueiredo e Mello, estão ligadas genealogicamente à família Charters d´Azevedo.
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Aditamento em 16 de Outubro de 2010
1891 -
A 27 de Dezembro o Districto de Leiria anunciava a inauguração do edifício do Grande Hotel Liz do capitalista alcobacense Francisco de Oriol Pena...
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NOVO ADITAMENTO - Cópia das minhas fotografias, usadas abusivamente sem qualquer referência da sua autoria (ver aqui) 7fev2012

2007/10/12

Mourinho em campanha de Marketing! Por Leiria!

Há que aproveitar! Campanhas destas custariam milhões!

"Mourinho protagonizou, numa entrevista concedida à BBC – já emitida pela televisão portuguesa – e disponível, sob vários formatos, na internet, uma crítica pouco simpática à cidade onde esteve como treinador há seis anos: “Pela primeira vez deixei a minha mulher e filhos em Lisboa. Não estavam comigo porque [Leiria] não era um bom sítio para os levar comigo”. Esta publicidade negativa corre mundo. Serão já milhões as pessoas que ouviram da boca do treinador mais mediático que Leiria não é o melhor sítio para se viver com a família. Miguel Sousinha, presidente da Região de Turismo Leiria/Fátima, relativiza o impacto negativo destas declarações e replica: “Vale a pena convidar Mourinho para visitar Leiria”. Ora aí está uma excelente manobra de marketing que pode jogar a favor de cidade, entende Paulo Faustino, leiriense, docente universitário e investigador na área da comunicação e do marketing. Era uma oportunidade para mostrar o que Leiria tem de bom. ...
... Adelino Mendes, adjunto do governador civil de Leiria, lembra o poder de compra, a segurança, a dinâmica e o desenvolvimento de Leiria para reforçar o convite: “Leiria está em mudança e, quem sabe, após a conclusão das obras do Estádio Municipal, Mourinho não regressa… Não para treinar, mas para passear com a família. A cidade, o concelho e a região terão muito gosto em recebê-lo!”. "

2007/10/09

Leiria Outonal e ancestral


4fev2012: esta zona está toda transformada com as obras gigantescas de construção do IC36, ligação da A1 à A8), acessos na rotunda de Vale de Lobos, vale do lis.

(2) (3)
Não me encontro com entusiasmo para escrever grandes textos. O meu pensamento anda muito disperso e em ebulição.
O Outono, neste hemisfério, o do Norte do Planeta Terra, aí está.
Resumindo, para abreviar... e desanuviar:
Foto 1 - Uma panorâmica Outonal com o prado cheio de malmequeres amarelos;
Foto 2 - Um carvalho antigo (muito antigo de certeza), num caminho, mesmo nas bordas da cidade de Leiria.

4fev2012: acrescentei, que na altura não sabia, aqui já era a Rua Ramalho Ortigão (Leiria, junto à rotunda na EN 356-2, estrada Leiria-Cortes, acesso ao novo IC 36 - viaduto sobre a Quinta de S. Venâncio)
Quercus faginea Lam (Carvalho-cerquinho, muito frequente nesta zona Centro, em montados abertos em que a componente arbórea se associa às componentes pastoril e agrícola, o que sucede em grande parte da área de Vale de Lobos e parte da Qta de S. Venâncio; claro, com tendência ao abandono da sua exploração original).
Há 42 anos que vivo nesta zona e só agora é que me decidi a percorrê-lo! Descobri um carvalhal antigo e outros recantos naturais interessantíssimos para quem usa os olhos para olhar com atenção a Natureza.
Foto 3 - Um dos vários cedros centenários, imediatamente à entrada da Quinta de São Venâncio, mesmo no limite SudEste da cidade, quem vai na direcção das Cortes, Torrinhas, Reguengo do Fétal, Fátima. clicar para aumentar)

Proponho-me, o mais breve que me for possível, apresentar-vos o interior desta Quinta, uma das mais representativas desta zona e com uma história fantástica a revisitar. Também se notam as folhas de plátanos de enormes dimensões, mais uma das árvores abundantes neste sítio, que se estendem numa alameda com cerca de cem metros, desde a entrada principal até ao edifício central.
- Consultar, entretanto, http://arvoresdeleiria.blogspot.com/
e aqui (localização precisa da Qta de S. Venâncio - Leiria) 39.72514º N, 8.79644º W (mais rigor só no GPS)
- Um poema! Sabia bem ler um poema, até ouvi-lo. Fazia-nos bem, de certeza absoluta! : 1) leia-se e veja-se o belo post e poema colocado no AzorianaBlog dos Açores (Terceira), a este propósito.
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2007/10/07

A Voz das Árvores


"A minha árvore - a árvore com que eu tinha crescido e cuja companhia, pensava eu, me acompanharia ao longo dos anos, a árvore sob a qual, pensava eu, cresceriam os meus filhos - tinha sido arrancada. A sua queda arrastara consigo muitas coisas: o meu sono, a minha alegria, a minha aparente despreocupação."
Enquanto leio, recordo com amargura:
2000 - Abate à falsa-fé, de todas as árvores do Largo da Sé, Leiria. Revolta. Insurreição com artigos nos jornais. Abateram os acer pseudo-plátanos (padreiros), habitat de milhares de pássaros de todas as espécies e chilreios, que nos animavam a alma, ao fim do dia.
2002 - Abate dum Freixo centenário, junto ao Rio Lis, para lá ser colocado um relógio gigante, para se fazer a contagem decrescente do Programa-Polis, em estrutura horrível em ferro, pesadíssima. Para nada. Não serviu para nada.
2005 - Abate duma árvore-do-ponto, centenária, no Jardim Luís de Camões, para que se pudesse seguir à risca o desenho dos paisagistas de gabinete.
2006 - Queda (por negligência criminosa) de duas tílias prateadas (tília tormentosa) de grandes dimensões, companheiras amigas de várias gerações, no jardim Luís de Camões.
(O texto transcrito acima faz parte do livro reproduzido na imagem. Dramático e chocante...)
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2007/10/06

A caminho do Abismo?

Estamos à espera de quê? Já se inteiraram dos brutais incêndios que estão, neste preciso momento, a devastar a Amazónia?!... A este ritmo de destruição dos recursos naturais quanto tempo mais conseguiremos manter a VIDA neste planeta?
À atenção URGENTE de quem manda no MUNDO!
Para além de Deus, claro. Será que mesmo ELE nos poderá salvar do APOCALIPSE? Com tanto egoísmo e insensatez que grassa por todo o lado?!!!!...............

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2007/10/05

Árvore do gelo - Leiria


Fotografias actuais da chamada "Árvore-do-gelo" existente no Jardim Luís de Camões, em Leiria. Quem não tiver visitado esta zona da cidade há mais de dois anos, há-de verificar que a estátua do autor de "Os Lusíadas" está deslocalizada em relação à sua posição inicial. Que mania de mudar as estátuas e monumentos de lugar!!!..."Mudam-se os tempos, mudam-se as vontades"...
O nome científico desta árvore é Braychychiton populneus e é da família das ESTERCULIACEAE. É de origem Australiana, cresce até aos 18 metros de altura e é muito resistente ao gelo e à poluição urbana.
Vale a pena observar os seus pormenores, por ampliação das fotografias, clicando em cima.
Tenho acompanhado a evolução desta árvore, com fotografias regulares, há mais de um ano.
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Luís Vaz de Camões

Mudam-se os tempos, mudam-se as vontades,
muda-se o ser, muda-se a confiança;
todo o mundo é composto de mudança,
tomando sempre novas qualidades.

Continuamente vemos novidades,
diferentes em tudo da esperança,
do mal ficam as mágoas na lembrança,
e do bem – se algum houve - , as saudades.

O tempo cobre o chão de verde manto,
que já coberto foi de neve fria,
e enfim converte em choro o doce canto.

E, afora este mudar-se cada dia,
outra mudança faz de mor espanto:
que não se muda já como soía.
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2007/10/04

Olha a grande novidade!

Estudo alerta para riscos de campos electromagnéticos.
Os limites de exposição à radiação electromagnética definidos internacionalmente são insuficientes para proteger a saúde humana, concluiu um estudo que relaciona vários casos de leucemia com a proximidade de campos electromagnéticos originados em linhas eléctricas.
O relatório do Bioinitiative Working Group, um grupo internacional que reúne cientistas, investigadores e profissionais de saúde pública, datado de finais de Agosto, manifesta «sérias preocupações científicas» sobre os limites que actualmente regulam os campos electromagnéticos admissíveis de linhas eléctricas, telemóveis e muitas outras fontes de radiação presentes na vida quotidiana, que considera inadequados para proteger a saúde humana
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- É caso para dizer: olha a grande novidade!
Já há muitos anos que várias entidades e investigadores, nomeadamente os radioamadores, têm vindo a alertar para este risco evidente. Experiências feitas, de há mais de uma década a esta parte, têm vindo a demonstrar à saciedade, o perigo das radiações electromagnéticas para a saúde pública.

2007/10/03

Borda d´Água

No Largo 5 de Outubro de 1910 (na zona da estátua do Papa Paulo VI). Um Romeno - disse-mo ele - recentemente operado ao fígado, a vender o "Borda d´Água" para 2008 (Bissexto). Comprei-o e fiquei a saber que este amigo anda à procura de emprego (que não o obrigue a fazer muita força por causa da operação...). A foto foi tirada a pedido...
Se se ampliar a fotografia (clicar) fica-se com uma ideia da desgraceira que vai por este Mundo fora (ao ler o painel), o bicho Homem a dar cabo de tudo onde põe o olhar e as mãos. Eu acrescentaria mais uma desgraça: pelo andar da carruagem, o Centro Histórico de Leiria vai ficar completamente descaracterizado, tendo em conta que se deve entender por Centro Histórico duma urbe, como Leiria, o núcleo histórico e tradicional da comunidade, desde os tempos da sua fundação. Para não ir mais longe, avivando algumas memórias mais distraídas, porque é que se abateram 3 choupos (do tempo dos que são visíveis ao fundo) para, no seu lugar ser feita uma bifurcaçao rodoviária? É que as árvores já lá estavam, faziam parte do património da cidade e, pior ainda, nada justificou o seu abate para os fins em vista.
O trânsito automóvel, com o traçado original ou ligeiramente adaptado, sem necesidade de abater as árvores, funcionava perfeitamente.
As árvores que foram plantadas em todo este Largo, salvo melhor opinião, que ainda ninguém a emitiu, não serão as mais adequadas a um Centro Histórico como o de Leiria.
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2007/10/02

O nº da Bola!

O meu neto Guilherme apareceu com uma caderneta para coleccionar os jogadores de futebol das várias equipas da actualidade. Estava todo entusiasmado e fez questão em que eu reparasse bem nos vários jogadores que já tinha colados. Ainda lhe faltam bastantes. Mesmo assim já lá tem alguns, daqueles que mais têm dado nas vistas ultimamente. Como ele é adepto do FCP é claro que me mostrou, em primeiro lugar, os craques daquele grande clube. Mas, como sabe que eu sou Benfiquista, também foi mostrando o Rui Costa e outros do SLB.
Aproveitei para lhe falar dos meus tempos em que tinha mais ou menos a idade dele e em que nós, os putos da época (anos 50), também fazíamos estas e outras colecções, colando aquelas imagens em estampas do mesmo tamanho. E vieram-me à recordação:
- O nº da bola;
- História de Portugal;
- Figuras Humanas;
- Batata cozida a fazer de cola, às vezes misturada com resina de ameixoeira;
- Aqueles frascos enormes com os caramelos envoltos nos cromos;
- Os prémios que, muito esporadicamente, nos eram atribuídos;
- A alegria esfuziante que tínhamos quando nos calhava o jogador do número da bola, que só nessa altura é que conseguíamos completar a colecção. Também nos dava direito a uma bola de futebol, como devia ser, os gomos cosidos à maneira. A qualidade do material era rasca mas nós ficávamos todos contentes. Estou a ver-me ali na Rua Direita em Viseu, a passar em frente das lojas onde vendiam os cromos, sempre na expectativa de poder ver o frasco já quase no fim. A probabilidade de nos calhar o nº da Bola era muito grande. De modo que era ver a rapaziada a estoirar os tostõezitos a comprar mais cromos que o habitual.
Que tempos! Que saudades! Que é feito da maior parte dos meus amigos da altura?
Esqueci-me de perguntar ao Guilherme se ainda há o número da Bola. Seria só para confirmar a minha suspeita. Acho que já não existe essa técnica de vendas.
Muitos anos mais tarde acabei por ser professor da disciplina “Técnica de Vendas e sua Publicidade”. Anos 60 e tal. Quem se lembra? Aliás, hoje já não é técnica de vendas que se diz. É Marketing, não é?