2019/07/30

amigos duma vida



(foto do Gui+ eu+zéPaiva+zéRossio)

a gente chega aos setentas e tal
somos amigos de muito tempo
bastante bastante
quando nos juntamos
comemos bebemos falamos rimos

agora já não cantamos 
ao dedilhar da viola
a cábula do livrinho do zé neto
com inúmeras letras de canções
daquelas cujas notas estavam no ouvido

os anos do calendário cronológico
passaram continuam a passar

mas o nosso tempo psicológico
mantém-se à tona ondulante 
como as ondas do oceano
umas a seguir às outras
a praia do Pedrógão 
a puxar-nos as recordações
mais antigas

e lembramos também
peripécias daquela guerra maldita
em que a vida esteve por um fio
(o vinho a ajudar a abrir o cadeado)

Agora que conseguimos Ser
faz-nos bem falar do passado
e sentir que estamos no presente

e que estamos dispostos
a não deixar entrar o Homem Velho
no nosso reduto

cá estamos para lhe fazer frente

antónio (um de entre outros)
(foto do Gui)

donde veio o espaço?



estou a dar comigo
a pensar
donde veio o espaço

se o espaço não foi criado 
não se entende 
onde estará o Universo

no entanto olhamos
para além de tudo
e sentimo-nos assombrados
com a vastidão e quietude
do espaço

como pode o espaço
ser o vácuo?!

a d'almeida nunes
28jul2019

2019/07/11

Rumo ao Homo DEUS ?!

Há dias descobri este livro:




Quem é que não anda baralhado com os tempos que correm?
Mais uma acha para a fogueira.

Entretanto, escrevi e reescrevi: 

Prece 
(no medo do Homo Deus)

Deus todo poderoso
único e indivisível
criador ex nihilo
de todas as coisas
visíveis e invisíveis
que estão em todo o lado
e nos tempos todos
dá-nos a tua inspiração
para
que os humanos
parem ouçam e olhem
o vento que passa
o sol que nos olha de soslaio
a chuva que perdeu o tino
e se esqueceu deste canto

extremo oeste da Europa
e que
não se cansam
de nos perguntar
o que é que acontece
neste planeta Terra

em que os homens
só pensam em férias
e o trabalho ó Deus
quem fica para laborar
para que se possam comer
as maçãs
e beber o sumo da baga da uva ?!
a d´almeida nunes
10-07-2019

2019/07/05

que mais podemos fazer?!



será a morte o fim
mas se sim
ainda não sabemos
que fim é esse

entretanto
vivemos sem conseguirmos
identificar o que somos

entre o que não sabemos
e o que julgamos ser
que tempo-espaço é este
em que julgamos estar
interrogamo-nos?!

escutamos olhamos
esperamos uma resposta

que mais podemos fazer?!

a d´almeida nunes
2jul2019

2019/06/25

A Lala - um dos companheiros de vida


2006 - 2012


Debaixo do limoeiro

A Lala

Olhei
e tentei vê-la e senti-la
como se o tempo
pudesse parar
um bocadinho que fosse

Morreu num ápice

Ainda hoje
como que se ouve
o seu latir

Ora alegre ao ver-nos
Ora de guarda atento

Meiga e amiga
Vistosa e cúmplice

Onde estarão agora
os outros átomos
que eram
no seu conjunto

A Lala?!


a d´almeida nunes
jun2019

2019/06/08

Largo da Sé de Leiria





Largo da Sé de Leiria
(A todos os que tiveram o privilégio supremo de o viver no século XX)

anos 80 noventa
um entardecer
o olhar do Largo da Sé
deixa-me embevecido
um coro de cantos
anunciam o recolher
de bandos de pássaros
ao aconchego sobrenatural
da tília tomentosa e dos padreiros
e também do jacarandá
oh não esqueçamos as olaias
os pássaros
em estridentes
e melodiosos trinados
amanhecem o dia
fazem-nos companhia
das águas furtadas
da "pharmácia" e casa dos Paivas
cumprimenta-se de varandim
com a abrangência do olhar
e todo o Largo
a própria chuva
nas gárgulas da Sé
correspondem em uníssono
e sentimo-nos
como que em transe
a participar
daquela sublime comemoração
em sinfonia celestial
oh Largo da Sé
muito de mim
ficará para todo o sempre
contigo
um dia
onde quer que esteja
hei-de voltar

a d'almeida nunes
rev. junho 2019

Pensar na Europa e evocar Adriano



Há livros que nos prendem
Num laço repentino
Inesperado
Ou talvez não 
Talvez nem consiga perceber

Num ápice
Fiquei com a sensação
De que não sei
O que é a Europa

E socorro-me dos livros
Um que me tenta explicar
Que é bom perceber a actualidade
Outro que romanceia
A origem deste espaço
Desde os tempos
Imediatamente antes de Cristo

Desde Adriano
A declarar-se satisfeito
Com o humano
Que nele encontrou tudo
Até o eterno...
 
A Europa é o quê?!

a d´almeida nunes
7jun2019


2019/06/05

Contador do meu blogue nesta data





MUITO OBRIGADO PELA VISITA.

077
169
267
364
452
572
688
784
864
963
1063
1146
1242
1333
1477
1578
1670
1744
1854
1954
2037
2134
2275
2354
2442
2546
2659
2799
2881
2983
 609,767

Em 05-06-2019 - 22:40 o contador do meu blogue tinha esta marca.

Entretanto, 13 anos estão a passar, desde que ele deu sinais de vida.

Obrigado, amigos, que me têm acompanhado ou simplesmente visitado, ao longo de todos estes anos...


2019/06/03

Pai, Mãe




Pai
Mãe.

Quase centenários
ainda estão.
E as recordações também
e com elas as lembranças:
o assobiar
daqueles ventos de inverno
que soavam a rolas
e se alindavam em
cheiros a rosmaninho.

A recta da nossa vida
tem muitos pontos.
Alguns ficam gravados a nostalgias
e deixam-nos memórias
entrelaçadas nos tempos.

Mas os tempos são de mudança
E começo a dar comigo
A ver um túnel
Ao fundo da luz do tempo.

Fica aqui a minha prece:
tem sido muita a ausência
que ao menos eu possa guardar
a vossa lembrança
e me seja permitido
não esquecer os vossos nomes…

a d´almeida nunes
Leiria, 2jun2019
(almeida da minha mãe
nunes do meu pai)

2019/06/01

a morte é uma flor

(Uma "alcea rosea" lado a lado com uma jovem macieira, jazida do tico, hortênsia de flores azuis)


cinco pontos 
estão marcados
indelevelmente
no meu quintal

qual o mais memorável
tais que neles jazem
animais inesquecíveis
companheiros de vida

tuiki lili lala tico rapazito

fragmentos cósmicos
do meio do meu ser

ele próprio um
que deixando de estar
continuará a ser

´a morte é uma flor`

a d´almeida nunes
1jun2019


2019/05/26

hoje estive com a minha rua







hoje estive com a minha rua
e falei com ela 
e com as flores
que a bordejam

e voltei a pensar
em Lucrécio 50 aC
e na forma pedagógica
como já ensinava 
sobre a natureza das coisas

tirei fotografias
enquanto automóveis
passavam no asfalto

e os seus condutores 
lançavam janela fora
beatas embalagens diversas
mais de plástico

ingratos insensatos
que nem nos filhos pensam

não pensam nem falam
conduzem uma máquina

a vida ali mesmo ao lado
e eles insensíveis

´coisas` que pensam que estão
mas não
seguem uma linha invisível
até que atingem um ponto

os seus filhos e netos
terão uma vida natural?!

não lhes interessa a resposta!?

aDa - 24maio2019
Lourais. Barreira - Portugsl

2019/05/22

Rádio antes da internet






( para a antiga emissora nacional
e para os radioamadores )

e vem à memória
tempos áureos
antes da internet
a rádio via éter
o som propagado
do alto das serras
o sol a influenciar
os dias do ano
as horas do dia
que nos permitiam
comunicar

em rede social

aDa
22-05-2019
(retransmissor da antiga Emissora Nacional na Serra da Maúnça; em plano mais próximo, uma das mostruosas torres eólicas do presente)

2019/05/15

Interrogações aos pássaros






os pássaros 
andam numa grande azáfama
a construir as suas casas

o seu desígnio
é um só
preparar uma casa
para manter a sua espécie

observamos
e somos assoberbados
por mil interrogações

no meu quintal
basta haver uma árvore
ou um arbusto

e silêncio

e a força cósmica revela-se
matematicamente

a d´almeida nunes
Lourais, 14maio2019

2019/05/12

O meu neto aos 21 anos




(O Guilherme e a mãe agora, em 2019, 12 de Maio)


Ao meu neto Guilherme

O tempo impávido
faz contas de somar
com que eu contabilista

tenho dificuldade em atinar

continuo atido a tempos vários

e o resultado das contas desses tempos
tudo somado
mostra-me um filme

e nesse filme
várias cenas

e o Guilherme nelas


com uma cabeleira farta
a brincar comigo à bola
e eu a empurrar o baloiço
e o quintal era relva

e era nessa relva
que balançávamos
entre o baloiço
e a bola de futebol

se calhar já estou
a misturar vários tempos

os tempos com memórias dos meus netos



É dia de aniversário do Guilherme



que o tempo te seja favorável
meu querido neto do coração! 


a d´almeida nunes
12maio2019

2019/05/03

tempo das mães e dos irmãos




      à minha mãe velhinha
      Maria da Encarnação d´Almeida




tempo de rosas
em dias de primavera
e de exaltação
das mães

é também tempo
de estar no Carvalhal
com os meus irmãos

que a luz não se perca
e nos alumie sempre

enquanto estamos
e somos 
almeida e nunes

maio2019, Viseu
a d´almeida nunes

*) Carvalhal/Castro d´Aire/Viseu

a rosa esmoreceu






distraí-me com o tempo
a rosa esmoreceu
ainda que de cor rosa
a sua beleza envelheceu
parte dos seus átomos
perdeu
o vento a chuva e o sol
tê-los-ão levado
para outro lado
para onde?!

a d´almeida nunes
abr2019

A silhueta da serra e o universo



(Serras de Sto António/d´Aire e Candeeiros)



as serras em cordilheira
entre montejunto e estrela
prodigalizam-nos
horizontes dos mais enigmáticos
o encanto destas silhuetas
com que se nos mostram
remetem a nossa imaginação
para o místico do planeta
na sua ligação etérea
com o incomensurável do universo
resta-nos cismar
a d´almeida nunes
2mai19

2019/05/01

primeiro de maio e outras coisas



primeiro dia de maio
o trabalhador humano
manifesta-se nas ruas

as outras coisas
de que é feito o mundo
manifestam-se também
mais ou menos por todo o lado

e o homem não as ouve
nem sequer para elas olha
as mais das vezes

no meu quintal
virada a norte
uma macieira 
mostra as suas flores
fruto do seu trabalho
incansável 

gosto delas
do gesto poético
da sua presença

todos os anos

talvez há tantos 
quanto o tempo tem

a d´almeida nunes

2019/04/27

É noite e está dia



é noite e está dia

lá fora a noite está escura
cá dentro clara como a lua
porque se sente a amizade

há um amigo que nos abraça
e nos acena 
dizendo-nos coisas de pensar

o companheirismo é
sem dúvida uma dádiva
que nos é colocada
no coração
e nos faz mover
rumo ao indizível
porque nem é preciso
estarmos presentes

basta sabermos

o abraço
pode ser dito
e está dado

basta o tempo
nos demonstrar
que a amizade existe

não precisa de ser apregoada
mas faz bem sabermos dela

a d´almeida nunes
1h da manhã, 27-04-2019

2019/04/26

Moçambique terra de saudades, de emoções, de nostalgia dos anos 70


Para mais tarde memorar (ou não fosse este meu blogue, também o meu auxiliar de memória):



Às Belas e nostálgicas terras de MOÇAMBIQUE. 

Em tempos de aflição com os Ciclones terríveis com que os moçambicanos têm sido massacrados nestes últimos dias/semanas!
***


A minha filha INÊS, que nasceu em Moçambique, em 1969.

Apresentou-se:
Não me lembro dela, mas sinto um carinho especial por esta que é a terra que me viu nascer! Um dia hei de ir lá!

Eu comentei:
À minha filha Inês.
Tinha 22 anos e mobilizaram-me para a guerra em Moçambique. A tua mãe estava grávida de 7 meses quando partiu para Moçambique para viver a aventura do desconhecido. Ficaríamos em Lourenço Marques (hoje, Maputo)? Talvez... Não pudemos ficar mais que um mês. E lá fomos mandados para Nampula em aviões a hélice. Lembro-me de que se chamavam "Friendship" alguns desses aviões. Percorremos a África de Norte a Sul, de Oeste para Este; de Este Sul para Este Norte.Muitos milhares de kilómetros. Anos 60, 1969/71. Não te podes lembrar, não, mas chegámos a estar numa esplanada na Ilha de Moçambique e tu a comeres camarão. Tinhas menos de dois anos de vida. Estávamos com o cap. Trindade e ´avó`Gi ... os barcos à vela a chegarem à praia junto ao forte, os passageiros muçulmanos a virem às cavalitas para terra... o Oceano Índico, a Ilha cantada por Camões nos Lusíadas... 500 e tal km de picada de Nampula à Ilha... e volta. Seriam mais?

-----  COMENTÁRIOS NO Fmeu FB de hoje ----


Comentários

  • Rui Pascoal Quando pensar ir até lá avise.
    1
  • José Rocio Crespo Pois foram minutos, horas, dias, momentos, muitos momentos. Maus, bons, diferentes no dia todos dias. Conhecida a cidade e conhecido o interior do mato e capim, os dias vertiginosos eram lentos, muito lentos. Foi o passar agarrado aos pensamentos e expectativas do amanhã. Foi, foi tudo isso e muito mais. Mas estamos. Estamos não agarrados a um passado mas sempre com a presença desse passado. Abraço
    1
  • António DAlmeida Nunes Agarrados, sim, às vezes até às lágrimas, como bem deves saber, Zé. 🙂
  • Maria Padrão Palavras sentidas e com muita sabedoria de alguém que deixou uma parte de si naquelas terras , povos que os acolheram com todo o carinho. Como todos povos africanos sabem fazer. Felicidades António DAlmeida Nunes e Zaida Paiva NunesInes Paivapessoas lindas no seu ❤️❤️❤️ Sou grata por conhecer estas pessoas , lindas e de um grande ❤️ considero a minha Família do ❤️