Rui Pascoal Quando pensar ir até lá avise.
2019/05/03
A silhueta da serra e o universo
(Serras de Sto António/d´Aire e Candeeiros)
as serras em cordilheira
entre montejunto e estrela
prodigalizam-nos
horizontes dos mais enigmáticos
entre montejunto e estrela
prodigalizam-nos
horizontes dos mais enigmáticos
o encanto destas silhuetas
com que se nos mostram
remetem a nossa imaginação
para o místico do planeta
na sua ligação etérea
com o incomensurável do universo
com que se nos mostram
remetem a nossa imaginação
para o místico do planeta
na sua ligação etérea
com o incomensurável do universo
resta-nos cismar
a d´almeida nunes
2mai19
2mai19
2019/05/01
primeiro de maio e outras coisas
primeiro dia de maio
o trabalhador humano
manifesta-se nas ruas
as outras coisas
de que é feito o mundo
manifestam-se também
mais ou menos por todo o lado
e o homem não as ouve
nem sequer para elas olha
as mais das vezes
no meu quintal
virada a norte
uma macieira
mostra as suas flores
fruto do seu trabalho
incansável
gosto delas
do gesto poético
da sua presença
todos os anos
talvez há tantos
quanto o tempo tem
a d´almeida nunes
2019/04/27
É noite e está dia
é noite e está dia
lá fora a noite está escura
cá dentro clara como a lua
porque se sente a amizade
há um amigo que nos abraça
e nos acena
dizendo-nos coisas de pensar
dizendo-nos coisas de pensar
o companheirismo é
sem dúvida uma dádiva
que nos é colocada
no coração
e nos faz mover
rumo ao indizível
porque nem é preciso
estarmos presentes
basta sabermos
o abraço
pode ser dito
e está dado
basta o tempo
nos demonstrar
que a amizade existe
não precisa de ser apregoada
mas faz bem sabermos dela
a d´almeida nunes
1h da manhã, 27-04-2019
2019/04/26
Moçambique terra de saudades, de emoções, de nostalgia dos anos 70
Às Belas e nostálgicas terras de MOÇAMBIQUE.
Em tempos de aflição com os Ciclones terríveis com que os moçambicanos têm sido massacrados nestes últimos dias/semanas!
***
A minha filha INÊS, que nasceu em Moçambique, em 1969.
Publicou este vídeo no seu facebook https://www.facebook.com/ines.paiva.39/posts/10206619150018303
Apresentou-se:
Não me lembro dela, mas sinto um carinho especial por esta que é a terra que me viu nascer! Um dia hei de ir lá!
Eu comentei:
À minha filha Inês.
Tinha 22 anos e mobilizaram-me para a guerra em Moçambique. A tua mãe estava grávida de 7 meses quando partiu para Moçambique para viver a aventura do desconhecido. Ficaríamos em Lourenço Marques (hoje, Maputo)? Talvez... Não pudemos ficar mais que um mês. E lá fomos mandados para Nampula em aviões a hélice. Lembro-me de que se chamavam "Friendship" alguns desses aviões. Percorremos a África de Norte a Sul, de Oeste para Este; de Este Sul para Este Norte.Muitos milhares de kilómetros. Anos 60, 1969/71. Não te podes lembrar, não, mas chegámos a estar numa esplanada na Ilha de Moçambique e tu a comeres camarão. Tinhas menos de dois anos de vida. Estávamos com o cap. Trindade e ´avó`Gi ... os barcos à vela a chegarem à praia junto ao forte, os passageiros muçulmanos a virem às cavalitas para terra... o Oceano Índico, a Ilha cantada por Camões nos Lusíadas... 500 e tal km de picada de Nampula à Ilha... e volta. Seriam mais?
----- COMENTÁRIOS NO Fmeu FB de hoje ----
Comentários
- José Rocio Crespo Pois foram minutos, horas, dias, momentos, muitos momentos. Maus, bons, diferentes no dia todos dias. Conhecida a cidade e conhecido o interior do mato e capim, os dias vertiginosos eram lentos, muito lentos. Foi o passar agarrado aos pensamentos e expectativas do amanhã. Foi, foi tudo isso e muito mais. Mas estamos. Estamos não agarrados a um passado mas sempre com a presença desse passado. Abraço
- António DAlmeida Nunes Agarrados, sim, às vezes até às lágrimas, como bem deves saber, Zé. 🙂
- Maria Padrão Palavras sentidas e com muita sabedoria de alguém que deixou uma parte de si naquelas terras , povos que os acolheram com todo o carinho. Como todos povos africanos sabem fazer. Felicidades António DAlmeida Nunes e Zaida Paiva Nunes. Ines Paivapessoas lindas no seu ❤️❤️❤️ Sou grata por conhecer estas pessoas , lindas e de um grande ❤️ considero a minha Família do ❤️
2019/04/25
25 de Abril de 2019
Hoje
25 de Abril de 2019
25 de Abril de 2019
Os melros mantêm-se de atalaia
chove em regime de aguaceiros
o vento que passa incerto
embala as nuvens
ora em tons mais sombrios
ora mais brilhantes e vistosas.
chove em regime de aguaceiros
o vento que passa incerto
embala as nuvens
ora em tons mais sombrios
ora mais brilhantes e vistosas.
Uma papoila vermelha esfumada.
Os cravos vermelhos
no meu quintal
estão atrasados.
no meu quintal
estão atrasados.
Mas a minha memória
mantém vivos e presentes
os tempos de extrema emoção
e de esperança infinita
no Movimento iniciado
em 25 de Abril de 1974.
Um caminho cheio de
mudanças de linha!
mantém vivos e presentes
os tempos de extrema emoção
e de esperança infinita
no Movimento iniciado
em 25 de Abril de 1974.
Um caminho cheio de
mudanças de linha!
a d´almeida nunes
25abr2019
2019/04/19
O homem gafanhoto
O homem gafanhoto
emocionalmente
não se cansa de invocar Deus
sem saber quem Ele é
Que sabes tu
homem de fé subconsciente
acaso já falaste com esse Deus?
Pensa um pouco
não foste tu que O inventaste
para justificar os teus medos?
Olha à tua volta
observa o que te envolve
repara bem nas coisas
tudo se move não vês?
Deus é o movimento
desde o interior do átomo
até ao infinito dos mundos
a d´almeida nunes
17Abr19
---
ps.: ah lembrei-me deste link https://dispersamente.blogspot.com/search?q=homem+gafanhoto
(as coisas que nos passam pela cabeça e se nos postam à frente dos olhos; às vezes vemo-las como nós somos...) (publicado e apagado do meu FB-27-11-2020)
2019/04/17
São duas horas da madrugada
não sei bem
o que pretendo
com estes ensaios
pretensiosamente poéticos
talvez
o que me está a motivar a escrever
neste preciso momento?
senti uma necessidade premente
de falar comigo
mesmo assim à janela do mundo
o que gostaria de dizer
antes de me deitar e dormir
seria tão só isto:
apeteceu-me escrever
e deixar este momento
aqui afixado
qual instantâneo apalavrado
captado neste amontoado de palavras
(à falta duma fotografia)
a d´almeida nunes
17-07-2019
2019/04/15
Por terras do Bouro, Minho e Santiado de Compostela
Upload directo via blogger
Vale a pena ver em écran gigante
O que é viver senão
uma sucessão de momentos
quantas vezes imprevisíveis
mesmo que previstos
pela mente do homem?
Monção pedra e vinho
verde tinto tinto
rio Minho
e Miño logo ali
na outra margem.
Recontramo-nos
nos passadiços de Sistelo
ao longo do rio Vez
águas correntes
límpidas
por entre seixos de todos os tamanhos
sons em chilreante sinfonia
pássaros pássaros.
Terras do Bouro
abocanhadas pelas serras
e a imensidão alcantilada
estradas serpenteantes
nas alturas da Peneda
do Soajo, do Gerês
abismando-se até ao fundo
da Furna de Vilarinho
voltando a encabritar serra acima
para logo a seguir afunilar
rumo ao Gerês
e à imensidão azul da sua Lagoa.
Depois
é subir subir
fragas com águas em queda livre
afundando-se lado a lado
com a vegetação luxuriante
da Portela do Homem.
Retoma-se o rumo Norte
via Braga Valença Vigo
a caminho de Santiago
de Compostela
uma estrela
de fé e força hercúlea dos homens
gentes vindas de todo o lado.
Deambulatório desgastado pelos passos
de milhões de peregrinos
que há séculos tocam em Santiago
em sinal de promessa cumprida.
Sentem-se os pés doridos na Terra
os olhos nas alturas das cúpulas
a tentar descobrir os mistérios
do Infinito...
O corpo dorido
inclinado sobre o bordão...
12/3/4 Abr 2019
ZAPI(=) a d´almeida nunes
2019/04/10
Por vezes tento
por vezes tento
acompanhar o pensamento
tarefa insana já se vê
numa das paragens forçadas
fiquei a cismar
no depois da minha morte
o que fazer então
tenho-me perguntado
cada vez com mais insistência
começa a tomar forma
o que testamentarei
acerca do meu corpo
enterrarem-no no carvalhal
não sinto que seja o melhor
que a transformação em pó
se faça com o fogo
que os seus átomos voltem a ser luz
aDa
Leiria, 10abr19
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