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2015/05/06

Palavras em versos borratados




Palavras em versos…

A Torga pedi alguma inspiração
Uma legenda deste instantâneo
Ano após ano era o Marão
A palavra do ritmo consentâneo

Versos meus estou a tentar
Consciente da menoridade
De tal aventura em versejar
Com Torga fazer irmandade

Em quadras soltas vou borratando
O branco volátil do computador
Versos pela janela vão voando
Sobra este digital e indigno torpor

Mas não te queria deixar oh fotografia
Destas nuvens cinza e azul de Abril
A terra e o céu em perfeita sintonia
O verde e demais criação primaveril

Uma palavra ao menos na mira do fuzil ...


as-nunes
abr2015

(migração do meu Facebook)

2015/01/17

Miguel Torga morreu há 20 anos.

Miguel Torga, pseudónimo de Adolfo Correia da Rocha, (São Martinho de Anta, 12 de Agosto de 1907 — Coimbra, 17 de Janeiro de 1995)




Faz já 20 anos que morreu Miguel Torga. Parece que estou a ouvir a notícia na antiga Emissora Nacional, então designada por RDP.
Com data de 10 de Dezembro de 1993 já o Grande Torga escrevia, antecipando-se ao próprio calendário, o poema:
.
REQUIEM POR MIM 
...


Tive a subida honra de participar nas ações de homenagem ao Grande Torga por alturas do Centenário do seu Nascimento.

Ver também http://dispersamente.blogspot.pt/search/label/Miguel%20Torga%20em%20Leiria
e
http://dispersamente.blogspot.pt/search/label/miguel%20torga

2014/01/18

Miguel Torga a recordar e agradecer que o destino o tivesse feito passar por Leiria


(no sítio, em Leiria, onde hoje está instalado o Hotel Eurosol)

Miguel Torga escrevia, no seu Diário, em Leiria, 20 de Novembro de 1980:
"(...)
Esta terra foi a grande encruzilhada do meu destino. Aqui identifiquei escolhi os caminhos da poesia, da liberdade e do amor, sem dar ouvidos às vozes avisadas da prudência, que pressagiavam o pior. Aqui, portanto, arrisquei tudo por tudo, fazendo das fraquezas forças, das dúvidas certezas, do desespero esperança. Aqui era justo, pois, que, passados muitos anos e muitos trabalhos, eu viesse verificar com alegria que valeu a pena desafiar a sorte, que tive sempre uma mão-cheia de almas fraternas e solidárias a torcer por mim, e que as cicatrizes das feridas de ontem são os nossos brasões de hoje."
-
Por alturas duma grande sessão de homenagem que os Leirienses lhe prestaram e na qual Miguel Torga usou da palavra.
-
* Mais sobre Miguel Torga e Leiria, aqui
* Mais sobre Miguel Torga neste blogue, aqui


2013/11/19

Miguel Torga em Leiria: O anjo revoltado

Caricatura de Miguel Torga feita por Luís Fernandes,  inserta  a p. 32 do livro LEIRIcaturas, ed. da Junta de Freguesia de Leiria (Presidência de Cabrita Franco), 2000.


Em 19 de Novembro de 1939, faz hoje, portanto, 74 anos, Miguel Torga escrevia, em Leiria:

EXERCÍCIO ESPIRITUAL

Ouço-os de todo o lado.
Eu é que sou assim,
Eu é que sou assado,
Eu é que sou o anjo revoltado,
Eu é que não tenho santidade…

Quando, afinal, ninguém
Põe nos ombros a capa da humildade,
E vem.

In “Diário Vols. I a VIII
P. 92

Ed. Publizações Dom quixote, 1999
-
Uma semana após, Miguel Torga seria preso em Leiria e transferido para o Aljube de Lisboa, onde ficaria até Fevereiro de 1940.
-


Na frontaria do edifício onde esteve instalada a PSP no edifício do antigo Governo Civil de Leiria.
@as-nunes

2013/04/04

Sei um ninho

Da janela do meu quarto (virada a sudeste...), dei com este ninho, acabadinho de fazer...
Pelo tamanho não deve ser de melro. Será de pintassilgo? ... Ainda há dias andei a colher umas tangerinas e não dei por nada. Talvez que um dia destes possa aqui deixar uma foto com o/os novos amigos que espero vir a conhecer...
Tratar quimicamente esta árvore? Nem pensar! Apesar de estar atacadíssima de piolho!... talvez outras pragas, até... 
O que vale é que os gatos não conseguem lá chegar! Digo eu! ...
-
05-04-2013: 14h00 - acabei de os ver, os meus novos amigos. Confirmo que são pintassilgos. Inconfundíveis. Distraí-me um bocadinho, não estava com a máquina fotográfica à mão...
-


Segredo

Sei um ninho.
E o ninho tem um ovo.
E o ovo, redondinho,
Tem lá dentro um passarinho
Novo.

Mas escusam de me atentar:
Nem o tiro, nem o ensino.
Quero ser um bom menino
E guardar
Este segredo comigo.
E ter depois um amigo
Que faça o pino
A voar…

Miguel Torga
1956

@as-nunes

2013/03/31

É dia de Páscoa... e chove e chove e chove...


Do lado de lá, as Cortes...



CHUVA

Chove uma grossa chuva inesperada,
Que a tarde não pediu mas agradece.
Chove na rua, já de si molhada
Duma vida que é chuva e não parece.

Chove, grossa e constante,
Uma paz que há-de ser
Uma gota invisível e distante
Na janela, a escorrer...

Miguel Torga, Diário II, 1943

-

chove muito e há muitos dias
os rios e barragens já estão 
a transbordar
talvez porque nós próprios
já andamos a meter água
há demasiado tempo...

2013/01/21

Noite de temporal com luz à moda antiga


Em Leiria, noite caseira, à luz das velas e da lanterna, o temporal à solta ...

ENGRENAGEM

O dia nasce limpo e luminoso
Mas não te iludas, homem!
A natureza já não é contigo.
Daqui a nada toca no quartel,
Apita a fábrica de meias,
Abre a mercearia,
E só então tu poderás saber
Se poderás viver,
E se chove,
E se neva,
E se o adeus da tua Eva
Te comove.


Miguel Torga
Cântico do Homem
Ed. autor - Coimbra, Janeiro de 1974

2013/01/18

Tempos em tons de cinza...



Hoje (já foi ontem), quando seguia para Fátima, ao longo do monte sobranceiro a Reguengo do Fétal, a buscar a Mafalda e o Guilherme, que a mãe tinha "formação" pedagógica até tarde. O Gui tinha treino de futebol e a Mafalda anda engripada...



SÚPLICA

Não adiem a nova primavera.
Olhem que ramos tristes, os meus braços!
Trinta invernos a fio, e só dez anos
De rosas de inocência e de perfume!
Lume!
Lume é que a vida quer nos ímpetos gelados!
Homens a arder de sonho e de alegria,
Em vez de candelabros de agonia,
Apagados.


Miguel Torga
Cântico do Homem
Ed. autor - Coimbra, Janeiro de 1974

2013/01/16

Era só para vos saudar...

Do lado de lá.  Uma visão, sempre igual, sempre diferente ...
 Todos os anos floresce num local recôndito do jardim, como que a querer passar despercebida. Não consegue...
A Tina. Estava a fazer-se desentendida... mas lá abriu um olho para a fotografia...

SOMOS TODOS POETAS

Porque não queres os versos que te nascem
Como rebentos pelo tronco acima?
Porque não queres a inesperada rima
Dos sentimentos?
Olha que a vida tem desses momentos
Que se articulam numa cadência
Tão imprevista,
Que é uma conquista
Da consciência
Não ser um túnel de negação...
Brotam as folhas que são precisas
E outras folhas que o não são.

Miguel Torga
Cântico do Homem
Ed. autor - Coimbra, Janeiro de 1974

2012/08/11

LEIRIA: Rota dos Escritores em Leiria

 Mais pormenores se podem consultar seguindo este link da Câmara Municipal de Leiria.

Lá em cima, a caminho do Castelo, já na designada Av. Ernesto Korrodi, uma lápide evocativa da presença de Miguel Torga em Leiria. O nome desta avenida invoca outra figura ilustre que marcou indelevelmente esta cidade, com os seus múltiplos e  geniais trabalhos  de arquitetura, nos princípios do séc. XX.
 No jardim Luís de Camões, junto à estátua ao Pastor Peregrino, uma figura intimamente ligada à obra de Francisco Rodrigues Lobo.
O eterno rio Lis...


Com ponto de encontro no Centro Cívico: Edifício Praça Eça de Queiroz e Largo da Sé, teve lugar em Leiria, a 2ª Rota do Escritores em Leiria.

Fez-se uma visita guiada por 28 pontos relacionados com a história da cidade entrelaçada na vida em Leiria dos seguintes escritores portugueses:

Francisco Rodrigues Lobo
Eça de Queiroz
Acácio de Paiva
Afonso Lopes Vieira
Miguel Torga
(seguir links que reportam a estes escritores e à sua ligação a Leiria)

Foram cerca de três horas, a percorrer a pé, praticamente todo Centro Histórico de Leiria. Pura magia!

E falou-se dos escritores. E falou-se muito do significado desses pontos onde parávamos para ouvir as informações que nos eram prestadas e, não raramente, participávamos em amenas cavaqueiras a propósito do interessante tema que nos juntou. Pessoas de fora de Leiria estavam em maior número. À volta de 30.
Foi  muito gratificante ter conversado com essas pessoas e trocarmos impressões sobre tão ilustres escritores e a sua ligação pessoal com a cidade de Leiria.


Os guias, funcionários da Câmara de Leiria, na área da Cultura, foram inexcedíveis em dedicação e profissionalismo. É justo deixar aqui os seus nomes: Isabel Brás e Miguel Narciso.



Podem-se ler muitos poemas e outras referências seguindo links neste blogue e/ou através da consulta das etiquetas por temas.

-

Bom fim de semana a todos quantos aqui aportarem.
Amanhã, Domingo, vou até Viseu...

@as-nunes

2012/07/25

Quem define os limites da vida?!...

(A vida para além...)



Perfil

Não. Não tenho limites.
Quero de tudo
Tudo.
O ramo que sacudo
Fica varejado.
Já nascido em pecado,
Todos os meus pecados são mortais.
Todos são naturais
À minha condição,
Que quando, por excepção,
Os não pratico
É que me mortifico.
Alma perdida
Antes de se perder,
Sou uma fome incontida
De viver.
E o que redime a vida
É ela não caber
Em nenhuma medida.

Coimbra, 2 de Março de 1979
Miguel Torga
@as-nunes

2012/01/10

Miguel Torga, as Elites, o Povo e a Electricidade...e o Luar


Uma queimada nas Cortes... do lado de cá  esta minha objetiva não deixa escapar nada.
A REN e as suas linhas colossais de alta tensão de transporte de energia elétrica e a EDP, mais ao lado, com as torres eólicas a poluírem todas as linhas de horizonte montanhoso.


Miguel Torga, no seu Diário:


Coimbra, 10 de Janeiro de 1947 – A moda agora é carregar nos intelectuais. São eles os causadores de todas as nossas desgraças. São eles que traem, que esquecem as realidades, que se fecham na sua torre de marfim. Torre de marfim intelectual na terra de Gil Vicente, de Camões, de Garrett, de Herculano, de Antero, de Oliveira Martins, de Junqueiro, de Basílio Teles!
Torre de marfim intelectual na pátria onde os três grandes acontecimentos da sua história, os descobrimentos, a revolução liberal e a República, foram feitos na perfeita comunhão do povo e das elites!
-

E agora, Torga?...

Muito gostaria eu de ler o teu Diário de hoje, 10 de Janeiro de 2012…

As voltas que o mundo dá.

As elites a decidirem do destino do povo, completamente ao contrário daquilo que lhe prometem quando assumem as rédeas do poder com os seus votos baseados em discursos enganosos, melosos, beijinhos e abraços nas arruadas de bandeirinhas, bombos e gaitadas, sorrisos, falinhas mansas, cheios de sofismas…

-
A Lua cheia a iniciar o seu caminho pela noite fora, ainda ao alcance dos fios condutores de eletricidade, agora cada vez mais cara, uma verba a ficar pesadona, e de que maneira, nos orçamentos das empresas em geral e das famílias, em particular.

Hoje começou a ser lançada uma campanha de parceria entre o Continente e a EDP

Já toparam o esquema?

A EDP (28 conselheiros de gestão, entre os quais o nosso afamado repórter fotográfico de telemóvel, Dr. Catroga, os Chineses Chi... etc(*)) precisam de correr com os Espanhóis ,que já estão a fazer sombra de mais, o Continente angaria mais clientela dando uns pontos extra em cartão (em função do  nosso consumo de eletricidade)  e lá vamos nós, que até estamos necessitados de aproveitar todas as migalhas, a engrossar o carreiro para o Shopping.

Assim se matam dois coelhos com uma cajadada!
-
 (*) Celeste Cardona/CDS, também...
(foto retirada do blogue reflexosnexos)

ps.:

Continuo em testes a ver se vou ou não usar o Novo Acordo Ortográfico. Parece que as opiniões são mais de 80% no sentido de que não se use.
@asnunes

2012/01/01

Este Primeiro de Janeiro de 2012

Hoje é Domingo e o primeiro dia do ano da (des)graça de 2012, a avaliar pelos ensaios já levados a cabo no decorrer do ano de 2011, travagens bruscas no nível de vida dos portugueses, a Europa gaseada de todo, serão ainda os efeitos dos primeiros bombardeamentos de gás mostarda da I Guerra Mundial?


Começámos o dia acordados pelo ribombar dum foguete-petardo, qual terá sido a ideia não sabemos, terá sido para comemorar o fim do 2011, de tão má memória, terá sido para chamar a atenção aos deuses da fortuna para nos darem mais ânimo para enfrentar 2012?

Os nossos gatos, os que estão fora de casa, mas com condições invejáveis, três ao todo, acharam por bem ofertarem-nos os despojos do nosso rouxinol, sobrou a cabeça e algumas penas. Eles próprios, talvez o rapazito, tinham-se encarregado de, por artes e manhas de que só eles é que são capazes, deitarem a gaiola ao chão, a porta abriu-se, o rouxinol escapuliu-se mas não abandonou as redondezas da casa. Acabou por ser apanhado pelos felinos, estava-se mesmo a ver.
O rouxinol, já em liberdade, eu a fotografá-lo no meio dum piricanta com os seus pomes característicos (são comestíveis e considerados dum extraordinário valor medicinal) ainda não sabia que era o que até há pouco tempo estava dentro duma gaiola. No dia seguinte, provavelmente hoje, acabou por ser apanhado pelos gatos que lhe chamaram um figo. Era um rouxinol oriundo do Japão...


Continuam a estralejar foguetes!...
Ainda não ouvi rádio, nem vi TV, nem li jornais, não sei nada do que se passa no mundo, hoje, à hora a que me sentei aqui defronte do monitor do computador, com a ideia de registar a simplicidade fransciscana deste primeiro dia do primeiro ano pós 2011.


Já andei pelo quintal, a ver a horta e o jardim, a ajudar a Zaida em arrumações exteriores, também. E assim irá ser o nosso dia, muito provavelmente...

11h45...12h20 tmg.
- vou fotografar a vista panorâmica aqui em frente, na direcção nascente, mil vezes mirada, mil vezes registada em milhões de pixels!...
- o que é que vai sair deste arrolamento de ocorrências na vida de um casal de suburbanos, já entradotes, mas que querem manter-se activos, física e mentalmente?
A ver vamos!


Acabei de tirar a supra dita fotografia. Não sei se a vou inserir nesta entrada do meu blogue. É mais uma das perspectivas de sempre. Estarei a ficar monótono?
Antes de começar a descer as escadas para o rés-do-chão, passei por uma das estantes da nossa biblioteca e lembrei-me de reler uma passagem do "Diário" de Torga, no ano de 1947, o do meu nascimento, em Viseu, ali à beira do Vouga, serra de S. Macário à vista, S. Pedro do Sul a dois passos. Apeteceu-me. Gosto muito do Torga.
Respiguei isto, escrito em 8 de Janeiro de 1947:
"...
Aqui é preciso aceitar tudo, porque o trigo e joio fazem parte do mesmo corpo, sem possibilidade de separação. Daí, a multiplicidade, partidos, controvérsias, oposição. A uniformidade social é a monotonia de um batatal. E a história perdoa tudo, menos a monotonia.
..."
O que se estará a passar no mundo? Ainda nem sequer passei os olhos pelas notícias on-line.


Mais um foguete!... Deve ser para recordar os mais distraídos que já mudámos de ano de calendário!


12h50 tmg................................................................... já cá volto
(é possível que, enquanto em edição, pelo menos, algumas gralhas pousem por aqui...espero que só temporariamente...
E mais, ainda temos a questão do Novo Acordo Ortográfico; obrigado, Alda, pela sua sugestão de não me preocupar com esse acordo(des).
-
Já são 18h45m, noite cerrada. Continuo sem saber nada do que se passa por esse mundo fora. Estarei a perder alguma informação relevante? Algo que possa vir a contribuir para a melhoria da nossa vida? Os chineses já compraram mais algum pedaço de Portugal? 


Entretanto, cá temos passado o dia em trabalhos de manutenção da casa. Um pouco a contragosto, que me apetecia começar o novo ano nas calmas, acabei por passar o dia às voltas com um berbequim, chaves de fenda, martelo, alicate, parafusos, prateleiras, alguns trabalhos na minha oficina, uma parafernália de todo o tipo de material e ferramentas acumuladas ao longo de várias décadas de vida.  


Finalmente dou por terminado este apontamento, por ora. Deixa-me lá dar uma espreitadela pela janela dos noticiários da rádio e tv.
Antes, vou ver o que se anda por aí a badalar na net.


Mais foguetes! Tem sido isto toda a tarde, aqui pela zona do Vale do Lis, a nascente a meia dúzia de passos. Nem sei para quê, talvez para espantar os espíritos ruins que nos andam a acenar com sombras esquisitas moldadas em silhuetas indefinidas!...


Ora então vamos a ele, ao 2012!
Que venha em paz!
Que venha com menos egoísmos!
Que os governantes da Europa e do resto do mundo assumam um genuíno compromisso de honra em como vão defender a qualidade de vida dos cidadãos!


@asnunes  

2011/09/06

Vive e deixa Viver!

O nevoeiro matinal mal deixava perceber o sol nascente na direcção da Sra. do Monte - Cortes
-
..........Para a Manhã


.......Rosa acordada, que sonhaste?
.......Nas pálpebras molhadas vê-se ainda
.......Que choraste...
.......Foi algum pesadelo?
.......Algum presságio triste?
.......Ou disse-te algum deus que não existe
.......Eternidade?
.......Acordaste e és bela:
.......Vive!
.......O sol enxugará esse teu pranto
.......Passado.
.......Nega o presságio com perfume e encanto!
.......Faz o dia perfeito e acabado!

..............Miguel Torga
-
São 7 horas da tarde, 6 de Setembro. O dia está sublime. Sol a jorros, uma brisa suave, temperatura amena e de Verão. Claro, estamos no Centro-Oeste de Portugal!...
@as-nunes
Posted by Picasa

2011/02/02

Miguel Torga em Leiria - (1939-1941) a 2011

No próximo Sábado, 5 de Fevereiro de 2011, evocação da presença de Torga na cidade de Leiria. Das 15h30 às 16h45, em Leiria, destacando-se a apresentação do Livro de Actas do II Colóquio, no Auditório do Turismo de Leiria.
Alvorada invernosa, gelada, nem o Sol amainou o dia...
Carvalhinha, Barreira, Quinta do "Cabreiro"
-
Amanhece...
E amanhece o desespero...
Dura condenação
Da vida humana!
Angústias a oprimir o coração,
Seguidas como os dias da semana.

Mais vinte e quatro horas
De negrura,
Que o sol nem há-de ver, na sua pressa.
Em vez dum claro apelo,
O pesadelo
Dum sonho mau, que apenas recomeça.

Miguel Torga
(Copyright © António S. Nunes) Posted by Picasa

2010/08/24

A tília hoje, um pretexto para falar de Torga e de 1947!...


Dizem os registos, consentem os meus pais, Daniel e Encarnação, e eu próprio, que terei nascido, como homem para viver no Planeta Terra, em 1947, na Beira Alta, mais precisamente em Viseu (no Casal, mesmo ao descer em direcção a S. Pedro do Sul).
Sem dúvida que a nossa ligação com a Natureza não pode ser mais íntima. Nós, humanos, somos uma parte da Natureza, será esta parte quantificável? A Natureza é o princípio (?) e o fim (?)de todas as coisas... tangíveis e intangíveis!?. Todas as coisas... finitas, infinitas?!...

Escrevia Torga, com data de 20 de Novembro de 1947:
"(...) A natureza não se pode negar em si mesma, e é circular. Começa sempre onde acaba."

Prosseguindo o seu Diário, naquela data, em Coimbra:
"Por lhe ter receitado inalações de flor de tília, o homem cuidou que eu atraiçoava o progresso. E conversámos longamente. Mas quanto mais ele complicava os seus raciocínios, mais eu simplificava os meus.
- E as sulfamidas, a penicilina, a estreptomicina? As aquisições técnicas, numa palavra? Antigamente andava-se de burro; hoje anda-se de avião...Estou a ver que o senhor é um grande idealista!
- Talvez - respondi a rematar a conversa. - Mas já reparou que é tal a necessidade que o homem tem de não perder o pé nos próprios delírios, que mede a força dos motores em cavalos? As sulfamidas, claro. A estreptomicina, claríssimo. Mas, para si, agora, nada disso interessa. O aconselhável, cientificamente, são flores de tília..."

Talvez um tanto teluricamente, fotografei, nos últimos dias, um pôr-do-sol do alto do lugar da Cumeira, freguesia da Barreira -  Leiria e as folhas e os botões das próximas flores da grande tília do Adro da Sé de Leiria, aqui mesmo no "meu" Largo da Sé. Para sempre, uma das referências importantes da minha vida!... 

Palavra de honra, quando fotografei este pôr-do-sol, pensei em Torga e nas suas fragas do Marão...E nas suas deambulações por Leiria, 1939 a 1941...
Entretanto, já cá ando nesta vida, descontente, umas vezes, outras feliz e contente, há mais de meio século e uma década!... 

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2010/06/13

LEIRIA em dia de Sto António de Lisboa


Hoje comemora-se:
O Dia de Santo António de Lisboa
que o é, também, dos mais variados sítios e lugares


O Dia da Freguesia de Leiria.


Leia-se o seguinte excerto do parecer efectuado pelo Professor Doutor Saul António Gomes, emitido em 20 de Agosto de 2002, a pedido do Executivo da Junta de Freguesia de Leiria:
"...
Permanece em aberto, efectivamente, o facto histórico de grande relevância que é a elevação oficial de Leiria ao estatudo de cidade, pelo rei D. João III, como se referiu, em 13 de Junho de 1545. Curiosamente, um dia festivo na vida religiosa, cultural e histórica portuguesa por ser, muito justamente, o dia de Santo António de Lisboa. Santo que tinha na Leiria dos nossos avós grande apreço e era popularmente comemorado na cidade e arredores.
..."

Na imagem acima pode ler-se um poema dedicado a S. António escrito por Miguel Torga, intimamente ligado a esta cidade, pelo facto de aqui ter instalado o seu primeiro consultório como médico e aqui ter vivido nos anos 40. Aqui foi preso pela PIDE.
-
Nestes tempos, ditos modernos, em que andamos todos à nora com problemas de variada índole, nomeadamente as grandes dificuldades de ordem económica e financeira que o país atravessa, ocorreu-me transcrever um soneto de Acácio de Paiva, um dos maiores poetas leirienses de todos os tempos
(eu a recordar, também, aquele outro belo soneto, em que o poeta evocava as Noras que se faziam ouvir no meio do choupal ao longo do Rio Lena, agora a transformar-se rapidamente em área de infraestruturas a que a modernidade parece querer obrigar a todo o custo!...):


LEIRIA
I


A minha terra... Basta ser a tua
Para que mais nenhuma assim me agrade,
Na parte velha, a nossa mocidade
(A cegueira dos anos...) continua.


Ora me demorei vendo uma rua;
Talvez a mais antiga da cidade...
Conserva-te menina: ingenuidade,
Comedimento, a não ver Sol nem Lua.


Há bairros novos, casas de cimento,
Reparos brancos em ruínas, feira
mudada, restaurantes, movimento,


Outras línguas - política, suponho.
Recolhamos, afável companheira,
À capelinha rósea do meu sonho!


- Ler ensaio sobre o brasão da freguesia de Leiria 
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2010/02/18

"DIÁRIO" de Miguel Torga em Leiria - 2 de Fevereiro, todos os anos

Por vários motivos de ordem pessoal não tive ensejo de registar neste meu caderno virtual de notas e apontamentos do que me vai ocorrendo e/ou acontecendo, uma referência que fosse sobre o Dia de Miguel Torga em Leiria.

Soube pela imprensa que a Junta de Freguesia de Leiria foi no passado dia 9, descerrar uma lápide no local onde existiu a casa em que morou Miguel Torga com a mulher, junto do Hotel Eurosol.
Logo a seguir foi feita a apresentação de um livrinho de 50 páginas "a Leiria de Miguel Torga - Guia da Cidade - 2010" da autoria de Carlos Alberto Silva, Edição conjunta da Junta de freguesia e do Inatel. Está muito bem concebido e contem várias fotografias comparativas de Leiria da época e da actualidade. Muito interessante. A contra-capa aborda o tema "Uma vista retrospectiva do "bairro" de Miguel Torga" que nos permite compreender a transformação que a zona mais frequentada por Torga em Leiria sofreu desde 1939 até à actualidade.

Talvez em jeito de contrição, passei pela "Livraria Martins", na rua D. Dinis (É sempre com muito gosto que entro nesta Livraria e troco impressões sobre livros com o Snr. Rui, que por sinal até foi meu aluno nos velhos tempos de 1966 a 1968 da Escola Industrial e Comercial de Leiria) e comprei todos os Volumes do "Diário" de Miguel Torga, edição em 2 Tomos da "Publicações Dom Quixote", 2ª edição (integral), Dezembro de 1999.

Não resisto a transcrever o poema «Exortação» que Torga escreveu quando foi preso e interrogado pela PSP de Leiria, à ordem da PVDE e do Ministro do Interior, de 30 de Novembro a 2 de Dezembro de 1939:

Meu irmão na distância, homem
Que nesta mesma cama hás-de sofrer;
Que nem a terra nem o céu te domem;
Nenhuma dor te impeça de viver!


Hei-de voltar a falar de Torga! Vezes sem conta, assim espero!...

2009/02/08

Miguel Torga em Leiria - 2 de Fevereiro, todos os anos

Andrée "... a meu lado, uma companheira de viagem, dona também da sua personalidade e do seu destino..."
O Sexto Dia da Criação do Mundo, p. 484
In ROTEIRO CULTURAL "Miguel Torga em Leiria", Maria Lucília Vasconcelos (Elos Clube da Região de Leiria), ed. Região de Turismo de Leiria - 2008.
Óleo sobre madeira "Leiria e o seu castelo", imagem cedida à organização do II Colóquio, 7 de Fevereiro de 2009, por Artur Franco.
Índice:
Programa do colóquio.......................................................................... 6
Mensagem aos participantes - Clara Rocha..................................... 7
A encruzilhada do destino: um balanço do período leiriense de
Miguel Torga - Carlos Alberto Silva.................................................. 9
O processo-crime instruído a Miguel Torga, em 1939,
pela PVDE - Renato Nunes................................................................. 23
O Dia de Miguel Torga - José Cymbron............................................ 37
Sinto o medo do avesso: perscrutando a luz e sondando a sombra
em Miguel Torga - Celeste Alves....................................................... 39
Deambulação à volta da poética torguiana - Allix de Carvalho...... 51
-
Da intervenção de Celeste Alves permito-me transcrever a seguinte passagem, na altura como que prenunciando os dias de ansiedade que se vive em todo o Planeta:
-
"4. O medo acarreta o pessimismo - Torga contrapõe-lhe a discernida esperança
...
"Basta, de resto, lermos o poema «Convite» para nos sentirmos, de forma vigorosa, interpelados e suscitados à conversão à alegria que, através ad esperança, vence toda a morte:
.
Vamos, ressuscitados, colher flores!
Flores de giesta e tojo, oiro sem preço...
Vamos àquele cabeço
Engrinaldar a esperança!
Temos a primavera na lembrança;
Temos calor no corpo entorpecido;
Vamos! Depressa!
A vida recomeça!
A seiva acorda, nada está perdido! "
-
Os oradores participantes do II colóquio comemorativo do Dia de Miguel Torga em Leiria foram os seguintes:
Alix de Carvalho - E a vida venceu a morte em «O Senhor»
Suzana Couceiro Vieira Santos - Miguel Torga - Uma força da Natureza
Sandra Duarte - Viagem pela Leiria cultural que Miguel Torga conheceu (1939-1941)
Luis Martins Fernandes - Leiria torguiana: no rasto de Eça e de Rodrigues Lobo
José Cymbron - Miguel Torga e Fernando Pessoa (Do Diário aos Poemas Ibéricos)