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2021/02/27

Carta a minha mãe...

Tenho-me perdido pelo Facebook, ultimamente. Parece-me que se consegue, por esta via, interagir muito facilmente com as pessoas, familiares e amigos. Estou a ficar com a sensação de que algumas coisas que lá vou deixando escritas, deveriam ficar aqui registadas. 

Decididamente, vou fazer um rastreio nesse sentido. Hoje publico o seguinte poemacarta que escrevi à minha mãe, numa altura da sua vida, muito debilitada e já com 96 anos...

porque parte, mãe,
arrastada pelo tempo
aquela tua voz estridente
e eufórica
com que nos recebias
da janela lá de casa
no viso?!
e a tua aflição
quando soubeste
daquela notícia
que o teu antónio
iria chumbar o ano escolar
que tanto prometia?!
só porque se esqueceu
de entregar a prova do exame?!
e a reviravolta
sugestionada pelo desconhecido
que te bateu à porta
só para te dizer
que irias ter uma grande alegria?!
e foi a força dessa fé
que conseguiu o impensável
o teu filho iria fazer um novo exame
de iniciativa do director do instituto
e foi uma surpresa geral
foram ultrapassadas todas as normas vigentes
e estávamos sob a disciplina rígida de salazar
e demos graças a Deus
um galo e uns ovos
escrevo-te estas lembranças, mãe,
na esperança vã de que ainda possamos
voltar a falar no assunto
... e já passou tanto tempo, mãe ...
lourais, 18 de fevereiro de 2021 1h50m
(o teu antónio fez há dias 74 anos. não te preocupes, mãe, eu sei que não vais ler esta carta no sítio onde estás...
talvez ta entreguem mais tarde, mãe...)

Carlos Lopes Pires, Rui Pascoal e 5 outras pessoas
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2020/08/15

Domenico Modugno- La mamma





A mãe



Eles estão todos lá ao lado dela

já que um grito os avisou:

"Mamãe está prestes a morrer".



Eles estão todos lá ao lado dela,

todos os filhos dele estão lá

com o que ele amaldiçoou,

voltou de braços abertos para ela.



Todas as crianças estão lá,

em torno dela isso vai,

em seus jogos não há mais

o lindo jogo dos porquês,

Oh mãe!



E eles a aquecem com beijos,

os olhares doces e infelizes,

mamãe está morrendo.



Santa Maria cheia de graça,

a estátua está lá, na praça

e você, estendendo os braços,

ja canta "ave Maria",

Ave Maria.



Tem tanto amor,

muita dor,

perto de você,

Oh mãe.



Amo aquilo

não vai acabar

perto de você,

Oh mãe.



As pessoas estão lá fora da porta

que está esperando sob o sol,

Mamãe está prestes a morrer.



Bom vinho é oferecido,

não há ninguém que o queira?

É a sua homenagem a quem morre,

para aqueles que viveram como ela.



É estranho dizer, mas é assim,

ninguém chora, mas há aqueles

uma guitarra vai levar,

a canção de ninar vai soar

para mamãe.



E o ar esta cheio de musicas

e outros sons doces,

Mamãe está prestes a morrer.



Enquanto isso, as mulheres, em voz baixa,

para que você possa dormir

como uma criança quando é noite,

já cantam a Ave Maria,

Ave Maria.



Tem tanto amor,

muita dor,

perto de você,

Oh mãe.



Amo aquilo

não vai acabar

perto de você,

Oh mãe.



E nunca, nunca, nunca

vai abandonar você.

-

(à minha mãe, 96 anos, em dias de luta implacável contra a morte...)

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