Mostrar mensagens com a etiqueta jorge de Sena. Mostrar todas as mensagens
Mostrar mensagens com a etiqueta jorge de Sena. Mostrar todas as mensagens

2012/08/11

Nazaré: Ronda Literária Feira do Livro 2012

Na sua terceira edição, esta iniciativa procura conjugar o prazer da tertúlia literária e gastronómica com a descoberta de espaços particulares que abrem as portas aos visitantes, permitindo-lhes um momento único de confraternização e descoberta.(biblioteca da Nazaré)
 No 1º ponto de encontro, num café-bar junto à capitania do porto da Nazaré e à Igreja da paróquia.
 No 2º ponto fomos surpreendidos pela presença de Fernando Pessoa, numa casa particular, onde se disse muita poesia.
 Ainda no 2º ponto da Ronda.
 Já no 3º ponto, noutra casa particular, o Diretor da Biblioteca, Alexandre Isaac, no controlo das operações e grande animador desta iniciativa. Aqui foi projetado um excelente vídeo amador, montagem do próprio Alexandre, em que se interligam belas imagens da Nazaré com muita poesia dita com classe e sentimento.
A Zaida a dizer um poema de Jorge de Sena:

... um Portugal que permanece o mesmo


2º de dois poemas:

De cada vez que um governo necessita de segredos,
por segurança do Estado
ou para melhor êxito
nas negociações internacionais,
é o mesmo que negar,
como negaram sempre desde que o mundo é mundo,
a liberdade.

Sempre que um povo aceita que o seu governo,
ainda que eleito com quantas tricas já se sabe,
invoque a lei e a ordem para calar alguém,
como fizeram sempre desde que o mundo é mundo,
nega-se
a liberdade.

Porque, se há algum segredo na vida pública
que todos não podem saber
é porque alguém, sem saber,
é o preço do negócio feito.
E se há uma ordem e uma lei que não inclua
mesmo que seja o último dos asnos e dos pulhas
e o seu direito a ser como nasceu ou o fizeram,
a liberdade
é uma farsa,
a segurança
é uma farsa,
a ordem é uma farsa,
não há nada que não seja uma farsa,
a mesma farsa representada sempre
desde que o mundo é mundo,
por aqueles que se arrogam ser
empresários dos outros
e nem pagam decentemente
senão aos maus actores.
-
@as-nunes 

2010/04/25

LIBERDADE


A LIBERDADE é VERDE
A LIBERDADE é VERDE e VERMELHA


---
... ... ....
Qual a cor da liberdade?
É verde, verde e vermelha.

Esses ricos sem vergonha,
esses pobres sem futuro,
essa emigração medonha,
e a tristeza uma peçonha
envenenando ar puro.

Qual a cor da liberdade?
É verde, verde e vermelha.

Essas guerras de além-mar
gastando as armas e a gente,
esse morrer e matar
sem sinal de se acabar
por política demente.

Qual a cor da liberdade?
É verde, verde e vermelha.

Quase, quase cinquenta anos
durou esta eternidade,
numa sombra de gusanos
e em negócios ciganos,
entre mentira e maldade.

Qual a cor da liberdade?
É verde, verde e vermelha.

Saem tanques para a rua,
sai o povo logo atrás:
estala enfim altiva e nua,
com força que não recua,
a verdade mais veraz.

Qual a cor da liberdade?
É verde, verde e vermelha.

jorge de sena
[Lisboa, 1919-1978]

in CANTIGA DE ABRIL, livro "Os poemas da minha vida" - Jerónimo de Sousa, ed. Público -  2005
-
E hoje, 25 de Abril de 2010, 36 anos decorridos desde esse mítico 25 de Abril de 1974?

  • Que Democracia?
  • Os ricos cada vez mais ricos e os pobres cada vez mais pobres.
  • O Estado a dar esmolas, hipocritamente, como que a penitenciar-se dos desmandos dos seus dirigentes.
  • A Economia desorganizada, quase desmantelada, pela falta de estratégia nacional e de defesa do interesse público.
  • O egoísmo das corporações profissionais e económicas a sobrepor-se cegamente aos superiores interesses da comunidade.
Posted by Picasa

2009/09/11

POESIA em Alcanadas - Batalha


(post actualizado)
Esta sessão de poesia terá também a participação de Zaida Paiva Nunes e será transmitida em directo pela Rádio Batalha, na frequência de 104.8 Mhz ou on-line na Net seguindo o respectivo link.

São iniciativas como estas que nos ajudam a ter esperança que a Cultura em geral e a Lusofonia em particular têm o Futuro garantido. E que melhor via para atingir estes desideratos que não a magia da Poesia? 
Por coincidência, nesta data, fala-se em toda a comunicação social, de Jorge de Sena, um dos maiores escritores, prosa e poesia, de todos os tempos... (ver nota abaixo).
Para que seja dada a maior projecção possível, a este evento , a Rádio Batalha,  através do éter e da sua emissão on-line , prestará o seu inestimável contributo.

Neste endereço mais se pode ficar a conhecer sobre a actividade da CRA - Centro Recreativo de Alcanadas, concelho da Batalha.

NOTA: Será dita, por Zaida Paiva Nunes, de Leiria, uma poesia de Otília Martel, autora do excelente blogue de poesia e de outras iniciativas culturais, http://meninamarota.blogspot.com 
Um dos melhores blogues de poesia da blogosfera Portuguesa.
-
Jorge de Sena
(Hoje,  dia 11 de Setembro de 2009, finalmente, os seus restos mortais, 
foram trasladados da Califórnia, onde esteve exilado, 
para o cemitério dos Prazeres, em Lisboa)
 

Génesis

De mim não falo mais :não quero nada.
De Deus não falo:não tem outro abrigo.
Não falarei também do mundo antigo,
pois nasce e morre em cada madrugada.

Nem de existir,que é a vida atraiçoada,
para sentir o tempo andar comigo;
nem de viver,que é liberdade errada,
e foge todo o Amor quando o persigo.

Por mais justiça ...-Ai quantos que eram novos
em vâo a esperaram porque nunca a viram!
E a eternidade...Ó transfusâo dos povos!

Não há verdade:O mundo não a esconde.
Tudo se vê: só se não sabe aonde.
Mortais ou imortais,todos mentiram. 

 
Posted by Picasa