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2018/03/24

Rosas Brancas e Asas Brancas: dois poemas de Afonso de Sousa, os mais cantados no Fado de Coimbra




Afonso de Sousa (1906-1993)

Os seus dois poemas, que ainda hoje são a base dos Fados de Coimbra mais cantados em todos os tempos, conforme pp 55 a 56 do seu livro "Ronda pelo Passado", 1989:

ASAS BRANCAS

Quando era pequenino a desventura
Trazia-me tristonho e frio o rosto,
Assim como quem chora de amargura,
Assim como quem sofre algum desgosto.

Um anjo de asas brancas muito finas,
Sabendo-me infeliz, mas inocente,
Cedeu-me as suas asas pequeninas,
Para me ver voar e ser contente.

E as asas de criança, meu tesoiro,
Ao ver-me assim tão triste iam ao Céu,
Tão leves, tão macias - penas de oiro -,
Tão brandas como a aragem, como eu...

Cresci! Cresceram culpas juntamente...
Já grandes são as mágoas mais pequenas;
As minhas asas vão-se... ficam penas!
Não mais voei ao céu, nem fui contente!
-
https://youtu.be/l_cjuvF_hl4
voz: Luis de Góes

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ROSAS BRANCAS 
(No original de Afonso de Sousa: «DESALENTO»)

Quando eu morrer, rosas brancas
Para mim ninguém as corte!
Quem as não teve na vida,
De que lhe servem na morte?

Se eu morrer deixa o caminho
Que à minha campa conduz!
Não quero ver o remorso
A chorar juntinho à cruz!
-
https://youtu.be/q0BhElXuci0
voz: António Bernardino

No vídeo, a segunda quadra está, aparentemente, adaptada do original. Terá sido de acordo entre Afonso de Sousa e Armando Góes? Ao fim e ao cabo, os dois foram grandes amigos desde os seus tempos de colegas no Lyceu Francisco Rodrigues Lobo em Leiria. Aliás, Armando Góes nasceu no lugar de Marrazes - Leiria, em 1906. 
---Mais em 
https://dispersamente.blogspot.pt/search/label/Afonso%20de%20Sousa