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2013/10/17
2013/10/16
Poemas de Ricardo Reis e exposição na Barreira
(No próximo Domingo, 20 de Outubro de 2013, no Solar do Visconde da Barreira, será inaugurada uma exposição de Marta Moita, sob o título (ENTRE)LAÇOS LITERÁRIOS)

Fonte: Carta de Fernando Pessoa a Adolfo Casais Monteiro, de 13 de Janeiro de 1935, inCorrespondência 1923-1935, ed. Manuela Parreira da Silva, Lisboa, Assírio & Alvim, 1999.

Vem sentar-te comigo,
Lídia, à beira do rio
Vem sentar-te comigo
Lídia, à beira do rio.
Sossegadamente fitemos o
seu curso e aprendamos
Que a vida passa, e não
estamos de mãos enlaçadas.
(Enlacemos as mãos.)
Depois pensemos, crianças
adultas, que a vida
Passa e não fica, nada
deixa e nunca regressa,
Vai para um mar muito
longe, para ao pé do Fado,
Mais longe que os deuses.
Desenlacemos as mãos,
porque não vale a pena cansarmo-nos.
Quer gozemos, quer não gozemos,
passamos como o rio.
Mais vale saber passar
silenciosamente
E sem desassossegos grandes.
Sem amores, nem ódios, nem
paixões que levantam a voz,
Nem invejas que dão
movimento demais aos olhos,
Nem cuidados, porque se os
tivesse o rio sempre correria,
E sempre iria ter ao mar.
Amemo-nos tranquilamente,
pensando que podíamos,
Se quiséssemos, trocar
beijos e abraços e carícias,
Mas que mais vale estarmos
sentados ao pé um do outro
Ouvindo correr o rio e vendo-o.
Colhamos flores, pega tu
nelas e deixa-as
No colo, e que o seu
perfume suavize o momento -
Este momento em que
sossegadamente não cremos em nada,
Pagãos inocentes da decadência.
Ao menos, se for sombra
antes, lembrar-te-ás de mim depois
Sem que a minha lembrança
te arda ou te fira ou te mova,
Porque nunca enlaçamos as
mãos, nem nos beijamos
Nem fomos mais do que crianças.
E se antes do que eu
levares o óbolo ao barqueiro sombrio,
Eu nada terei que sofrer
ao lembrar-me de ti.
Ser-me-ás suave à memória
lembrando-te assim - à beira-rio,
Pagã triste e com flores no regaço.
Poemas de Ricardo Reis
Mais poemas aqui
Ricardo Reis (heterónimo de Fernando Pessoa)
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RICARDO REIS
“Aí por 1912, salvo erro (que nunca pode ser grande), veio-me à ideia escrever uns poemas de índole pagã. Esbocei umas coisas em verso irregular (não no estilo Álvaro de Campos, mas num estilo de meia regularidade), e abandonei o caso. Esboçara-se-me, contudo, numa penumbra mal urdida, um vago retrato da pessoa que estava a fazer aquilo. (tinha nascido, sem que o soubesse, o Ricardo Reis).”
Diz Fernando Pessoa na carta, de 13 de Janeiro de 1935, a Adolfo Casais Monteiro, que Ricardo Reis nasceu em 1887 (embora não se recorde do dia e mês), no Porto. Descreve-o como sendo um pouco mais baixo, mais forte e seco que Caeiro e usando a cara rapada. Fora educado num colégio de jesuítas, era médico e vivia no Brasil, desde 1919, para onde se tinha expatriado voluntariamente por ser monárquico. Tinha formação latinista e semi-helenista.
Fernando Pessoa atribui a este heterónimo um purismo que considera exagerado e refere que escreve em nome de Ricardo Reis, “depois de uma deliberação abstracta, que subitamente se concretiza numa ode”.
Fonte: Carta de Fernando Pessoa a Adolfo Casais Monteiro, de 13 de Janeiro de 1935, inCorrespondência 1923-1935, ed. Manuela Parreira da Silva, Lisboa, Assírio & Alvim, 1999.
2012/06/14
Cada coisa a seu tempo tem seu tempo.
(...)
Tentemos pois com abandono assíduo
Entregar nosso esforço à Natureza
E não querer mais vida
Que a das árvores verdes.
(...)
Cada coisa a seu tempo tem seu tempo.
Não florescem no inverno os arvoredos
Nem pela primavera
Têm branco frio os campos.
(...)
Odes de Ricardo Reis
Ontem. dia 13, nasceu, no ano de 1888, Fernando Pessoa
(Lembrança recolhida no picosderoseirabra) e no DN.)
Muito mais prosaicamente, recolhi algumas folhas de tília para fazer um chá, para o meu estar físico, em vez de me preocupar em excesso com o metafísico, causa e consequência deste modo de encarar a vida.
Mas, o que é a vida?!...
(gosto de futebol; aquele jogo com a Dinamarca ia-me "matando"...um chá de tília vinha mesmo a preceito para me ajudar a recuperar de tanta emoção!)
@as-nunes
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