Decidi-me. Vou preparar um livro sobre poesia. Será que me posso considerar um Poeta na aceção literária do termo?! Será que é poeta quem quer?! Bastará querer para se poder ser poeta? Eu penso que sim. Sinto a poesia como uma forma de dialogar intimamente com o meu Eu mas na expectativa de poder chegar ao Outro. Comecei este ´post` sob um impulso inexplicável. Acabei de ver um vídeo e ler um texto alusivo ao que de estranho para nós, Homens, parece estar a acontecer no nosso Planeta no seu conjunto e do próprio Universo.
É assustador atentar nas interrogações que os próprios cientistas estão a levantar. Parece que o mar se está a comportar duma forma estranha. Diz que o Atlntico está a recuar em relação à terra. Mas que, em contraste, se estão a formar ondas alterosas no Pacífico. Que o grau de inclinação da Terra em relação ao posicionamento do seu campo eletromagnético e à sua translação à volta do sol se está a alterar no sentido duma maior verticalização...
...
Voltemos à poesia. Pretensão minha, talvez, mas a verdade é que tenho escrito uns ensaios poéticos. Não sei se algum dia conseguirei fixar-me numa linha de rumo, num fio condutor preciso...
Há dias escrevi este "poema" que deixei, de improviso, ao sabor do momento, no Facebook do Grupo de Poesia de Alcanena. Já aqui falei deste grupo, penso eu. É só confirmar no Índice Temático deste blogue. Já o farei.
É assim:
o dia a hora o vento lesto
calor brutal numa onda de fogo
é o verão da morte
no crepitar das folhas finas pontiagudas
das árvores esguias queimadas
fantasmas dissimulados nas estradas
homens mulheres crianças
envoltas no pavor da morte
embrenham-se no desconhecido
perdem-se em imagens terríveis
mudas de espanto e terror
esfumam-se em espirais de dor
a televisão repete aqueles momentos
ininterruptamente
demoniacamente
mistura-os e confunde o próprio tempo
com fotografias vídeos
reportagens indiscretas em direto
inflamando a própria incandescência
com palavras eivadas de demência
vidas e sentimentos
são convertidas em teatro
num palco inimaginável
um corrupio de lamentos
e de tantos fingimentos …
este verão
já é da Morte
jun2017-Leiria
as-nunes
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Outros ensaios dispersos pelo Facebook e papéis........... que vou encontrando aqui e ali
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Eu e o Outro
A prescrutar o tempo
Eu ao lado do Tempo
Eterno e Velho amigo
Sempre comigo a conspirar
Etéreo e incógnito trilho
Onde quer que ele vá dar
Congeminações e embaraços
Quantos entrelaçamentos
Nesta teia infinita de laços
Dobados ao longo dos tempos
A vida é tudo e é nada
Talvez um mito cósmico
Que nos limita a jornada
O Outro em mim atónito
Eu um átomo ou menos
Duvidoso de si e do Outro
Sentindo-se mui pequenos
Neste mundo e no outro
Seremos,
Eu e o Outro
Eu?!
as-nunes
jan17
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Onde quer que ele vá dar
Congeminações e embaraços
Quantos entrelaçamentos
Nesta teia infinita de laços
Dobados ao longo dos tempos
A vida é tudo e é nada
Talvez um mito cósmico
Que nos limita a jornada
O Outro em mim atónito
Eu um átomo ou menos
Duvidoso de si e do Outro
Sentindo-se mui pequenos
Neste mundo e no outro
Seremos,
Eu e o Outro
Eu?!
as-nunes
jan17
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Já andava desanimado
Com tamanha desfaçatez
Uma aveleira que nem sequer
Dava ares da sua função
Que é dar avelãs
Triste sina a dela e a minha
Há dias
surpreendeu-me
Mostrou-se enfeitada com
Uns adornos disfarçados na folhagem
Depois de consultada a enciclopédia
Feitas as devidas análises
Aleluia
Uma aveleira que afinal dá avelãs
Sem ser às escondidas
Mistério desvendado
As avelãs que apareciam no chão
Não vinham do céu, não…
primavera 2017
(…)A terra produziu
plantas, ervas que contêm semente segundo a sua espécie, e árvores que produzem
fruto segundo a sua espécie, contendo o fruto a sua semente. E Deus viu que
isso era bom." (Gênesis 1, 11-12)
Acantonaram-nos para aguardar
o regresso ao Continente
apartamentos em camarata
uma aparelhagem de som
topo de gama volume máximo
Ouvimos “This is Africa”
parece que é agora
neste momento
que voga no pensamento
evocação com tantos anos
sons cores ventos africanos
Aquela música ainda é africa
o som cheira a tambor
o cheiro ouve-se em clangor
isto é africa
A comissão já tinha terminado
agosto 1971 já era passado
o volume do som alto
o quarto pequeno
´flats` de oficiais milicianos
a espera exasperante
Na minha ideia
só a Zaida e a Inês
dia e noite sem descanso
O tempo parece que estaca
a rendição já está feita
nosso alferes só mais um pouco
devo estar a ficar louco
Um alguidar está cheio
bebidas misturadas muitas
confraternização e farra geral
adeus em algazarra d´arraial
Finalmente o bilhete de avião
aeroporto de Nampula
moçambique fim de verão
nostalgias já comigo vão
Isto ainda é África …
2016 - an
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Carlos Pires
27/04/2017
para Pedro, Carlos, Luís, mim, Ivone, Clara, Clara,
Fernando, Rita, pedro, Aurora, Paulo, Maria, José, Rui, Celeste, Cecília, Ana,
Catarina, fulvio, Luís, Orlando, Aninhas, Ana, Cristina
se um dia me encontrares
à tua porta
acena-me antes de uma janela
faz riscos no bafo das vidraças
desenha um coração
tão pequeno
um sol
com olhos nariz e boca
onde eu possa ficar
(a noite que mão
alguma alcança, 2018)
-
Recebido por
e-mail, ao qual respondi:
para Carlos, Pedro, Carlos, Luís, Ivone, Clara, Clara,
Fernando, Rita, pedro, Aurora, Paulo, Maria, José, Rui, Celeste, Cecília, Ana,
Catarina, fulvio, Luís, Orlando, Aninhas, Ana, Cristina
-
Os amigos e o vento
cheguei a casa
olhei pela janela
o vento levava consigo
o tempo
o sol e os pássaros
e eu com ele
não sei se gostaria
de saber
o que serei eu
nesse sítio
para onde o vento
me leva
adeus amigo
28abr17
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em agosto 2017, também em troca de recomendações inter-irmãos Có-Có, no nosso fórum/Cúria:
em vez d´olhos
veem-se bugalhos
presos a sete ferrolhos
o mundo em frangalhos
nós cerrados nos sobrolhos
do tempo como espantalhos
noites de insónias
o corpo sem espaço
os algoritmos do software
a decidir pelo homem
o próprio momento
da sua auto destruição
Que alucinação?!
Rezemos muito
Que não nos falte cocó
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A todos os poetas
a todos os poetas e os que não
ou porque não sabem que o são
ou porque não querem que se saiba
ou porque as duas
gosto dos vossos poemas
com que nos vão presenteando
de todos
arrisco-me a dizer
antes mesmo de os ler
entre o saber e o ser
neste limbo de não ser
mas querer saber ser
apetece-me responder
mesmo na dúvida suprema
de saber que não sei
como e porquê
pré-sintonia cósmica
também vi essa vossa rosa
António A. S. Nunes
an-jan17
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Ser poeta
é dizer do seu sentimento
num dado tempo
não perceber
que já está a viver
uma sucessão de momentos
quais instantâneos
dum filme de curta metragem
numa duração indeterminada
sem notar
que o tempo voa
qual pássaro sem forma
que nos trespassa
e nos interroga
sem esperar pela resposta
que sabe que não a temos…
as-nunes16
jun-pª
nova-pedrógão