2019/03/16

O meu pai Daniel aos 95 anos feitos em 13 março de 2019



Olá meu pai
95 anos são passados
desde que chegaste (...)
àquela memorável e mítica
terra do Casal de Ribafeita
a casa da avó tua mãe
ficará para sempre
envolta naquela bruma
de saudade e nostalgia
que o tempo não dissipa
para sempre tu serás lembrado
recordas-te daqueles tempos
das nossas idas ao Casal
eu uma criança de olhos azuis
cabelo ligeiramente ondulado
ao jeito da mãe, talvez?
- ó Daniel é o teu filho?
- está crescido o rapaz!
tantas recordações:
aquela ida à Carvalha
pedras graníticas monumentais
a serra logo acima
e aquele ataque de vespas
na portela
zangadas por lhes tocarmos na oliveira?
tu a defenderes-me como se
estivéssemos a ser bombardeados
a II guerra ainda na mente
e a rua central do seixo
no Porto
os montes caulinos ao longe
uma brancura esfumada no horizonte?
e o instituto na rua de entreparedes
o exame de cálculo financeiro
o humanismo impagável do director
a fé da mãe ... ?
a Fundação Calouste Gulbenkian
e a avó Caria
que esperou pelo meu regresso
de Moçambique
para morrer?
os meus irmãos...
...
antónio d´almeida nunes
13 de março de 2019

a tentar perceber



a tentar perceber
a razão de tanto movimento
de abelhas
no meu quintal

Deus lá se dignou
enviar-me um mensageiro-apicultor
invectivando-me
pela minha Santa ignorância:

- então tu meu safardana
  septagenário do planeta Terra
  ainda não sabes
  que o tempo dos enxameamentos
  é chegado?!


ganha lá juízo
  e trata-me bem desses deuses
  imprescindíveis ao vosso sustento
  abre-me esses olhos


respondi com um simples olhar para o azul


ada
13mar2019

2019/03/14

Primavera em 2019 ainda antes do calendário




A dificuldade de escolher e conciliar tanta fotografia com a poesia de Carlos Lopes Pires e a música de Pedro Jordão. 14-03-2019 após uma pequena sessão fotográfica num jardim dos Lourais - Leiria-Portugal numa tarde esplendorosa de luz, cor, sol....

2019/03/12

Começar com abelhas




Há dias assim
Acorda-se num limbo
De cores inquisidoras
Tendentes para tons cinza

Começa-se com abelhas
Sem se saber que o são
Fica-se logo com a ideia
Dum enxame de coisas insolúveis

Tenta-se falar com o mundo
A pedir respostas sábias

Afinal o enxame
É mesmo de abelhas
Elas próprias a precisarem de ajuda

Talvez que o apicultor
Consiga convencer a rainha


ada - 12mar19

2019/03/09

Este pessegueiro especial




há amigos para sempre
mesmo que
a sua amizade seja cíclica
porque assim 
Deus determinou 
talvez um dia
este pessegueiro
se lembre de mim
da abelha que o volteia
e da formiga eusocial
- de quando nós
  éramos

ada-8mar19

2019/03/06

à espera do jasmim




Enquanto a ´Laura`
com chuva e vento 
amarelo/laranja 
se manifesta de Sul
Sudoeste e Oeste
lá fora

de fora para dentro de casa
esta rosa  corajosa
espreita    airosa

e espera
ansiosa
pelo jasmim


ada
6mar19

2019/03/03

Um pessegueiro encantado por um canário




   (fundo preto: alcatrão da minha rua. Foto tirada de cima do telhado da casa)


sou aquele pessegueiro
que  num quintal mora
nos Lourais

até agora
só pouso de pardais

a doença e a melancolia
que me têm apoquentado
desde que aqui fui plantado
longos anos já passados
não me têm permitido
criar pêssegos
como está determinado
que assim deva suceder

e pergunto
se há algo de errado
comigo

reparem na minha floração

será que este ano 
eu vou dar pêssegos ?


aDa
pp do pessegueiro

2019/03/01

e nós enquanto somos







imagens envolventes
lonjuras que nos prendem
caminhos e árvores
e silhuetas dos montes
sugerem-nos paragens
muito para além 
do nosso olhar
e nós
enquanto somos

.
adalmeidanunes
27-02-2019

2019/02/25

O horizonte em pantufas






o horizonte em pantufas
de permeio uma flor 
que desponta
sozinha no mato
completamente descontraída
a sorrir contente
à espera que eu carregue
no obturador da máquina

as coisas belas
que saltam para o mundo
e que nós recordamos
num momento

enquanto a terra continua a girar

adalmeidanunes
jan19

Ao meu mestre

Comentário que deixei no blogue de Carlos Lopes Pires


Hoje é domingo
consegui dormir
até ser acordado
primeiro pelo sol
logo depois pelo meu gato

os gatos são
talvez
os maiores psicólogos do universo

por isso hoje
o meu gato
deixou-me dormir até ao sol

durante o dia
foi ter comigo ao quintal
algumas vezes
e olhou-me no suor

voltou para casa
silencioso e dolente
enroscou-se ao calor do sol...

à espera 
que o cansaço 
me vencesse…

adalmeidanunes
24fev201
9

2019/02/17

Olhai e ouçam


Por alturas da publicação dum vídeo com pinturas, poema e música
de Salanga, Carlos Lopes Pires e Pedro Jordão.  (*)

Olhai e ouçam

ouçam a música de piano
que da inspiração do mundo
e da inteligência
dum monge da nossa irmandade
surtiu com tanto esplendor

e a poesia de outro irmão
tudo junto e harmonizado
louvemos o resultado
de todo este labor irmanado

sem esquecer outro irmão
que não sendo monge
da nossa congregação
reparem que da sua mão
também brota santidade

olhai os fragmentos do átomo
e o resultado do seu movimento
perpétuo...


a DA
11fev19-Lourais-Barreira


(*) https://www.facebook.com/613447628761736/videos/2277315232591224/?t=13

ou https://youtu.be/S5Ww_wDYSXY

A Ema, impávida e serena







A Ema
impávida e serena
---
Os teus olhos são cor de mel
Cândidos 
Doces
Como já dizia Lucrécio
O teu olhar
Tem átomos de fogo
Que veem no escuro
Porque eles próprios são luz
Mas também és sombra
Que nos segue
Para todo o lado
E nos faz companhia
pela noite dentro
e até durante o dia

aDa
17FEV19

Mais um treze de fevereiro






Mais um treze de fevereiro


parece-me estar
numa roleta russa
o pensamento flui
num rio incerto 
ora envolto em nevoeiro
ora serpenteando
ao sabor da orografia do terreno
inevitavelmente
com o mar na mira
mas nunca como alvo final
e o tempo vai e vem
com o pensamento
a tentar driblar a memória
sem sucesso
mais um 13 de fevereiro começa
e já são muitos muitos
mas podem vir mais
.............................

a DA
13Fev19

A janela daquele quarto





a janela daquele quarto

a janela do meu quarto
corriam os anos sessenta
já do século próximo passado
hoje reparei nela
ei-la que está em recuperação
tão inanimada que estava
meio século.
sobreviventes daqueles anos
mágicos
míticos
esta passagem do tempo
mais ou menos longa
tudo nos vai subtrair
há que usufruir da vida
livrar a mente do medo
aDA
16fev19-Leiria

2019/02/06

n+1 o dia nasceu cheio




O dia nasceu cheio
de cor e sombras
muitas sombras
culpa do sol

as poli-oliveiras
do meu vizinho
lá estão
expectantes
seguindo sem descanso
o movimento
do sol da chuva do vento
e dos pássaros

enquanto isso
os cientistas
espantam-se
a nossa galáxia
está diferente

coisa incrível e nunca vista

oh e nós
confusos
perplexos

em constantes
cá se vai indo


a DA
6jan19

2019/01/31

Bálsamo




é um bálsamo
ler poemas
que nos dizem muito
sabendo nós
contudo
que muito mais haverá a dizer

e é esta sensação indizível
que nos obriga a pensar
que o que nós somos
não sabemos

o que saber
o que fazer
para conseguirmos
entender
o quê e quem somos

não sabemos

saberemos ¿¡


a DA
jan19


(Talvez se possa melhor entender o que se passa consultando https://cmlopires.blogspot.com/  )

Interrogações



Interrogações interrogações

Olho o tempo que faz
e o que não vejo
deixa-me
cada dia que passa
mais perplexo.

Deus do Universo
quem és Tu
que não te consigo ver¿

Diz-se
que Tu e o Universo
se sobrepõem
com rigor cósmico

E nós¿
O ambiente natural
e todos os seres humanos

como nos harmonizamos¿

a DA
jan19 a findar

- O Grupo dos 4=CINCO tem sido uma fonte inspiradora para a forma como venho reaprendendo a Poesia.
Aquelas trocas de ´e-mails` e os muitos livros lançados - particularmente os da poesia de Carlos Lopes Pires - têm-me motivado sobremaneira no modo de encarar a Poesia, Deus e/ou o Universo. Obrigado, amigos.

2019/01/29

António Olaio - Next Stop is yersterday - galeria de Arte - Banco de Portugal - 26 JAN > 13 ABR 2019

28 de Janeiro de 2019. Fui visitar a exposição de António Olaio.
Escrevi no Livro de Visitas que iria fazer referência a este facto neste meu blogue. A verdade é que continuo com este gosto de deixar aqui notas de algumas ocorrências no meu percurso de vida. 
Ultimamente não tenho sido nada assíduo mas sempre que tenho ocasião, aqui estou.
-
António Olaio, 1963, Lubango, Angola.
Vive em Coimbra.
Licenciado pela Escola de Belas Artes do Porto em 1987.
Doutorado pela Universidade de Coimbra em 2000. Professor no Curso de Arquitectura e Director do Colégio das Artes da Universidade de Coimbra. Investigador do Centro de Estudos Sociais. As suas performances dos anos 80 levaram-no àmúsica, num percurso onde a utilização de vários meios (pintura, desenho, vídeo, música) decorre duma forte relação com a performance.
-
http://antonioolaio.com/


Algumas fotos da exposição:


DIAL B FOR BIRDS
DIAL R FOR RED
BROADCASTING MY SONGS £3


FORGETTONG POLLY



A escadaria que dá acesso ao 1º andar da Galeria de Arte - Banco de Portugal em Leiria (galeria.bportugal@cm-leiria.pt )


2019/01/15

Será que ainda haverá um dia em que darei à estampa um livro de poesia?


Antes de mais. O que entendo por Poesia? O que é que cada um de nós entende que deve ser invocado como sendo poesia, no sentido de usar palavras para transmitir algo que nos toca no mais íntimo do que julgamos ser? 
Será impossível estabelecer normas para se escrever Poesia? 
Ou a Poesia é algo que não se define, que se transmite pelas mais inesperadas e inusitadas formas?! 
Que Poesia é tentar pensar o universo, cada um de nós como sendo o próprio universo, como fazendo parte do Todo pressentindo que não é Nada?!

-

O frio da memória

Inverno de gelo
A madrugada apressa-se
a entrar pelo dia
O frio lá fora

Invoco a memória
Porquê para quê
Não sei

A madrugada lá vai
Num percurso sinuoso
Cheio de apelos
A memórias de tantas coisas

Tempos dobados
em instantâneos difusos

O tempo continua a correr

Para onde
Por que caminho
Não sei

É melhor assim

Talvez amanhã seja outro dia

a DA
14jan18  - 4 horas
Lourais - Barreira - Leiria

2019/01/11




o sol irradia vida
em luz embrulhada em frio

correm dias de pensar
divagações intermináveis
interrogações 
interrogações

e ouvem-se sons
vozes canções
lançadas no cosmos
por quem       como

continuamos sem saber 

continuamos à deriva
sem rumo 
o azul do infinito
sem uma referência definida

quanto mais longe 
julgamos ser
mais longe estamos

antónio nunes

aDA - 9jan19

---
(em jeito de conversa de amigos. Carlos Lopes Pires tinha escrito e enviado a alguns amigos um poema por alturas do 4º aniversário da morte de sua mãe)

Uma fatia do tempo




uma fatia do tempo
do calendário planetário
e doutro muito mais além

um peregrino
só com o mundo.
o seu só
que não é só dele

e que partilha
com quem talvez
o possa ajudar a mitigar
alguma ausência ...

Fátima, 29dez2018
a DA


2019/01/02

Possivelmente




possivelmente



tempos de solstício de inverno
dias quedos e ledos
que possivelmente estão a contrariar
uma possível ordem cósmica

possivelmente
estamos em mudança

em vias de nos transformarmos
em algo que só se pressente
quando conseguimos
boiar na corrente 
que continuamente nos transporta
para sítios inimagináveis
mas que talvez estejam  

e que só quando lá estivermos
possivelmente encontraremos
tudo o que julgávamos perdido

possivelmente

a DA
31dez2018
-
Caros amigos, que esta passagem para o calendário de mais um ano,
vos seja muito favorável.
(ensaio dum comentário/resposta a um poema de Carlos Lopes Pires
por altura da passagem de ano de 2018/19. Troca de correspondência por emeile)

2018/12/28

Oa amigos e eu em transe





Os amigos escrevem coisas
De encantar os nossos sentidos
Em tempo de sugestão
De Paz e sossego

Quiçá entrecortado
Por inefável música planetária
Que acabamos de escutar
Em transe

É que Deus está em transe
E com ele parece que o homem
Também

Recuperado da respiração
Sempre quero agradecer
Os bons augúrios dos amigos

A estação está a receber
100x100
E responde com olás

Uma luz amovível
Por alguém
Pelo poder vindo de além
Onde?! Quem?!
Chama por nós
Incessantemente

Nós é que não a conseguimos ver
Por detrás da sua mancha escura

Façamos  esse esforço
Deus não nos pode odiar
Sim ou Não?!

a d'Almeida
19dezembro2018
(original por email para amigos da irmandade X)