2013/11/17

Maçonaria: Raízes e Segredos da sua História

AZ - Biblioteca: Maçonaria: Raízes e Segredos da sua História: 954 Ed. 2002 - W. L. Wilmshurst , ele próprio membro da Maçonaria Inglesa, procurou com esta obra clarificar um pouco a sua histór...



954
Ed. 2002
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W. L. Wilmshurst, ele próprio membro da Maçonaria Inglesa, procurou com esta obra clarificar um pouco a sua história, propósitos, crenças e rituais, tornando a sua compreensão acessível também aos leigos.

Bem tenho tentado perceber em rigor as diferenças substantivas que existem entre as várias Ordens Maçónicas, ou se devemos, pura e simplesmente, considerar uma Ordem Maçónica, ainda que identificada por várias Grandes Lojas...

À volta desta ideia de maçonaria e dos Maçons ainda subsistem muitos segredos que, aos poucos, mas sem certezas dos intentos dos vários grupos organizados, vão sendo do domínio público.
Pelo que me apercebo só integrando, de facto, uma Loja Maçónica é que se consegue perceber claramente os objetivos pretendidos, para além dos que definem teoricamente toda a "Hierarquia" ,instituída no sentido duma devoção constante relativamente a Deus e às coisas divinas...
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É imperioso refletir sobre os conteúdos do livro de Eclesiastes, particularmente, Hierarquia, I, 1-3 ...
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Aplicação Prática: 
Eclesiastes oferece ao Cristão a oportunidade de compreender o vazio e o desespero com os quais aqueles que não conhecem a Deus têm que lidar. Aqueles que não têm uma fé salvadora em Cristo se deparam com uma vida que no fim das contas vai acabar e tornar-se irrelevante. Se não há salvação, e não há Deus, então não existe nenhum sentido, propósito ou direção para a vida. O “mundo debaixo do sol”, longe de Deus, é frustrante, cruel, injusto, breve e total “vaidade”. No entanto, com Cristo a vida é apenas uma sombra das glórias por vir em um paraíso que só é acessível por meio d´Ele.
O QUE É A MAÇONARIA - MAÇONARIA EM PORTUGAL
  

A Maçonaria é uma Ordem iniciática e ritualistica, universal e fraterna, filosófica e pregressista, baseada no livre-pensamento e na tolerância, que tem por objectivo o desenvolvimento espiritual do homem com vista á edificação de uma sociedade mais livre, justa e igualitária.

A Maçonaria não aceita dogmas, combate todas as formas de opressão, luta contra o terror, a miséria, o sectarismo e a ignorância, combate a corrupção, enaltece o mérito, procura a união de todos os homens pela prática de uma Moral Universal e pelo respeito da personalidade de cada um. Considera o trabalho como um direito e um dever,valorizando igualmente o trabalho intelectual e o trabalho manual.

A Maçonaria é uma Ordem de duplo sentido: de instituição perpétua e de associação de pessoas ligadas por determinados valores, que perseguem determinados fins e que estão vinculadas a certas regras.

É Iniciática, porque só pode nela ingressar quem se submeta á cerimónia de iniciação, verdadeiro “baptismo” maçónico, que significa literalmente o começo, e simboliza a passagem das trevas á “Luz”.

É ritualista, porque as suas reuniões obedecem a determinados ritos, que traduzem simbólicamente, sinteses e sabedoria, remontando aos tempos mais recuados.

É universal e fraterna, porque o seu fim ultimo é a fraternidade universal, ou seja, o estabelecimento de uma única familia na face da Terra, em que os Homens sejam, no seio da Ordem, verdadeiramente irmãos, sem qualquer distinção de raça, sexo, religião, ideologia e condição social.

Como escreveu Fernando Pessoa, “a Nação é a escola presente para a Super-Nação futura”. Amar a Pátria e a Humanidade é outro dos deveres dos Maçons.

É filosófica. porque, ultrapassada a fase operativa (coorporações de arquitectos/construtores medievais), transformou-se numa associação de caracter especulativo, procurando responder às mais profundas interrogações do Homem. Conserva contudo, o vocabulário, os utensilios e a simbologia dos pedreiros construtores dos antigos templos.

Afinal, o fim último da Maçonaria é a construção de um Homem novo e de uma Sociedade nova. Por isso, todos os seus ritos assentam na ideia de construção e são baseados na geometria, a mais nobre das artes, porque só ela permite compreender a medida de todas as coisas. Assim se justifica que a régua, o esquadro e o compasso continuem a ser instrumentos previligiados do pensamento maçónico.

É pregressista, porque visa o progresso da Humanidade, no pressuposto de que é possível um homem melhor numa sociedade melhor. Encurtar as desigualdades e reduzir as injustiças sociais é um dos seus objectivos, através da elevação moral e espiritual de cada individuo. Porém a Maçonaria não é uma instituição política e, muito menos, partidária. Está acima de todos os partidos, coexistindo nela pessoas das mais diversas sensibilidades, crenças e ideologias... A Maçonaria é assim um espaço de diálogo e de tolerância. A sua influência na Sociedade não se exerce directamente,... mas apenas indirectamente, através do exemplo, da pedagogia e da influência individual dos seus membros nos locais ondem exercem a sua actividade: no emprego, nos partidos, nas organizações cívicas e sociais...

É livre pensadora, porque não aceita dogmas, pratica a tolerância e respeita a liberdade absoluta de consciência. O Maçon tem o direito de examinar e de criticar todas as opiniões e de discutir todos os problemas, sem quaisquer peias ou limitações. A Maçonaria é anti-dogmática, tanto no aspecto politico como religioso ou filosófico. A política e a religião pertencem ao foro intimo de cada um e não podem ser discutidas, salvo nos termos genéricos acima referios, para não abalar a união do povo maçónico, pois, como se disse, a instituição congrega pessoas de todas as crenças ou sem crença nenhuma, de todas as ideologias não totalitárias.

Assim é rotundamente falsa a acusação que vem dos tempos do “Santo Oficio” e que foi retomada pela ditadura deposta em 25 de Abril de 1974 devque os Maçons, ou pedreiro livre, é contra a religião. Muitos e ilustres membros da Ordem foram e são crentes e , até, bispos e cardeais.

A Maçonaria aceita, aliás, a existência de um princípio superior, simbolozado pelo “Grande Arquitecto do Universo” (G.A.D.U.), que não tem definição e que cada um interpreta segundo a sua sensibilidade ou convicção. Para uns será o Deus em que acredita, para outros o Sol, fonte de vida, a própria natureza, a lei moral ou ainda a resultante de todas as forças que actuam no Universo. Esta ideia implica o respeito por todas as religiões, pois todas são igualmente verdadeiras, sem prejuizo do necessário combate ao fanatismo e à superstição.

Nos tempos remotos e medievais, o Maçon era obrigado a perfilhar a religião do seu País. Mas depois doIluminismo, e das formas modernas, considerou-se mais adequado, apenas lhe impôr a religião sobre a qual todos estão de acordo, e que consiste em amar o próximo, fazer o bem e ser homem bom, de honra e probidade. Deste modo a Maçonaria é uma casa de união entre ateus, agnósticos e pessoas dos mais diversos credos.

Deve porém dizer-se que a Maçonaria Regular, Tradicional ou de Via Sagrada, por oposição ao ramo Liberal ou Laico, impõe, a crença em Deus e na imortalidade da alma, excluindo também as mulheres. No entender de alguns Maçons este facto viola os principios maçónicos e contitucionais de igualdade (art.13º da Constituição da Republica Portuguesa). Ao manter uma velha tradição de 300 anos, que teima em não adequar aos valores ético-humanistas do nosso tempo, o ramo tradicional ou anglo-saxónico exclui da dignidade maçõnica três quartos da Humanidade.

(Texto retirado de “Introdução á Maçonaria” de António Arnaut)

2013/11/10

As árvores do centro de Leiria neste outono

Tília no canto Norte do Jardim Luís de Camões  

As Melia Azedarach do Largo 5 de Outubro de 1910, já enformadas e a darem nas vistas...
 O Pastor Peregrino de Francisco Rodrigues Lobo (Estou a tentar acompanhar o trabalho académico "Itinerário Poético de Rodrigues Lobo de Maria de Lourdes Belchor, INCM 1985...). Andavam a arranjar a estrada ali ao pé do Largo Goa, Damão e Diu... creio que o chão anda a abater um pouco...
 O Castelo de Leiria a espreitar por uma nesga entre as folhas duma tília e dum bordo negundo
 Uma melia azedarach entre duas ameixoeiras de jardim
 Um liquidambar ( o do recanto da Alameda do marachão, mesmo ao pé do rio Lis que acompanha o Jardim Luís de Camões
 A tal tília no canto norte do Jardim, um cedro (a árvore mais alta) e um dos raros ulmeiros que susbsistem no centro da cidade
Uma perspetiva do Jardim Luís de Camões, ao fundo um painel publicitário não sei bem de quê, com um X garrido, demasiado contrastante com o ambiente do lugar. Coisas do marketing...

Fotos tiradas no decorrer dum passeio inesperado de máquina fotográfica em punho...

@as-nunes

2013/11/04

A Igreja da Misericórdia em Leiria e a Rede de Judiarias de Portugal

 Esperemos bem que seja possível dar um aproveitamento condigno, como poderá ser este o caso, à Igreja da Misericórdia, em Leiria.
Registo 1479
AZ-Biblioteca
Ed. 2010


Índice do livro de Saul António Gomes

"Neste livro apresenta-se, ao leitor interessado, uma história daquela que foi uma das mais prósperas comunidades judaicas do Portugal medieval. O autor, depois de proceder à avaliação da tradição historio-gráfica acerca da memória judaica e cristã-nova leiriense, passa à contextualização da fixação dos primeiros judeus nesta antiga vila extremenha, por finais do século XII e princípios de Duzentos, e avalia pormenorizadamente as particularidades económicas, sociais e culturais da comuna israelita local, na década de 1490, funcionou a tipografia da família Ortas, oficina impressora do célebre Almanaque Perpétuo de Abraão Zacuto. Estabelece-se, de seguida, um amplo corpo documental que elucida, para os séculos XIII a XVI, a presença e a sobrevivência do povo hebraico em Leiria e em toda a sua região."
in contracapa do livro supra-citado.
« consultar também:  www.catedra-alberto-benveniste.org
« ver em Facebook
@as-nunes

2013/11/01

ARAL - Associação de Rádio Amadores do Distrito de Leiria em 2000

 À esquerda: CT1XI - Mariano Gonçalves - Presidente da REP (Rede dos Emissores Portugueses)
À direirta: eu (CT1CIR) - Presidente da Direção da ARAL
Estávamos na ESTG Leiria, no decorrer da Feira da Rádio da ARAL
Preparávamo-nos para assinar o Protocolo de cooperação ARAL-REP, um momento histórico da vida associativa no meio radioamadorístico.


Eu e o Carlos Costa, CT1CKL. Na mesma altura... Velhos tempos!
@as-nunes

2013/10/31

As Armas nos Lusíadas


Vivo na Barreira - Leiria há mais de 20 anos. Escrevi um ensaio monográfico sobre esta freguesia em 2005 e nela referenciei uma das suas grandes figuras históricas, o General Oliveira Simões. Pois fiquem sabendo que Oliveira Simões se me está a revelar como um grande poeta, humanista, cultor exímio das letras, político brilhante e um militar de envergadura. Nasceu em 1857 e morreu em 1944. Descobri recentemente, num alfarrabista, o livro cuja capa reproduzo abaixo. Uma maravilha. As suas descrições ilustradas com pinturas alusivas, acerca das armas que Camões refere frequentemente no seu cantar poético dos feitos heróicos dos portugueses são dignas de ser apreciadas.  Conto escrever e deixar publicado no meu blogue mais pormenores sobre este tema... (quem me abriu as portas ao conhecimento desta figura excecional foi o meu amigo Pedro Moniz através do seu livro "General Oliveira Simões - Poesia e Prosa (Antologia)" - Ed. Junta Freguesia da Barreira, ed. 1997).
(ver aqui).


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 Este livro saiu a lume em 1986.
p. 5


p. 5



O autor, General Oliveira Simões, ocupa-se, neste livro, sucessivamente, em considerações  técnicas e literárias sobre as armas utilizadas pelos Portugueses e os seus adversários com referência aos passos do poema "Os Lusíadas" onde Camões as menciona.  Essas menções referem-se a:
armas em sentido genérico,
armas brancas,
armas de haste,
armas de arremesso,
armas defensivas,
artilharia neurobalística,
armas de fogo,
munições e engenhos de fogo,
apetrechos de guerra,
instrumentos e insígnias bélicas.

José de Oliveira Simões prossegue, escrevendo sobre "Armas-ferro" anotando diversas passagens dos Lusíadas

1º verso da 1ª instância, I canto:

As armas e os Barões assinalados
Aqui a palavra armas tem o significado genérico de feitos guerreiros, façanhas militares, combates, campanhas, trabalhos na guerra.

Armas mitológicas:
IX 37. Tu, que as armas Tifeias tens em nada,
Metáfora a indicar os raios de Júpiter contra o gigante Tifeu.

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Camões emprega a palavra espada no sentido restrito, a designar a arma geralmente conhecida, ou no sentido metafórico.

No canto VIII, estância 19, o poeta pinta-se, em auto-retrato, numa bela imagem erudita mas fiel, afirmando que era escritor e soldado.
Aqui se refere ao prior de Santa Cruz, D. Teotónio, senhor de Leiria, vila que depois D. Afonso Henriques retomou.

 Canto VIII  est. 19

Um Sacerdote vê, brandindo a espada
Contra Arronches, que toma, por vingança
De Leiria, que de antes foi tomada
Por quem por Mafamede enresta a lança:
É Teotónio Prior. Mas vê cercada
Santarém, e verás a segurança
Da figura nos muros que, primeira
Subindo, ergueu das Quinas a bandeira.

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I   47

Neste passo dos Lusíadas há referência aos terçados, quando descreve os costumes e o armamento do gentio de Moçambique:

De panos de algodão vinham vestidos,
De várias cores, brancos e listrados:
Uns trazem derredor de si cingidos,
Outros em modo airoso sobraçados:
Da cinta para cima vêm despidos;
Por armas têm adagas e terçados;
Com toucas na cabeça; e navegando,
Anafis sonoros vão tocando.

O terçado é uma arma muito parecida com a espada, mas mais curta.

I   54

Esta ilha pequena, que habitamos,
em toda esta terra certa escala
De todos os que as ondas navegamos
De Quíloa, de Mombaça e de Sofala;
E, por ser necessária, procuramos,
Como próprios da terra, de habitá-la;
E por que tudo enfim vos notifique,
Chama-se a pequena ilha Moçambique.



(...) Muito mais há para ler e admirar, incluindo imensas e belas reproduções fotográficas e pinturas a cores ... (ver registo 1974 az-biblioteca)

2013/10/28

General Oliveira Simões - figura grada da freguesia da Barreira - Leiria



 Solar abrasonado na Barreira, mesmo em frente à Igreja Matriz







Aspetos da capela privativa do solar em devoção a N. Sra. da Oliveira...
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Tendo como base o livro “General  Oliveira Simões – Poesia e Prosa (Antologia)” da autoria de Pedro Moniz, edição da Junta de Freguesia da Barreira – Leiria, 1997 podemos apresentar o General Oliveira Simões da forma seguinte:
Entre as figuras históricas da freguesia da Barreira avulta Oliveira Simões, ímpar pela obra literária e legislativa que legou.
O seu nome completo era José Maria de Oliveira Simões, nascido em Leiria a 11 de Maio de 1857, filho de José Ferreira Simões e Cipriana Lúcia de Oliveira, moradores no Bairro de Santo Agostinho da mesma cidade. O pai era natural da freguesia de S. Julião, da Figueira da Foz, enquanto a mãe pertencia também a Leiria.
Neto paterno de Manuel José Ferreira e Ana Rita (*) e materno de José Oliveira Zúquete e de Maria da Encarnação.
Depois de cursado o liceu de Leiria e a Universidade de Coimbra, matriculou-se na escola do Exército onde concluiu, com distinção, o curso da arma de artilharia, acabando por tirar o curso de Engenharia Civil.
Na carreira militar teve a seguinte evolução:
Alferes em 4-1-1882, em 16-9-1909 era promovido a tenente-coronel e em 23-11-1915 chegava a general.
Foi professor do liceu de Lisboa, do Instituto Superior do Comércio e da Escola do Exército, altura em que escreveu vários livros sobre pólvoras, que foram adotados no ensino militar.
Foi deputado em várias legislaturas pelo círculo de Leiria e presidente da Associação dos Engenheiros Portugueses.
O general Oliveira Simões tinha inúmeros louvores de variados ministérios (da Guerra, Obras Públicas, Fomento, Comércio e Instrução) e medalhas  nomedamente das várias Ordens portuguesas e algumas estrangeiras, designadamente a Ordem Militar de Avis, a de Santiago, a do Santo Sepulcro, a de Santiago da Espada, etc.
Colaborou em vários jornais.
Possuía um solar abrasonado na Barreira (conforme se pode ver nas fotos) e morreu aos 18 de Maio de 1944, na freguesia de Camões, em Lisboa.
Muito mais se pode alcançar pela leitura do livro em referência e das notas de João Cabral publicadas no Jornal da Barreira de Junho de 1991, 1ª página.
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No livro de Pedro Moniz, na primeira badana constam os seguintes dados:

Nas referências bibliográficas deste livro podem ver-se:
- ENC, Port. Brasileira, t. XIX, pp. 415;
- FERREIRA, H. Amorim, Elogio Histórico do Conselheiro José Maria de Oliveira Simões (Proferido na Sessão Plenária de 5 de Maio de 1957);
- LEIRIA Illustrada, de 14-IX-1905;
TINOCO, Agostinho Gomes, Dicionário dos Autores do Distrito de Leiria, 1979.

Publicou várias obras dentre as quais:
- Versos Perdidos; Esbocetos Rústicos; A Expressão Numeral na Linguagem.

"Com a sua incontestada autoridade de grande professora, disse D. Carolina Michaellis de Vasconcelos: «A língua é a base, e é a mais genial, a mais original e nacional obra de arte que cada nação cria e desenvolve»."
OLiveira Simões foi um exemplar cultor da língua portuguesa como o comprovam os seus trabalhos literários, sejam em prosa sejam em poesia.


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Em tempo: (30Out2013)
Chegou-me às mãos o livro "As Armas nos LVSÍADAS", J.de Oliveira Simões, Publicações Alfa, 1982. 
Um assombro, este extraordinário trabalho de Oliveira Simões: 
"São muito numerosas as passagens nos Lusíadas em que se encontra o vocábulo armas, e diversos os sentidos em que Camões o empregou.
Logo no 1º verso da 1ª instância, I canto, escreveu:


As armas e os Barões assinalados"

ver registo na minha Biblioteca aqui
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(*)   É importante ter em conta o comentário de Agosto de 2022 a seguir transcrito:

Também sou bisneta do General José Maria Oliveira Simões, neta de Maria Francisca Macedo de Oliveira Simões Pereira de Costa Guerra.
Também eu passei dois verões nessa casa, visto que O Tio Jorge Macedo de Oliveira Simões, deixou em testamento a casa Ao seu sobrinho José~e Maria Oliveira Simões, com usufruto enquanto viva à minha Avó, acima mencionada.

Espero que não me leve a mal, mas queria fazer uma pequena correcção sobre A Srª D. Rita.
Nunca foi casada com nenhum dono do Banco Espírito Santo, mas sim mãe de Ricardo e José Maria Espírito Santo, esses sim fundadores do Banco Espírito Santo.

Atenciosamente

Maria Francisca Guerra raposo de Magalhães

quinta ago. 18, 02:17:00 da tarde 2022

 

2013/10/25

Sebastião da Gama: VERSOS AO MAR



VERSOS AO MAR

Ai!,
o berço da tua voz,
e esse jeito de mão que tens nas ondas,
Mar!

Quando eu cair exausto
sobre as conchas da praia e fique ali
doente e sem ninguém,
hás-de ser tu quem me trate,
quero que sejas tu a minha Mãe.

Há-de embalar-me a tua voz de berço,
pra que a febre me deixe sossegar,
e hás-de passar, ó Mar!
pelo meu corpo em chaga,
as tuas mãos piedosas comovidas,
pra que sintas por mim as minhas dores
e eu sinta só o bálsamo nas feridas.

Como se fosses tu a minha Mãe…
Como se fosses tu a minha Noiva…

E hás-de contar-me histórias velhas
de Marinheiros…
Histórias de Sereias e de Luas
que se perderam por ti…
E se a Morte vier há-de quedar,
toda encantada, a ouvir-te,
e, sem ânimo já me há-de quedar,
Toda encantada, a ouvir-te,
E, sem ânimo já de me levar,
sorrindo, voltará por seu caminho
(não na sentimos vir, nem ir, tão de mansinho
se passou tudo, Mar!),
voltará de mansinho,
pé ante pé, pra não nos perturbar,

      mas saudosa da tua voz de berço…

Sebastião da Gama
SERRA-MÃE
Ed. Ática, 1991
p. 34
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Ler sobre Sebastião da Gama, aqui

@as-nunes

2013/10/21

Exposição Foto Literária de Marta Moita - (ENTRE)LAÇOS LITERÁRIOS

A autora a justificar-se... 
Fernando Pessoa e José Saramago não podem, de forma alguma, sentirem-se menorizados por esta excelente visão que Marta Moita nos proporciona com estes maravilhosos (ENTRE)LAÇOS LITERÁRIOS...  

Marta Moita na sua Nota Introdutória. Aqui um fragmento...
Esta fotografia revela um momento espontâneo do "ator" (Carlos Carepo) que encarnou a figura de Ricardo Reis e que se prestou a andar por Lisboa, nos lugares referidos (e outros...) por Saramago, no seu livro, "O Ano da Morte de Ricardo Reis". Pela ligação íntima que, por via deste livro, se estabelece entre Fernando Pessoa e o seu heterónimo, Ricardo Reis, por um lado, e este mesmo e José Saramago, por outro, se justifica plenamente este instantâneo original e único!... Pelos vistos, aquele momento foi capturado em fotografia por imensos turistas que se passeavam, na altura, pelo Chiado!... 
Qual não deve ter sido o seu espanto! ...
Zaida Nunes e Marta Moita: uma coligação imparável ...
José Cunha - Presidente da União das Freguesias de Leiria, Pousos, Barreira, Cortes no decorrer da sessão de apresentação da exposição, em ambiente romântico do Solar e do seu jardim...

Exposição patente ao público durante o período de 20 a 27 de Outubro de 2013, no Solar do Visconde da Barreira - Leiria. Nada como observar in loco este trabalho, com o qual Marta Moita pretende levar o visitante a interessar-se pela leitura de uma das melhores obras do nosso Nobel da Literatura, José Saramago.
Sem nunca esquecer o grande, o inconfundível Fernando Pessoa.
O ponto comum - RICARDO REIS.


 Sobre a cadeira, a bata, o estetoscópio e a mala ... do médico Ricardo Reis ... 
Marta Moita e a sua amiga Manuela, que tão bem disse Ricardo Reis (Fernando Pessoa)


José Cunha, depois de entregar a medalha da Junta de Freguesia da Barreira - Leiria a Marta Moita

Samba da Bênção (desde Leiria) - Vinícus no centenário do seu nascimento

2013/10/16

Poemas de Ricardo Reis e exposição na Barreira

(No próximo Domingo, 20 de Outubro de 2013, no Solar do Visconde da Barreira, será inaugurada uma exposição de Marta Moita, sob o título (ENTRE)LAÇOS LITERÁRIOS)




Vem sentar-te comigo, Lídia, à beira do rio

Vem sentar-te comigo Lídia, à beira do rio.
Sossegadamente fitemos o seu curso e aprendamos
Que a vida passa, e não estamos de mãos enlaçadas.
 (Enlacemos as mãos.)

Depois pensemos, crianças adultas, que a vida
Passa e não fica, nada deixa e nunca regressa,
Vai para um mar muito longe, para ao pé do Fado,
 Mais longe que os deuses.

Desenlacemos as mãos, porque não vale a pena cansarmo-nos.
Quer gozemos, quer não gozemos, passamos como o rio.
Mais vale saber passar silenciosamente
 E sem desassossegos grandes.

Sem amores, nem ódios, nem paixões que levantam a voz,
Nem invejas que dão movimento demais aos olhos,
Nem cuidados, porque se os tivesse o rio sempre correria,
 E sempre iria ter ao mar.

Amemo-nos tranquilamente, pensando que podíamos,
Se quiséssemos, trocar beijos e abraços e carícias,
Mas que mais vale estarmos sentados ao pé um do outro
 Ouvindo correr o rio e vendo-o.

Colhamos flores, pega tu nelas e deixa-as
No colo, e que o seu perfume suavize o momento -
Este momento em que sossegadamente não cremos em nada,
 Pagãos inocentes da decadência.

Ao menos, se for sombra antes, lembrar-te-ás de mim depois
Sem que a minha lembrança te arda ou te fira ou te mova,
Porque nunca enlaçamos as mãos, nem nos beijamos
 Nem fomos mais do que crianças.

E se antes do que eu levares o óbolo ao barqueiro sombrio,
Eu nada terei que sofrer ao lembrar-me de ti.
Ser-me-ás suave à memória lembrando-te assim - à beira-rio,


 Pagã triste e com flores no regaço.


Poemas de Ricardo Reis
Mais poemas aqui
Ricardo Reis (heterónimo de Fernando Pessoa)
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RICARDO REIS

“Aí por 1912, salvo erro (que nunca pode ser grande), veio-me à ideia escrever uns poemas de índole pagã. Esbocei umas coisas em verso irregular (não no estilo Álvaro de Campos, mas num estilo de meia regularidade), e abandonei o caso. Esboçara-se-me, contudo, numa penumbra mal urdida, um vago retrato da pessoa que estava a fazer aquilo. (tinha nascido, sem que o soubesse, o Ricardo Reis).”
Diz Fernando Pessoa na carta, de 13 de Janeiro de 1935, a Adolfo Casais Monteiro, que Ricardo Reis nasceu em 1887 (embora não se recorde do dia e mês), no Porto. Descreve-o como sendo um pouco mais baixo, mais forte e seco que Caeiro e usando a cara rapada. Fora educado num colégio de jesuítas, era médico e vivia no Brasil, desde 1919, para onde se tinha expatriado voluntariamente por ser monárquico. Tinha formação latinista e semi-helenista.
Fernando Pessoa atribui a este heterónimo um purismo que considera exagerado e  refere que escreve em nome de Ricardo Reis, “depois de uma deliberação abstracta, que subitamente se concretiza numa ode”.

Fonte: Carta de Fernando Pessoa a Adolfo Casais Monteiro, de 13 de Janeiro de 1935, inCorrespondência 1923-1935, ed. Manuela Parreira da Silva, Lisboa, Assírio & Alvim, 1999.