Na praia da Nazaré - Outubro de 2009
No Rossio, em Viseu, Agosto de 2009
Retratar a Vida...
O Tempo vai passando, o presente, não documentado, será inexoravelmente esquecido. A fotografia pode substituir, sem dúvida, muitas palavras, quiçá, nalguns casos, crónicas inteiras.
Sou um mero amador da fotografia, que gosta de rever, a seu modo, a vida. Cada vez mais virado para a mensagem ou para o imprevisto.
Na actualidade, já temos à nossa disposição a tecnologia digital, com potencialidades infinitas, quer na captação da imagem quer no seu processamento. Em consequência começam agora a ser-nos colocadas, cada vez com mais acuidade, questões de toda a ordem: técnicas, estéticas, éticas, jurídicas, sei lá. Uma, à partida, já a estamos a sentir na pele: está-se a perder o hábito de passar a fotografia para o papel, primeiro passo para a sua perda total. A fotografia digital do cidadão comum está a ficar escondida, logo a seguir esquecida, guardada nos sistemas informáticos. Quantas fotografias se vão perder completamente com as avarias nos computadores e os “delete´s” para arranjarmos espaço no disco. Economicamente, os laboratórios fotográficos estão a ser confrontados com a inevitabilidade duma profunda remodelação dos seus equipamentos e oferta de serviços.
Pessoalmente, encontrei uma motivação extra para manter vivo o meu gosto pela fotografia, fotografando. Apesar de pertencer a uma geração que faz questão em resistir, até ao limite, aos computadores e à era digital, tenho que o dizer, em contra-mão, tenho-me esforçado, quanto posso, por acompanhar a evolução das novas tecnologias. Particularmente no âmbito das telecomunicações (sou radioamador desde o tempo das válvulas em vez dos actuais chips, cada vez mais miniaturizados) e da informática (desde os seus primórdios: talvez não saibam, mas, posso afirmá-lo sem receio de ser desmentido e sem falsa modéstia, fui o primeiro professor de informática nas Escolas Secundárias da Marinha Grande e de Leiria – anos 80; hoje, sei que já nada sei, já que a minha trajectória profissional não me permitiu acompanhar toda a evolução entretanto registada). Mesmo assim, para não me afastar do mundo da Internet e Media em geral, dedico algum do meu tempo a construir, qual hobbysta, páginas Web e, mais recentemente, blogues. Nesse particular, tenho que destacar o blogue que está agora a consultar. Que já vai para o seu 5º ano de vida activa. Tenho alojadas na Net várias outras páginas Web, quantas e quais já nem eu sei lá muito bem. Desde 1998, para aí…
Para as manter minimamente actualizadas utilizo, com frequência, fotografias, de carácter essencialmente informativo e documental.
Todo este empenho reflecte, muito simplesmente, a minha maneira de ser e de estar na vida e o meu apego à terra, não só a que me vê viver, mas também a que me assistiu quando espreitei o mundo pela primeira vez. Nasci no Casal de Ribafeita – Viseu, mas a minha terra também é, com uma intensidade cada vez mais viva, a freguesia da Barreira e a cidade de Leiria. Jamais poderia deixar de me sentir tão íntimo com esta terra que me viu chegar num dia descoberto e quente do já longínquo Outubro de 1966. Tenho a honra de ter sido, então, professor da Escola Industrial e Comercial de Leiria, hoje Escola Secundária Domingos Sequeira, passado esse que tenho presente nalguns “Kodak´s”.
Para terminar, um repto. Não deixem que as vossas fotos fiquem no esquecimento, a ganhar pó, no canto duma gaveta ou encafuadas numa arca arrecadada no sótão. Mostrem-nas. Podem crer que todos nós gostaríamos de as apreciar. Organizem-se mais Mostras de Fotografia em Leiria – cidade, em Viseu e em tantas outras localidades por esse País fora.
Vamos aproveitar as nossas fotos (porque não um livro e outro e mais outro?) e compartilhar o que as nossas fotos representam e poderão significar para a nossa memória futura?
António S. Nunes