Leia-se, também, o belo poema de Soares Duarte, p. 12 do boletim nº 2, da ACLAL (aqui)
Da ponte Hintze Ribeiro, em 30 de Dezembro, tempo de muita chuva, o rio Lis (*) e as suas águas, ora de curso lânguido e cantado por variadíssimos poetas e trovadores, ora de rápidos e cheias que se espraiam pelas várzeas luxuriantes do vale do rio, desde a zona da Barosa até Monte Real...
(*) A etimologia da palavra identificativa do nome do rio que atravessa Leiria, vindo das Fontes, freguesia de Cortes e terminando o seu curso de cerca de 50 Km, no Atlântico, na Praia da Vieira, tem suscitado algumas confusões, que talvez pudessem ter sido evitadas, na devida oportunidade. A palavra correcta deve ser "LIS", como aliás, se tem vindo a usar da há já umas décadas a esta parte.
Uma das opiniões, favoráveis à utilização da toponímia "LIS" e não "LIZ" é a de Manuel Marques da Cruz, conforme publicou o "Jornal das Cortes nº 106, 2/Set/96, p.6). (v. também o livro "Recortes do Jornal daí" vol I, pág. 297).
Resumindo: concordo com a forma simples como se conclui pelo uso da palavra LIS. Resultará do cruzamento da palavra lilium com a palavra Iris. Pondo isto em linguagem genética, direi: de lilium veio o cromossoma "l", e de Iris os cromossomas "is": i + is = lis.
Continua, Marques da Cruz: O lírio e a Iris são plantas da mesma família, mas de géneros diferentes. Os franceses têm um rio a que chamam Lis. Que nunca escreveram com um "Z"; os bons dicionários portugueses só registam a forma "Lis"; o Armorial Lusitano diz-nos que já em 1528 uma família nobre tinha o apelido "Lis".
Também adoptam a designação "LIS" outros dos mais categorizados dicionário portugueses:
- Enciclopédia Verbo
- Dicionário Etimológico, de Pedro Machado
- Dicionário Lello
- Dicionário de Augusto Moreno
- Dicionário da Literatura Portuguesa, dirigido por J. Prado Coelho
Consultando eu o "Grande Dicionário Enciclopédico Ediclube" de 1996 pode ler-se:
LIS. (fr.lis, do l. lilium). s.m. LÍRIO. || v. FLOR-DE-LIS.
LIS. Rio da subregião Oeste, que banha Leiria e desagua em Vieira de Leiria, após um percurso de cerca de 50 Km. Pouco caudaloso, atravessa uma região onde as explorações suínas e as variadas indústrias que rodeiam a cidade de Leiria têm contribuído para o aumento da sua poluição.
Ou seja: será de manter estas placas toponímicas com nomes alegadamente errados? É que ninguém consegue em bom rigor, justificar esta grafia, que está bem implantada na ponte Hintze Ribeiro e noutros locais, ao longo do percurso do rio Lis. E lá vão coexistindo, dolentemente, como se estivessem ali a disputar a toponímia correcta para o nome deste belo rio português.
Ou seja: será de manter estas placas toponímicas com nomes alegadamente errados? É que ninguém consegue em bom rigor, justificar esta grafia, que está bem implantada na ponte Hintze Ribeiro e noutros locais, ao longo do percurso do rio Lis. E lá vão coexistindo, dolentemente, como se estivessem ali a disputar a toponímia correcta para o nome deste belo rio português.