Não concordo e acho inadmissível aquilo que os Sindicatos dos Professores (do Ensino Público) estão a fazer!
Convocar uma greve nacional, inopinadamente, em pleno processo de conversações com a entidade da tutela, a Ministra da Educação, com o fim declarado (ouvi hoje na rádio esta afirmação desconcertante, da boca de um dirigente sindical) de mostrar que os Sindicatos dos Professores têm força suficiente para fazer vingar a sua opinião, ou seja, para impor os seus próprios pontos de vista no articulado do futuro próximo Estatuto da Carreira Docente.
...
Logo pela manhã, 8 e pouco, começa a tocar o telemóvel lá em casa. A Z.... atende. Do outro lado, ouve-se a vozita do meu neto, muito bruá de crianças em fundo, "avó não tenho aulas, há greve dos professores, tens que me vir buscar à escola".
Lá fomos, por acaso até nos fica em caminho, levámos a criança connosco que os pais trabalham longe. Vai ter de ficar com a avó todo o dia, ainda que ela tenha que trabalhar no desempenho da sua profissão. (Alguém se incomodou, Governo inclusivé, que lhe tivessem defraudado todas as suas expectativas, alterando todos os "direitos adquiridos" ao longo duma carreira contributiva para a Segurança Social de mais de 40 anos? ... não é funcionária pública?!...).
...
Admito perfeitamente que o projecto apresentado pela Ministra da Educação tem muitas lacunas e, até, algumas injustiças! Mas não posso pactuar com esta atitude dos Sindicatos!
Véspera de feriado, dia a seguir a outro feriado (em Lisboa), fim-de-semana prolongadíssimo à vista (para os que, de certeza, vão faltar na próxima Sexta-feira). Pode-se lá aceitar uma escolha de marcação de greve nacional duma classe sócio-profissional como a dos professores, numa oportunidade como esta, descurando dos interesses dos alunos e dos pais e encarregados de educação?
Vai-se para uma Greve deste jaez numa altura em que nem sequer um projecto alternativo e credível foi apresentado pela FENPROF e outros sindicatos para discussão séria, honesta e patriótica?
Nada me move contra os Professores, pelo contrário, sei muito bem o que é ser professor, trabalhar sem condições nem orientações de fundo, mas não posso concordar com estes métodos de "terra queimada".
Apelo, sei que este meu apelo nem sequer vai ser lido pela generalidade dos professores, mas apelo, como cidadão, pai e avô, para que os sócios dos Sindicatos não contribuam para que estes, as suas super-estruturas e os seus quadros carreiristas, vivam à custa da exploração das suas emoções, expectativas e dos sentimentos dos pais e encarregados de educação dos alunos das Escolas Públicas.
Apelo também à Ministra da Educação para que informe convenientemente a opinião pública do que está em causa efectivamente, que anda por aqui uma grande confusão e desinformação. Também não concordo com a política governamental do avançar com propostas idealistas/líricas para depois acabar por ceder, quantas vezes em toda a linha, particularmente quando se trata do funcionalismo público.
Portugal não é nem pode ser só a máquina trituradora do funcionalismo do Estado!
Os restantes portugueses, os que não têm capacidade reivindicativa, quem olha por eles?
---
PS: Fui militante do PS durante mais de 20 anos. Defendo uma sociedade social e solidariamente justa! Estou na disposição de lutar contra tudo o que sejam centralismos (alguns ditos democráticos!...), contra a manutenção de estruturas sociais que alimentem os carreiristas/oportunistas, contra a eternização de "figuras" mediáticas em lugares públicos de decisão, mesmo que só de representação.
---
asn