2012/08/08

Leiria: Olhar o tempo a passar





Momento

E aqui estou
Sentado neste banco
Do jardim
A avaliar
A sensação de estar
Sentado
Desmazelado
A olhar
O tempo
A passar

E a cidade
A viver
Talvez
Só a estrebuchar
Que ela
Já está noutro lugar

E o dia a correr
Sem saber
O que fazer

Naquele momento
De puro espanto
Olhar o vento
Se tanto …


Jardim Luis de Camões
Leiria, 6 de Agosto de 2012
António S Nunes
@as-nunes

2012/08/06

Férias em casa ...



Férias em casa

O tempo meteorológico tem estado fantástico para tirar umas férias, nem que sejam uns 8 dias seguidos.

Só que há quem possa dar-se a esse luxo e quem não tenha qualquer possibilidade. Ou essa hipótese seja difícil ou mesmo remota!

É praticamente impossível sair de casa para mudar de ares quando se assume a incumbência de cuidar dum(a) idoso(a) com 93 anos …
É um caso de família, é certo, o que não deixa de ser um caso de estudo no que respeita ao apoio aos idosos de idade avançada.
É o que nos está a acontecer…

Paciência é o que se nos pede … 
Claro que estamos empenhados nesta missão com toda a devoção e empenho que nos é requerida. A questão é que eu e a Zaida também já não somos propriamente uns jovens! ...
Não é fácil … 

Há alternativas? Pode-se dizer que sim ...
Mas ... 

Digamos que este registo poderá ser considerado um Manifesto
(da iniciativa e responsabilidade do autor do blogue, exclusivamente!...)
@as-nunes

2012/08/04

Olá Mãe!...

Hoje, que fazes 88 anos, saúdo-te, Mãe, com todo o meu sentimento e amor que um filho pode ter pela sua mãe.
Sei que não andas tão bem de saúde como seria de desejar. 
Sei que estás a ficar de idade já avançada e que os anos não perdoam. 
Mas lembro-me bem de ti, Mãe, de tudo o que fizeste por mim, nem vale a pena estar a enumerar.

Uma imagem, que já se vem repetindo há muitos anos: de repente pões-te a olhar para mim e lembras-te do teu pai. E abraças-te a mim e dizes que me pareço muito com ele. E sorris...
Eu percebo o que sentes, só me lembro do dia em que o meu avô morreu, tu quase que nem acreditas, que eu era um miúdo que mal tinha deixado as fraldas. Mas lembro-me, Mãe! Não me lembro das feições dele. Nunca vi uma fotografia dele, sequer. E lembro-me dos óculos do meu avô. Lembro-me de os ver lá por casa, ainda no Porto, talvez naquela casa da rua do seixo, os montes caulinos no horizonte, anos 50 do século passado.
Como tu devias ter gostado do teu pai! Como o teu pai te ajudou a viver, nos teus anos de menina!...

E eu, menino, a ir com a D. Brígida à Igreja, na catequese e a todas as novenas, que tu estavas convencida que os ensinamentos da santa madre igreja eram imprescindíveis para a minha educação.
E lembro-me da tua preocupação em reveres comigo, antes de sair para a Escola,  a leitura, a escrita e as contas para que eu fosse o bom aluno que fui, sempre na linha da frente. E tu toda babada...

E lembro-me bem do desgosto que tiveste quando à última hora, eu decidi que afinal não ia para o seminário. Já tinha o fato e mais umas coisas preparadas. Acabava a 4ª classe e ia para o seminário.

Como tu deves ter sonhado com o dia em que me visses a dizer a primeira missa, talvez na Igreja de N. Sra. das Neves, em Ribafeita!

Sei que, entretanto, te conformaste com a minha decisão. Que, por uma questão de princípio, nem sequer me pressionaste para eu não desistir de ir para o seminário! Acho que fizeste o que julgaste melhor para mim, Mãe!
Talvez tenha sido melhor. Talvez que eu não tivesse chegado a ordenar-me padre. Talvez que se eu o tivesse feito, teria sido um infeliz ou já tivesse pedido escusa ao Papa.
Mas os princípios por que acabei por nortear a minha vida foram balizados pela tua orientação enquanto menino e moço.


E aquela cena incrível naquele exame que fiz em segunda época, no Instituto? Aquelas peripécias todas, que não vale a pena escrever aqui e agora? Como foi decisiva a tua determinação e Fé!...

Só espero que nunca te tenha dado mais nenhum grande desgosto, Mãe!
Desculpa se hoje me deu para escrever deste modo. Foi assim que saiu este meu escrito, a pensar em ti, Mãe!

Recebe muitos beijinhos do teu filho António, que acabou por nascer com os olhos azuis, tal como o teu pai!...

O Gui e a Tina


Este mariola que aqui se vê é o meu neto Gui a brincar com a cadelita Tina...
Pelas expressões dos dois penso que não haverá muito mais a acrescentar em palavras!...
@as-nunes 

2012/08/02

Viseu, aí vou eu!...


 para ouvir tocado com Flauta.


Indo eu, indo eu, 
A 
A caminho de Viseu, {Bis} 
E7 
Encontrei o meu amor, 
A 
Ai Jesus, que lá vou eu! {Bis} 
tabrefrão
Ora zus, truz, truz, Ora zás, trás, trás, Ora chega, chega, chega, Ora arreda lá pr'a trás!
refrão
Indo eu, indo eu, A caminho de Viseu, Escorreguei, torci um pé, Ai que tanto me doeu! {Refrão} Vindo eu, vindo eu, Da cidade de Viseu, Deixei lá o meu amor, O que bem me aborreceu! {Refrão}
link
-
Bem, a verdade é que a minha mãezita faz anos, no próximo sábado - 88 ou 89 até me esqueci de lhe perguntar, quando lhe telefonei hoje - e, por acaso encontrei esta foto (montagem?!) no Facebook do António Macedo (ouçam-no de manhã, quando vão para o emprego, na «Antena Um», um camaradão, sempre bem disposto e pronto p´rás curvas). Mas, às páginas tantas, vou-me reservar para o outro fim de semana, que é o dia da festa da aldeia, o dia de S. Salvador, no Casal de Ribafeita, ali a caminho de S. Pedro do Sul, quem vem de Viseu.
@as-nunes

2012/08/01

Música, Maestro Victorino D´Almeida!...



Há muito tempo que não ia a Alcobaça. As autoestradas afastam-nos dos centros históricos, quase nem damos por eles, se não os tivermos no nosso roteiro de viagem. Ligamos grandes centros urbanos com uma rapidez fulminante, como se estivéssemos num redil. É por aquela via, naquele sentido e tudo o mais é como se não existisse. 
Como eram diferentes as viagens de outros tempos!

E Alcobaça está, como dizer, requalificada, ou seja, remodelada, na sua apresentação estética de algumas ruas e do Largo em frente do Mosteiro. 
Para melhor? 
Claro que as opiniões aqui dividem-se. Há os que pensam que as zonas históricas não devem ser alteradas visualmente, simplesmente conservadas de modo a manter o ar da sua época áurea, transportando-nos com mais proximidade espiritual aos factos e às circunstâncias que as envolvem historicamente.
E há os que pensam que não podemos parar no tempo. Que tudo pode ser alterado consoante a época em que vivemos.

Eu só questiono os que acham que se deve modernizar o meio em que os nossos monumentos estão implantados, mesmo que isso os descaracterize simbolicamente.
Um povo precisa de referências históricas para se poder orientar em tempo de inquietação e de dúvidas. 

Afinal o que é que distingue uma cidade de outra, na atualidade? A sua zona histórica, fundamentalmente. Portanto, há que preservar as suas zonas históricas, mantê-las na sua configuração, o mais próximo possível do tempo histórico e época cultural que simbolizam, digo eu e não estou sozinho, seguramente.

Bem, mas afinal, qual foi a motivação da minha recente visita a Alcobaça, no passado domingo?

Muito simplesmente, assistir ao Concerto de Encerramento do XX Festival de Música de Alcobaça, com a Orquestra Filarmónica das Beiras sob a Direção de António Vitorino D´Almeida.
Tivemos, os que apareceram sem convite, que assistir ao concerto de pé, o que não foi nada agradável, tanto mais que durante algum tempo estivemos à torreira do sol.

Programa:
Franz Schubert (1797-1828) - Sinfonia nº 5;
António Vitorino D´Almeida (1940) - Idem, op. 167 (2012);
Edward Elgar (1857-1934) - Marcha de Pompa e Circunstância, op. 39 nº 1 (1901)

É desta última que se ouve um excerto, na montagem vídeo acima apresentada.
Foi o que se pôde arranjar, que não tinha credencial para gravar nem fotografar. Aliás, não infringi essa regra, já que a tomada do vídeo foi feita do corredor (galeria) dos Claustros, que liga à nave central da Igreja do Mosteiro. 
Sou muito cumpridor das recomendações que nos fazem! ... 
Pois!
@as-nunes

2012/07/27

Um pôr do sol à Florbela Espanca (?!)


Seguíamos, eu e a Zaida, de carro, Avenida das Comunidades (Leiria) abaixo, sem grande pressa, tínhamos encontro marcado com Florbela Espanca, na Nazaré, no Centro Cultural, uma conversa sobre a sua vida e a sua obra, os nossos amigos e companheiros de tantas tertúlias de poesia, o casal Soares Duarte, já lá estão, sempre na primeira fila, nestas ocasiões...

Sei que já me tornei maçador com esta mania da fotografia. Mas que hei-de fazer?! Foi Deus quem me fez assim, quando me afeiçoo a um hobby, são anos e anos de dedicação, diria mesmo de paixão!...

Ante que o Sol se escondesse atrás das nuvens, na direção do mar, parei o carro (em segurança, quatro piscas ligados) e guardei na minha Nikon D50 com objetiva Sigma 70-300 mm, este pôr do sol.
Mais um, dirão!
Único, digo eu!...

Já Florbela Espanca escrevia...
-
Sol poente


Tardinha... «Ave, Maria, Mãe de Deus ...»
E reza a voz dos sinos e das noras ...
O sol que morre tem clarões de auroras,
Águia que bate as asas pelos céus !


Horas que têm a cor dos olhos teus ...
Horas evocadoras de outras horas ...
Lembranças de fantásticas outroras,
De sonhos que não tenho e que eram meus !


Horas em que as saudades plas estradas
Inclinam as cabeças mart´rizadas
E ficam pensativas ... meditando ...


Morrem verbenas silenciosamente ...
E o rubro sol da tua boca ardente
Vai-me a pálida boca desfolhando ...

pp 107 «sonetos» de Florbela Espanca
Estudo Crítico de
José Régio
Ed. Livraria Bertrand, 1981
@as-nunes

2012/07/25

Quem define os limites da vida?!...

(A vida para além...)



Perfil

Não. Não tenho limites.
Quero de tudo
Tudo.
O ramo que sacudo
Fica varejado.
Já nascido em pecado,
Todos os meus pecados são mortais.
Todos são naturais
À minha condição,
Que quando, por excepção,
Os não pratico
É que me mortifico.
Alma perdida
Antes de se perder,
Sou uma fome incontida
De viver.
E o que redime a vida
É ela não caber
Em nenhuma medida.

Coimbra, 2 de Março de 1979
Miguel Torga
@as-nunes

2012/07/23

SÍRIA REFÉM DO OBSCURANTISMO

Localização  República Árabe da Síria                                              Bandeira da Síria


Penso ser da maior atualidade e interesse divulgar textos como o que referencio abaixo.
A minha amiga, radioamadora e blogger, Alda Maia, autora do blogue:

Pensamentos Vagabundos


.

escreve regularmente, textos de reflexão política e social, com grande profundidade e capacidade de análise.  Nota-se que escreve com bastante perspicácia e atualidade, mas como se estivesse a exercitar, muito simplesmente, a sua arte de exprimir os seus pensamentos.
É pena. A quantidade de artigos que, provavelmente, não chegam à luz da ribalta, do conhecimento dum maior número de leitores é impressionante. Pelo menos, a mim, choca-me que imensos artigos medíocres circulem nos jornais e nas redes sociais e tenham muita divulgação enquanto outros, como o presente,  passam demasiado despercebidos.

Fiquei na tentação de o transcrever na íntegra, neste meu blogue, na modesta intenção de dar o meu contributo para tornar um pouco mais conhecido o seu post com o título 
PRIMAVERAS ÁRABES TRAÍDAS?
PERMANECE O OBSCURANTISMO?
.
Na esperança de que de alguma forma consiga promover a divulgação deste texto de Alda Maia, 

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SEGUNDA-FEIRA, JULHO 23, 2012 (link do original)


PRIMAVERAS ÁRABES TRAÍDAS?
PERMANECE O OBSCURANTISMO?

Desviemos as atenções desta Europa doente de “spreads”, de tendências por cortinas de ferro (agora Norte contra Sul), concentremo-las na Síria e demos relevo a um grande poeta, pensador, filósofo muçulmano nascido no norte da Síria, nacionalidade libanesa e candidato, com muito mérito, a um Nobel da Literatura. Actualmente, vive em Paris.
É conhecido como Adonis (indicam que se deve pronunciar Adunis), pseudónimo de Ali Ahamed Saïd Esber. Foi buscar o pseudónimo ao Adónis fenício, também símbolo da ressurreição.

Para os fundamentalistas é um nome que “renega a tradição islâmica”. A questão é que este poeta e intelectual árabe sempre se bateu pelas liberdades democráticas e pela emancipação das mulheres. Sempre foi um inimigo do regime de Assad, mas não tem poupado críticas ao fundamentalismo islâmico que pretende substituir aquele regime.

2012/07/21

Ao cair duma destas tardes


Os dias têm estado quentes, o Verão, de repente, mostrou os seus galões, grassam incêndios gigantescos centrados no Algarve e na Madeira.


Este fim de tarde surgiu, inesperadamente, belo, até fiquei com a ideia de que um disco voador pairava sobre a Sra. do Monte...
@as-nunes