O meu avô paterno, António Santos, morreu no Casal - Ribafeita, com 45 anos, segundo tenho ouvido dizer...
@as-nunes
O texto lê-se com facilidade ampliando-se as imagens, uma a uma. Constitui um autêntico tratado sobre a laranjeira escrito em 1932 pelo médico, Dr. Samuel Maia, o maior proprietário da minha aldeia natal, Casal, Ribafeita, Viseu - onde ainda hoje existe uma quinta dotada dum solar ao gosto aristocrático de fins do séc. XIX, princípios do séc. XX - e ilustre especialista de vinhos e vinhedos e, pelos vistos, também muito interessado na laranjeira, nas suas reconhecidas qualidades medicinais e na história da sua introdução na Europa e posterior divulgação por todo o mundo.
Já tive oportunidade de me referir ao Dr. Samuel Maia como insigne escritor, tendo, na sua época, sido muito considerado até nos meios literários Parisienses.
Pode consultar-se toda a matéria já registada neste blogue, seguindo o link respectivo do índice temático na barra lateral.
A maior parte do material que tenho recolhido devo-o à extraordinária amabilidade duma pessoa que, à primeira vista, não conheço, mas que me tem enviado pelo correio, livros e este almanach Bertrand de 1932. Evidentemente estou-lhe muito grato, Snr. António Leite.
Depois de passarmos por duas ruas com uma toponímia sui-generis e de bebermos da água mais fresquinha e gostosa que conheço (vem directamente da Serra próxima), eis que se mostram umas batatinhas acabadas de assar, com carne e presunto caseiros, assados no forno da minha prima Lourdes, casa com casa dos meus pais.
Está-se na aldeia do Casal - Ribafeita - Viseu - Portugal.
As fotos já são de Agosto deste ano, por altura da festa anual dedicada a S. Salvador, padroeiro da localidade.
...........................Tojos em princípio de floração. Na zona da Boa Vista - Leiria. Ainda é cedo para as giestas...
Digamos que estas fotos são dedicadas a todos os meus amigos leitores, particularmente à minha prima Nevitas (Brasil), mais ou menos da minha idade. Lembro-me de ti, Nevitas, quando tínhamos quê, eu uns 7 anos e tu, um pouco mais nova, não é? Falaste-me da saudade das giestas em flor e das mimosas, tão abundantes na nossa terra, Casal de Ribafeita, concelho de Viseu. São uns 12 Km de distância da cidade. Nesse tempo era quase do outro lado do Planeta!...
E nós com a nossa avó Neves, velhota (quantos anos teria nessa altura? Estou a vê-la a cumprir escrupulosamente a sua ida à missa, a pé, aí uns 2 km ou mais, na Igreja paroquial, o cemitério ali mesmo ao lado, muitos dos nossos familiares ali sepultados), a nossa tia Céu a olhar por nós, coisa bastante complicada, se bem me lembro das nossas diabruras próprias da idade. Lembras-te das minhas incursões ao muro da entrada, eu a subir pela videira, disfarçar-me no meio da parreira que ela formava, a cantar a pedido de algum enamorado da Conceição (bem bonita que ela era!...de cântaro da água da fonte no "fundo do povo" ao ombro ou de ancas):
.......................................................................Na noite de Maio
......................................................................Toca o violão
......................................................................Ai que lindas pernas
......................................................................Tem a Conceição.
Como ela se danava com estas cantorias e com o cantor! Mas ela bem sabia que eu só emprestava a voz, ao sotaque do Porto, mais nada. Já não pertence ao mundo dos vivos, há bastantes anos, naturalmente...
Lembras-te, Nevitas? Já disseste das saudades desse tempo! Como é que não se pode recordar essa época, com imensa ternura, a imaginar a aldeia e a vida pacata e alegre que então se levava! Tão jovens que nós éramos! Tantos anos se passaram! Da próxima vez que cá vieres temos que nos encontrar!...
(*) No texto original lia-se "mimosas". Mas há diferenças substanciais entre Mimosas (também conhecidas por acácias mimosas) e Acácias propriamente ditas. No post a seguir voltarei a falar das mimosas/acácias.
No post anterior mostrava-se a capela da minha terra natal, fotografia de Agosto de 2001.
Em Abril do corrente ano, apresenta-se como se vê. Ao lado há um grande Largo, agora alcatroado.
Só faço um reparo: esqueceram-se das árvores?!
Confirma-se que a festa é, este ano, de 11 a 13 de Agosto.
Não é por falta de receptáculo que o correio deixa de ser entregue no endereço correcto.
Se bem me lembro era esta a eira onde a minha avó Maria de Jesus (1883-1971) com a ajuda das suas filhas (Dores, Aurelina,Adélia, Cassilda,Encarnação) e homens que se contratavam ou, simplesmente, ajudavam, malhavam as espigas de milho e outros cereais e leguminosas, cevada e feijão, sei lá que mais. Lembro-me vagamente de ter experimentado um mangual (pode ser que ainda faça um desenho dessa ferramenta tal como me recordo, tantos anos passados...).
O que resta dos "espigueiros" de antigamente (activos até aos anos 70, mais coisa menos coisa), que eram os abrigos e secadores das espigas de milho, depois de desfolhadas. Tinham uma estrutura-base em pedra granítica aparelhada e o entaipamento era feito em finas tábuas de pinho que deixavam passar o ar para que as espigas secassem. Daqui seguiam para a eira para serem malhadas e os grãos secarem. Quantas vezes não se tinha que recolher o grão todo para o palheiro ao lado, por causa da chuva!
Em segundo plano pode observar-se um carvalho (carvalha como se dizia, aliás os meus pais têm um pinhal/carvalhal que se chama "carvalha". Quantas vezes é que já não ardeu nos fogos dos últimos anos!)
-
Em próximos posts gostaria de vos mostrar outros aspectos desta freguesia da Beira Alta: comecei pelo Casal (terra onde nasci). De seguida iremos à zona da Igreja Paroquial de Ribafeita, com uma vista panorâmica deslumbrante sobre uma extensão enorme do Rio Vouga. Junto ao portão do cemitério, no seu interior, existe uma cameleira(*) digna de ser propagandeada; tem, seguramente, segundo me garante o meu pai, com 83 de idade, mais de 100 anos...sei lá quantos mais não terá?! Seguiremos para "Covelas" - lembram-se das notas anteriores sobre o Dr. Samuel Maia e o seu livro "Mudança d´Ares", ed. de 1916? - a terra da azeitona, a minha mãe, hoje com 82 anos, bem se lembra dos anos em que andou na apanha da azeitona, a calcorrear aqueles caminhos íngremes e pedregosos, sempre com o serpentear agreste do Vouga lá bem no fundo dos montes! Iremos à Lufinha ver a sua capela e o coreto inaugurado há pouco tempo. Passaremos por Gumiei, cuja Escola Primária frequentei, ainda que por poucos meses. Lembro-me bem da cana que o professor Américo tinha sempre à mão! Gumiei é uma aldeia com grandes tradições, muitos vestígios de casas senhoriais, agora votadas praticamente ao abandono! Requer uma reportagem especial em tempo oportuno!
(*) Tenho fotos para mostrar. Redescobri outra acácia, no Casal, nas traseiras do casario do Eirô (meio-do-povo), que terá a mesma idade!?...
18036-070905-974960-88
© 2007 All Rights Reserved.