2007/11/02

Ao Finar do Dia de todos os Santos

Leiria, ao findar o dia, depois de duas horas de passeio de bicicleta ao longo de alguns dos percursos Polis na cidade do Lis.
Resumindo a crónica deste passeio, um tanto a contra-relógio, que os dias ficaram mais pequenos, desde que nos obrigaram a atrasar os ponteiros do relógio...
O grupo está formado e é constituído por 3 gerações. Três elementos, um da 1ª geração e dois da 3ª, vão de bicicleta. O 2º grupo vai dar apoio de carro, depois de ir fazer mais umas compras de última hora. Estamos a meio da tarde. Iniciamos o passeio desde o Largo da Sé. Atravessamos todo o Largo do Papa Paulo VI, subimos para o Marachão, viramos à esquerda e, logo a seguir, cortamos à direita pela ponte em ondas. Seguimos pelo Parque e retomamos o percurso ciclo/pedonal Polis ao longo do Lis, no jardim de Sto Agostinho. Esta zona é muito bonita. Atravessamos a 1ª ponte, junto ao antigo Convento, passamos entre o quartel dos Bombeiros Municipais e as quedas de água por trás do antigo Moinho do Papel ( a sua requalificação está a ficar com bom aspecto) e de milho também. Lá seguimos pela margem direita do Lis, atravessámos na passadeira junto à Ponte dos Caniços, atravessámos novamente o rio para a outra margem e lá seguimos reentrando junto à Quinta da Fábrica (ali perto está a Rua Miguel Torga, de quem vos vou voltar a falar em próximo post). Lá vamos nós, em direcção a Sul, pela margem esquerda do rio, começamos a trocar impressões sobre a necessidade de se lanchar, só mais um bocadinho, vamos lá a dar uma volta pelo skate parque. Lá chegados, constatou-se que a actividade era muita, que a rapaziada que lá andava, de bicicleta e skate, parecia ser pessoal já experimentado naquelas andanças. A minha sugestão, um bocado a contragosto do G. lá prosseguimos e aproveitámos para ir ao lanche. Com estas andanças todas, esqueci-me de levar o telemóvel, de modo que comecei a ficar preocupado que o grupo de apoio não nos encontrasse, o que acabou por acontecer.
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De regresso, fizémos o percurso inverso, só que, desta vez, parámos no "Parque dos Índios" para a M. e o G. brincarem um bocadinho. Que não podia ser muito tempo, o máximo 5 minutos, dizia eu. Lá me convenceram a ficar por lá mais de 10 minutos. É que o passeio começava a ser mais demorado do que o previsto e já estava a ficar preocupado como o grupo de apoio, que, por sua vez, não conseguiam dar connosco.
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Chegados à zona do Moinho de Papel(1) e das quedas de água dos Caniços, a M. e o G. lá me convenceram, mais uma vez, a parar para melhor observarmos aquela zona do rio. É realmente acolhedora, e a lembrar-nos, os vários poetas bucólicos e românticos que nos séculos XIX e XX incansavelmente cantavam as belezas do Lis, o sussurro das suas correntes, o ranger melancólico das suas noras, os fartos salgueirais, amieiros, choupos e outras espécies botânicas e até a rica fauna de bogas, barbos e enguias. E vêm logo à memória: Afonso Lopes Vieira(*), Acácio de Paiva(*) (que muito me toca em particular), José Marques da Cruz, António da Costa Pereira e outros... (*)
Tirámos fotografias (não há que admirar, que eu, como bem sabeis, ando sempre de máquina à mão, para o que der e vier).
Muito a custo lá convenci os meus jovens companheiros a prosseguir viagem. Atravessámos novamente o Lis para o lado do Jardim de Sto. Agostinho. Aqui démos uns giros e a M. e o G. aproveitaram para fazer o cavalinho com as bicicletas. Claro que o G. é que é o campeão nestas actividades desportivas, para que é um, digamos, super-dotado.
Acabámos o passeio no Parque da cidade, ali junto ao Bairro dos Anjos, onde aproveitaram ao máximo, em brincadeiras próprias para a idade, cujos equipamentos lá estão instalados e a funcionar em pleno. A luz do dia estava a ficar cada vez mais crepuscular e tive que me impor para nos irmos embora. Só nessa altura, o Grupo de Apoio conseguir dar connosco.
Bom, como é fácil de antever, lá levei um responso de todo o tamanho.
Então não se leva o telemóvel?!...
Acabámos cansados (falo por mim, claro, que a M. e o G. não mostravam sinais de fadiga). No entanto, parece que dormiram essa noite que nem uns passarinhos, depois de um dia a porfiar...

(*) Poetas já referidos neste blogue

(1) No séc. XV a moagem de cereais era uma das tradições de trabalho e de riqueza na região. Dos Caniços ao Arrabalde podiam contar-se sete moinhos, para além do pisão do papel, pertencendo uns aos Mosteiros de Alcobaça e de Santa Cruz de Coimbra e outros, ainda, a abastados proprietários que os podiam, ou não, alugar a rendeiros. Em 1411, D. João I permitiu, por Carta Régia, a Gonçalo Lourenço de Gomilde, homem da Corte, que"...em dois assentamentos velhos que em outro tempo foram moinhos que estão no termo e na ribeira da nossa vila de Leiria...junto à ponte dos caniços..."instalasse"...engenhos de fazer ferro, serrar madeira, pisar burel e fazer papel ou outras coisas que se façam com o artifício da água...contando que não sejam moinhos de pão...". (in "Roteiro Cultural de Leiria "Do Moinho do Papel à Tipografia Judaica" - ed. "Região de Turismo Leiria/Fátima").

Até há bem pouco tempo o edifício principal do moinho mantinha a traça arquitectónica original e teimava em laborar, precisamente, na arte de fazer farinha. Ainda é vivo e activo noutra profissão o último moleiro daquele moinho.

7 comentários:

Al Cardoso disse...

Pelo que li e vi valeu a pena a existencia dos "Polis", embora nem sempre as opcoes tenham sido as melhores, mas sempre deixaram muitas cidades mais apraziveis.
Vou-lhe os meus parabens pela energia que demonstra, eu creio que nao conseguiria fazer nem metade!

Um abraco e bom fim de semana.

Bichodeconta disse...

Eu diria, saudávelmente cansados,e felizes..O contacto com a ntureza é o melhor remédio para todas as maselas da alma .. deixo um abrço, deixo também o desejo de boa semana.. Esse chamado ao António , claro que só podia ser para si..Há coisas que o coração sente..

Tozé Franco disse...

Bom passeio e em boa companhia, o que também ajuda.
Bom Domingo

zé lérias (?) disse...

O que a gente continua a aprender aqui, meu bom amigo!
Você é um avô (também) cheio de sorte. A M. e o G. (Maria e Gonçalo?)
fizeram-no suar as estopinhas, estou mesmo a ver...
Cumprimento-o, desejando-vos a continuação de um bom fim-de-semana.

Anónimo disse...

O meu avô disse-me que tu também já és avô e pelo que li entendi que tu és muito amigo deles. Até fazes aventuras e tudo.
Também percebi que tu, como quem não quer a coisa, vais-nos ensinando coisas de antigamente.
Eu também gosto de ir a Leiria e que sabe se um dia eu não conhece os teus amigos netos...

a d´almeida nunes disse...

Ol� Bernard
Obrigado pelo teu coment�rio.
Quem sabe, n�o vir�s a conhecer o G. e a M. S�o porreiros e tamb�m gostam de fazer amigos.
D� sinal um dia que venhas a Leiria.
Ant�nio

Maria Cristina Amorim disse...

A tapada de Mafra conheço pouco, mas nessa altura ainda andava ao colinho da mamã.
Beijos