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2025/09/16

Mais uma carta a um amigo que partiu para um lugar algures ...

 




(Carlos Lopes Pires, João Valente, António d´Almeida Nunes, Luís Vieira da Mota, Manuel Frias Martins)

 

♥♥♥♥♥

Luís

Cá vamos escrevendo cartas atrás de cartas mesmo sabendo que o teu endereço geográfico foi obliterado. Mas insistimos. Sabemos que, de qualquer forma, elas são lidas...
Lendo as palavraspoema de Carlos Lopes Pires no seu ´Facebbok`. Bem gostaria de lhes acrescentar mais palavras, que é a forma mais comum de chegarmos aos outros, os que estão em geografia diferente. Mas depois do que o nosso amigoirmão tem dito nos seus poemas, outras palavras começam a escassear; as que poderão dizer o que sentimos, nestes momentos...
O tempo é um fio incomensurável com o qual vamos entrelaçando tudo o que nos liga à terra... e não só ...
Jamais saberemos o local onde a cosmografia define as coordenadas da infinitude ...
Mesmo assim. Continuamos a olhar o horizonte. Talvez na quarta feira próxima, possamos ser mais expressivos. Um dos fios foi quebrado, mas o cabo não...
ps.: já deves saber, Luís, vamos orar naquela que, talvez seja a última missa dos "santos monges có-có". Sem ti a irmandade mantém-se, mas vamos arrecadar os nossos hábitos... Na próxima quarta feira no local do costume. E, pelo que já julgo saber, vamos estar todos presentes: eu e o Carlos, que vamos de Leiria; o João, que vem do Sul; o Manuel, que vem do Centro Norte para regressar mais a Norte ainda...
---
Luís
bem olhamos o horizonte
a tentar ver
esse distante
próximo ...
os teus ´irmãos` querem
a todo o custo
mesmo contra a força bruta
da própria geografia
preservar os laços eternos
que nos irmanaram na terra
a infinitude é libertária
mas sentimo-la connosco
todas as experiências ondas
que vivemos
não serão esquecidas
elas retornarão
nós seremos capazes
de as reinterpretar
essas ondas vão propagar-se
em vagas
infinitas ...

(no meu Fb de 15/9/2025)

2025/08/06

Escrever e reparar com atenção redobrada na obra literária de Luís Vieira da Mota

 


Já escrevo crónicas mensais para o semanário "notícias de colmeias" desde 2014. Por vezes com alguma dificuldade de gestão de tempo pelo que nem sempre a sua qualidade é a que mais me agrade. Mas cá me vou esforçando. Demais o seu Director e Fundador, pessoa jovem e  que muito estimo tem sido incansável nos seus estímulos para que eu não me deixe ficar pelo caminho. 
Este fragmento que agora apresento refere-se ao meu último "trabalho" e nele pretendo falar sobre o meu amigo de longa data, Luís Vieira da Mota e mui digno escritor. Com vasta obra publicada e muitas crónicas e contos avulsos que por aí vai deixando nas redes sociais. Esperemos que venha a recuperar da doença que o apoquenta e que, no imediato, publique essas crónicas...


Este livro de contos foi editado em 2000 pela Ed. Presença. É um dos que tenho na minha biblioteca. Coisa estranha, só agora é que me decidi a lê-lo, de fio a pavio. Abri-o, ontem, que não sabia do seu paradeiro. Bem o procurei quando escrevi a crónica acima. Coisa estranha mas já vista mais vezes. Tenho os livros de Luís Vieira da Mota na minha biblioteca, na prateleira ESC-1, mesmo ao lado dos livros de Carlos Lopes Pires, Manuel Frias Martins, Maria João Cantinho, Joaquim Jorge, Cândido Ferreira, Joaquim Pires Bento e outros. Este, por falta de espaço nessa prateleira, estava deitado, em cima dos outros. Não estava a reparar nele!!!! 

***

Entretanto, Luís Vieira da Mota faleceu no Hospital de Leiria, já depois desta publicação. Como é do conhecimento público.




2025/07/06

Álamo Oliveira morreu hoje (6/7/2025), aos 80 anos de idade. Gostei muito de o conhecer, Álamo de Oliveira... RIP

Nas notícias do dia, hoje, 6 julho de 2025, eis que surge mais uma que nos toca fundo. Um grande escritor, poeta e dotado de muitos outros atributos sociais e culturais, morreu nos Açoes. Era natural do Raminho, Angra do Heroísmo, Açores. 

Mais uma referência das nossas vidas (Zaida e eu) que desaparece... Estamos a começar a cismar... 


(Outubro de 2011 – Alcanena)

Na recepção do hotel de Alcanena onde ficou alojado Álamo OliveiraLuísa Soares Duarte, para praticar um pouco a área de fotografia que frequenta na Universidade Sénior da Nazaré, tirou-nos este instantâneo. Esta foto  tem uma dupla justificação: em primeiro lugar pelo gosto mútuo em ficarmos com uma recordação destes momentos e de eu também poder ficar na fotografia; em segundo lugar, porque vai permitir que a mãe da Zaida, que também é do Raminho, na ilha Terceira, dos Açores, a possa ver, nestas circunstâncias especiais.
(Esta, Álamo, já não a vou incluir no e-mail que lhe vou enviar.)

(Conforme o que deixei no meu blogue : 

https://dispersamente.blogspot.com/2011/10/alamo-oliveira-embaixador-cultural-da.html

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Na sequência de troca de correspondência, em dada altura:

Álamo Oliveira jhalamo.oliveira@gmail.com

03/11/2011, 21:37
para mim

Meus Caros Amigos Zaida e António,

Já estou de volta à ilha, que me recebeu com uma grande carga de mau tempo. A ilha tem destes humores. Nem sempre deixa que lhe passem a mão sobre o pelo.

Pois bem, certamente o António já viu que recebi os seus mails com as fotos e o blogue. Obrigado por tanta espontaneidade na vossa amizade. Ainda estou a digerir a felicidade daqueles momentos, revendo amigos antigos e conhecendo outros. Foi uma tarde de afetos e de muito calor humano. Neste momento procuro contatar a D. Luísa e o Soares Duarte e não consigo. Desculpe pedir-lhes que me mandem o endereço eletrónico deles, bem como o endereço normal do Dr. Óscar Martins, para lhe poder mandar o que prometi. Desculpem!, mas não consigo arranjar informações mais depressa, face às circunstâncias e uma vez que estou de partida para o Brasil. Aguardo as vossas informações.

Mais uma vez, obrigado pela vossa amizade, recomendem-me com a minha conterrânea. Abraço.

Álamo

--- (Para que conste deste meu Auxiliar de Memória, que bem precisa, cada vez mais... (6/7/2025)

(nota: a conterrânea a que se refere tratava-se da minha sogra, mãe da Zaida Paiva Nunes, Eva de Sousa Esteves Paiva, que era natural do Raminho, tal como Álamo Oliveira)

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2007/04/13

É assim a Vida!

Morreu o Zé Manel

Vamos hoje, nós os familiares, amigos e colegas de trabalho, acompanhar o Zé Manel à sua última morada.
O Zé Manel tinha 57 anos de idade e trabalhava comigo há 16 anos. Um amigo que dificilmente se vai esquecer. Já se estava à espera deste desfecho...há uns meses. Acompanhámos o definhar inexorável da sua vida, sempre na secreta esperança (que nós sabíamos que também era a dele...) de que pudesse ocorrer um milagre, durante 6 meses... contados quase ao minuto...principalmente pela família.

Como em tantos e tantos casos, segundo MANDA a Natureza, Deus!
Nestas alturas a nossa memória como que se aviva. E recordamos! Recordamos muitas passagens das nossas vidas entrelaçadas pelas circunstâncias de cada momento.
Como andámos os dois na tropa, no tempo da Guerra Colonial em Moçambique, fins dos anos 60, tínhamos frequentes conversas sobre o que então passámos, especialmente ele. Parece que o estou a ver a calcorrear com o seu pelotão(**), debaixo de qualquer tempo, sob o olhar felino do adversário (aqueles que nos diziam na recruta e na especialidade, que era o IN(*) ), aqueles trilhos e picadas ao longo do caminho de ferro do Zambeze, a fazer a segurança daquela linha de comunicação e comércio, vital para os objectivos militares dos altos comandos, que ligava a cidade da Beira à Barragem de Cabora Bassa. A sede que, no decorrer das operações militares, lançados à sua sorte durante semanas, no mato, os obrigava a beber água nas piores circunstâncias imaginárias. Bem que levavam uns comprimidos para "tratar" a água mas nós bem sabemos a protecção que essa precaução lhes proporcionava. Os ataques de paludismo que teve de suportar, as mazelas que essa espécie de malária nos deixou no sitema hepático. Digo-o com experiência própria. Não integrei grupos operacionais de combate , mas sofri na pele os efeitos do clima, particularmente o paludismo. E não só eu, também a Zaida(3).

O Zé Manel morreu em consequência duma grave e irreversível doença do seu sistema hepático!
O José Manuel Solipa era um dos que faziam parte de Associações de ex-Combatentes, que têm continuado a luta pela defesa de alguns reconhecimentos do Estado pelas condições difíceis que vivemos em defesa da Pátria Portuguesa, aquela que Camões e Fernando Pessoa tão magistralmente cantaram e louvaram. Mas que também, como nós, os vivos (ainda!...), recriminamos pela falta de solidariedade para com aqueles que deram os anos áureos da sua juventude, quantas vezes a própria vida, em sua defesa!
Que, no mínimo, em honra dessas vidas sacrificadas, se olhe pelas condições de vida dos sobreviventes, uma grande percentagem a sentir problemas de saúde. E que cada vez somos menos, como podemos constatar todos os dias. Nem quero acreditar que seja esse o objectivo ao se adiar, sine-dia, várias questões reivindicadas pelas Associações de Ex-Combatentes.

Já agora, uma reivindicação básica: que se conte, para efeitos de aposentação e reforma (o Zé foi dos milhares e milhares que contribuiram financeiramente para o sistema de segurança social, sem qualquer retorno...) a bonificação do tempo de serviço militar prestado em zonas de intervenção a 100%. Aquelas em que morríamos em combate. E ficávamos feridos e estropiados! E não foram tão poucos como isso!
Muito mais(2) haveria para dizer da vida e do meu relacionamento com o Zé Manel!...

O resto ficará para outra altura...

Descansa em Paz, Zé Manel!...

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(**) Foi Alferes miliciano
(*) IN - inimigo
(2) O Solipa foi jogador de alto gabarito no Sport Clube Leiria e Marrazes (1965 a 1969?)

(3) Pois é. Também esteve em Nampula, enquanto prestei parte do meu serviço militar. Apesar de tudo, fui um privilegiado, que era da Administração Militar.