Vivemos, eu e a Zaida, na freguesia da Barreira, que comemorou este ano 270 anos da sua fundação. A Junta de freguesia lembrou-se de recordar os escritores que, tendo nascido ou aqui vivam, têm publicado livros, contribuindo assim para o enriquecimento da cultura e do bom nome da freguesia.
No passado dia 16 do corrente mês, decorrreu no Salão do Centro Paroquial, durante a tarde, uma sessão solene tendo em vista a comemoração do facto de que em 1738 a Barreira foi elevada ao estatuto de freguesia, aproveitando-se o ensejo para homenagear os autores literários e as associações da freguesia. Entre os loureados figuraram: eu, António Nunes ("Caminhos Entrelaçados na freguesia da Barreira" - ed. da Junta de 2005 e co-autor de "José Teles de Almeida Paiva - 1917-94 - uma Vida, Uma Obra, Uma cidade". ed. dos autores de 2004); e Zaida Paiva Nunes (co-autora de "José Teles de ..." e autora de "Pedaços de Mim" - 25 Poemas, col. da Ed. Folheto, ed. 2005).
A Junta encontrou uma forma original e actual de entregar as respectivas homenagens aos autores: Árvores; a da esquerda, Grevíllea Robusta, para a Zaida; a da direita, Liquidâmbar. Aqui estão elas, devidamente plantadas no nosso jardim. Esta operação levou-nos a fazer várias contas de cabeça para desencantarmos um local condigno para as plantar, mas cá estão e serão futuramente acarinhadas com todo o nosso desvelo. Até pelo simbolosmo de que se revestem.
Estão situadas: Grevíllea: zona NW do jardim; Liquidâmbar: zona NW(fonte).
Cá iremos dando conta do seu crescimento...
5 comentários:
Meu caro António
Deixe-me felicitá-los, a si e à "avó" Zaida, por este sucesso.
E das árvores plantadas, estou em crer, virão a nascer rebentos de sabedoria como a que originou as obras galardoadas.
Um abraço a ambos
Caro Amigo de Leiria,
Eu e meu marido apreciamos juntos as tuas fotografias e o carinho com que voc~e descreve sua Leiria, e outros recantos acolhedores de Portugal.
Muito entusiasmo também percebemos em relatar um pouco da história de cada lugar, fatos e datas.
Acho que Leiria para você é como a Passargada descrita pelo nosso Manoel Bandeira.
Você já leu Manoel Bandeira?
Procure em seus poemas um que fala sobre Passagarda.
Este sim, para qualquer cidadão do mundo é o melhor lugar para se viver.
Parabéns para sua Leiria-Passarda, que quem sabe um dia ainda andarei por suas estreitas ruas, e admirarei suas flores, igrejas e portões.
Atenciosamente,
Cléa Bichara (MAMI)
Desculpe-me As Nunes,
A grafia certa da cidade imaginária brasileira, segundo Manoel Bandeira é Pasárgada.
Aí vai o texto:
Vou-me Embora pra Pasárgada
Manuel Bandeira
Vou-me embora pra Pasárgada
Lá sou amigo do rei
Lá tenho a mulher que eu quero
Na cama que escolherei
Vou-me embora pra Pasárgada
Vou-me embora pra Pasárgada
Aqui eu não sou feliz
Lá a existência é uma aventura
De tal modo inconseqüente
Que Joana a Louca de Espanha
Rainha e falsa demente
Vem a ser contraparente
Da nora que nunca tive
E como farei ginástica
Andarei de bicicleta
Montarei em burro brabo
Subirei no pau-de-sebo
Tomarei banhos de mar!
E quando estiver cansado
Deito na beira do rio
Mando chamar a mãe-d'água
Pra me contar as histórias
Que no tempo de eu menino
Rosa vinha me contar
Vou-me embora pra Pasárgada
Em Pasárgada tem tudo
É outra civilização
Tem um processo seguro
De impedir a concepção
Tem telefone automático
Tem alcalóide à vontade
Tem prostitutas bonitas
Para a gente namorar
E quando eu estiver mais triste
Mas triste de não ter jeito
Quando de noite me der
Vontade de me matar
— Lá sou amigo do rei —
Terei a mulher que eu quero
Na cama que escolherei
Vou-me embora pra Pasárgada.
Texto extraído do livro "Bandeira a Vida Inteira", Editora Alumbramento – Rio de Janeiro, 1986, pág. 90
Manuel Bandeira: sua vida e sua obra estão em "Biografias".
que ideia tão interessante para presentear quem se destacou ao longo dos anos na freguesia!!! Parabéns aos dois !
Ontem, reghressados de uma visita a terras da Beira, onde existe uma Associação para a Promoção Cultural e Social vinhamos a discutir da próxima festa anual , do que fazer, da recuperação de tradições antigas como as rendas e teares, a elaboração de meias e mantas, utilização do forno comunitario e da escola agora fazia por falta de crianças, de contadores de histórias antigas que apenas a tradição oral mantém vivas e parece-me interessante a recompensa - uma árvore, sim porque terrenos vazios e incultos há muitos e a Via Romana está coberta de mato.
Um abraço a amabos pela distinção.
Parabéns, amigo António! Peço-lhe que os enderece também à senhora sua esposa Zaida.
Quanto às árvores estou certo que frutificarão.
Um abraço cá do Norte.
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