2016/12/28

Adelaide Félix a falar de Acácio de Paiva, ´insigne poeta leiriense`. Em 1944

Sempre que me ocorrer e tiver disponibilidade temporal e anímica para isso, aqui vou deixando as minhas notas e Apontamentos do que vou observando e/ou fazendo. 
Que possa servir para quem aqui vier espiolhar...
---

Acácio de Paiva lembrado por Adelaide Félix

-
Notas aquando da recolha de informação sobre
Acácio de Paiva, ´insigne poeta leiriense`.
- António AS Nunes para “Falando de Acácio de Paiva”, ed. Junta de Freguesia de Leiria, 2013.


Composto e impresso na Pap. Veneza. Lisboa. 1944. De 23x18 cm. Com 41 pags. Brochado. Ilustrado pelo Dr. Leonel Cardoso.
Este livro tem 41 páginas .
Nele é publicada uma conferência da autora, pronunciada na noite  de 20 de Março de 1944, na Casa do Distrito de Leiria, e ilustrado por Leonel Cardoso.
Com esta conferência a Dra. Adelaide Félix pretendeu realçar a atividade literária dos escritores que, na sua opinião, mais se teriam, até à data, revelado, ilustrando as terras e as gentes desta área geográfica de portugal:  o Distrito de Leiria.

Adelaide Félix (Santarém 1896 - Lisboa 1971) licenciou-se em Filologia Germânica pela Universidade de Lisboa e estagiou na Alemanha, país que visitava regularmente.
Publica o seu primeiro romance "Hora de instinto" em 1919 a que se segue, em 1921, uma colectânea de contos "Miragens Torvas".
Foi Teófilo Braga, seu mestre de Literatura, quem a incentivou a seguir a vida literária, tendo-lhe prefaciado um ensaio - "Shakespeare e o Othelo".
Exerceu funções docentes no Liceu D. Filipa de Lencastre, em Lisboa e foi também professora no Liceu de Leiria, tal como a própria afirma no "Roteiro de viagens feitas no mar tormentoso das letras por gentes de Leiria e seu termo", conferência que pronunciou na noite de 22.03.1944, na Casa do Distrito de Leiria, em Lisboa.
… "É ainda de Rodrigues Lobo, o liceu onde orgulhosamente eu servi..."


Esta foto foi tirada no decorrer da sessão de encerramento do festival dos jogos florais do Outono de 1965.
É de toda a justiça assinalar que o “Príncipe dos poetas” se chamava José Ribeiro de Sousa, de Maceira Lis (Florão de Louros de Prata).
Uma particularidade interessante deste festival: cada concelho da Região de Turismo de Leiria, teve a representação em palco de uma jovem escolhida a preceito. A representante do concelho de Leiria, foi Zaida Manuela Teles e Paiva, por sinal sobrinha-neta de Acácio de Paiva.

Adelaide Félix foi a presidente do Júri deste certame literário. A dado passo do seu discurso, disse:
(…) ”; e alegram-me, finalmente, a alma, porque cumprindo a sua tarefa, todos os componentes dum júri literário acabam por encontrar, nas produções apresentadas, alguma hora alta, alguma tarde de vento e de sol, que na lida da vida, já bateu à porta de todos nós.”
Não sendo natural de Leiria, aqui viveu vários e interventivos anos, muito contribuindo para a dignificação e divulgação das gentes e das obras literárias de muitos leirienses de alto mérito literário.  Por isso mesmo aqui fica o meu reparo por o seu nome não constar do “Dicionário dos Autores do Distrito de Leiria”, ed. Magno – Leiria – 2004.

-
Voltando mais atrás. Adelaide Félix disse, no seu discurso de 1944, que originou a publicação acima referida,  a propósito de Acácio de Paiva:

“… e não é um mareante, nem dois, nem três, que compõem hoje a tripulação da barca.
Nos cestos das gáveas, ao leme, no tombadilho, trepando aos mastros, ou no comando da nau, vejo gente, da melhor, entre a marinhagem que navega no mar tormentoso das letras contemporâneas.
E entre ela vai esse perdulário de rimas opulentas e do modelo de poesia alegre que é o leiriense Acácio de Paiva. Não cuida, nunca cuidou do seu renome.
Não busca vender livros – pois nem sequer se dá à tarefa de coligir milhares de versos esparsos… .
Dizer «Acácio de Paiva» é o mesmo que dizer insonciance, ou portuguesmente: «… Quanto a glória… tanto se me dá… como se me deu!...»

Ϩ
Notas de António AS Nunes em consulta na Biblioteca Municipal Afonso Lopes Vieira
Em 2012/3.


Sem comentários: