Em
modo DISPERSO… (XXX)
Uma
nova (des)ORDEM MUNDIAL?!
Nos
últimos dias, imediatamente após a tomada de posse de Donald Trump, como presidente dos Estados Unidos, estamos a ser
surpreendidos – porque nunca imaginámos que este sr. levasse a sua extravagante
retórica eleitoral à prática – com notícias chocantes e altamente comprometedoras
para todo o Planeta.
No
momento em que estou a escrever esta crónica tenho à minha frente o seguinte
título de jornal: “Sírios devolvidos a Damasco depois de 13 anos à espera para
ir viver nos EUA”. A reportagem informa que estes seis Sírios são cristãos. Ou
seja, está em causa ser-se de nacionalidade de um dos sete países de maioria
muçulmana, Iraque, Síria, Irão, Sudão, Líbia, Somália e Iémen, independentemente
da religião que professem.
Quem
conhecer a História das religiões monoteístas do mundo, originárias do Médio
Oriente, e a forma como o fundamentalismo Islâmico tem sido motivo de
sangrentos atentados e assassínios a
sangue frio perpetrados em nome de Alá, poderá tentar perceber o alcance desta medida
drástica e, da mesma forma, radical. Mas não é confundindo os muçulmanos em geral com o fundamentalismo islamita que
se conseguirá algum dia erradicar tanto ódio no relacionamento entre os povos.
É
natural que as pessoas se perguntem das razões que levam Trump a reagir tão
brutalmente na sua investida anti muçulmana. Do estudo da História das
religiões que têm estado no cerne dos confrontos religiosos e xenófogos que têm
vindo a assolar todo o mundo pode-se inferir que há memórias que afetam
doentiamente muitas mentes:
1-
Jerusalém é
sagrada para os judeus desde que o Rei David a proclamou como sua capital no
século X ac e para os Cristãos desde as referências que lhe são feitas no
Antigo Testamento mas também pelo seu significado na vida de Jesus (Cristo foi
crucificado no monte Gógota e é em Jerusalém que se encontra o Santo Sepulcro);
2-
Quando Maomé
fundou uma nova religião nos anos 600 que ficou conhecida como o Islão já o Judaísmo e o Cristianismo
tinham muitos seguidores, particularmente nas zonas do Médio Oriente;
3-
Maomé acabou por
entrar em confronto violento com os Judeus e os Cristãos, do que resultou muita
mortandade. O Islão entrou numa fase expansionista e os Cristãos e os Judeus
passaram a ser perseguidos. É destes tempos que vem a invenção da estrela amarela cosida nas vestes dos
Judeus para os identificar ao caminharem pelas ruas das cidades dominadas pelos
islamitas. Estava-se no séc. 9 DC e quem teve essa ideia “brilhante” foi o
Califa do Iraque “Al-Mutawakkil Al-Iraq” (ao contrário da ideia que ficou da II
Guerra Mundial e do holocausto nazi sobre os judeus);
4-
Os Judeus e os
Cristãos eram considerados cidadãos de segunda classe, os “Dhimmi” e só podiam adquirir
o direito à vida se pagassem a “jizya” (taxa de proteção) ou se se convertessem
ao Islão;
5-
Os homens
cristãos recebiam um “zunnar” (cinto). Será dessa época que ficou o hábito de
usar o cinto?;
6-
O Islão
conquistou Jerusalém e a esta cidade também o Islamismo ficou ligado pelo facto
de lá ter sido o local (monte do Templo) em que Maomé ascendeu ao Paraíso para
se encontrar com os Profetas anteriores ao Islão. Esta crença dos muçulmanos
ficou conhecida pela “Noite da Ascenção” e ficou registada como tendo
acontecido em 620 d.C.;
7-
O expansionismo
islâmico só foi travado em 11 de setembro de 1683, às portas de Viena, sendo
que este dia acabou por se transformar num símbolo de vingança dos islamitas
radicais. Não terá sido por mero acaso que Bin Laden organizou o famigerado
ataque às Torres gémeas de Nova Yorque para ocorrer precisamente num 11 de setembro (2011);
8-
Em 3 de março de
1924, a dissolução do califado e a expulsão dos representantes da última
dinastia pela Assembleia da Turquia, determinaram o fim dum ciclo de 600 anos
de poder do Império Otomano. Assim se encerrou um período da história mundial
que tanto influenciou a geografia política, religiosa e social no Oriente e na Europa.
Entre as principais reformas que garantiram a
ocidentalização da Turquia há que ressaltar: a concessão de direitos às
mulheres, a adoção da escrita romana, do calendário gregoriano e do costume
ocidental do sobrenome. Em 1926, aboliu-se também a poligamia.
Quer
dizer, o Califado Islâmico existiu durante 1.400 anos tendo sido extinto há
menos de 100 anos, portanto. Daí a tensão reinante em resultado de todas as
convulsões que têm sido originadas pela pretensão extremista de radicais
ultra-ortodoxos islamitas ao se lançarem na aventura da recriação dum Estado
Islâmico (EI/IS).
É
necessário e urgente educar as populações sobre a história do mundo.
Infelizmente, o que se constata é que as novas gerações estão muito mal
preparadas para enfrentar/compreender determinados fenómenos, como este das
guerras e assassínios bárbaros praticados pelo autoproclamado Estado
Eslâmico. E não se descure também o conhecimento de todos os outros
holocaustos que tiveram lugar à sombra das várias religiões e nacionalismos
exacerbados. Em última análise o que está em causa é a tentativa do domínio dos
pontos estratégicos do globo do ponto de vista da Economia usando a ignorância
e apatia das populações.
(Não resisti e escrevi esta crónica)
António Almeida Santos Nunes
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