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2010/05/05

DISPERSAMENTE... República, Benfica, Poesia


Post Scriptum (7Maio2010):
Esta foto já é de 2006. Continuo a ser Benfiquista. Penso que não sou um fanático pelos lampiões, mas que querem? Fui sempre encarnado! Mas respeito e atribuo o maior mérito a todos os outros clubes. 
Olá Braga, o vosso clube tem feito uma prova digna de campeões, que já o são, mesmo que não fiquem em 1º lugar. 
Sigo a divisa do SLB: "um por todos e todos por um" quando é preciso defender uma causa. Só é pena é que haja tanto oportunismo à mistura com este desporto fabuloso, que é o Futebol!
Porto(anto)... (complemento esta ideia basicamente irracional na zona de comentários)
---
Tenho andado a estudar Mário de Sá-Carneiro, um poeta complicado, amigo e confidente de Fernando Pessoa, que sobre ele escreveu: Mário de Sá-Carneiro não tem biografia, só génio.

Porquê, para quê, nesta altura da minha vida, deveria interrogar-me? Porque sim, porque não sou capaz de funcionar sem ser desta forma dispersiva...

Por isso é que vem a propósito. Virá?...
--
Sentir tudo
de todas as maneiras,
Ter todas as opiniões,
Ser sincero
contradizendo-se
a cada minuto,
Desagradar a si-próprio
pela plena liberdade
de espírito,
E amar as coisas
como Deus.

Álvaro de Campos
in Passagem das Horas
---

Porque o Benfica está prestes a ser Campeão de Futebol
Porque continuo a ocupar uma grande parte do meu tempo
A lidar com números adjectivados com o Euro
A contabilizar as colectas para o Fisco
A sentir que este trabalho é inglório
Que os Euros que se arrecadam
com os Impostos
Não têm servido senão para malabarismos

Porque o Presidente da República
Vai conversar com ex-Ministros das Finanças
que lhe vão relatar o que se deve fazer
esquecendo-se daquilo que não fizeram
enquanto passaram pelos Governos anteriores

Porque Manuel Alegre
Um grande poeta do PS
mas de que eu me habituei a ouvir
e a ler quer a sua poesia quer a sua prosa
abandonou a sua estratégia de miúdo
reguila e refilão
até se transformar no actual
que já não parece ser
o miúdo que pregava pregos numa tábua

Porque quer a todo o custo
ver se ainda consegue ser Presidente da República

Por tudo isto me tenho mantido
(ou já não o estou a conseguir?)
em actividade na blogosfera
com este meu "dispersamente..."

---
Retomando o tema que haverá que realçar (mais lá para diante, talvez, já eu possa aqui escrever algo do que estou a aprender), vou permitir-me transcrever um excerto do Poema VI, "Dispersão" do único livro de poesia que publicou, com este preciso nome, "DISPERSÃO", preparado por si já em 1913, em tempo do início  desta nossa República, cujo Centenário agora estamos a comemorar.

... ...
Passei pela minha vida
Um astro doido a sonhar.
Na ânsia de ultrapassar,
Nem dei pela minha vida...
... ...

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2008/12/27

Dispersamente com Fernando Pessoa

Agora que estamos no declinar do ano de 2008, acabamos de comemorar 120 anos do Nascimento de Fernando Pessoa.
Que melhor oportunidade para comemorar o III aniversário deste meu blogue?
Medite-se na reflexão que a seguir se transcreve:

Nenhuma época transmite a outra a sua sensibilidade; transmite-lhe apenas a inteligência que teve dessa sensibilidade. Pela emoção somos nós; pela inteligência somos alheios. A inteligência dispersa-nos; por isso é através do que nos dispersa que nós sobrevivemos. Cada época entrega às seguintes apenas aquilo que não foi.
...
Fernando Pessoa
Reflexões – excerto de “Ambiente”

Posted by Picasa

2008/11/25

Dispersamente...com Fernando Pessoa.

(pintura de Norberto Nunes)

Sonho. Não sei quem sou.
.

Sonho. Não sei quem sou neste momento.

Durmo sentindo-me. Na hora calma

Meu pensamento esquece o pensamento,

Minha alma não tem alma.

Se existo é um erro eu o saber. Se acordo

Parece que erro. Sinto que não sei.

Nada quero nem tenho nem recordo.

Não tenho ser nem lei.


Lapso da consciência entre ilusões,

Fantasmas me limitam e me contêm.

Dorme insciente de alheios corações,

Coração de ninguém.


Fernando Pessoa

********

SÓ a Natureza é Divina

Só a Natureza é divina, e ela não é divina...
.
Se falo dela como de um ente
É que para falar dela preciso usar da linguagem dos homens
Que dá personalidade às cousas,
E impõe nome às cousas.
.
Mas as cousas não têm nome nem personalidade:
Existem, e o céu é grande a terra larga,
E o nosso coração do tamanho de um punho fechado...
.
Bendito seja eu por tudo quanto sei.
Gozo tudo isso como quem sabe que há o sol.

Fernando Pessoa/Alberto Caeiro
(É considerado um dos maiores poetas de língua portuguesa, e o seu valor é comparado ao de Camões. Nasceu em 13 de Junho de 1888 e morreu em 30 de Novembro de 1935 em Lisboa.
Está-se a comemrorar o 120º aniversário do seu nascimento com uma conferência na Associação de Turismo de Lisboa).

2008/09/30

Divulgue-se o Acordo Ortográfico!

29 Set 2008 - O presidente brasileiro, Luiz Inácio Lula da Silva, assina hoje, no Rio de Janeiro, o decreto para promulgação do Acordo Ortográfico da Língua Portuguesa.
Em declarações à Lusa, à margem do colóquio Machado de Assis, que começou hoje na Fundação Calouste Gulbenkian em Lisboa, Lauro Moreira explicou que a data escolhida é simbólica, coincidindo com o aniversário da morte de Joaquim Maria Machado de Assis, que considera um dos escritores brasileiros mais "universais".
"O Presidente Lula da Silva aproveitou a comemoração do centenário da morte de Machado de Assis para assinar o decreto naquela que é a casa de Assis (a Academia Brasileira de Letras), fundada por ele", disse o embaixador.
-
De notar:
¨ Que da biografia oficial de Machado de Assis consta que o mais representativo escritor brasileiro morreu a 29 de Setembro de 1908;
¨Que nós, aqui em Portugal, ainda andamos feitos puritanos a subscrever abaixo-assinados(*), ainda há e heverá vultos intelectuais de peso que não se estão a acomodar ao Acordo Ortográfico da Língua Lusófona. Há escritores a ameaçar continuar a escrever como se não houvesse Acordo Ortográfico e as Editoras andam em grande alvoroço, indecisas...
Afinal queremos que o Português seja uma língua falada e escrita em todo o Mundo ou não? Se continuamos nesta pose qualquer dia ficam os Portugueses a falar uma Língua morta (quem sabe se não voltamos ao latim. Então é que "hoc opus hic labor est").
Tenho que confessar que, talvez por uma questão de nacionalismo saloio, andei indeciso em assumir uma posição a favor ou contra. Temos que nos decidir: ou sim ou não, nem que para isso seja necessário ir a referendo nacional. De qualquer modo, o Acordo já está aprovado oficialmente. Só não sabemos quando é que entrará em vigor de facto (ou de fato?!) em Portugal!...
Sem dúvida que fomos nós, os Portugueses, que demos novos mundos ao Mundo! Através da nossa vocação marítima, mercantilista e religiosa, afoitámo-nos por todos os Mares nunca dantes navegados e colocámos no Mapa-Mundi novas terras que a Europa não sonhava que existiriam.
Sofremos e fizémos sofrer muitos povos para que que Fernando Pessoa pudesse escrever em jeito sebastiânico, no seu poema, Mar Português: Ó mar salgado, quanto do teu sal São lágrimas de Portugal Por te cruzarmos, quantas mães choraram, Quantos filhos em vão rezaram! ...
De qualquer modo, esse Passado que não podemos nem queremos apagar, porque faz parte da nossa História, não nos pode cegar a ponto de não querermos ver a realidade dos tempos modernos.
Somos muitos milhões a falar português, mas estamos dispersos por todo o Planeta. Há que fazermos concessões uns aos outros para que este sentimento, que já é muito forte e mais será, de Lusofonia, não esmoreça. Será esse sentimento, moldado pelo sofrimento, pelo convívio e pela força indomável do Tempo, que vai alavancar, inevitavelmente, O ACORDO ORTOGRÁFICO.
(*)
Aproveito, revoltado comigo mesmo, para pedir desculpas a quem, tempos atrás, na minha indecisão, eu prometi assinar um desses abaixo-assinados. Hoje não o faria. E não tenho vergonha nenhuma de dizer que não me arrependo de ter andado entre o sim e o não. E de hoje estar a dar o dito por não dito.

2007/11/11

ELOS CLUBE DE LEIRIA em defesa da Cultura Lusíada

(clic para ampliar)



No dia 22 de Abril de 2006, no Auditório do Mosteiro da Batalha, foi oficialmente constituídoo ELOS CLUBE DE LEIRIA, com o apadrinhamento dos Elos Clude de Faro e os de Niterói(Brasil) e Rio de Janeiro. O Discurso de Apresentação(*) constitui uma peça literária e de lusitanidade de excepcional qualidade e emoção. Clicando-se a imagem de texto acima pode ler-se a 2ª de várias páginas...as restantes podem ser consultadas no blogue http://elosclubedeleiria.blogspot.com/
No próximo dia 30 do corrente mês este Clube irá promover, no Auditório do IPL - Instituto Politécnico de Leiria, uma sessão de homenagem a Miguel Torga, no âmbito das Comemorações do Centenário do seu Nascimento.
O autor deste blogue, membro fundador do ELOS CLUBE DE LEIRIA, não podia deixar passar este ensejo para, num singelo post dum despretencioso e disperso blogue, abordar três temas que lhe são muito queridos:
1 - Realçar as extraordinárias potencialidades do Movimento Elista Internacional, como forma de promover a Língua e espírito Lusíada;
2 - Juntar-se ao coro de Homenagens que têm sido prestadas a Miguel Torga, no decorrer do Centenário do seu Nascimento;
3 - Contribuir para a divulgação de outro imortal poeta português: Fernando Pessoa (leia-se o poema do texto).
Ainda, no âmbito destas comemorações, vão ser lançados um "Roteiro Cultural - Torga por terras de Leiria" e um concurso de pintura e/ou escultura "Miguel Torga - Vida e Obra".
Se queremos pugnar por uma Língua viva e actuante e lutar pela identidade própria da Cultura Lusíada, todos os Povos espalhados pelo Mundo, que têm o Português como língua oficial (e somos centenas de milhões, não nos esqueçamos) devem dar as mãos e Unidos seremos uma força com que se terá de contar no sentido do desenvolvimento da Humanidade.
(*) Dra. Mariana Teles Antunes Pais Dias Fernandes
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2006/12/03

Fortes razões.

Há muitos anos que ouço falar dos Açores, sempre com sentimentos de nostalgia.
Em Agosto do ano que corre rapidamente para o seu términus, tive ocasião de ficar a conhecer razoavelmente a Terceira. Durante essa estadia tirei a fotografia que agora coloco, em jeito de logotipo, na ombreira desta porta que se abre para o mundo e que tem por nome "dispersamente". As razões que justificam esta escolha serão muitas e dispersas...tão dispersas!
Ocorreu-me sem qualquer pretensão, simplesmente ao ritmo do voo incerto, disperso, dos pássaros, do tempo, da terra/mar/céu/nuvens, ligar este símbolo a Fernando Pessoa.
Fernando Pessoa tinha origens açorianas. A sua mãe era filha de uma ilustre família da Terceira.
A frase que legenda a foto, reparei nela, muito recentemente, agora que me estou a dar ao privilégio de tentar perceber melhor a vida e a obra fantástica de Fernando Pessoa. Porquê só agora, quase seis décadas de vida são passadas?
Os tempos estão em permanente mudança, rumam para a inevitável globalização?...mas não podemos dispersarmo-nos a ponto de perdermos de vista os sítios das âncoras da nossa cultura!
.
QUANDO ELA PASSA
(Aos 13 anos)
.
Quando eu me sento à janela
P´los vidros que a neve embaça
Vejo a doce imagem dela
Quando passa...passa...passa...
.
Lançou-me a mágoa seu véu: -
Menos um ser neste mundo
E mais um anjo no céu.
.
Quando eu me sento à janela,
P´los vidros que a neve embaça
Julgo ver a imagem dela
Que já não passa...não passa...
.
5-5-1902
(Escrito na Ilha Terceira, em memória duma sua meia-irmã, que um ano antes tinha morrido ainda antes de ter completado 3 anos. Terá sido o seu primeiro poema em português.)

2006/11/22

"O sonho é ver as formas invisíveis" - Fernando Pessoa

A Carolina vem a caminho.
Vou ser, mais uma vez, avô no feminino!
Estou muito contente!
E a avó, toda vaidosa, já foi “pôr a render” algumas economias!
Olhem-me só para isto!...




Do Sonho à Realidade

Em sonhos eu vejo-te
em sonhos eu sinto-te
em sonhos eu oiço-te
em sonhos eu sorrio-te
e tu sorris-me

Em sonhos vejo-te
e já te amo muito
Carolina

E sonho com o dia
em que,
milagre da vida e do amor,
poderei ver-te, sentir-te,
abraçar-te…
e orgulhar-me
de ser novamente
AVÓ.

Zaida