(Arménio Silva, Afonso de Sousa, Carlos Paredes, Artur Paredes e Ferreira Alves)
Rememorando o Dr. Afonso de Sousa (1906-1993)
Este mês terá lugar na
Biblioteca Municipal de Alcanena, no contexto das atividades do seu Grupo de
Poesia e Cultura, de que também faço parte, um encontro em que nos propomos
abordar o poeta leiriense, Afonso de Sousa.
Talvez seja um bom ensejo para
relembrar os leirienses quem foi o Dr. Afonso de Sousa (1906-1993), não só no
contexto da história de Leiria, mas também da história de Coimbra,
particularmente da sua Academia e dos tempos de ouro da canção coimbrã.
Convém ter presente que Afonso
de Sousa ficou para os anais da história de Leiria e do fado/canção de Coimbra,
como fazendo parte duma geração que comemorou as Bodas de Diamante do Orfeon
Académico de Coimbra e que tocou viola (também guitarra) a par das guitarras de
Carlos e Artur Paredes (de quem chegou a ser 2º guitarrista) e da voz de
Armando Góes, Edmundo Bettencort e outros, em inúmeros concertos, sessões de
fado e serenatas da cidade primeira dos estudantes.
Foi, aliás, com a sua
intervenção direta que em 1960, Artur Paredes - o mago da Guitarra de Coimbra
que com os seus admiráveis instrumentais foi capaz de transformar a guitarra para a canção de Coimbra
– e pai de Carlos Paredes, doou a sua guitarra ao Museu Académico de Coimbra,
então Secção da AAC.
Afonso de Sousa nasceu em 24
de junho de 1906 na Maceira - Leiria. Licenciou-se em Direito na Universidade
de Coimbra, foi um poeta e prosador lírico de grande gabarito em cuja
bibliografia se incluem vários e deliciosos livros(*)
em que sobressai a sua brilhante vocação lírica e poética. Exerceu advocacia
com mérito reconhecido na cidade de Leiria e foi um dos maiores impulsionadores
do Orfeão de Leiria, tendo sido seu Presidente. Também foi compositor musical e
tem vários discos gravados. O seu filho, também já falecido, e o seu neto acabaram
por usar o mesmo nome, situação que se presta, para quem não conhece a história
de Leiria, a algumas confusões temporais.
Em cerimónia especial no dia
25 de novembro de 1989, o Dr. Afonso de Sousa, de Leiria, doou ao Museu da A.
Académica de Coimbra, a guitarra que utilizou quando estudante em Coimbra –
1923/1930 – como solista e acompanhador dos Artistas ante referidos e, embora
esporadicamente, o Doutor António Menano, figura incontornável da época áurea
do fado/canção de Coimbra, nas primeiras décadas do século XX.
Apesar de não ser natural de
Leiria – ainda que já cá viva há 52 dos
meus 71 anos - penso que seria da mais elementar justiça e honra para o
município, que se publicasse um livro biobibliográfico sobre o Dr. Afonso de
Sousa cujo mérito como cidadão, advogado, poeta, prosador e cultor da canção de
Coimbra devia ser formalmente reconhecido. Porque não promover uma justa
homenagem em Leiria a tão emérita personagem? Sinta-se o fervor emotivo da sua
inspiração lírica lendo o soneto: “Ruelas de Leiria e de Coimbra” (*)
Acresce que já tive oportunidade de referenciar com a
devida relevância o Dr. Afonso de Sousa (como sempre foi conhecido em Leiria)
no meu livro, e edição da Junta de Freguesia de Leiria, 2013, “Falando de
Acácio de Paiva”, p 139.
No final do mês de Março será
dada à estampa uma brochura sobre a vida e obra poética de Afonso de Sousa,
edição da Biblioteca Municipal Dr. Carlos Nunes Ferreira – Alcanena, que
servirá de guião para a sessão do último sábado desse mês do seu Grupo de
Poesia. A sua coordenação esteve a cargo de Zaida Paiva Nunes, das relações de família
do homenageado desde os tempos de seu pai, José Teles d´Almeida Paiva, e que se
manifesta muito grata à nora do Dr. Afonso de Sousa, Sra. D. Micaela de Sousa,
por se ter disponibilizado para uma conversa prolongada e muito interessante
sobre o que foi a vida e em que consiste a obra que Afonso de Sousa nos deixou
de legado.
(*) O seu 1º livro « Farrapos» (observar a
caricatura acima); mais: http://dispersamente.blogspot.pt/search/label/Afonso%20de%20Sousa
António Almeida S Nunes
(Crónica publicada no Diário de Leiria - 5.895 - 26 Fevereiro de 2018)
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A propósito dos seus célebres poemas musicados por ele próprio e cantados por Luis Góes e seu tio Armando Góes, "Asas Brancas" e "Rosas Brancas":
Conforme o que se lê a pp 55-56 do livro "Ronda pelo Passado", 1989, de Afonso de Sousa, foi este quem escreveu o poema «Desalento», mais tarde apresentado como «Rosas Brancas».