No seu livro
“As Minhas Memórias – Leiria . 1909-1939”, Raul Faustino de Sousa, em dado
passo, escrevia:
(…)
Em Junho de 1935, o Órfeão de Viseu visitou Leiria,
conforme já foi referido.
No mesmo ano, em 26 de Junho, Leiria e o seu Orfeão
foram a Viseu em agradecimento da visita a Leiria. Demos passeios maravilhosos,
houve almoço no Parque do Fontelo, visita às Caves de Viriato, e outros pela
cidade, e, à noite, o espectáculo num teatro enorme, deixando óptimas
impressões a todos, O Orfeão de Viseu acompanhou-nos em cortejo até à Estação
do C. Ferro, e fez despedidas com um hino, que foi retribuído com outro hino,
dos de Leiria.
(…)
Pág. 114
Deixo agora esta referência
particular por aqui se falar duma ida a Viseu (a minha terra natal), em anos
tão longínquos, e se evocar a existência de um “teatro enorme”.
Provavelmente seria o Teatro
Avenida, na Av Emídio Navarro, no centro da cidade de Viseu. Não me dei ao
trabalho de indagar das hipóteses de se poder tratar também de outro Teatro de
Viseu, o Teatro Viriato, uns 200 metros mais acima na mesma avenida.
Pode ser que algum dos
meus leitores de Viseu me possam dar alguma dica. Quem sabe não estará ainda
alguém vivo, dessa época, e que se lembre deste facto?
Sem dúvida, Raul de Sousa,
Viseu já nessa altura era uma cidade de valor e mérito cultural de
relevo!
Para além de ter esses
dois pontos de extraordinário interesse turístico e ambiental:
Um, o Parque do Fontelo (onde cheguei a participar num acampamento da
Mocidade Portuguesa; não dormi quase nada com os gritos estridentes e
caraterísticos dos pavões durante toda a noite). Talvez aí pelos anos 1958/9.
Cheguei a ser chefe de
quina (não me envergonho desse facto, nem sequer imaginava do significado
perverso que, mais tarde, veio a ser dado à existência dessa instituição!) e a
tropa é que nos forneceu a alimentação no acampamento, com cozinha montada no
local e tudo. Lembro-me que foi uma experiência muito emocionante para a
ganapada da altura.
Outro, a Cava de Viriato (*), nessa altura, não deveria ser muito diferente do que era quando eu, muitos anos mais tarde, brinquei aos espadachins com espadas improvisadas com os ramos das mimosas que abundavam por ali.
Quantas horas não passei naquela zona a estudar em voz alta, horas a fio, que assim é que me sabia bem!
E a estação do Caminho de Ferro? Estaria, hoje, em pleno centro da
cidade, ali muito perto do recinto da feira franca de Viseu, que se realiza
todos os anos em Setembro, e que constitui um dos grandes certames do género em
Portugal. Grandes jogatinas de matraquilhos com moedas de 2 tostões ou com
algumas chapas à medida para endrominar o comando de descarga das bolas! E
aquelas enguias em barril? E os carrinhos de choque, em pista em Ó alongado? E
as projeções de filmes de corrida de fórmula um, do tempo do Fângio? E o fogo
de artfício preso com o ciclista e outras figuras?
Obrigado à editora
Textiverso, que, em conjunto com o Arquivo Distrital de Leiria e o apoio da Caixa Agrícola de Leiria, editou este
livro a que me tenho vindo a referir há já uns registos atrás e que tão gratas
recordações me trouxe, com este bocadinho do texto manuscrito e guardado nessa
forma durante tanto tempo!
Agora dado à estampa através desta edição!
Obrigado
Leiria, por me teres acolhido, duma forma tão íntima e duradoura! Desde o já longínquo ano de 1966, chegava eu para exercer o cargo de professor do 6º grupo na Escola Industrial e Comercial! Um miúdo, a enfrentar a sua primeira experiência profissional, à espera de ser chamado para a "guerra"!
Que anos aqueles!
Que juventude de luta pela vida! ...
Que anos aqueles!
Que juventude de luta pela vida! ...
Dentro de ti,
ó Leiria, tenho-me sentido perfeitamente, em casa!
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Ver capa do livro e mais anotações aqui
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(*) http://www.cm-viseu.pt/index.php/conhecer-viseu/monumental/cava-do-viriato
@as-nunes
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