O Rio Lis tem uma extensão de 39,5 Km, nasce a 5 km da cidade de Leiria, nas Fontes, freguesia das Cortes e desagua na Praia da Vieira. É um rio com um trajecto curto mas tem sido desde tempos imemoriais, fonte de inspiração de poetas e outros escritores e uma referência histórica de assinalável relevo.
Na última década e meia têm corrido outros rios de tinta a reportar cheias, secas, poluição, mortandades de peixes, obras Polis de requalificação das suas margens na zona urbana, entre as quais poderemos destacar o chamado "espelho de água", uma represa automática, que transforma a zona do Marachão, entre a Fonte Quente e a Ponte Hintze Ribeiro, num belíssimo lago, perfeitamente navegável mas completamente abandonado, do ponto de vista de aproveitamento da água para utilização de barcos a remos, incluindo canoagem.
Parece que as pessoas deixaram de ver no rio Lis uma forma de aproveitamento lúdico e até desportivo. Inclusivé, os famosos concursos internacionais de pesca desportiva deixaram de se realizar em Leiria. Um espectáculo digno de referência, como o foi nos anos de 60 a 80, pelo que me lembro dos tempos em que vivo neste recanto encantado de Portugal.
Como se pode ver na foto do meio, o rio Lis é povoado, como sempre terá sido, por uma fauna variada. De realçar a presença de barbos (visível na foto), bogas, ruivacos e enguias (em tempos idos, peixe que se comercializava, perfeitamente comestível e de sabor muito agradável). Com o tempo foram introduzidos, o pimpão e a carpa, mas, pelo que me é dado observar, subsistem basicamente, muito a custo nos verões secos, a boga, o ruivaco e o barbo.
A verdade é que este curso de água está sujeito, cada vez mais, a forte pressão da população em geral e os seus péssimos hábitos em termos de protecção do ambiente, da Câmara Municipal de Leiria, pela sua dificuldade em conseguir coordenar uma gestão sustentada deste recurso natural, nomeadamente no que respeita às possíveis formas de actuação prática com vista ao combate à crescente poluição do rio que terá sido o principal estímulo à fixação dos primeiros habitantes de toda esta região de Leiria.
Politicamente, quem tem gerido o concelho de Leiria, tem sido, desde 0 25 de Abril de 1974, o PSD e o PS (no presente mandato). Sem esquecer que o mesmo Presidente da Câmara, Engº Lemos Proença, também esteve à frente da Câmara, ora pelo PSD ora pelo CDS.
De modo que temos que, nos últimos tempos, quem se tem mostrado mais aguerrido na denúncia da situação calamitosa a que o rio Lis e seus afluentes têm sido votados pelos vários agentes poluidores, tem sido, sem dúvida, o BE.
É assim que, um tanto contraditoriamente, talvez, alguém, em nome desta formação política partidária, usou e abusou do direito à livre expressão dos seus pensamentos e acção política, a arma do spray de tinta vermelha em cima do branco imaculado de zonas públicas. Chama-se a atenção para um determinado problema, não há que duvidar, mas exagera-se nas armas utilizadas.
Combate-se a poluição do rio com uma outra forma de contribuir para o mesmo tipo de poluição, ainda que, aparentemente, só visual.
Já agora, o que é que o BE preconiza para se "limpar" o Rio Lis, duma forma permanente e drástica?
Já li(*) e ouvi umas quantas dicas, algumas perfeitamente pertinentes, mas parece que não há grande vontade política para as pôr em prática!..
Vamos continuar a adiar sine die a resolução deste grave problema ambiental e de saúde pública, apesar de tudo uma gota de água no Oceano?
Só que não nos podemos esquecer que o Oceano também só é o Oceano, porque uma infinidade de gotas se juntaram para o formar. E conseguiram este efeito espantoso que é termos a Terra coberta por Oceanos em praticamente 75% da sua superfície!...
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(*) Leia-se o Jornal de Leiria, o "Público" e o site do BE (aqui)