2006/09/08

LARGADA À BALEIA

Monte Brasil-TERCEIRA - Posto de vigia das baleias
-
LARGADA À BALEIA

Blocos de Ponta Delgada,
Torres de Angra,
Céus da Horta,
A hora é soada,
Um peito sangra
À nossa porta.
.
Furnas da Graciosa,
Fajãs de São Jorge,
Neves do Pico,
Alguém me forge
O ferro, que eu não fico!
.
Grotas das Flores
Chaves do Corvo,
Santa Maria!
Oiço tambores,
O ar é torvo,
A noite fria
.
Lá vamos todos, todos,
Como lobos do mar,
Co as bandeiras dos bodos
As canoas varar:
Se o tubarão der à costa
Não falta quem no sangrar:
É perto o porto,
E o livre ilhéu, mesmo morto,
Não cora, se espernear.
.
Essas lanchas, aí, na carneirada,
Que se aguentem entretanto
No balanço e no remar:
Mar alto, terra salvada,
Co Senhor Espírito Santo
Estamos quase a chegar.

13-3-1976
Vitorino Nemésio (1901-1978)
-
(In “Portugal – A Terra e o Homem/ Antologia de textos de escritores dos séculos XIX-XX.
Em 1978, aquando da entrada no prelo da referida Antologia, a Fundação Calouste Gulbenkian, responsável pela edição, em homenagem ao seu autor, Vitorino Nemésio, que falecera entretanto, resolveu prestar-lhe uma merecida homenagem publicando, como Adenda, dois dos seus poemas: “Largada à Baleia” e “O Pico”.)

2006/09/07

MEMÓRIAS da TERCEIRA

Desde sempre me habituei a ouvir a minha mãe falar da sua Terra. A suas memórias, como que em sonhos, a ser as minhas memórias! Eu “via” o Monte Brasil, o Porto de Pipas, a baía de Angra. Eu “via” o Relvão e o Castelinho. Eu subia, com a minha mãe, as escadarias do Jardim do Duque da Terceira, até à Memória. Eu “brincava” com ela no coreto
Eu “ia” com ela às touradas na praça de camarotes de madeira (lá para os lados da Madre de Deus), que voavam em dias de temporal…Eu “viajava” com ela até ao Raminho, terra dos seus queridos avós. Eu habituei-me a amá-los como ela os amava. Eu conheci-os, sem os conhecer: o avô José Garcia, alto e magrinho, sempre de calças pretas ou castanhas, camisa branca e colete; a fazer os seus cigarritos com o tabaco por ele cultivado. Cigarros que acendia com pedra de ferir lume e fumava continuamente; a avó Maria Cândida, baixinha e gorda, a cheirar o rapé que guardava em bocetas, algumas feitas de “castanhas do mar”…Eu “vivi” com ela as festas do Senhor Espírito Santo.
E ao fim de 61 anos pisei a terra da minha mãe! E não sou capaz de explicar o que senti! As minhas “memórias de sonho” tornaram-se realidade! E agora compreendo as saudades da minha mãe. Porque são as minhas saudades.
Como desejo voltar a ver-te, a sentir-te, Terceira, minha Terra, Ilha de encantos!...


Zaida

2006/09/06

Dinheiro compra pão, mas não compra gratidão.

Os doze provérbios, tela de Brueghel (o Velho) (Museu Mayer der Bergh, Antuérpia).
Pode-se indagar do significado de cada uma das figuras desta tela seguindo o link
---
Uns comem os figos…

Pois é “uns comem os figos, outros rebenta-lhes a boca”…
Eu bem o avisei que “não há fumo sem fogo”; mas ele acreditava que o “hábito não faz o monge”! “Não há pior cego que aquele que não quer ver”…
É bem certo que “a ocasião faz o ladrão” e “a ambição cerra o coração”.
- “Quem te avisa, teu amigo é.” – repetia-lhe eu. “Fazer bem a vilão ruim é lançar água em cesto roto”.
Que não, que não! – respondia-me ele – “não julgues mal de ninguém, nem para mal nem para bem”.
Pois é…”o mundo nos vê, Deus é que nos conhece, ninguém é como parece”.
Pois, e agora “depois de casa arrombada, trancas à porta”…
E grita: - Ah vilão! “Pai não tiveste, mãe não temeste, diabo te fizeste”!
É bem verdade que “quem não tem vergonha, todo o mundo é seu”!
Pois… e “quem se engana, aprende”…

Zaida

2006/09/04

Um dia em Leiria

O dia amanheceu, rabugento, o nevoeiro mal deixa vislumbrar as ovelhas a pastar... A propósito, a figueira que se vê, foi ela que deu os figuinhos que estão no cesto do post anterior(+). Atenção que os ditos figos tinham destinatária.
Neste local, dum lado e do outro do Rio Lis (à direita) realizam-se as feiras semanais, Terças e Sábados, os feirantes a venderem de tudo, incluindo comes e bebes. A preços convidativos (quando não somos endróminados!).


A tarde já vai no fim, o Sol a fugir por entre as árvores e o Castelo de Leiria.

Será que entendi bem?

16:03 (JPP) desta data no seu blog

(Pequena parte da letra M, entre Maio 68, Marcuse e Música.)

TRABALHO DE LOUCOS

"Há coisas que ninguém com bom senso faz, e uma delas é escrever uma enciclopédia ou um dicionário. É, pela sua natureza, um trabalho colectivo e mesmo o célebre Dr. Johnson tinha uns "negros" para o ajudar. Eu, que estou a escrever um dicionário que na prática é uma enciclopédia, sei bem até que ponto é do domínio da loucura meter-me nisto.

...Quanto mais se sabe, mais falta saber, como naquelas histórias borgeanas sobre o mapa perfeito, que tem o tamanho do território a representar ou o olhar dos fractais para a linha da costa, do conforto da fotografia aérea, com a costa talhada a rigor, para passar para a terra, rocha a rocha, e depois duna a duna, areia a areia..."

-

Quem sou eu para discordar?

Escrever uma enciclopédia, Dr. Pacheco Pereira, nos tempos que correm, sozinho ou com ajudas espontâneas?!...

2006/09/01

ANIVERSÁRIOS de PESSOAS IMPORTANTES

Hoje faz anos a minha filha Inês!

A Inês com 1 ano de idade, Setembro de 1970, Nampula, Moçambique. O pai, "este que vos está a escrever", estava a cumprir o serviço militar obrigatório. A mãe, a Zaida, levou-a para Moçambique, já com 7 meses e tal de vida. Convém referir, no entanto, que só viu a luz do dia, umas semanas depois. Conseguimos este feito porque eu era alf. miliciano do Serviço de Administração Militar e passei os dois anos nesta cidade. Bem bonita, por sinal, com acácias vermelhas, muitas acácias, pelas ruas/avenidas e no jardim "Felgueiras e Sousa" e com um perfume que perdura na minha memória, até aos dias de hoje. Mangas e papaias colhidas directamente da árvore. Fabuloso! Que saudades! Como será Nampula na actualidade?

Já com 10 anitos! Um dia de passeio, algures pelo pinhal de Leiria, um raminho de flores para oferecer à mamã! Lembras-te Inês?

2006/08/30

FIGOS vs UVAS...Aproxima-se o Outono

"Quem quer figos, quem quer almoçar?!..."
Pregão típico de Lisboa em tempos idos...
-
Vem esta fotografia tirada a figos colhidos da minha figueira do meu quintal/jardim, a propósito dum post sobre "as colheitas" - assim deste género, segundo creio, num outro jardim que também tem umas árvores de fruto, como que a dizer que também elas são dignas de fazer parte do conjunto - com que a 3za nos presenteou recentemente.
Como prometido!

2006/08/29

Os bolos da Terceira e a Rainha D. Amélia



Os Açores não são só beleza para os olhos, são também um consolo para o paladar...

A alcatra, o pão de massa sovada... e estes bolinhos que encontrei numa das pastelarias mais conhecidas em Angra!...

Gostei particularmente das "Donas Amélias". Feliz e deliciosa homenagem à Rainha D. Amélia, que, certo dia, em 1901, visitou a ilha Terceira. As gentes da Ilha ofertaram-lhe os melhores bolos da região que, por esse facto, se chamam agora, Donas Amélias (*).

Conta a minha sogra, que nasceu há 87 anos no Raminho, que quando da visita de Suas Majestades D. Carlos e D. Amélia, foram escolhidas as mais bonitas meninas solteiras para os servir; entre elas uma sua tia-avó, dos Altares.

(*) O dito bolo saborosíssimo que não me cansei de provar e degustar é o que se pode ver no canto superior esquerdo da foto acima.

2006/08/26

Rochas - Mar - AÇORES


As rochas sobre o mar da Terceira!
Uma vertigem
Um sonho
Pasma-se!
Cisma-se

O Mar e as Rochas
da Terceira

A Natureza
Nua
Crua

DEUS!
-
Não admira, pois:

(Praia da Vitória, na Rua de Jesus, a Rua central da cidade, ou noutra, um dos muitos painéis de azulejos, expostos nas paredes em locais bem visíveis, em justíssima homenagem aos poetas portugueses de todos os tempos e das mais variadas projecções mediáticas, incluindo os poetas locais com quadras de enlevo pela sua cidade, Natália Correia,Vitorino Nemésio (que aqui nasceu), Almeida Garrett (que aqui viveu alguns períodos), Antero de Quental, Fernando Pessoa e tantos outros lídimos representantes da escrita lusíada, universal e que se deseja perene...)

2006/08/24

GERAÇÃO BLOGUE (Blog)

1ª Edição, Lisboa, Agosto, 2006
  • Para além da excelência da forma de tratar do tema dos blogs e do seu contributo decisivo para transformar a Internet numa imensa infra-estrutura de discussão e de memória do conhecimento humano, há a realçar a extensa e interessante Bibliografia, que muito poderá ajudar os interessados.
-
PLANO NACIONAL DE LEITURA

A Resolução do Conselho de Ministros nº 86/2006 aprova este plano e cria a respectiva comissão.
De relevar, nesta oportunidade, que uma das acções previstas com vista à prossecução dos objectivos preconizados por este Plano Nacional de Leitura é o apoio a blogs e chat-rooms sobre livros e leitura para crianças, jovens e adultos.
Pela leitura, reconheço que superficial, para já, retive como o objectivo fundamental do PNL:
Criar um ambiente social favorável à leitura
(Mais pormenores:
http://dispersamente.blogspot.com/2006/07/plano-nacional-de-leitura.html)

-
No texto daquela Resolução usa-se expressamente o vocábulo blog.
Entretanto, começamos a sentir a necessidade de adoptar uma palavra portuguesa quando nos queremos referir a este recente e revolucionário meio de comunicar via Internet. Devemos começar a utilizar a expressão blogue como já se encontra impresso em título do livro cuja capa se apresenta?
A tradutora da versão original, Maria das Mercês Peixoto, optou por o fazer. Está-se mesmo a ver que no futuro próximo as hesitações vão ser frequentes. Na minha opinião, atendendo a que esta palavra não tem correspondência, na plenitude do seu significado, a nenhuma palavra do vocabulário da língua portuguesa, penso que deveremos utilizar a expressão blog em vez de blogue.(1) Por enquanto…
-
A blogosfera é o lugar da conversa sobe o mundo. Nela existem pessoas que trocam opiniões sobre a realidade e contribuem para enriquecer a percepção que cada um tem do meio social, político e cultural em que todos vivemos”. Através dos blogs (ou blogues) os indivíduos “participam no grande jogo de influências chamado opinião pública”.
-
Os blogues e o jornalismo tradicional são complementares, são duas áreas diversas do ecossistema dos media, fortemente interligadas mas com regras e equilíbrios diferentes.
Os blogues são, entre outras coisas, uma grande oportunidade para o jornalismo
”.
-
(1) Veja-se o caso da expressão inglesa “scanning”. A dificuldade em traduzir esta palavra é flagrante. Só inventando uma palavra ou adoptando a versão inglesa no vocabulário do português. Começa a vencer a segunda opção. Scanning é a actividade de um cidadão que examina muitas fontes e que lê apenas aquelas de que necessita para os seus objectivos. O mesmo se passa com o scanning que se faz às estações emissoras de rádio. Tenho a experiência de radioamador há mais de 20 anos e desde então não conseguimos substituir aquela palavra sem que se perdessem as tonalidades evocativas daquele vocábulo inglês.