2007/08/27

A Beleza acontece quando tu SORRIS...


Estamos, eu e a Zaida, de férias. Daquelas em que temos conseguido não nos submeter a horários nem a programas previamente empacotados, cheios de papelinhos com cores e cheiros tropicais e outros que tais.
Temo-nos deixado levar pelas ondas do Tempo, horário, meteorológico, humorístico ou mais casmurrento.

Vivemos, de há uns bons anos a esta parte, num local de que gostamos. A decisão de virmos viver para estes lados foi inicialmente motivada pela minha paixão pelo Radioamadorismo. A propagação das ondas hertzianas tem campo aberto para se espraiar por esse Mundo fora…


A Nascente, o vale do Rio Lis - nascido naqueles lugares encantados das Cortes, terra de muito labor compensado embora com boas produções, terra de muitos e bons poetas, de muita cultura e de muita História – a Sra. do Monte a retribuir os nossos olhares, por vezes duma forma enigmática, como que a lembrar-nos a sua presença majestosa mas cúmplice.

..
A Poente, a continuação da encosta do lado de cá do Rio, terrenos em forte declive, mas de bom cultivo e pastoreio, uns restos de pomar, de vinha e de pinhal. Lá ao cimo pressente-se a estrada de S.S. Salvador que leva, depois de se passar pela Carvalhinha e pelo Pinhal Verde, à sede da freguesia, a Barreira; com a sua Igreja Matriz dedicada ao SS Salvador, o Solar do Visconde e respectivo jardim exótico e secular, o seu casario à volta das antigas casas Senhoriais dos Guerras e dos Oliveira Simões, vinhas e pomares a perder de vista…
O dia amanhece lindo, a confirmar o quão volúvel o Tempo se nos está a apresentar, como que a enviar-nos avisos, alertas! Para nos animar, talvez, o Sol brilha e encanta. Faz-nos Sorrir…e que nos faça pensar, também.
Fiz umas experiências com a tele-objectiva, coisa simples, da minha inseparável máquina fotográfica.
É uma pequena amostra desta sessão fotográfica matinal que vos quero mostrar, agora, aqui…
Bom dia!
Façam favor de ser Felizes!
Sorriam!...
- 19h00 -

Ao fim da tarde não resisti a voltar a fotografar a vista panorâmica que se abarca desde a varanda virada a nascente. Só que desta vez as Cortes e toda a Sra. do Monte (o monte sobranceiro que detém esse nome por lá ter sido fundada a capelinha da Sra. do Monte, a que só poderá ser reconhecida na foto - lá no alto - por quem conhecer este sítio) apresentam-se com a luminosidade espantosa da luz do Sol poente.

E pensar, por associação de ideias com os momentos dramáticos que os Gregos estão a viver neste preciso momento, que todo aquele Monte, encostas e outras áreas desta zona, arderam completamente num fogo terrível, em 2005. Posso garantir-vos que, nessa altura, eu e outros populares, ouvimos e vimos o diabo à solta. Lufadas de ar negro de fumo, ruído cavo, medonho, abafado que sufocava, atravessou o vale e, como que nos queria atemorizar, a nós que estávamos do lado de cá. As populações das Cortes e arredores juntaram-se aos bombeiros e lutaram que nem uns bravos, na defesa dos seus bens e do seu próprio habitat.

A vida neste Planeta Terra, alvo de tantas e tão vis cobiças de toda a ordem, bem precisada está que sejamos capazes de reflectir no melhor caminho a seguir, sem rancores, sem guerras, sem ganâncias desmedidas.

Precisamos urgentemente de reencontrar a alegria de Viver e SORRIR!
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2007/08/25

Ninguém protege o ambiente?

Assim?! O lixo da primeira foto já ali está há, pelo menos 10 dias! Os painéis que apelavam à colaboração de todos estão por terra, pior, espalhados pelo areal a prejudicar seriamente a recuperação da flora protectora das dunas!
Para onde anda a olhar o presidente da Junta de Coimbrões - Leiria?!
E todos estes aspectos aqui publicados são uma pequena amostra da falta de empenho da autarquia e dos próprios utentes na necessária e absolutamente indispensável preservação de condições mínimas de decência com que se deve manter a única praia do concelho de Leiria: a Praia do Pedrógão!
Elementar, meus caros, elementar!...
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2007/08/24

Eucaliptos ornamentais na Escola Domingos Sequeira - Leiria

A ver se nos entendemos, se não ainda posso contribuir para gerar alguma confusão entre os leitores deste blogue. O que, de todo, faço questão em evitar a todo o transe.
De há dois anos a esta parte que me tenho vindo a interessar em escrever sobre as árvores de Leiria. Na altura o "Atlas das Árvores de Leiria" não estava activo na Net nos seus principais links. Era preciso password. De modo que me desinteressei da sua consulta e comecei a minha aventura, por conta e risco próprios. E fui escrevendo e relatando as notas resultantes dessas minhas observações. Com as inevitáveis insuficiências. Na oportunidade, valeu-me a equipa do blogue "
dias-com-arvores.blogspot.com" e outros, como o "sombra-verde", e o facto de ter investido em livros sobre Botânica, eu que sou um simples amador. Ao mesmo tempo consegui que me fosse facultado um CD com o referido Atlas e, pouco tempo depois, apercebi-me que os links do "Atlas" na internet já estavam activos e de livre acesso.
Inesperadamente, tomei consciência do quão raras são algumas das árvores plantadas, já há umas décadas, nos jardins da Escola Secundária Somingos Sequeira - Leiria (fui lá professor de 1969/71 e em 1983). Já reportei, em posts anteriores, da minha descoberta de dois eucaliptos de rara beleza e pouco frequentes em Portugal. Ver
aqui.
Apesar de já ter voltado atrás para fazer uma actualização com mais notas, aqui fica o ponto da situação que eu me permito fazer nesta data:

(continua em "dentrodetioleiria").

Sobreiro da Escola do Telheiro - Barreira

Este sobreiro é como que uma imagem presente do meu dia a dia e nos de muitas mais pessoas, com toda a certeza. Já o fotografei em variadíssimas ocasiões: com mais luz, menos luz, de outros e variados ângulos. Mas é assim, tal como está - mesmo descarnado da sua cortiça, que lha tiraram há uns dois anos - talvez, que mais ele se mostra.
Há que tempos que ando para o colocar neste meu blogue. Ei-lo finalmente!
Quantos anos terá? Já fiz esta pergunta a muita gente da terra, Telheiro - Barreira - Leiria. Que não fazem ideia. Está posicionado precisamente no lugar do muro do recreio da Escola Básica. Ainda bem que o estão a preservar. Para mim, que aqui passo todos os dias e que moro aqui perto, já é mais que uma simples árvore. É um símbolo dum lugar! Imprescindível!
Que Deus o conserve! E que os homens não o desamparem!...

- Quercus suber L Sobreiro, Sovereiro, Sobro, Sôvero, Chaparro

Árvore de copa ampla algo irregular, até 10-25 metros de altura. Ritidoma suberoso(*), grosso e gretado, cinzento-escuro a quase negro, revelando-se liso e amarelado ou avermelhado nos troncos e ramos descortiçados. Espécie comum do O da região mediterrânica e muito cultivado na Europa pelo valor ornamental e aproveitamento comercial da cortiça. (ver "Árvores de Portugal e Europa" - Guia FAPAS(**) - ed- 2005. A página 3 deste livro pode ler-se: "Em memória do grande ambientalista português, Vitor Manuel Marques de Magalhães, 1951-2004. ... Com o Vítor Marques, como gostava de ser chamado, travámos muitas lutas, fundámos o Terra Viva, o Grupo para o Estudo e Protecção da Fauna e Flora do Alto Alentejo e, por fim, o jornal e a associação Quercus. ... Caro Vítor, ainda havemos de plantar, com o Gustavo, muitas árvores em tua memória! 14 de Abril de 2005. Serafim Riem" (Gustavo é seu filho)).

(*) Principal característica para o distinguir da Azinheira, Quercus Ilex L, que tem o Ritidoma não suberoso, isto é, "porção externa da casca, e que consiste na periderme e tecidos por ela isolados, nomeadamente tecidos corticais e floémicos", no caso em análise, ter ou não ter cortiça.

(**) FAPAS - Fundo para a Protecção dos Animais Selvagens, associação sem fins lucrativos (http://www.fapas.pt/)

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2007/08/21

S. Francisco de Leiria

Hoje, ao princípio do dia, férias cá dentro, tomava um pequeno almoço, ali numa esplanada do CC Maringá (bem que se lhe podia ter dado outro nome, mas enfim. Porque não CC S.Francisco?, por exemplo? É verdade que, mais tarde, foi instalado, nas proximidades, um Centro Comercial com este nome, na mesma Rua de S. Francisco(*)). Claro, tinha que andar com a minha máquina fotográfica a tiracolo, a Zaida já nem me diz nada, olhei, voltei a olhar, aquele contraluz duma manhã cristalina, algo fresca, esta mota, ao fundo os ciprestes do Cemitério de Sto. António do Carrascal, lá no alto, o conjunto da Igreja de S. Francisco(**), requalificada nos anos 90 do séc. passado. Como resitir à magia deste momento?!
Todas as árvores são um encantamento para mim. E se as há que me seduzem perticularmente - pela sua beleza, pela sua variedade dentro da grande família Quercus, uma delas é o Carvalho. Já fotografei diversas vezes uns carvalhos do género deste que vos mostro em primeiro plano, jovens, que estão em pleno vigor num recanto ajardinado nas traseiras da Igreja de S. Francisco (estamos em Leiria - sem esquecer que esta igreja também esteve ligada a um convento).
Muito sinceramente, não consegui ainda classificá-lo com o rigor indispensável, limitei-me a olhá-lo e comparar o recorte das suas folhas com os manuais de Botânica que tenho ao meu dispôr, eu que ando somente a tentar aprender os nomes das árvores de Leiria, a ver se consigo familiarizar-me com elas um pouco mais. Parece-me ser um Quercus velutina.
- Conforme se pode observar na fotografia acima, ao lado da igreja de S. Francisco, foi construída, segundo se julga pelo Bispo D. Miguel de Bulhões, um pouco à frente e ao lado, com limite para a Rua já referida, uma "capela dos Terceiros".
Nela está incrustada uma pedra com as armas da Ordem Terceira de S. Francisco, cuja fotografia desta data mostra o seguinte brasão:
Partida: na primeira as chagas de S. Francisco;
na segunda as armas de Portugal.
Na base lê-se a legenda: ANNO 1719.
Na fachada principal da Igreja existe outro brasão da mesma Ordem, algo mutilado.
A Ordem de S. Francisco foi muito influente em Leiria, tendo eu lido, recentemente, que em 1905, havia a Procissão dos Passos que, no itinerário de Jesus no seu Calvário, saía da Igreja de S. Francisco e seguia os seus Passos até à Sé de Leiria. Permito-me mostrar um excerto da fotografia digital que tirei hoje mesmo, no Arquivo Distrital de Leiria, extraída do Semanário "Leiria Illustrada", nº 15, de 17 de Março de 1905 (tendo em conta que o nº 14 saíu à estampa em 9 de Março de 1905 - não anotei a data precisa nem tal ficou na foto).
O Arquivo Distrital de Leiria possui um acervo assinalável de jornais e outra imprensa de épocas remotas.
A consultar, incluindo o seu site na internet.
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(*) A Rua de S. Francisco vai da Rua Capitão Mouzinho de Albuquerque à Rua Dr. Américo Cortês Pinto (a rua ao longo do Marachão, que vai dar ao Teatro José Lúcio da Silva). Tem este nome por Alvará do Governo Civil, de 18-12-1877.
(**) Esta Igreja, que há muito ameaçava ruir, pertencia ao conjunto do antigo Convento de S. Francisco. Hoje, depois de vicissitudes várias quanto à sua propriedade e destino na sequência da extinção das ordens religiosas(***), está restaurada e aberta ao culto. A Igreja de S. Francisco, Leiria, esteve no centro de algumas polémicas relativas à jurisdição das igrejas de Leiria. Em 1503, na Igreja de S. Francisco de Leiria, uma bênção episcopal lançada por D. Jorge de Almeida, deu azo a processos e contestações, em termos da "luta" que então se travava entre o Bispo de Coimbra e os Cónegos Regrantes de Santa Cruz, que detinham um enorme e velho poder. (conforme se pode inferir da leitura dos trabalhos abaixo assinalados em que uma quota importante é da resposnabilidade do historiador Prof. Dr. Saul Gomes). Mais se poderá apurar pela leitura da bibliografia abaixo referida, mas não, ao que é do conhecimento público, em relação à data precisa da construção desta igreja.
(***) Ver "Leiria-subsídios para a História da sua Diocese" - A. Zúqute; "Anais do Município de Leiria" - João Cabral - vol I - 2ª ed.revista e aumentada - CML 1993; "Catedral de Leiria" - ed. "Diocese de Leiria-Fátima" - Leiria 2005; e "Organização paroquial e jurisdição eclesiástica no priorado de leiria" - Saul Gomes.
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2007/08/19

Só visto!



Bem prega Frei Tomás!...

1) O poste de iluminação pública está sujo porque desde a sua instalação, já lá vão uns bons anos, nunca lhe foi retirado o papel colado que o envolvia para efeitos de transporte;

2) As cadeiras devem ser pertença dum bar aqui mesmo ao lado (do qual se ouve o ruído suficiente para ser praticamente impossível trabalhar ao serão ou dormir, a não ser a partir das tantas da madrugada, nos andares por cima) . São da cor que se vê, perfeita sintonia com o Largo da Sé Catedral de Leiria, e parece que é para ali estacionarem "ad eternum"!;

3) Não seria de se pintar (ao menos isso) as paredes da casa onde, por sinal, trabalhou como Administrador do Concelho, o grande Eça de Queirós, ele próprio (no 1º andar - na extrema direita da foto vê-se a varanda do que foi o seu gabinete - da esquina com a Rua da Vitória)?;

4) Porque não retirar, pura e simplesmente, o sinal de estacionamento proibido, o que está no meio do Largo?

5) Não se vê nesta foto, mas junto à escadaria para o Adro da Sé, existe o local, no chão do passeio, onde era suposto estar um Jacarandá, igual aos que estão à vista. Volvidos uma data de anos ainda ninguém se lembrou de lá plantar outra árvore! Temos que ser nós, os "moradores" daquela zona, a tomar a iniciativa de o fazer? Mesmo assim, não acabaríamos por ser multados?

Haja mais respeito pelo Centro Histórico de Leiria!

(clic para ampliar e para melhor se entender as incongruências entre o sermão do painel e a prática)

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2007/08/16

Recantos de Leiria

O Rio Lis à nossa direita. À esquerda o Jardim Luís de Camões "requalificado". Quedemo-nos na contemplação deste recanto do Marachão, uma longa alameda lateral ao Lis. O olhar alonga-se na direcção Norte/NW. São 3 horas da tarde, meados de Agosto deste ano sem estações do ano: primavera/outono/primavera/inverno/outono/primavera/verãozito...
As árvores. Estou a aprender a conhecê-las. Quero passar a chamá-las pelos seus próprios nomes. Não é tarefa fácil. Aliás, os serviços de espaços verdes da Câmara também em nada ajudam quem passa...e olha à sua volta...quando olha.
Vejamos: sem me socorrer das minhas notas: da esquerda para a direira: plátano bastardo (padreiro); liquidambar (em primeiro plano a começar a assumir a bela cor vermelha das suas folhas de fins de Verão); faia (pouco se vê da sua copa); uma melia azedarach com os seus ramos cheios de frutos característicos a espreitarem a objectiva.
Ultimamente dou comigo a observar o desenvolvimento destas e doutras árvores de Leiria, ao longo do ano.
Um espectáculo esplendoroso, visto assim na sequência das imagens do ano inteiro!

2007/08/15

MARIA...

Hoje, em Leiria, há festa em honra de N. Sra. da Encarnação, padroeira da cidade.
Aliás, esta foto foi tirada ontem, desde o alto do Santuário com o mesmo nome, localizado num monte com encostas muito arborizadas, a oriente do Castelo de Leiria, enquadrado a preceito com uma linha de horizonte, como que a anunciar a própria
Assunção de Maria.(*)
Segundo rezam os "Anais do Município de Leiria", de João Cabral, a pág. 22 do III volume - 1993: "As imagens de Nossa Senhora e de S. Gabriel que estão sobre a porta principal são de pedra e foram ali colocadas em 1890." Eu não dei conta.

Mais notas sobre este Santuário podem consultar-se aqui.

(*) Assunção de nossa Senhora é uma solenidade da Igreja Católica referente à elevação de Maria em corpo e alma à eternidade para junto de Deus de forma definitiva.
Não há registos históricos do momento da morte de Maria. Desde os primeiros séculos usou-se o termo dormitio (dormição) no lugar de morte de Maria. A partir do
século VIII, no ocidente, o termo dormição foi substituido por Assunção. (in wikipédia). Por esta razão é que o dia 15 de Agosto é Feriado santificado (também Feriado Nacional na maioria dos países católicos; em Portugal este feriado foi confirmado como Nacional por força da última revisão da Concordata entre o Estado Português e a Santa Sé, já em 2004; entrou em vigor em 18 de Maio. Substituiu a de 7 de Maio de 1940 ).

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2007/08/12

Centenário de Torga e Leiria

Hoje comemora-se o Centenário exacto do nascimento deste grande vulto das letras e da Cultura portuguesas do século XX.

É-me grato, em mais esta oportunidade, deixar aqui assinalado o facto de Miguel Torga ter vivido, embora por pouco tempo, em Leiria
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"Viveu em Leiria, na casa que existiu na Rua Comandante João Belo, que fazia esquina em frente à actual Casa Iglésias e onde exereceu a sua actividade médica." (conforme Boletim da Associação dos Antigos Alunos da Escola Domingos Sequeira - "Lucerna" e "Toponímia de Leiria" de Alda Sales, ed. da Junta de freguesia de Leiria).

Posso acrescentar que essa casa se situaria, em tangente com o Largo Marechal Gomes da Costa. Como curiosidade/coincidência, nessa mesma zona, está colocada uma estátua de Afonso Lopes Vieira, outro grande escritor/poeta, séc. XIX/XX, intimamente ligado a Leiria.
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"Estou a reportar-me ao primeiro volume do seu numeroso Diário, onde Torga registaria, uma semana após, a sua prisão deste modo:
Cadeia de Leiria, 30 de Novembro de 1939

EXORTAÇÃO

Meu irmão na distância, homem
Que nesta mesma cama hás-de sofrer:
Que nem a terra nem o céu te domem;
Nenhuma dor te impeça de viver!

A página seguinte do Diário – I já é escrita na cadeia do Aljube, em Lisboa, mas apenas a 6 de Dezembro. E, encarcerado pelo menos até 1 de Fevereiro de 1940, escreverá ainda cinco poemas (sempre poesia, é curioso, embora nos seus Diários predomine a prosa)."
(conforme Zé Oliveira (cartoonista do "Região de Leiria") aqui)
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«1939 …Edita “O Quarto Dia” d” A Criação do Mundo, um dos poucos testemunhos sobre a Guerra Civil de Espanha que em Portugal foram produzidos a partir de uma vivência in loco e publicados durante o conflito. A descrição crua de uma Espanha devastada pela luta fratricida e dominada pelo franquismo, e também uma Itália arrebatada pelos discursos de Mussolini, leva Miguel Torga às cadeias de Salazar. O livro é imediatamente apreendido, e o autor é preso em Leiria, e depois levado para o Aljube.... "
(conforme escreve José Pacheco Pereira aqui)
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A única evocação de Torga em Leiria consiste no nome duma rua, a Rua Miguel Torga, que vai da Rua da Fábrica do Papel à Avenida N. Sra. de Fátima, conforme deliberação da Câmara Municipal em 4 de Fevereiro de 1977.
-

Duas notas dissonantes:

1) Não tive conhecimento de que em Leiria se tivesse evocado data tão significativa; afinal Torga, Dr. Adolfo Rocha, exerceu medicina, durante algum tempo, na cidade do Lis. Teria sido uma boa oportunidade para se dar relevo à sua ligação à cidade de Leiria. Um busto ao lado desta placa toponímica (requalificando este trecho da parede do prédio que se vê na foto), por exemplo, poderia ser uma boa forma de se homenagear tão emérito vulto da nossa história contemporânea.
2) Será que as cerimónias que tiveram lugar ontem, em Coimbra, a inauguração da Casa-Museu "Miguel Torga" e o memorial "Torga" na ponte de Santa Clara, precisamente no dia em que se completaram 100 anos sobre a data do nascimento do grande Torga, não mereciam maior atenção por parte do Governo de Portugal?

2007/08/11

Consertando e Desconsertando


O Snr. Inocêncio. Há cinquenta anos (número arredondado por mim, que ele fez as contas e falou-me em 49 anos e tal) a consertar sapatos. Sempre neste sítio da cidade de Leiria.
Há 41 anos que vivo nesta cidade e nunca tinha reparado no pormenor da oficina artesanal do Snr. Inocêncio.

Há dias, descia eu a Rua de Alcobaça, vinha da "Caixa de Previdência" lá em cima, no Largo da República (também lhe chamamos a "Praça do Município") eis senão quando, olho para o cimo dum telhado (ele próprio velho e carcomido pelo tempo, que já terá coberto uma casa, ela própria também a ameaçar ruir por todos os lados) e o que é que lá vejo: um triciclo (ele próprio igualmente de modelo antigo, todo ferrugento). Espantei-me com tal descoberta. Fiquei a saber que já lá está há imenso tempo! Como é que um triciclo vai estacionar em cima dum telhado decadente duma casa em ruínas, que até parece que não tem proprietário?! Então, e os serviços da Câmara Municipal não dão por nada?
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Dálias, abelhas e...Futebol



Hoje, Leiria, está cheia de leões e dragões...
para ver ao vivo o jogo da final da Supertaça "Cândido de Oliveira".
De qualquer modo, aqui há mais vida para além do FCP ou do SCP. Aquele rosa da dália não poderá estimular os Benfiquistas? Apesar de tudo...
Mesmo assim lá estarei,logo à noite, no Estádio, na companhia do Moura. O meu neto (dragão ferranho, ainda tentei convencê-lo a ser Benfiquista, mas nada feito) vai entrar em campo com as duas equipas. Claro, equipado a rigor com as cores do FCP.
(a composição acima foi retirada do site da SIC)


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2007/08/09

Chorai, oh homens chorai!...



Esta foto, talvez de 1970, representa um "golfinho-de-água-doce" da China. Segundo notícia da Antena 1, foi declarado extinto. O Mundo está mais pobre.
Bonita e sentida homenagem no "gatimanhos".
-foto retirada da revista "fauna" - ed. 1972

2007/08/08

Edição ne varietur


Há que tempos que ando a namorar estes dois livros. Comprei-os há dias.
Acredito que haja muito boa gente que se interrogue, como eu me vinha interrogando (podia dizer que sim senhor, dominava perfeitamente este tema, mas tenho que admitir a minha ignorância, entretanto colmatada, julgo eu), do significado rigoroso da expressão "Edição ne varietur" inserta na capa do livro de António Lobo Antunes. Confesso que tive que fazer umas consultas na internet e, com a ajuda da Zaida (ela é que estudou "Latim" nos seus tempos do Liceu), confirmei num livro (que o dicionário mais sofisticado que cá tenho em casa, o "Dicionário Houaisse da Língua Portuguesa" não me ajudou em nada) lá consegui obter o resultado desejado:
"Ne varietur, como bem observa AURÉLIO BUARQUE DE HOLANDA FERREIRA, trata-se de uma locução latina que significa: “Para que nada seja mudado”; usada para indicar reprodução muito fiel (Pequeno Dicionário Brasileiro de Língua Portuguesa, 11ª Ed., Ed. GAMA)."
Ou seja, o texto publicado é rigorosa e certificadamente igual ao original entregue pelo autor à editora.
Está-se sempre a aprender. Se a minha irmã mais nova lê este post até cora de "vergonha" por esta minha confissão!...
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2007/08/04

Barreira - Leiria em festa

Como já anteriormente referi, está na altura das festas em honra do Santíssimo Salvador, o que acontece este fim-de-semana, na sede da freguesia da minha residência.
Na foto acima podem notar-se os enfeites tipicos da actualidade para avisar os visitantes que a festa é aqui. O edifício que se mostra é o chamado Solar do Visconde, com a entrada encimada com o brasão(1) do Visconde da Barreira. A envolver o Solar pode vislumbrar-se o lindo e centenário jardim do Visconde, tílias sobre o lado esquerdo da foto e uma araucária a destacar-se no azul do céu da Barreira.
Como já prometi, proximamente voltarei a falar deste majestoso jardim, intimamente ligado à família dos Viscondes da Barreira, cuja origem remonta aos primórdios do séc. XX.
Hoje já houve foguetório...como é da praxe e do estilo. (ver folheto promocional da festa de 2006).
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O título de Visconde da Barreira foi criado por el-rei D. Carlos I, por decreto de 9.1.1902, em favor de Antonio Carlos da Costa Guerra, terceiro neto, por varonia, de José Pereira da Costa Guerra, que casou com D. Carolina Amélia da Silva Marques. A carta de brasão foi concedida em 15.9.1755, por el-rei D. José ao seu trisavô(2).
O 1º Visconde, pai de D. Virginia Pereira da Costa Guerra (na origem de famílias ilustres de Leiria, como os Charters por exemplo), nasceu em Leiria a 28.7.1849 e faleceu na mesma cidade a 14.1.1909; era bacharel formado em Direito, proprietário e lavrador e exerceu em Leiria diversos cargos administrativos.
-
(1) Este brasão era o que originariamente foi concedido por El-Rei D. José.
Ao lado esquerdo: brasão da fachada da casa abrasonada da família Costa Guerra, na Rua João de Deus(*), em Leiria, antes das obras de requalificação em curso. (clicar para ampliar ao pormenor)

Não é rigorosamente igual ao que, entretanto, foi "normalizado" (ver ao lado) pelo Conselho de Nobreza depois de 1910, em 1948.
(2) conforme informação obtida aqui onde se pode consultar mais dados a este respeito e da família Charters.

(*) Há quem diga que é no Largo Marechal Gomes da Costa. De facto, vai ali alguma confusão na toponímia daquela zona de Leiria. Temos a Rua João de Deus, que vai do limite da zona da fonte luminosa até ao terreiro, passando pela frente da Tipografia Lis; de permeio, ali na zona da estátua a Afonso Lopes Vieira e a casa "Iglésias", temos o Largo Marechal Gomes da Costa. A questão é que este Largo parece mesmo uma interrupção da Rua João de Deus.
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2007/08/03

Capela do Casal - Ribafeita

No post anterior mostrava-se a capela da minha terra natal, fotografia de Agosto de 2001.
Em Abril do corrente ano, apresenta-se como se vê. Ao lado há um grande Largo, agora alcatroado.

Só faço um reparo: esqueceram-se das árvores?!

Confirma-se que a festa é, este ano, de 11 a 13 de Agosto.

2007/07/31

Santíssimo Salvador - Festas religiosas - Casal/Ribafeita e Barreira/Leiria

Aproximam-se a passos largos as datas em que é costume festejarem-se os Santos Padroeiros das várias localidades de Portugal e de outros países. É imperioso referir o Brasil, com imensas e fervorosas manifestações e festas, simultaneamente religiosas e profanas, na maior parte dos casos. O padroeiro da localidade do meu nascimento é o mesmo que o da freguesia onde vivo actualmente. Este ano, os fins-de-semana das festas, são,respectivamente, 10 a 12 e 4 a 6 do corrente mês.
Daí, ocorrer-me que seria boa ideia escrever algo sobre este tema e as razões (quem as conseguirá invocar com rigor?!) da adopção do orago
Santíssimo São Salvador - Casal ou SS Salvador - Barreira, como padroeiro das respectivas festividades religiosas anuais. As festas em honra deste padroeiro, que são do meu conhecimento mais íntimo, decorrem antes do dia 15 de Agosto, como já referido; Casal - Ribafeita - Viseu e Barreira - Leiria.

Na foto do lado esquerdo pode ver-se a capa do livro que, com todo o entusiasmo, carolice e carinho, este vosso interlocutor escreveu e a Junta de Freguesia da Barreira editou, em 2004. Trata-se dum ensaio monográfico e histórico com os dados que me foi possível coligir durante o período de 2000 a 2004, duração do mandato em que fiz parte da respectiva Junta, sem esquecer que aqui habito desde 1993.
A foto do lado direito tem, para mim e para muitos outros Casalenses, um significado muito especial. Aqui se apresenta a capela da nossa santa terrinha, numa perspectiva carregada de simbolismo e que muita nostalgia e saudade me transmite. De há dois anos a esta parte, quer a capela em si, quer a sua envolvência; adro, árvores (o cedro e a oliveira) e o largo à volta sofreram obras que alteraram bastante o seu aspecto. Para melhor, dizem a maioria dos actuais residentes, sem o devido cuidado de preservar as recordações dos que tiveram que abandonar a sua terra para irem governar a sua vida para outras paragens, digo eu, por exemplo. Que até posso estar isolado nesta minha posição. O que mais me deixa saudades são as árvores que havia à volta da capela. Foram abatidas; o cedro porque estava a minar um muro e parece que também os alicerces da capela. Pois. Parece que foi a vontade da maioria. Só tenho que me render à evidência dos factos...
Vou ver se encontro uma foto que tirei há uns meses atrás para a colocar também aqui. Assim se poderá comparar. Ai, mas aquele cedro, que saudades dos meus tempos de criança em que ele também o era...
E do meu padrinho e tio Serafim, há pouquíssimo tempo falecido, com 80 e tal anos.
E das minhas tias: Aurelina, Dores e Cassilda, para falar só das que deste mundo partiram mais recentemente, as duas primeiras que viviam ali mesmo à volta da nossa capela...

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2007/07/26

CASTANHEIRA DE PERA - Praia das Rocas

A foto acima foi tirada exactamente neste momento, 19 horas. Tal como a objectiva a captou. Digamos que se trata de um post em real-time. Estou na varanda dum bungalow, fim de tarde, dia relativamente quente para o tempo que temos sentido no nosso país, muito agradável direi mesmo. Estamos há uns dias (poucos) neste empreendimnto turístico em Castanheira de Pera. Está implantado numa área de cerca de 8 a 9 km2 na Ribeira de Pera, na zona de lagoa, muito bem concebida e tratada. A temperatura da água tem estado excelente, apesar de custar um bocadinho entrar. Tem três zonas distintas: piscina circular com uma ilha artificial muito bonita e com belíssimas sombras de palmeiras esplendorosas; piscina de ondas (trabalho bem feito sem dúvida); zona de lagoa/água corrente/represa com excelentes condições para navegação de pequenas embarcações de recreio.
Temos que convir que este investimento, no interior deste Portugal dito profundo, que também é magicamente natural, integrado numa localidade extremamente singular, intimamente ligada a Bissaya Barreto, jardins com árvores duma beleza sem par, muitas centenárias. O Jardim Bissaya Barreto foi construído no final dos anos 30 do século passado e é consderado um dos mais belos jardins do nosso país.
Em próximos posts voltarei a falar dste assunto. Há muito a contar.
Muita informação também se encontra em
http://www.cm-castanheiradepera.pt/

- - O que é que se passa?!...

Já depois de ter deixado Castanheira de Pera, dei com o artigo abaixo transcrito, retirado do site da RTP . Não conhecia esta localidade (vila), parece impossível. Tive oportunidade de passear algumas vezes entre a zona da "Praia"/zona da bomba de gasolina e "lá em cima, na vila". Apreciei, agradado, o jardim Bissaya Barreto, a creche instalada na mesma área, o centro de apoio a Idosos, até que se chega ao largo da Câmara Municipal, com frondosas e robustas tílias. Muito estranharei que o problema agora noticiado se possa transformar numa questão insanável!

"Castanheira de Pera pretende que Fundação Bissaya Barreto mantenha Casa da Criança
A Assembleia Municipal (AM) de Castanheira de Pera aprovou segunda-feira, por unanimidade, uma moção que apela ao diálogo entre a autarquia e a Fundação Bissaya (FBB) Barreto, que decidiu encerrar este ano a Casa da Criança no concelho.
Em declarações à agência Lusa, a presidente da AM da Castanheira de Pera, Maria da Conceição Soares, confirmou que o documento aprovado apela ao entendimento entre as partes.
"É de todo o interesse para o concelho que a fundação se mantenha, desempenhando as suas funções", adiantou a autarca.
A FBB decidiu encerrar este ano a Casa da Criança de Castanheira de Pera, que acolhe 45 crianças do concelho onde nasceu Bissaya-Barreto, professor de Medicina e patrono da instituição.
A instituição pretendia proceder à "reconstrução completa" da Casa da Criança Rainha D. Leonor, que funciona há cerca de 50 anos naquela vila do distrito de Leiria, ampliando o edifício para que também as crianças do ensino pré-escolar oficial "pudessem ser apoiadas em modernas, seguras e confortáveis instalações".
A fundação, com sede em Coimbra, garantiu que "faria a obra sem qualquer encargo para o município de Castanheira de Pera", mas a câmara recusou a proposta em Março último.
Numa carta dirigida aos pais, a que agência Lusa teve acesso, a FBB denuncia que Câmara Municipal recusou a sua colaboração, revelando que "irá construir um edifício novo e de maiores dimensões para o pré-escolar oficial".
A presidente da AM disse esta noite à Lusa que a autarquia mantém o propósito de "fazer um jardim-de-infância, uma obra planeada há muito tempo", embora deseje que a FBB continue a desempenhar as suas funções no concelho.
Sem adiantar pormenores, o presidente da Câmara Municipal, Fernando Lopes, disse à agência Lusa que a moção aprovada "é um documento extenso que expressa a nossa vontade de dialogar com a FBB".
A Casa da Criança Rainha D. Leonor desenvolve a sua actividade na Castanheira de Pera desde 1939, integrando actualmente as valências de creche e jardim-de-infância.
© 2007 LUSA - Agência de Notícias de Portugal, S.A."
(19/6/2007)

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2007/07/23

Uma questão de senso


Tal como noutras cidades do país e por esse mundo fora, os pombos como que fazem parte do quotidiano das urbes. É sabido, no entanto, que a procriação destas aves em ambiente urbano, tem de ser controlada. Poderá estar em causa a própria saúde pública. Pelo que se julga saber, o sinistro vírus H5N1 e outras epidemias, poderão ser propagadas através da via dos pombos, que, em Leiria, proliferam sem qualquer controlo. Apesar de estar em vigor uma postura municipal que proíbe a sua alimentação sistemática por particulares, esta é feita, diariamente, a horas certas, chegando-se ao extremo de, no próprio Largo da Sé, haver bebedouros expressamente concebidos para esta finalidade, a partir de embalagens de plástico, colocadas junto à escadaria que segue para o Governo Civil e Castelo. Só quem não frequenta aquela zona (para não falarmos expressamente de outras igualmente elucidativas do actual estado das coisas), é que não se viu já na necessidade de se esquivar dos voos rasantes e a alta velocidade dos pombos, em bandos enormes, sempre que vislumbram os "tratadores" à hora determinada. Chegam a ser assustadores, pelo tamanho e à-vontade com que voam por entre as pessoas.
Tanto que se lutou contra a infestação das cidades pelos ratos, que, está chegada a altura em que se tem que encarar este caso como um problema de infestação perigosa. Que pode, que está a atingir as mesmas dimensões das infestações por ratos.
Além do mais, é também sabido que os dejectos destas aves são altamente corrosivos para os telhados, caleiras, paredes das casas do centro histórico, e até para os próprios monumentos.
Penso que é de toda a urgência, accionar os mecanismos necessários, para pôr cobro a esta situação, que está a ser a todos os títulos, calamitosa.
Pela vida animal, sim, mas haja senso!
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