O texto lê-se com facilidade ampliando-se as imagens, uma a uma. Constitui um autêntico tratado sobre a laranjeira escrito em 1932 pelo médico, Dr. Samuel Maia, o maior proprietário da minha aldeia natal, Casal, Ribafeita, Viseu - onde ainda hoje existe uma quinta dotada dum solar ao gosto aristocrático de fins do séc. XIX, princípios do séc. XX - e ilustre especialista de vinhos e vinhedos e, pelos vistos, também muito interessado na laranjeira, nas suas reconhecidas qualidades medicinais e na história da sua introdução na Europa e posterior divulgação por todo o mundo.
Já tive oportunidade de me referir ao Dr. Samuel Maia como insigne escritor, tendo, na sua época, sido muito considerado até nos meios literários Parisienses.
Pode consultar-se toda a matéria já registada neste blogue, seguindo o link respectivo do índice temático na barra lateral.
A maior parte do material que tenho recolhido devo-o à extraordinária amabilidade duma pessoa que, à primeira vista, não conheço, mas que me tem enviado pelo correio, livros e este almanach Bertrand de 1932. Evidentemente estou-lhe muito grato, Snr. António Leite.
13 comentários:
Muito interessante este post!
Diverti-me com a primeira parte do Almanach Bertrand! :D
Este alamanaque, que desconhecia, começou a chegar-me às mãos há pouco tempo. Aliás, só agora é que o meu amigo desconhecido, me enviou um, mesmo assim sem as primeiras e as últimas páginas.
Já o encadernei, apesar de tudo.
Trata de assuntos extremamente interessantes, na medida em que se reporta a factos e à vida à data daquele ano de 1932.
Uma relíquia!
Hoje é daqueles dias em que o sol devia entrar pela janela da casa e como paga levar a tristeza que fustiga a alma...
Belos ensinamentos.
Bom feriado.
Que encanto, adoro estas publicações antigas! E tenho vários Almanaques Bertrand em casa, dos anos 40 e 50, que gosto de folhear de vez em quando.
Obrigada pela história das laranjeiras:))
Olá António. Li com atenção as 2 páginas do almanaque e 2 coisas me chamaram a atenção. O Facto de se associar o escorbuto À vitamina D e não À vitamina C, em que as laranjas são ricas. Outra coisa curiosa é o facto de laranja el algumas línguas como o turco se dizer Portugal, ou algo de semelhante.
Um abraço.
Eem romeno laranja diz-se portocálâ, em búlgaro portokal’, em grego portokáli e em turco portokal. Mas esta associação não se fica pelas línguas europeias.
Em farsi (persa), língua oficial de países como o Irão ou o Afeganistão e falado em países como a Arménia, a Geórgia ou o Iraque, a palavra Portugal significa laranja!
Em árabe, uma língua falada em cerca de 20 países (países como o Egipto, Líbia, Síria, Argélia, Arábia Saudita, etc.), com aproximadamente 280 milhões de falantes, a palavra Portugal (em árabe diz-se bortuqal ou burtuqálum) designa também o fruto laranja.
Daí, por vezes, Portugal ser conhecido como o país das laranjas.
Um abraço.
Caro Tozé.
Ora aí está. O Dr. Samuel Maia tinha razão em se manifestar tão triste por em Portugal se estar, na altura, a dar tão pouco cuidado à laranjeira.
Aliás, continuamos na mesma senda, pelo que tenho ocasião de ver. Antigamente, quando eu era uma criança, lembro-me de se ter os máximos cuidados com as árvores de fruto. Hoje em dia, com a massificação da ida das populações para as cidades, os terrenos de cultivo ficaram praticamente ao abandono. Também podemos agradecer aos estrategas da Comunidade Europeia, que tudo fizeram para dar cabo da nossa Agricultura. De tal forma se excederam (pois...! decisões de gabinetes alcatifados e de ar condicionado!...) que, agora que estamos envolvidos numa crise geral dos diabos, já nos dizem que temos que aproveitar tudo, inclusivé os produtos não normalizados segundo as regras artificiais do comércio dos hipermercados.
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E sabem que mais?
Existe um tipo de limão (Citrus limon) muito apreciado pelos produtores comerciais, popularmente conhecido em todo o mundo por "Lisboa". Adapta-se muito bem a áreas quentes. Tem um senão: a árvore tem fortes espinhos. E eu que o diga, que tenho um no meu quintal/jardim e que já me piquei várias vezes.
A propósito, as três variedades de limão mais cultivadas são: "Eureka", em que as árvores estão praticamente todo o ano em flor e fruto e não têm espinhos (pode-se encontrar um ou outro, raramente); "Meyer", com pequenos frutos e de cultivo em vasos; "Lisboa", acima referido.
Obrigado, Tozé, pelos curiosos aditamentos que fez a este post.
Um abraço
António
Posso roubar-lhe um pouco de espaço?
Interessantíssimo este seu tema.
Recordei que no dialecto piemontês chamavam “portugai” ou “portugal” ás laranjas e a primeira vez que o ouvi dei um salto.
E agora vem uma versão que atribui a outrém a introdução da laranja, na Europa.
Traduzo:
«A sua pátria é a China e parece que foi introduzida na Europa apenas no século XIV pelos marinheiros portugueses. Mas alguns textos antigos romanos falam da laranja já no primeiro século: era cultivada na Sicília e chamavam-lhe “melarancia”, o que poderia significar que o fruto tivesse chegado à Europa via terra.
Ambas as teorias podem ser correctas. Provavelmente, a laranja chegou cá pela “via da seda”, cultivou-se apenas na Sicília e não houve propagação. Só alguns séculos depois foi redescoberta pelos portugueses»
Se foi a Sicília a primeira nesga de terra europeia a conhecer a laranja, gostava de saber como explicam que, no dialecto siciliano, usam o vocábulo "putuallo"! Na Calábria, "purtualle". Em quase todos os dialectos das várias regiões italianas, as versões assemelham-se. No dialecto romano nem alteram o nome: Potogallo = país; portogallo = laranja
Muito estranho que ninguém se lembrasse de chamar às laranjas “as sicilianas”!!
Cá está o triste fado: sermos roubados de tudo o que seja um primado só nosso
Um beijinho à Zaida
Alda
Parafraseando-a, Alda, e também a um personagem dos primeiros tempos da Televisão e de histórias fantásticas.
Interessante. Muito interessante!
Com estas reacções e informações complementares a esta questão da laranjeira e da sua introdução na Europa é que não estava à espera.
Encantado pela colaboração.
E é de facto uma pena nós, Portugueses, desvalorizarmos tanto o que de extraordinário também fomos e somos capazes de fazer.
Assim não sejamos tão medíocres na ambição e na auto-avaliação das nossas capacidades!
Um abraço
António
Olá António.
Parece-me que estamos a falar na laranja doce, pois a amarga, que costumamos ver em jardins, já era conhecida antes. Em Sevilha, onde existe em grandes quantidades pela cidade, fazia-se compota que depois era exportada.
Um abraço.
Obrigada pela sua visita.
Beijinho.
isa.
Very good!
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