2012/01/10

Miguel Torga, as Elites, o Povo e a Electricidade...e o Luar


Uma queimada nas Cortes... do lado de cá  esta minha objetiva não deixa escapar nada.
A REN e as suas linhas colossais de alta tensão de transporte de energia elétrica e a EDP, mais ao lado, com as torres eólicas a poluírem todas as linhas de horizonte montanhoso.


Miguel Torga, no seu Diário:


Coimbra, 10 de Janeiro de 1947 – A moda agora é carregar nos intelectuais. São eles os causadores de todas as nossas desgraças. São eles que traem, que esquecem as realidades, que se fecham na sua torre de marfim. Torre de marfim intelectual na terra de Gil Vicente, de Camões, de Garrett, de Herculano, de Antero, de Oliveira Martins, de Junqueiro, de Basílio Teles!
Torre de marfim intelectual na pátria onde os três grandes acontecimentos da sua história, os descobrimentos, a revolução liberal e a República, foram feitos na perfeita comunhão do povo e das elites!
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E agora, Torga?...

Muito gostaria eu de ler o teu Diário de hoje, 10 de Janeiro de 2012…

As voltas que o mundo dá.

As elites a decidirem do destino do povo, completamente ao contrário daquilo que lhe prometem quando assumem as rédeas do poder com os seus votos baseados em discursos enganosos, melosos, beijinhos e abraços nas arruadas de bandeirinhas, bombos e gaitadas, sorrisos, falinhas mansas, cheios de sofismas…

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A Lua cheia a iniciar o seu caminho pela noite fora, ainda ao alcance dos fios condutores de eletricidade, agora cada vez mais cara, uma verba a ficar pesadona, e de que maneira, nos orçamentos das empresas em geral e das famílias, em particular.

Hoje começou a ser lançada uma campanha de parceria entre o Continente e a EDP

Já toparam o esquema?

A EDP (28 conselheiros de gestão, entre os quais o nosso afamado repórter fotográfico de telemóvel, Dr. Catroga, os Chineses Chi... etc(*)) precisam de correr com os Espanhóis ,que já estão a fazer sombra de mais, o Continente angaria mais clientela dando uns pontos extra em cartão (em função do  nosso consumo de eletricidade)  e lá vamos nós, que até estamos necessitados de aproveitar todas as migalhas, a engrossar o carreiro para o Shopping.

Assim se matam dois coelhos com uma cajadada!
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 (*) Celeste Cardona/CDS, também...
(foto retirada do blogue reflexosnexos)

ps.:

Continuo em testes a ver se vou ou não usar o Novo Acordo Ortográfico. Parece que as opiniões são mais de 80% no sentido de que não se use.
@asnunes

3 comentários:

Eduardo Miguel Pereira disse...

1ºNesta altura do ano (mais precisamente no mês passado), realizam-se queimadas no Vale do Sorraia que, vistas durante a noite são um espectáculo único. Na estrada que vai ali de Santo Estevão para Mora, a dada altura fica-se numa zona alta de onde se vê grande parte do Vale do Sorraia, que com centenas de fogueiras (queimadas) a arderem noite dentro são um verdadeiro espectáuclo para a vista. Fazias lá grande reportagem fotográfica !

2º Ai Torga ! deixa-te estar onde estás, e não venhas ver ao que chegámos.
Mas para quando o acordar deste Povo quando chamados a eleger quem nos governa ?
Não chega já de baterem contra a parede ?

3º Continente, só se não houver mais nada em volta é que lá ponho os pés. E o mesmo agora com o Pingo Doce. Cada vez mais me abasteço no comercio local e, assumo-o sem problemas, na chamada economia-paralela. Carne (Galinha, Frango, Galos, Coelhos, Perú), tudo comprado à Dona Patrocínia que os cria lá no campo no "meu" Alentejo. Ovos e verduras, também têm a mesma proveniencia. Peixe, compro a uma amiga pessoal que o Pai é pescador aqui da Costa da Caparica/Fonte da Telha.
Supermercado, só mesmo para o que não posso comprar "por fora".
Sim, não contribuo para a "democratização economica", mas ao menos contribuo para quem sua as estopinhas para ir ganhando a vida.
Ah ! e como muito melhor do que comprando essas "merdas" de carnes e de peixes que vendem nessas grandes superfícies.

Façam todos o mesmo, dêem umas voltas pelas zonas rurais que fiquem perto de onde vivem e de certeza que encontram quem venda criação, verduras, ovos, batatas, feijão, grão ...

Mandem estes lobbys à fava, comam melhor, e ajudem quem merece ser ajudado.

Desculpa Nunes, hoje soltou-se-me a lingua !!!

Ah ! já me esquecia. Acordo quê ? Ortográfico ?
Nem pensar, pá !
A lingua evolui naturalmente, não por decreto !

a d´almeida nunes disse...

Parece que combinámos encontrarmo-nos aqui, hoje e agora, estava eu a dar uma vista de olhos no mail (gostava de me lembrar da expressão que o Ferreira da Travessa (estás a ver?) usa, com aquela graça que nós apreciamos, para me inteirar do expediente, que eu tenho andado numa roda viva, em mudanças, cá em casa, a preparar a vinda da minha sogra (93 anos) cá para casa, isto tem sido um desatino completo, que tenho, ao mesmo tempo, que bulir profissionalmente, o que me vale é que já faço a maior parte do meu trabalho por controlo remoto...

ena, já desafinei o discurso...

ia eu a dizer, eis que dou com esta tua nota, interessantíssima, digo-to eu, que farto de falinhas mansas andamos nós, eu sei que não podemos parar, senão morremos, mas é tudo uma questão de filosofia de vida, caminhamos para uma sociedade de consumo, consumo, consumo, já os miúdos nem sabem que um caldo verde precisa de couves, que as couves não são feitas em fábricas com autómatos, que é preciso cultivá-las, o que implica trabalhar a terra, que precisamos de reposicionar o nosso pensamento rapidamente, antes que nos lavem completamente o cérebro, onde estão as tais elites intelectuais capazes de iluminar a mente dos políticos?

Daí eu ter-me socorrido do Torga. Mas aprece que ele, em 1947, também vivia circunstâncias diferentes...
seriam mesmo assim tão diferentes?...

Um abraço, vou ali e já venho.

Unknown disse...

Nunesamigo & Eduardamigo

... e por falar em grandes superfícies, vou mesmo pelo dois em um. Isto se não me deixar convencer pelo

Se a Michele Obama fez uma horta lá na Casa Branca, por que bulas não havemos nós de as fazer nos vãos de escadas, nas varandas da frente, nas arrumações e anxos, nos postos de estacionamento subterrâneo dos nossos prédios, nas banheiras e até nos polibãs?

Ir de compras de alcofa em punho também não é má ideia - ou de corbelha como dizem os alentejanos. Veremos no kisto vai dar...

Entretanto, em Goa, juro que não ponho pé em supermercados, vou às praças e bebo água de lanho (coco verde) com algum uísque indiano ké bastante bom. Deu borem korum ou seja спасибо em concanin.

Abçs aos molhos, i.e., aos pares