Esta bandeira estava hasteada no quartel, em Leiria, de onde eu parti, em 1969, para terras de Moçambique, no Índico Ocidental. Eu, a minha mulher e a minha filha que lá iria nascer...
E para a Europa retornámos ...
PORTUGAL
Esperam de encontro ao Cais, como penduras (bem se conhecem):
os magníficos estupores deste consórcio espúrio em que, de volta
à pátria, rumo à Europa, nos embarcaram outra vez.
Em bicos de asa, fingem.
Escondem o esfíngico futuro do passado.
Sei o que esperam.
Como enfunada, a alma os tenta, frente à mastreação bastarda
de outros mares.
Se a Europa aqui jaz, com que fito, o rosto é Portugal?
Vergílio Alberto Vieira
do grupo de poetas do café Orfeu, no Porto, por volta do anos 80 do século passado.
in
ORFEU 4 (ver registo biblioteca pessoal aqui)
Porto Dezembro 1988
-"Saudemos o poeta-cantor quando os usos e costumes entronizam as putas dos poderes, os papagaios políticos, tecnocratas miúdos, atletas sem cabeça, medíocres vedetas da mediatocracia."
Assim se exprimia Arnaldo Saraiva na sua nota introdutória.
-
outros poetas deste grupo:
Amadeu Baptista
Arnaldo Saraiva
Egito Gonçalves
Manel António Pina
e
tantos outros ...
-.-
@as-nunes
3 comentários:
Belo poema e muito, muito a propósito.
A organização do livro que refiro acima é de Amadeu Baptista/Egito Gonçalves.
Fiquei um leitor assíduo de Egito Gonçalves desde meados do ano passado, por ter sido sugerido para um encontro do "grupo de poetas e cultura de Alcanena" de que faço parte.
E a partir de Egito Gonçalves tenho chegado a outros poetas muito interessantes, particularmente localizados no espaço geográfico do Porto. E como não me sentir ligado ao Porto. Lá vivi os primeiros 9 anos da minha vida, para lá voltei para continuar os estudos, que em Viseu, na época, só tínhamos o Ensino Secundário.
Além do mais este "grupo de poetas de café" é muito curioso e interessante.
Não duvido que seja um grupo interessantíssimo. Gostei do poema e confesso que não conhecia o autor.
Obrigada por ter partilhado.
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