tenho o grato privilégio de ter um amigo que é - na minha opinião - talvez o maior poeta vivo. tenho dado comigo a tentar seguir umas pisadas deixadas na areia das praias do mar na água dos rios abundantes de chuva nos gafanhotos nas formigas nas rosas nas maçãs e mais mais até chegar a deus... que cansa e não se alcança.
hoje vi a primeira papoila do ano no quintal do meu vizinho uma rotina de todos estes anos que acontece com um rigor matemático e que me faz rever as coisas que o tempo vai memorando talvez que o futuro continue a trazer coisas parecidas...
agora que comecei a teclar coisas que querem ser palavraspoesia alcancei um dos seus livros com papoilas em que esse meu amigo pede a sua mãe que o guarde entre elas num dos seus poemas.
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(esta papoila renovada
que os meus olhos
alcançam
traz com ela esse poema)
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Guarda-me contigo entre as papoilas
As distantes coisas de então,
os cachos pendurados nos telhados
dos quintais,
a chuva amolecendo os dias secos
e os muros onde as mãos pousavam distâncias
impossíveis de medir agora,
ó mãe que tudo tinhas sem saber,
e saberes deste tempo
que por nós aguardava sem sabermos
anos e anos tão depois,
descendo sobre nós,
caruncho, teias, vidros,
amoras e limões,
musgo musgo e heras,
oh, guarda-me contigo
entre as papoilas.
(Carlos Lopes Pires
textiverso, 2014
3 comentários:
Que vivam os amigos e as palavras que nos trazem.
Abraço
Manuel Neves
Que vivam para sempre, Manuel Neves!
Um abraço sentido.
Olá!
Muito esguio e bonito o seu poema!
Bem Haja!
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